Serial Killer - O Despertar. escrita por Caio V


Capítulo 2
Ep. 1 - Pilot.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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Caio

Caio odiava ser um estudante do ensino médio; odiava estar apaixonado pela melhor amiga e, definitivamente, odiava ter um irmão gêmeo. Principalmente porque ele e Rodrigo não se pareciam em nada. A única coisa que dividiam era o quarto e o gosto por séries.

Rodrigo era alto, tinha olhos castanhos e cabelos negros e curtos, a pele bronzeada e o corpo um pouco magrelo, mas com certos músculos; já Caio era mais baixo, seus olhos eram negros – o que causava medo nas pessoas, às vezes –, os cabelos castanhos escuros e longos, penteados de uma forma que parecia tampar os olhos, mas que não atrapalhava a visão do garoto; ele era magro, mas não tinha os músculos definidos como o irmão, e, por seu rosto parecer com o de uma criança, alguns achavam que Rodrigo era mais velho.

Os dois estavam sentados em suas respectivas camas. Rodrigo mexia no celular e Caio lia um livro para o trabalho da escola – o livro era extremamente chato. Ele deitou na cama e suspirou. Alto o suficiente para chamar atenção do irmão.

– É tão chato assim? – perguntou Rodrigo, tirando os olhos do celular.

– Pra cacete. – Caio revirou os olhos e Rodrigo riu. – Você não deveria estar lendo?

– É... não – disse ele, voltando os olhos para o celular. – Então, é sábado... vamos sair?

– São duas horas – disse Caio, colocando o livro na cabeceira. – O pai vai jogar a gente pro cachorro dos vizinhos.

– São dois poodles. – Rodrigo deu de ombros. – E, qual é, eles nunca vão saber. Vamos logo.

– Aonde?

– O pessoal tá em uma boate. – Eles já levantavam para se trocar. – Chama aquele seu amigo nerd.

– Ele não é nerd. – Caio revirou os olhos. – Só... não gosta de praticar esportes.

– Vai chamar ou não?

– Tá, tá.

Rodrigo pegou uma muda de roupas no armário e entrou no banheiro, enquanto Caio sentou na cama e pegou o celular. Discou o número do Samuel – ele tinha uma ótima memória, por isso gravava muitos números – e ligou.

– Alô? – atendeu o garoto, com voz de sono.

– Muel, sou eu – disse Caio. Ele era o único que chamava o Samuel por aquele apelido, então sabia que o garoto o reconheceria. – O Drigo tá indo pra boate, vamos?

– São duas horas – disse ele. Resmungou algo incompreensível. – Eu não conheço seus pais, mas os meus vão me matar.

– Então... passamos na frente da sua casa em uma hora – disse Caio, desligando o celular antes da resposta. Ele conhecia Samuel bem o suficiente pra saber que ele daria um jeito de ir. Gritou: – Drigo, o Muel vai!

– Beleza – respondeu o irmão.

Caio escolheu uma roupa: uma blusa branca, a jaqueta preta e uma calça jeans clara; e esperou, por dez minutos, Rodrigo sair do banho. Ele saiu vestindo uma calça jeans escura, uma blusa vermelha e um casaco azul marinho que ficava aberto na frente, escrito: Bulls e, mais embaixo, o número 23. Caio perdera a conta de quantas vezes tinha visto aquela camisa.

– Ainda bem que arrumou uma blusa nova – ironizou.

Rodrigo revirou os olhos.

– Vai se trocar logo, as garotas estão esperando.

– Garotas? Que garotas? – Caio perguntou, enquanto caminhava até o banheiro.

– Relaxa, Caio – disse ele. – Não vou te levar pra nenhum puteiro, agora vai tomar banho logo.

Caio revirou os olhos e entrou no banheiro. Após o banho de dez minutos, ele se vestiu e saiu, encarando Rodrigo.

– Até que enfim – disse o irmão. – Vamos?

– Bora. – Caio pegou o celular e colocou no bolso, junto com a carteira.

A casa tinha dois andares, mas o quarto dos garotos ficava ao lado de uma árvore. A proximidade era o suficiente para eles saírem pela janela e descerem pela árvore, sem chamar atenção dos pais. Não seria a primeira vez que fariam aquilo.

Subir na árvore foi fácil, descer já não era tanto. Rodrigo tinha uma facilidade incrível, uma vez, ele simplesmente pulou – só não fez o mesmo porque faria barulho. Caio tentou seguir o irmão na mesma velocidade, mas Rodrigo parecia ter anos de treinamento, enquanto o irmão se embolava com os galhos. Depois de muita luta e de quase cair cinco vezes, Caio alcançou o irmão.

– Precisa praticar mais – advertiu Rodrigo. – O carro tá na garagem, então vamos pegar um táxi. Você paga.

– Por quê?

– Porque sim, vamos logo.

Eles correram até o fim da rua pouco movimentada e silenciosa. Não tinham nem cachorros, gatos... nada. Só tinha uma pessoa, no fim da rua. Caio não podia ver seu rosto, só conseguira notar sua capa vermelha, que se destacava na escuridão noturna. Quando os irmãos se aproximavam um pouco mais, a pessoa da capa vermelha simplesmente desapareceu.

– Sinistro – murmurou Caio.

– O quê? – perguntou Rodrigo, parando de correr.

– Nada... só uma pessoa que sumiu de repente.

– Vai ver é alguém fugindo de casa. – O garoto sorriu e deu sinal para um táxi que passava na rua. – Tipo a gente.

Eles entraram no táxi e a viagem demorou cerca de trinta minutos até a casa de Samuel, que entrou correndo.

– Chegaram cedo – disse ele. – E aí, Rodrigo.

– E aí – disse Rodrigo, concentrado no celular.

Samuel não gostava de praticar esportes, nem ir à academia, mas ele não precisava. Seu corpo era semelhante ao de um atleta olímpico, os cabelos castanhos e curtos pareciam combinar com os olhos azuis por trás dos óculos; ele era alto e forte, apesar de não utilizar de tal força para nada além de pegar livros e salgadinhos. Era um vagabundo muito estudioso.

– Aonde vamos? – perguntou.

– Em uma boate – disse Rodrigo. Ele olhou para Samuel. – Já ouviu falar?

– Têm boates em livros, okay? – Samuel revirou os olhos.

O motorista acelerou o carro, sem dar a mínima pra conversa. Assim como Caio – ele já estava acostumado com as briguinhas entre Samuel e Rodrigo.

O passeio de carro até a boate foi rápido, mas custou quase cinquenta reais. Os três dividiram e cada um pagou dezessete reais e deixaram o motorista com um real de troco – algo que Rodrigo considerou muito generoso.

Quando saíram do carro, Samuel e Caio olharam para a boate lotada meio espantado. Eles não imaginariam que tantas crianças fugiam de casa às duas da manhã.

– Uau! – comentou Caio.

– Vamos logo, estão pagando mico – murmurou Rodrigo, puxando-os para dentro.

Quando o Rodrigo disse que teriam algumas garotas esperando, ele quis dizer muitas garotas. Quase metade da sala estava lá: a morena Clarissa e o namorado Henrique – que era o melhor amigo de Rodrigo, então Caio não estranhou vê-lo lá –; a loira Laryssa – Caio gostava dela, achava que era muito espontânea e... louca –; a também morena Mirella; sua irmã Gabriela – que era namorada de Rodrigo –; e, a que deixou Caio surpreso: Gislaine. Ela era a melhor amiga de Caio e, até onde ele sabia, seu pai não deixava ela sair de casa após oito horas da noite – uma vez, quando eles foram ao cinema juntos e chegaram oito e meia, o pai da garota quase bateu nele; desde então, Caio evitou a rua de Gislaine com medo do senhor Krumheuer – um sobrenome muito complicado, para uma garota tão simples.

Clarissa, uma garota morena com cabelos cumpridos e cacheados – e um corpo de dar inveja em muitas modelos profissionais –, dançava com Henrique – ele era um pouco mais baixo que ela, tinha olhos castanhos e cabelos muito curtos, e seu corpo era como o de Caio: magro e sem muitos músculos. Laryssa, uma garota loira, de cabelos cacheados e olhos cor-de-mel estava bebendo e conversando com um garoto que Caio nunca havia visto na vida, mas que parecia ser do tipo que faria muitas garotas da escola suspirarem ao passar no corredor – não era o caso de Laryssa, que parecia extremamente à vontade, enquanto apoiava o braço no pescoço do garoto e ria. Mirella estava parada, observando encostada na parede – ela era a mais calma... até começar a beber –; tinha olhos azuis, cabelos castanhos e lisos e já fora considerada a garota mais bonita da escola, isto é, quando ela ainda estudava – se formara no ano anterior, agora só passava lá para conversar com a irmã e com os amigos. Gabriela abraçou Rodrigo assim que o viu e ele a arrastou para a pista de dança; a garota era muito bonita, tinha cabelos negros e ondulados – e pranchados, embora Caio achasse desnecessário, pois já vira seu cabelo natural e era muito bonito. Gislaine estava conversando com um garoto da sala – o que não alegrara o dia do garoto –, ela tinha olhos verdes e calmos, mas intensos – uma combinação intrigante –; cabelos castanhos claros e lisos, mas ondulados; e seu corpo... Caio não gostava de descrevê-lo, pois sempre que tentava, parecia reduzir sua beleza.

– Bem... – disse Samuel, olhando ao redor. – Eu não fugi de casa atoa, vamos beber alguma coisa.

– Fica pra próxima – disse Caio, olhando fixamente para Gislaine e o garoto com quem ela conversava. Samuel notou o olhar e deu um tapa na cara dele. – Tá maluco?

– Vamos beber, ou eu vou te dar um chute – disse Muel, revirando os olhos. – E não vai ser na cara.

– Chato. – Caio revirou os olhos. Ele voltou o olhar para Rodrigo, que estava sozinho. Estranhou, mas deixou de lado e voltou sua atenção para Samuel. – Posso ir ao banheiro, pelo menos?

– Vai logo – disse ele. – Me encontra no bar.

Foi muito complicado chegar ao banheiro da boate. Ele teve que empurrar algumas pessoas, se espremer entre outras e pular algumas que estavam caídas no chão. Então, quando finalmente alcançou a porta, ele ouviu alguém gritar.

– Me solta!

Não demorou até ele reconhecer o grito. Era Gabriela, a namorada do irmão.

Caio entrou no banheiro correndo e viu um garoto segurando ela pelo pescoço. Ele não vestia camisa e parecia completamente bêbado, mas tinha o dobro da altura e força de Caio; o que não importou muito para o garoto, que chutou as costas do pequeno gigante.

– Sai daqui – gritou o garoto. Ele jogou Gabriela no chão e partiu na direção de Caio, que permanecia parado. – Você não me ouviu?

Caio só viu o punho do garoto atingindo seu rosto e caiu no chão, com o nariz sangrando. Ele se levantou, mesmo com a dor tentando impedi-lo. Encarou o brutamonte e tentou dar um soco nele, mas o grandão segurou a mão dele e deu um soco na costela de Caio, depois o jogou no chão e deu dois chutes em sua barriga, fazendo o garoto cuspir sangue.

– Caio – gritou Gabriela, que se levantara e tentou bater no grandão, mas ele a segurou e jogou-a contra a parede.

Voltou-se para o garoto e deu mais um chute na barriga dele, então Caio fechou os olhos. A dor atrapalhando seus sentidos e acabando com qualquer possibilidade de raciocínio. Logo depois, ele ouviu Gabriela gritando por socorro, mas a música da boate abafava o grito da garota.

Caio abriu os olhos, enquanto lutava bravamente com a dor. Levantou-se lentamente e conseguiu ver o brutamonte rasgar a blusa branca de Gabi. Como em um ataque de adrenalina, a dor se transformou em fúria e Caio avançou na direção do grandão, dando um soco nas costas dele e fazendo-o cair pra frente. O garoto saltou sobre o brutamonte e começou a dar repetidos socos em seu rosto, e, ao mesmo tempo, começou a perder a consciência do que estava fazendo. O sangue respingando em seu rosto e era a única coisa que via: sangue. O líquido vermelho respingando do rosto do grandão, até que os olhos de Caio fecharam e ele caiu para o lado, e foi quando a dor voltou e ele teve o sonho mais estranho de toda sua vida.


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Notas finais do capítulo

Sim, a narração muda de vez em quando e.e'
Gostaram? Comentem ^^



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