Escolho minha facção escrita por Alice C S


Capítulo 1
Capítulo único - One shot


Notas iniciais do capítulo

Bem, estou postando esse one shot antigo que escrevi há mais de um ano, logo que comecei a ler Divergente. Me parece uma narrativa razoável para começar a postar aqui no Nyah!. Agradeço muitíssimo a quem se propuser a ler. Por favor, comentem e me ajudem a ser inserida em outro nível desse mundo das fics, ao qual pertenço há muito, embora sempre como leitora. Quero mesmo fazer parte dele como escritora, o que só será possível, se assim me tornarem!Boa leitura! Espero que se divirtam!!!



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Faltam apenas alguns minutos para eu tomar minha Decisão. A Decisão que determinará o restante da minha vida.

Escolherei minha facção e, se estou certa sobre algo, é que não sei o que escolher.

Basta me ver chegando na escola todos os dias para notar como não tenho uma facção específica.

Sou uma garota que poderia ser como qualquer outra que está neste salão agora. Mas não sou. E isso não é só pelas caraterísticas visuais que implantei em mim mesma com certa dificuldade por causa da divisão entre facções, mas que me são razão de orgulho e prova do meu desejo interior. Sou incomum em múltiplas facetas. Tentarei apresentá-las.

Nasci na Abnegação, mas essa é a facção a qual não escolherei com certeza. Sim, quando alguém cai eu ajudo; quando me pedem algo simples que não me custa muito, eu faço e assim continuarei. No entanto, jamais viverei pelos outros. Como posso cuidar das pessoas, se não consigo nem cuidar de mim mesma, nem sequer decidir meu próprio futuro?

Há a franqueza. Eu falo a verdade quase sempre, mas sei mentir (e muito bem), quando acho preciso. Eventualmente, a mentira é necessária. Omitir, embelezar ou inventar fatos pode trazer muito mais bem do que a verdade absoluta.

As outras três são minha verdadeira dúvida.

Amizade. Isso me descreve muito bem. Eu sou uma boa amiga, mas não sei se quero minha vida regida pela amizade... Não acho que seja minha característica mais marcante. Sei guardar segredos e sou gentil com as pessoas, mas isso pode mudar se me derem razão para tanto.

Audácia. Ninguém espera isso de mim. Qualquer um que me conhece superficialmente estranharia esta possibilidade. Apesar disso, eu sei que em algum lugar aqui dentro, é o que desejo; ou pelo menos, parte de mim. Mas não consigo me imaginar realmente vivendo assim.

Erudição. De fato, acho que a escolherei. Ler e aprender, de longe as coisas que eu mais adoro fazer... A questão é não saber se quero viver disso APENAS. Outras coisas parecem importantes na vida, talvez até mais importantes.

Voltando ao modo como chego à escola. Eu não vou de ônibus. Para mim as coisas tem que ser divertidas, me fazer feliz. Por isso, vou para a escola de skate. Me divirto até enquanto me locomovo, muito embora isso não seja bem visto pelas pessoas... Eu não sou de me importar muito com opiniões alheias, de qualquer forma.

Uso vermelho e amarelo, porque me considero uma pessoa mais feliz do que a maioria da Amizade. Além disso, me vejo no direito de que minhas roupas reflitam quem sou, não minha facção. Isso poderia ser motivo de vergonha para toda a minha Abnegação. Entretanto, sou diferente dos outros; não me consideram mais uma traidora, como quando mais nova pareceram achar.

Sempre levo um livro na mão. Sempre. Todos os dias. Ler de tudo e aprender o máximo que posso, sobre todos os temas possíveis. É o que faço, faz parte de quem sou.

Assim que chego no quarteirão da escola, tenho que andar a pé por causa do movimento. Como não aguento a monotonia de ficar simplesmente andando, leio. Nunca trombo em ninguém. Na verdade, desvio dos outros com mais facilidade do que outro qualquer que não anda lendo. Cumprimento as pessoas alegre como alguém da Amizade: amigos de todas as facções.

Eu nem tenho um grupo definido: brinco com a amizade no almoço; ando com a audácia; partilho livros e informações com a erudição entre as aulas; adoro trocar opiniões na franqueza, onde se pode realmente saber o que as pessoas pensam. A abnegação? Apenas quando sou obrigada a estar com ela.

A cena que vêem é de uma garota vestida e agindo como membro da Amizade, lendo enquanto caminha (como se da Erudição). Um skate embaixo do braço e, na maior parte das vezes, usando mexas coloridas na metade não raspada dos cabelos e o piercing na sobrancelha. Logo o livro é fechado, trocado por alguns garotos da audácia.

Sei que perderei amizades, independente da minha escolha. Me conformo apenas por pensar que farei outras.

Agora só faltam menos de dez jovens para minha vez.

Diferente das outras poucas pessoas com quem conversei nos últimos dias que continuavam sem uma decisão, eu sou a única que converso com minha família sobre para onde irei, sobre meu futuro. A opinião deles me importa muito. Na verdade, desde meus doze anos, meus pais já aceitam e se preparam para minha saída. Eles sabem que meu lugar não é o mesmo que o deles e estão cientes da minha provável escolha pela Erudição; talvez a Amizade. Tínhamos uma franqueza maior do que as outras famílias. O que nunca comentei, embora pense que eles desconfiam, é a possibilidade de escolher a Audácia.

Minha vez está chegando e ainda não me decidi. Os recipientes da Erudição e da Audácia estão lado a lado; já a Amizade está separada pela Franqueza e Abnegação. A disposição parece-me carregar um estranho humor com as possíveis e irônicas interpretações subjetivas dela. Meu nome é chamado. Ando muito firme e determinada, diferente do meu psicológico nesse momento. Apesar da aparente confiança, tenho certeza de que a dúvida está gravada em meu rosto. Meus olhos passam pelos três recipientes que representam as escolhas que estou considerando. Meus pais estão de frente para mim. Poderei ver as reações que terão.

Mais do que tarde, tomo metade de minha decisão. Não escolherei a Amizade. Percebo que realmente não quero viver priorizando a amizade e que, ainda assim, posso ser uma boa amiga independente da decisão que tomar. Uma prova de que isso não é o mais importante em minha vida é o abandono à minha família do jeito que estou fazendo.

Paro de olhar para aquele lado do circulo. Tenho um vislumbre do rosto de minha mãe. Ela está sorrindo, pois percebe minha decisão. Ela sorri não por eu ter decido uma coisa ou outra, mas sim por acreditar que serei feliz com a escolha que eu fizer. Ela confia em mim e me apóia, apesar de todas as razões que tem para o contrário. Isso me da uma ultima descarga de energia.

Pego com determinação a faca. Devo ser rebelde ou estudiosa?

Corto minha mão. Minha mente não para de processar informações, prós e contras... não sinto dor onde parti minha pele.

Se eu quiser viver aprendendo, abrirei mão de certas diversões? Poderei ser audaciosa?

Coloco minha mão, ainda voltada para cima, entre os dois recipientes. Quero deixar bem claro, para quem quiser ver, que fiquei em dúvida entre os dois. As pessoas notam.

Se eu quiser ser audaciosa, poderei viver aprendendo e buscando novos conhecimentos?

Um pouco à minha direita estão meus pais. Ambos percebem minha dúvida ao mesmo tempo. Notam que os observo. Minha mãe põe as mãos no coração. Sei o que quer dizer. Devo escolher aquilo que eu quiser. Independente do que eu achar melhor, minha mãe me apoiará. Meu pai simplesmente parece curioso. O conheço o bastante para saber que confia em mim também.

Tudo isso, desde eu cortar minha mão até este momento, se passou em cerca de cinco segundos. É impressionante como o tempo é relativo.

Sei que sempre terei tempo para aprender e me divertir, independente de qual decisão tomar. Mas o que escolherei como prioridade?

Resolvo pensar de outra maneira. Direciono minhas comparações para chegar à pergunta maior que nos fazem. Quero viver para ser erudita ou para ser audaciosa? Acho que é mais importante a coragem ou o conhecimento? Condeno a covardia ou a ignorância?

Acredito que a humanidade seria melhor se as pessoas fossem sempre corajosas ou muito esclarecidas?

Já há uma poça de sangue em minha mão, não muito pequena. Observo os elementos tão diferentes diante dos quais estou. Eu realmente me destacarei e farei a diferença na Facção que escolher, meu sangue ficará marcado nela e tenho a sensação de que esse destaque não será só materialmente falando. Será prepotência pensar que não serei só mais uma, em meios às centenas que não parecem tão em dúvida quanto eu?

Termino de tomar minha decisão. Agora sei que é isso que eu quero e mesmo se tivesse mais tempo para pensar, não escolheria nada diferente. Sei que estou mais determinada do que qualquer outro que colocou seu sangue em sua facção de origem. Sei o que quero e é isso que vou fazer. Penso na humanidade e no que realmente pode ser o caminho para torná-la melhor. Sinto na pele o verdadeiro significado de "certeza".

Parece que Marcus vai falar algo, como me apressar, mas isso não será necessário.

Derramo meu sangue na água. Escolho a Erudição.

Eu quero viver de estudos. Sempre buscando mais, saber mais, para conseguir ser melhor. Se todos tiverem ciência da situação em seu entorno, poderão agir bem, fazer o que é bom. Jamais deixarei de fazer o que desejo, nem de ser eu mesma, de fazer algo perigoso, de me arriscar pelo que quero, de sempre defender o que acredito. Eu sei que serei FELIZ assim. Isso é o que sempre busquei. E é assim que encontrarei.

A ignorância é muito pior do que qualquer covardia. De nada adianta a coragem se você não tiver conhecimento e não souber o que fazer com ela. De nada adianta um corpo forte, imperturbável, se sua mente for fraca, manipulável.

A única coisa que me faltava, recebo agora. Enquanto vou determinada para minha nova Facção, para junto de meus companheiros e sigo rumo a meu futuro, vejo meus pais, sorrindo e concordando com a cabeça. Fiz a coisa certa, tenho o apoio deles. E eles se orgulham de mim. Abro o maior dos sorrisos e pisco para eles, ignorando o fato de que está é nossa despedida final.

Percorro o restante do caminho mais feliz e determinada do que qualquer outro, mais do que estava antes.

Percebo que todos os eruditos à minha volta sorriem e alguns fazem sinais de positivo, concordam com a cabeça. Todos perceberam minha dúvida, minha dificuldade, então minha escolha, minha determinação, minha alegria.

Algo inesperado acontece. Um, depois outro, mais outros, logo todos batem palmas. Para mim. Para minha Escolha, minha decisão. Inicialmente somente minha nova facção e meus conhecidos das outras, mas logo até a Audácia, que perdeu a possibilidade de um novo integrante, saúda minha coragem. Todas as facções parecem orgulhosas de ver uma jovem tão determinada apesar das dúvidas que a desesperavam antes. Nunca vi tamanha aceitação antes. Parece que todos esperavam por mim.

Não sei como nem porquê, mas tenho uma certeza: vou ficar na História, vou ser lembrada. E este é apenas o primeiro dos muitos motivos que me levarão a isso...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Por favor, transmitam-me suas opiniões para que eu saiba o que acharam. Sei que ainda tenho muito o que aprender, então me ajudem para que eu melhore! Escrever é realmente muito importante para mim e nada me fará mais feliz do que receber comentários e ver que alguém favoritou ou simplesmente leu a minha estória... MUITO OBRIGADA A QUEM CHEGOU ATÉ AQUI!
Um escritor sem leitores nada é.



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