Oh, no! — Capítulo único.

Primeiros encontros são os piores. Se tem uma coisa que Rapunzel odeia mais que qualquer coisa, era primeiros encontros.

Não importava se o encontro seria com Jack Frost — o garoto que vinha sendo sua companhia enquanto ia para casa, não importa se eles chegaram a conhecer um ao outro em questão de poucas semanas ou que o sentimento que sentia por ele era recíproco.

Na verdade, isso era ainda pior — como se houvesse uma pressão sobre ela dizendo que, já que tinham atingido um nível superior em sua amizade-quase-alguma-coisa, o seu encontro deveria ir muito mais suave.

E ela queria desesperadamente que seu encontro fosse o mais suave possível.

Por que se não fosse... Se isso não acontecesse, significaria que sua amizade-quase-alguma-coisa iria acabar?

Ela odiava a ideia de que isso acontecesse mas, no geral, ela só odiava qualquer primeiro encontro — eles sempre acabaram num desastre completo —, e ela rezava para que esse fosse uma exceção.

Mas ela sabia que era impossível no momento em que ele chegou para buscá-la, vestindo apenas uma calça jeans e uma camiseta simples, e ela, o oposto, usava um vestido preto para noite e um par de saltos que ela passou quase 45 minutos lutando para achar em torno do seu apartamento, e isso a deixou em um leve estado de pânico.

E se passar minutos em busca de um par de saltos não era o suficiente para deixá-la maluca, vê-lo de roupas casuais era o suficiente. Isso significa que ela teria que mudar de roupa — e rápido. Já que o "jantar" pelo qual estava ansiosa estaria mais para "lanchonete" ou "jantar em família".

Não é que ela estava com raiva, isso tudo era culpa dela — deveria ter ao menos ligado para perguntar. Mas estava, sim, irritada por ter passado tanto tempo a procura de um mísero par de saltos enquanto poderia, simplesmente, ter pego um par de tênis.

Antes que ela pudesse esconder o rosto corado, ele percebeu imediatamente o que havia acontecido, agarrando o braço dela quando estava prestes a dar alguns passos para trás e ir, rápido como um foguete, se "transformar" numa coisa menos fantasiada.

"Eu estou... Argh! Preciso trocar de roupa"

"Você está ótima", assegurou ele, enviando-lhe um sorriso que rasgava seu intestino e dava passagem para milhões de borboletas voarem, inquietantes, ali dentro.

Mas não estava nada ótimo.

Não quando o jantar aconteceu como um passeio por entre vãs de fast-food. Tudo bem, o local estava decorado com luzes de neon e as mesas de pic-nic tinham um enfeite muito bonitinho no centro, mas tudo isso não mudava o fato de que ainda eram vãs de fast-food.

E isso não muda o fato de que todos ao seu redor estava vestindo calça jeans e tênis, e ali ela estava absolutamente ridícula em um par de saltos, cada passo afundando um centímetro enquanto caminhava.

Advertência: Saltos não foram feitos para andar sobre grama molhada e terra fofa.

Ela tentou o seu melhor para fingir que estava tudo bem, que ela estava satisfeita, tanto com localização e do encontro em si, apesar de todos os problemas menores que já tinha dado errado.

Mas ele notou.

E eles passaram o resto do jantar de uma forma de silêncio desconfortável. O que Rapunzel não conseguia entender, já que, com Jack, a conversa fluia tão suavemente.

O auge de todo o jantar deve ter sido quando uma lasca de madeira solta no banco acabou por rasgar seu vestido, deixando sua calcinha de coraçõezinhos a mostra — ela esperava não ter que mostrá-la para ninguém naquela noite.

O refrigerante escorreu pelo nariz do albino, que se contorcia para não rir da deprimente situação de Rapunzel, que lutava a todo tempo não ser observada por ninguém. Mesmo que isso fosse impossível, já que ela era a única que estava arrumada como que para ir a um casamento ali.

"Não ria!" Dizia, com as bochechas em brasa.

Aconteceu o pior, quando seu carro quebrou em seu caminho para um cinema drive-in, uma hora de distância de onde moravam, e eles agora estavam presos no meio de uma rua deserta. Rapunzel gemeu interiormente, era como tudo o que poderia ter dado errado, deu.

Jack pegou seu celular, seus olhos se estreitando. Ele amaldiçoou em voz baixa. "Nenhum sinal." Ele deu um olhar de canto, podia ver a frustração no modo em como ela se sentou em silêncio. Ele não podia dizer se ela estava zangada com ele ou com raiva de todo o encontro em geral, e ele se sentiu mal sobre a coisa toda. "Eu ... eu vou ver o que há de errado com o carro."

"Tudo bem", disse estalando a língua. Ela não tinha a intenção de soar tão dura, mas era como se tudo de ruim que poderia ter acontecido havia acontecido, embora, geralmente, não fosse uma pessoa irada.

Ele trabalhou no carro do lado de fora, enquanto ela se revolvia em sua própria pena. E foi até que ela deu uma olhada no retrovisor, os músculos de provocação de Jack em seu braço flexionado, fez todo o seu corpo se suavizar. De repente, ela sentiu o impacto de sua negatividade em seu encontro.

Jack só tentou agradá-la.

Se tivesse sido ao menos um pouco mais otimista quanto a tudo isso... Se não pensasse tanto que este primeiro encontro seria uma droga...

Não é como se fosse o pior encontro que já teve. Ela saiu do carro para pedir desculpas, puxando fora de seus saltos. "Jack"

É claro, seria o momento perfeito em qualquer clichê romântico mudo o céu se abrir e se derramar sobre os dois naquele exato segundo, o rugido do trovão, executado em modo preciso com a chuva.

"Foda-se," Jack amaldiçoou quando ele fechou a tampa do carro e puxou Rapunzel para dentro do veículo com ele.

Ela tremeu, suas mãos puxavam seu cabelo um pouco úmido para fora de seu rosto, antes de esfregar os braços para se aquecer. Ela tinha escolhido o pior dia para usar mangas curtas, um vestido, e agora ela estava mesmo com os pés descalços, devido à sua ideia idiota de tirar os saltos antes de sair do carro.

E agora ela estava molhada, presa em um carro quebrado, sem calor, sem jaqueta, nada.

Ela tinha mentido anteriormente.

O encontro estava no seu auge dos piores primeiros encontros que já tivera.

"Eu sinto muito," Jack murmurou finalmente. "Eu nem sequer tenho um casaco para você"

"Está tudo bem. Não é como se a culpa fosse sua. Chuva... acontece ", disse ela, com a voz suave. Ela trouxe a cabeça entre os joelhos e soltou um suspiro trêmulo, os olhos se fechando. "Sinto muito."

"Porquê está se desculpando?" Ele perguntou, levantando uma sobrancelha.

"Eu ... Eu deveria ter sido mais positiva sobre essa coisa toda. Eu vim esperando um encontro terrível, porque as primeiros encontros são sempre os piores e eu só ... Eu trouxe tudo para baixo com o meu humor ", ela gemeu. "Eu sinto muito por isso. Eu não estava... sendo eu mesma hoje."

Eles ficaram em silêncio por um tempo, um som bastante tenso como o tamborilar da chuva nas janelas. Ela podia sentir o desconforto em sua pele.

"Este encontro foi um desastre", ele finalmente disse com um suspiro longo, desenhado um sorriso quase puxando seus lábios. Seus olhos se encontraram e ele soltou uma pequena risada. "Quero dizer, olhar para tudo o que passamos... Isto é como aquelas comédias românticas idiotas que você vê nos filmes."

Ela riu com ele, sua vergonha se dissipando. "Isto foi... muito brega, não foi?"

Eles passaram o resto de sua noite rindo juntos em um carro preso na chuva antes de um caminhão de reboque vir, compartilhando pequenos fatos idiotas sobre si mesmos, e jogando pequenos jogos de viagem de estrada entre os dois.

Antes de serem rebocados, ele apertou a mão dela, deu-lhe um pequeno sorriso.

"Na próxima vez. Vai ser melhor da próxima vez. Prometo".