Prólogo

Odeio dias de domingo, simplesmente as horas não passam e hoje Elisa não pode sair... é o fim mesmo!

- Odette querida seu pai está te chamando! – disse minha mãe tomando o controle remoto da minha mão e já mudando de canal.

- E ele me chamar é uma ótima desculpa para você sentar o seu belo traseiro no sofá e assistir a Oprah né?! – ela riu e colocou um pedaço de torta de limão na boca!

- Vai ver o que seu pai quer, vai! – quando me levantei minha mãe me deu um tapa na bunda.

Nota: eu odeio isso e ela só faz de propósito.

- MÃE! ME AJUDA A PINTAR A UNHA! – aí não sei como eu suporto a patricinha da minha irmã, Carmem me tira do serio só fala gritando e o pior de tudo o que ela fala nunca é algo interessante!

- Oi pai! – papai estava sentado na varanda lendo um livro chamado “ A arte de correr na chuva”, nada promissor na minha opinião, mas é envolvente e te faz rir e chorar.

- Odette vamos dar uma volta? – ele disse me encarando meio sério, estranho papai me chamar para só dar uma volta e ainda mais sem usar aquele apelido ridículo " Odettinha" ugh! Será que ele ficou sabendo que eu quebrei a lâmpada da garagem?

- Pai qualquer coisa que o senhor queira falar já vou logo dizendo: “não foi eu!”.

Papai riu e se levantou logo em seguida pegou a minha mão e já me puxou para o jardim indo em direção ao bosque.

- Odette que quero te mostrar uma coisa, não só mostrar na verdade eu tenho que te contar uma coisa! – ele estava visivelmente nervoso o pior veio na minha mente.

- Pai o senhor não está traindo a mamãe não né?! – isso seria o meu fim, eu tinha certeza.

- Tá louca Odette! Não troco a sua mãe por mulher nenhuma! – ele disse e terminou a frase com um sorriso, uffa menos mau.

- Odette muitas coisas acontecem, a terra gira, as arvores fazem a fotossíntese, o tempo passa, pessoas morrem, pessoas nascem, a chuva cai a seca vem... todas essas coisas que acontecem fazem parte do equilíbrio do universo, mas essas coisas não acontecem sozinhas... – ele suspirou e se sentou num tronco me puxando para sentar em seu colo, então continuou – existem seres responsáveis para esse equilíbrio ocorrer, filha o que eu vou te falar agora vai mudar a sua vida completamente todos os seus conceitos formados iram sofrer uma brusca mudança... Odette eu não sou um pai comum, não sou um ser humano comum eu vou além sou um guardião.

Eu olhei para ele sem entender bulhufas de nada

- Pai o que o senhor quer dizer com isso?

- Quero dizer que sou um desses colaboradores para manter o universo em equilíbrio, sou o guardião do tempo e como eu que trabalho com o tempo sei que o meu acabou, Odette você foi escolhida pelo relógio para me substituir.

- Pai você tá usando drogas? Ou está assistindo muitos filmes de ficção cientifica? – ele sorriu.

- É melhor eu te mostrar! – nos levantamos e ele me arrastou para dentro do bosque, então passamos por uma arvore e de repente tudo mudou, estávamos em um lugar completamente diferente o chão era feito de algo parecido com nuvens mais não era nuvens de verdade era uma fumacinha, não havia um céu com estrelas mas um céu com varias cores desconhecidas, tinha um jardim imenso onde meus olhos não alcançavam o fim com flores jamais vistas caminhei até ele para ver de perto.

- Esse é o jardim das horas, a cada hora que se passa uma nova flor nasce e aquele ali é o rio do século, a cada novo guardião uma nova espécie de flor flutuante... – papai foi até o rio e tirou uma.

- Essa é a sua. – me aproximei a flor flutuante era dourada misturada com rosa, azul, vermelho e um verde cintilante traduzindo nada parecido com algo que eu já tinha visto mais era perfeita. Olhei para o meu pai sem entender, eu queria saber onde estava e o que aquilo significava.

- Odette está é a dimensão do tempo, aquela construção é o templo do tempo, onde fica as portas do passado presente e futuro, e ali fica o relógio! – olhei para onde ele apontou, naquele lugar havia uma arvore enorme onde eu parecia um anão perto dela, eu papai fomos lentamente até lá e esculpido no tronco da arvore havia um grande relógio com ponteiros de prata e seu contorno era de ouro, os números de pedras preciosas, rubi, esmeralda, topázio, água marinha, ametista, citríno, safira, jaspe, calcedônia, sárdio, crisótilo e por ultimo adornando o numero doze, diamantes, e do lado havia vários outros relógios referentes ao dia, mês e ano.

- Esse lugar é lindo! – papai sorriu e me abraçou.

- Filha o grande relógio só pode ser tocado quando realmente for preciso não pode ficar atrasando ele, as coisas podem sair dos eixos entende?

- Sim... entendo!  - papai me guiou até o templo, logo que entramos ficamos em um estreito corredor que foi se alargando e se abriu em uma enorme cúpula redonda, e quatro portas se destacaram, desenhado no chão havia varias faces mas o que me chamou atenção foi a ultima era eu quem estava desenhada ali!

- Quando o relógio escolhe sua face é desenhada no chão, por isso eu sabia que você foi a escolhida! – sorri e papai continuou – essa primeira porta é a do passado, a segunda a do presente será nela que você irá trabalhar sempre mantendo o equilíbrio para não afetar a porta do futuro ele apontou para a seguinte!

Na porta do passado havia um selo completamente fechado estampado, na do presente havia um selo em construção e na do futuro não havia selo algum.

- Odette o selo completamente fechado que está na porta do passado quer dizer que tudo que se tinha para ser feito já se fez, não pode adentrar e mudar as coisas, o selo em construção da porta do presente significa que você pode mudar as coisas porque elas ainda estão sendo construídas, e a ausência de selo na porta do futuro quer dizer que não há o que mudar pois nada foi feito ainda!

- Entendi, mas pai e essa porta preta? – perguntei apontada para a quarta porta.

- Essa você nunca deve entrar, é nela que se é jogado aqueles que tentam alterar o passado, essa porta contem o buraco do tempo quem é jogado nela nunca mais tem o direito de voltar!

Olhei para o meu pai, não sabia como falar para ele que eu não queria isso para mim.

- Odette, você vai guardar essa dimensão por cem anos, poderá escolher uma idade para se congelar, você se tornará imortal no momento que eu te passar o medalhão.

Papai enfiou a mão dentro da blusa e tirou um medalhão de lá, eu não queria esse destino para mim, imagina eu ver toda a minha família morrer? Não isso não!

- Pai eu não quero! – ele me olhou triste e então disse.

- Odette não é você quem escolhe e sim você que é escolhida, você tem que aceitar é a lei! Eu vou te ajudar no que for preciso, prometo!

Papai colocou o medalhão no meu pescoço e um arrepio passou por meu corpo, eu sabia que agora não tinha volta olhei nos olhos de meu pai as lagrimas correram por minha face eu não sabia o certo o porque do meu choro mas sabia que a minha vida não seria mais a mesma de agora em diante.

Eu era uma guardiã do tempo, teria que passar por tudo e por todos para manter o equilíbrio do universo.

Imagem de medalhão;

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