Enquanto andava solitariamente pela escola, imaginou-se morta, sem um mínimo de sinal de vida. Imaginou se tentasse um suicídio, não, ela não poderia fazer isso. Iria magoar as pessoas que mais ama, e isso era a última coisa que lhe vinha na mente.

Mal prestou atenção na aula, apenas observava o dia nublado e escuro da janela. Perguntou-se porque justo ela tinha que passar por isso, porque essa enorme tristeza lhe invadia a toda hora. Não sabia responder.

Seus pais nunca gostaram dela, sempre foi esquecida por eles. A única pessoa que realmente lhe amava, era sua avó, sua querida avó, já não pertencia mais à este mundo. Ao lembrar da avó deixou uma silenciosa lágrima escapar de seu rosto.

Amigos? Poucos, e alguns já não mantinha mais contato algum. Já não confiava em mais nenhum ser humano. Queria sumir daquela maldita cidade e ir para algum lugar mais tranquilo, sem ninguém para incomodá-la, sem ninguém para odiá-la.

Quando terminou a aula. Foi para a cantinha. Enquanto ia para a fila, duas garotas sussurravam uma para a outra alguma coisa, mas ela entendeu tudo.

- Não é ela a garota estranha? - Uma loira de cabelos grandes e ondulados nas pontas perguntou à outra loira, só que de cabelos curtos e não muito loiros.

- Ouvi dizer que ela não conversa com ninguém. - A de cabelos curtos respondeu amargamente.

- Também, do jeito que age, não deve nem conversar com o próprio cachorro. - Aquilo realmente a magoou. Mas resolveu ignorar, afinal, já ignorou tantas coisas que já não se preocupava mais consigo mesmo.

Pegou seu lanche. Comeu em silêncio e longe de todos. Sempre cabisbaixa, sem falar nada, apenas comer o seu lanche.

Ao terminar foi ao seu lugar favorito, a sala de pianos. Entrou na sala e sentiu o doce aroma de lírios naturais que estavam no canto da sala. Colocou sua mochila em um canto qualquer, e se sentou na poltrona em frente ao piano.

Começou a tocar uma música que lhe definia, não que ela fosse assim. Mas tudo o que sentia. Abriu sua boca fina para soltar a primeira letra da música. Hello.

Playground school bell rings again
Rain clouds come to play again
Has no one told you she's not breathing?

Hello, I am your mind
Giving you someone to talk to, hello

If I smile and don't believe
Soon I know I'll wake from this dream
Don't try to fix me
I'm not broken

Hello, I am the lie living for you
So you can hide, don't cry

Suddenly I know I'm not sleeping
Hello, I'm still here
All that's left of yesterday

Ao terminar deixou-se chorar. O choro de alguém que quer ser livre, livre sem dores nem sofrimento. Ouviu alguém abrir a porta e rapidamente se virou.

- Ahn... Desculpe, eu... - Um jovem menino, poucos cabelos mas com um corpo escultural.

- Não precisa se desculpar... - Ela disse, se levantando.

- Me desculpe a invasão mas... Porque você estava chorando? - Ele perguntou.

- é difícil de explicar... - Ela disse após alguns segundos; - Você tem algum lenço?

Colocou a mão no bolso e lentamente lhe deu o lenço. Enquanto ela limpava os olhos, e ele tirava algo da mochila preta.

- Prazer em conhecê-lo. Qual seu nome? - Ela perguntou de forma gentil.

- Cebola. E o seu? - Ele perguntou sorrindo para a mesma.

- Mônica. - Retribuiu o sorriso.