Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oiii pessoas! Mais um capítulo saindo, mas antes eu gostaria de pedir: por favor, comentem! Não sejam leitores fantasmas! Demora só alguns instantes e os comentários são muito importantes para mim. Sem mais demora, boa leitura!



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Antes que a perdesse completamente de vista, Cobra correu para alcança-lá. Assim que chegou na moça, a segurou pelo braço, forçando a própria a se virar para ele e a tirar a mão dos cabelos. Assim que ela estava mais calma, fez questão de perguntar, levemente irritado, afinal, nenhuma garota lhe virava as costas:

– Você pode me explicar o que está acontecendo aqui? - Jade até tentou pronunciar algumas palavras, mas o choro a impedia. Como não teve resposta, Cobra se lançou em um discurso: - Você despista a sua mãe, sai de casa, vem até aqui, dança comigo, me dá o maior mole e agora foge? Qual é a tua, garota? Por que você tá fazendo isso? - A medida que pronunciava as palavras, via que estava fazendo um papel de bobo. Ela estava brincando com ele, e aquela cena ele não aceitava.

Jade olhava fixamente para os olhos do lutador. Toda a doçura que os envolvera até minutos atrás havia acabado e agora só existia raiva no seu lugar. Parabéns, Jade, pensava ela, você conseguiu fazer a proeza de irritar o cara mais agressivo que você conhece. De repente, a bailarina lembrou-se de algo: ela não era a mocinha sonsa da história, incapaz de revidar uma ofensa. Ela não era uma "gatinha indefesa", como o próprio Cobra dissera, e sim uma gatinha com garras afiadas, e não deixaria que um vagabundo como aquele passasse por cima dela. Engoliu as lágrimas que teimavam em cair e respondeu em tom de desabafo, desprendendo-se dos braços de Cobra e sentando-se em uma cadeira vazia ali próxima, dando margem para o lutador fazer o mesmo:

– Porque você me confunde, Cobra. Em um minuto, eu sou especial, importante e tudo mais. No outro, eu sou uma pedra que te atrapalha e que você não teme em colocar de lado quando está... como é mesmo que você falou... ah! "meio enrolado", né? - Ela fez uma pausa e percebeu no rosto do Cobra que ele estava surpreso. Por tudo aquilo ele não esperava. Acho que você tinha esquecido quem eu realmente sou, vagabundo. – Aliás, enrolado com o que, Cobrinha, se aquele QG vive vazio? É com as suas lutas ilegais? Não, não, deve ser vigiando o Duca, sabe Deus a razão, não é?

– Se você está insinuando que e...

– Eu não tô insinuando nada! - Ela explodiu. Agora era a vez dela falar: - Eu só estou dizendo que você é todo cheio de mistérios e ainda tem a cara de pau de dizer que ninguém te conhece como eu! Fala sério, Cobra!

– Se eu não te conto é porque é melhor para você, Jade. Você não precisa saber o que acontece de ruim comigo para saber que eu... eu... - Ele tentava, mas algo o impedia de falar. Sua teimosia, talvez.

– Que você o que, garoto? - Jade estava praticamente gritando. Ainda bem que o volume do som era alto e ninguém parecia se importar com a discussão dos dois.

– Que eu te considero importante. Muito importante. - Cobra suava, tremia e se enrolava com as palavras, pois nunca havia precisado passar por aquilo antes.

– Ah, claro. - Jade sorriu, irônica. - Eu sou importante, você vai me proteger e blá blá blá. Qual é, Cobra? Sabe quem também me considera importante e quer me proteger? O Edgard. E eu espero que os seus sentimentos e os dele não sejam iguais.

– Não são. - Ele riu. - Pode ter certeza disso, mas eu queria te dizer que quando a gente tá brigado, eu sinto falta do nosso... - Mais uma vez, Cobra estava se enrolando. Para onde tinha ido toda aquela confiança?

– Do nosso o que, Cobra? Do nosso rolo? O que a gente tem? Porque, me desculpe, eu acho que ficar se pegando escondido, nos fundos do QG não pode ser chamado de relacionamento.

– É, tem razão, mas um ajudar o outro a mudar, como você me ajuda, pode sim ser chamado de relacionamento. E Jade, olha, com nós dois sempre foi assim. A gente precisa mesmo dessa conversa? Por que isso agora? - Cobra já estava ficando cansado daquilo. Ela era difícil. E é disso que eu mais gosto, divertiu-se Cobra consigo mesmo.

– Porque eu gosto de você, Cobra, de verdade, e apesar de eu achar que o que a gente tem é, pelo menos um pouco, verdadeiro, você me faz mal às vezes. E tá cansando. Tá difícil ter que deixar a minha mãe sozinha, doe... dentro de casa, para ir me encontrar com você e não saber se eu vou ser recebida com um beijo ou com uma porta fechada. - Naquele momento, Jade fez justiça ao nome do seu vlog: "SinceriJade". Toda aquela sinceridade estava doendo em Cobra e aquelas palavras o machucavam. Ele estava incapaz de revidar tudo aquilo. Nunca havia pensado que talvez fosse tão complicado para ela. - Mas tudo bem você nunca ter pensado sobre isso... - Disse ela, como que adivinhando os seus pensamentos. - Afinal, para você bastava ficar sentado esperando a sua dama chegar, com a linguinha de fora e abanando o rabinho. - Ela, enfim, terminou. Respirou fundo, olhou para frente e encontrou um Cobra perplexo. Ficaram alguns instantes em silêncio, até que Cobra o quebrou, dizendo:

– Por favor, não se compare com uma cadela.

– Mas é assim que eu me sinto às vezes. - E a lágrima que Jade havia segurado desde o início da conversa rolou naquele momento. Não chegou a cair de seu queixo porque Cobra a enxugou antes que isso acontecesse. Aproveitou e segurou o rosto dela com as duas mãos.

– Mas você não é. Você é uma linda dama que veio em socorro a um pobre vagabundo. E acabou conquistando ele. - Ele sorriu, e ela o seguiu. - Eu gosto de você também, Jade, e eu espero que você acredite em mim. Pode ser que eu seja meio errado às vezes, mas eu te peço desculpas por isso. E se eu prometesse mudar esse meu lado? - O lutador olhou para Jade, esperançoso.

– Não basta prometer, Cobra. - Dizendo isso, tirou as mãos dele do seu rosto e as segurou entre as suas. - Tem que cumprir.

– Eu vou mudar, Jade. Na verdade, eu já tô mudando, embora você não saiba. - Lembrou-se do seu acordo com a Nat e pensou que Jade ficaria orgulhosa se soubesse. - E você me ajuda nisso.

O silêncio novamente apareceu, fazendo com que os dois se observassem. A maquiagem dela estava borrada e o nervosismo dele era evidente. Mesmo assim, estavam bastante desejáveis um para o outro. Lentamente se aproximaram e enfim fizeram as pazes com um beijo. Diferente dos outros beijos, este era calmo. Após alguns instantes, Jade se afastou, sorrindo.

– O que aconteceu? - indagou Cobra, temeroso do que poderia recomeçar.

– Sabe aquela história que quando você encontra alguém especial, esse alguém te reveste de paz e se torna tipo um céu para você? - Cobra balançou a cabeça afirmativamente e Jade prosseguiu: - Tudo mentira. - Eles riram como velhos amigos. - Você é o meu inferno, Cobra. Um vagabundo, cujo o passado é melhor não lembrar e o futuro ninguém se arrisca a imaginar. Por que eu não consigo resistir? - Cobra não respondeu, apenas sorriu, convencido como sempre.

Trocaram mais alguns beijos e resolveram voltar para o carro a fim de que Cobra levasse Jade para casa. Durante o percusso, a cabeça de Cobra voltava para a conversa. Engraçado, ele pensava, porque você é o mais perto do paraíso que eu vou chegar um dia, minha dama. Faltou-lhe coragem para dizer aquilo em voz alta. Talvez parecesse ridículo e ele tinha uma fama de vilão a zelar.

***

Poucos dias haviam se passado desde então, porém a relação entre os dois tinha melhorado consideravelmente. Claro, ela não havia contado da doença da mãe e nem ele do acordo com Nat. Pensavam que certas coisas podiam ficar em segredo.

Determinada tarde, enquanto Cobra usava o computador no QG, Nat apareceu por lá.

– Foi mal aí, Nat, mas eu tô sem novidades. A mesma coisa de sempre: lutas cladest...

– Eu não vi buscar mais informações Cobra. - Nat o interrompeu.

– Não? Veio fazer o que, então?

– Eu vim te alertar, Cobra. Olha, eu tenho te observado a algum tempo e percebi que você anda namorando aquela dançarina da Ribalta, a...

– Jade. - Cobra a ajudou.

– Isso, Jade. Sabe qual foi um dos motivos para que você fosse o escolhido para ficar no meu lugar? - Cobra fez um sinal negativo com a cabeça. - Foi o fato de você ser sozinho no mundo, Cobra. Assim ninguém mais se machucaria caso desse alguma coisa errada. Cobra, você sabe como o pessoal da Khan é vingativo, violento. Se eles descobrirem que você está traindo eles, a Jade pode sofrer alguma consequência disso.

– Você tá pedindo que eu me afaste da Jade? - Cobra tentava entender o rumo que a conversa havia tomado.

– Eu não tô pedindo nada, eu só tô te dando um toque, embora eu ache que no fundo você saiba, que ficar do seu lado é um perigo para a Jade. A escolha é sua, mas lembre-se que você pode evitar uma tragédia.

– Sai daqui! Vamos, cai fora! Agora! - Ele precisava ficar sozinho.

– Calma! Sei que não é legal pensar em se afastar da pessoa que a gente gosta, mas pensa que é só por um tempo, até as coisas se acalmarem.

– Agora! - Assim que Nat saiu pela porta, ele caiu na cadeira e levou as mãos a cabeça. Ela tinha razão, era perigoso. Mas e se depois desse "tempo", a Jade não tivesse mais disposta a ficar com ele? É Cobra, você tem uma difícil decisão para tomar, moleque.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? O Cobra termina ou não termina?