A última semana passou rapidamente e a sexta-feira logo chegou, o que significava apenas uma coisa — o último dia em que Levy, Gray e Erza teriam que dar aula para os alunos necessitados. McGarden já havia terminado de dar sua aula de matemática e ciências exatas, tal como Scarlet já havia explicado tudo o que precisava, agora só restava Fullbuster. O moreno respirou fundo antes de iniciar a aula de humanas. Na semana passada fora criticado até mesmo pelos amigos pela sua falta de aptidão para ensinar, mas o que podia fazer se não era professor? Tudo o que falava era verdade, era só lerem os livros e tudo o que precisariam saber, estaria lá. O que irritou Gray sobre essa decisão precipitada dos professores, de obrigá-los a darem aulas, não foi o fato de perder seu tempo. Foi a falta de percepção. Como educadores, seus mestres deveriam saber que nem todo mundo tem aptidão para ensinar, podendo, muitas vezes, mais atrapalhar do que ajudar. Esse era o caso de Gray. O garoto não era frio com as pessoas de propósito, ele simplesmente não conseguia, em geral, agir diferente, principalmente quando elas não entendiam algo que ele não sabia mais como tentar explicar.

Naquele dia, porém, teve mais paciência para explicar, o que lhe rendeu uma aula inteira com inúmeras dúvidas por parte dos alunos que não entendiam bem a matéria, e eliminou-as pacientemente. Não surpreendentemente, todos ficaram embasbacados devido a tamanha paciência que Gray demonstrou naquele dia, indicando que os conselhos que seus amigos haviam dado tinham surtido algum efeito. Todos se mostraram satisfeitos com as últimas aulas extras daquele bimestre.

Após o término da aula, Cana acompanhou Lucy até sua casa, para que pudessem fazer mais um de seus resumos juntas. Alberona estava entendendo bem a matéria e não esquecia de agradecer Lucy um só dia sequer, era realmente grata por ter sua ajuda. Seus estudos com a loira faziam com que as dificuldades nas matérias se tornassem muito mais brandas e quase inexistentes, exceto por pequenos detalhes que nunca deixava de perguntar à companheira.

Lucy estava feliz por estudar com Cana. Desse modo, ela podia se preparar de modo menos estressante para a competição contra a Phantom Lord. Todos os seus amigos estavam se esforçando muito e ela não desejava ficar para trás. Além disso, o estudo a ajudava a esquecer momentaneamente certas questões, como Natsu. Depois de tudo o que ele contou para a loira, ela sentia um vínculo crescente entre eles, e a menina não sabia muito bem como agir quanto a isso.

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O fim de semana chegou. A manhã de sábado era agradável, e o clima estava estável, o que indicava não muito frio, mas também não muito calor, uma temperatura razoavelmente boa. Lucy e Natsu caminhavam pela rua tranquilamente, caminhando até a cafeteria que acabara por se tornar ponto de encontro do grupo. Lá encontrariam Gray, Erza e Levy. Tais encontros estavam se transformando em situações cada vez mais rotineiras nos fins de semana dos jovens.

— Ei, Natsu, para! — Lucy dizia, começando a correr pela calçada, que, graças aos céus, encontrava-se vazia.

— Ah, qual é, Lucy?! — Ele respondeu, correndo atrás dela, deixando uma breve gargalhada escapar.

— Sério, cócegas não, eu odeio isso. — Virou sua cabeça levemente para trás, para ver a que distância o rosado se encontrava. — Sem contar que estamos na rua.

— Tá bom, tá bom. — Resmungou, dando-se por vencido, mas ainda rindo.

Assim que ouviu suas palavras, parou de correr, fazendo com que o rosado rapidamente a acompanhasse. A cafeteria estava próxima, o que fez com que chegassem ao local em poucos minutos, e assim, entrassem. Encontrar seus amigos, certamente, não foi difícil. Primeiro porque estavam próximos da porta, e, segundo porque encontrar Erza irritada não era algo muito difícil. Lucy e Natsu depararam-se com a visão da ruiva segurando Gray pela camisa. O motivo era desconhecido, mas foi o suficiente para fazer os dois pensarem em sair dali o mais rápido que conseguissem, e assim teriam feito, se não tivessem sido vistos.

— Lucy! — Levy chamou, com um pequeno sorriso nos lábios. Um sorriso que parecia mais com um pedido de socorro marcava sua face.

— Levy. — A loira também sorriu, sem graça, e segurou um Natsu prestes a fugir pelo braço, arrastando-o até a mesa. — O que está acontecendo aqui?

— O Gray, ele derrubou o bolo de morango da Erza e, coincidentemente, era o último que tinha. — Explicou com um tom de voz baixo e calmo.

— Erza, você precisa se acalmar... — Sugeriu Natsu, com um tom de voz também baixo e um sorriso sem graça e nervoso nos lábios. O olhar da ruiva foi uma resposta boa o suficiente para que ele não dissesse mais nada.

— Não faça isso de novo, Fullbuster. — Ela disse, e, por fim, o soltou.

— T-Tudo bem... — Ele gaguejou um pouco, devido ao leve medo que sentia naquele momento. “Leve”, para não dizer o contrário. Erza era uma das estudantes mais fortes e temidas de toda a Fairy Tail, além de ser mestre em armas. A ruiva sentia fascínio por armas e armaduras, tanto que possuía uma coleção impressionante em casa.

— Ei, vocês souberam que o pessoal da Phantom vai para a Fairy Tail na sexta-feira conhecer o lugar? O mestre está querendo fazer uma festa, como uma recepção de boas vindas. Não sei se a palavra festa é realmente adequada, seria mais para um baile. Mas dá pra ver que ser receptivo certamente é uma marca do nosso diretor. — A pequena azulada disse, sorridente.

— Eu ouvi falar sobre isso. — Natsu disse, esboçando um sorriso animado dos lábios. — Eu estou ansioso para conhecê-los, aposto que não são tão bons quanto dizem por aí. Eles devem ficar no terceiro prédio-dormitório, quando se instalarem a gente podia espiar.

— Bom, depois de visitar a escola deles e ver tudo aquilo, não duvido que sejam tão bons. E chega de espiar. — A loira verbalizou, em seguida, bufou, expressando sua chateação. Mesmo estudando bastante, sua confiança quanto as próprias habilidades não estava lá muito alta.

— Você realmente acha que eles podem ganhar da gente? — Gray indagou, parecia curioso. Ele, com certeza, junto com Natsu e Erza, era uma das pessoas mais competitivas da escola, então ver que Lucy acreditava que os oponentes eram fortes o enchia de ansiedade e desejo de que a competição começasse logo.

— Eu não me assustaria, nós também somos bons. Mas é bom ter cautela — Lucy proferiu, e ajeitou-se, apoiando os cotovelos sobre a mesa e o rosto sobre as mãos. Fechou os olhos e suspirou. Estava ansiosa e cansada ao mesmo tempo. Estudava com Cana como se ela própria estivesse de recuperação, então a menina estava com as energias quase esgotadas.

— Tudo bem, mas nós temos que ganhar, isso vale nota e tem bastante gente precisando de nota na nossa turma. — A ruiva disse, parecendo preocupada. — E eu pretendo viajar nas férias, então espero não ter que dar aula.

— Isso é verdade, a prova de recuperação é na quarta-feira, certo? O mestre colocou a festa de boas vindas tão perto. Espero que isso não atrapalhe ninguém. — A pequenina azulada proferiu, também expressando sua preocupação. Tudo o que Erza falara valia para ela também, mesmo que seu caso fosse um pouco diferente, já que estudava o tempo todo.

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O dia da prova de recuperação não demorou a chegar, na verdade, aconteceu mais rápido do que todos esperavam. A pausa que as meninas deram foi compensada na segunda-feira, quando Cana terminou seu último resumo com Lucy. Preferiu ficar em casa na terça-feira para que pudesse estudar sozinha em um ritmo mais tranquilo, para não se estressar, além de deixar a amiga descansar. A prova aconteceu na quarta como já estava marcado, e Alberona jurava ter se saído bem e dizia se sentir melhor por conta disso. Como a garota só precisava de nota em duas matérias e ambas foram no mesmo dia, pôde finalmente relaxar na quinta. Os preparos para a festa começaram neste dia a tarde, enquanto os boletins sairiam na sexta feira de manhã. Makarov e toda a direção da escola se esforçaram para que isso acontecesse, já que começariam a organizar logo a festa, com a ajuda de alguns alunos que se voluntariaram. Sentindo-se bem por causa da prova bem feita, Cana se candidatou para o grupo de ajudantes, que também contava com Lucy, Natsu, Gray, Levy e Erza, já que estes não tinham nada melhor para fazer, o que os deixava cada vez mais ansiosos para o evento.

Cana, como já esperava, se saiu bem nas provas, provando que todo aquele estudo maçante havia dado resultado. Inclusive, suas notas foram razoavelmente altas, surpreendendo até mesmo a Heartfilia. Novamente, ela agradeceu a loira por toda a ajuda que recebeu, fazendo com que Lucy risse. Provavelmente aquela era a centésima vez que Alberona agradecia. A felicidade da companheira fez o dia de Lucy bem melhor, aquecendo seu coração, deixando-o mais leve.

E a entrega do boletim de recuperação indicou, oficialmente, o término do bimestre. A tarde finalmente chegou, indicando que as preparações para a festa começariam logo após o período de aula. Os amigos já encontravam-se reunidos no salão, tal como algumas outras pessoas de seu ano e, até mesmo, de sua turma.

— Bom, como sabem, os alunos da Phantom Lord chegam amanhã para conhecer a Fairy Tail, e temos que ser receptivos como sempre somos, certo? — Makarov disse, animado. — Mirajane ficou responsável pela escolha do tema e do material e precisamos de ajuda para arrumar, fico feliz que todos vocês puderam vir para ajudar. Esperamos que consigamos arrumar tudo a tempo, por isso conto muito com vocês. — Erguendo a caneca cheia de cerveja, que espumava ao ponto de sair e escorrer pelo recipiente, Makarov gritou, eufórico, junto com seus alunos. Todos estavam com uma caneca cheia de chocolate quente, já que seria irresponsável da parte do mestre deixar que eles bebessem dentro das dependências da escola.

Terminaram de beber e comer para, então, começarem o trabalho. Sabiam que poderiam passar a noite toda ali, mas todos estavam animados e se divertindo. Não era somente uma arrumação, era um momento para que todos ficassem juntos e ajudarem a escola que tanto amavam. Riam, brincavam, criavam arranjos e organizavam, mexendo nas mesas do salão e o enchendo com faixas.

Gray e Natsu pegaram uma grande faixa, que fora decorada por Lucy, e a prenderam no portão principal da escola. Simples, mas bonita, a faixa apresentava os dizeres “Sejam bem-vindos a Fairy Tail”. Natsu caiu quando estava se pendurando na escada para prender o último pedaço da faixa, causando risadas de todos os presentes. Riam, gargalhavam, felizes por estarem juntos. Todos se sentiam parte de uma família. Ao pensar sobre isso, Lucy não pode evitar seu olhar de repousar sobre Natsu. O menino ria, esfregando o nariz, um pouco encabulado com a queda. Mesmo nas situações constrangedoras ou ruins, ele estava sempre ali para eles, sorrindo. O coração de Lucy se aqueceu ainda mais.

Percebendo o olhar da loira, Natsu avidamente acenou para ela. A menina retribuiu o aceno e voltou para o salão para terminar de arrumar alguns detalhes. Levy acompanhou a amiga, interrogando-a sobre o rosado, e a loira apenas lhe lembrou de tudo o que ela havia conversado com Natsu, dando tal conversa por explicação da proximidade dos dois.

A azulada olhou para a amiga e sorriu, feliz por perceber que ela estava se encaixando tão bem na escola. Nem parecia que ela estava entre eles a apenas alguns meses, a amizade que Heatfilia criou com todos, os vínculos formados, não eram simples ou frágeis. Com certeza, durariam anos. Talvez a vida toda, talvez até mais. Como ávida leitora, Levy acreditava em muitas coisas, inclusive no Akai Ito explicado no livro que ela lia quando conheceu Lucy.

Ao lembrar do livro, Levy sobressaltou-se, de repente. Percebera que não tocava em um livro desde a tarde do dia anterior, assustando-se ao lembrar que o motivo era ter ficado conversando com as meninas no dormitório e ter-se envolvido com a comemoração de Cana.

Foi para o portão principal, agora vazio, e encarou a faixa. Juntou suas mãos atrás das costas, pensando em como ela estava naquela escola há tantos anos, mas nunca se sentira tão presente na vida de todos. A azulada nunca havia percebido o quanto a vida fora dos livros podia ser acolhedora e divertida. Tais pensamentos encheram seu coração de alegria e mesmo sabendo que estava sozinha, ergue seu braço direito, deixando todos os dedos, exceto o polegar e o indicador, abaixados. Este era o gesto da escola que Makarov fizera no discurso do outro dia.

Uma felicidade extrema encheu seu coração, e ela correu para seus amigos, sentindo-se mais viva do que nunca.

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A festa de recepção para a Phantom Lord finalmente chegou, e, por mais que as escolas não se dessem muito bem, a Fairy Tail parecia animada. Eles nunca recusavam uma boa festa, principalmente quando era em seu próprio ambiente. Também não deixava de ser uma oportunidade de se mostrarem superiores, de certa forma, ao se mostrarem bons anfitriões. Os amigos acabaram combinando de irem juntos para a festa, portanto Natsu, Gray, Lucy, Erza e Levy já haviam chegado. Seus olhares curiosos se dirigiram para as pessoas desconhecidas e alguns conhecidos ao redor, e ao mesmo tempo, para a decoração. O lugar obtinha simples detalhes que o deixava mais bonito, as luzes piscavam e o som da música era alta. Além do fato de ter comida e ser de graça, algo que animava Natsu Dragneel mais do que ninguém. Os membros da Phantom Lord já estavam por ali, cercando o lugar. Sua postura em geral era fria, como se não ligassem para tal evento.

— Quanta gente que eu nunca vi na vida, nem dá pra acreditar que somos todos da mesma cidade. — A loira disse, ainda observando o local e as pessoas presentes.

— Não é? Magnólia é uma cidade grande. — Respondeu Gray.

— Nós vamos acabar com eles na competição. — A ruiva disse, com um tom de voz confiante.

— Sim, sim, mas por hoje vamos curtir a festa. — Lucy insistiu em dizer.

— Tem razão, está divertido! — Dessa vez, quem falou foi Natsu. — Mas por que a Levy está com um livro? — Indagou, arqueando uma das sobrancelhas expressando sua curiosidade.

— Fui descoberta. — A azulada respondeu, levantando os braços, como se fosse uma criminosa. — Festas não são o meu forte, vocês sabem. — Explicou, esboçando um pequeno sorriso.

— Tudo bem, mas vamos tentar nos divertir hoje, uh? — A loira tentou animá-la.

— Claro! — Ela respondeu, também animada. Para mostrar respeito pelos amigos e provar que ia tentar, a menina colocou seu marca-páginas cheio de floreios no ponto que ela havia parado e guardou o livro.

Conforme o tempo passava, a festa continuava a acontecer, mas o ritmo daqueles que festejavam nunca mudava Se houvesse alguma mudança, era para um ritmo mais animado, nunca menos. Eventualmente, o grupo e os outros estudantes da Fairy Tail acabaram conversando com alguns alunos da Phantom Lord que, surpreendentemente, julgaram ser boas pessoas. Não os trataram mal. Mas, como em qualquer lugar, haviam as pessoas más, ou, nesse caso, que simplesmente destratavam da Fairy Tail. Afinal, ameaças de brigas já haviam sido vistas, no mínimo, umas três vezes naquela noite, porém todas foram devidamente controladas pelos responsáveis e organizadores da festa, o que foi motivo de alívio. Natsu e Gray se sentiam meio tristes nessas situações, porque eles queriam se meter na confusão. Mas as meninas não os perdiam de vista, impedindo que eles fizessem besteira.

A azulada, como o esperado, começou a sentir-se sufocada. Lugares apertados e cheios de pessoas eram simplesmente odiosos para pessoas baixinhas, havia acabado de confirmar aquilo. Na verdade, era bem comum ela confirmar isso no seu dia a dia, mas ela sempre esperava que a próxima vez fosse melhor. Mesmo com a tamanha insistência de seus amigos, a garota resolveu sair um pouco daquele ambiente, prometendo que voltaria assim que se sentisse confortável para fazê-lo. Sentou-se em um dos cantos da enorme escadaria da Fairy Tail, abrindo o livro e voltando sua total atenção para a leitura, distraindo-se por longos minutos. Quando julgou não estar mais se sentindo desconfortável e que já tinha ficado tempo o suficiente ali fora, levantou-se com o objetivo de adentrar o grande salão.

Seria difícil encontrá-los naquelas condições, principalmente se considerassem o aglomerado de pessoas e sua baixa estatura. Seu olhar percorria toda a extensão do salão que conseguia a procura de seus amigos, mas, como o esperado, ainda não havia achado o que queria. Caminhou mais um pouco, seu olhar atento. Acidentalmente, acabou esbarrando em uma figura desconhecida, que julgava ser da outra escola pelo fato de nunca tê-lo visto pelos corredores da Fairy Tail, mesmo que estudasse lá desde pequena. Cambaleou, tentando manter o próprio equilíbrio, não queria passar vergonha em frente a todos que estavam ali. Por fim, conseguiu se recompor, mantendo-se de pé. Seu olhar, finalmente, foi capaz de analisar o homem em sua frente. Cabelos longos e negros, alto e com alguns piercings distribuídos pelo corpo. Sua aparência era simplesmente assustadora, mesmo que para alguém do ensino médio. Sua pele era um pouco morena, músculos marcavam sua roupa. Seu rosto carregava uma expressão fria e de puro desdém.

— De-Desculpa. — Gaguejou um pouco, devido ao susto que havia levado mesclado ao próprio nervosismo.

— Tsc. — Foi a única coisa que ouviu a princípio em tom baixo, acompanhado de um olhar nem um pouco amistoso. — Acho melhor olhar por onde anda. Com a sua altura, é impossível não notar as coisas que estão na sua frente, baixinha. — Seu tom de voz era grosso, principalmente quando ele falou “baixinha”. Sem se importar com a reação da menina, ele rapidamente deu as costas, voltando a andar.

Por um momento, a azulada decidiu não pensar no que havia acontecido ou no quão assustador aquele garoto havia soado, rezando para não acabar esbarrando nele novamente até o momento da competição, ou pelo menos nem nessa situação, pois já que havia muitos alunos da parte das duas escolas, seria bem difícil. Certamente seria algo surpreendente caso se reencontrassem, portanto decidiu não se preocupar com isso. Depois de alguns minutos rodando, finalmente conseguiu encontrar o cabelo escarlate acompanhado do rosado, dois tons chamativos, permitindo que rapidamente se juntasse a eles. Não contou-lhes do ocorrido, apenas queria aproveitar a noite junto de seus amigos, mesmo que não admitisse e ainda se sentisse um pouco desconfortável, a festa estava divertida.

A festa rolou sola durante toda a noite, estendendo-se até altas horas da madrugada. Como não haveria aula no dia seguinte, os professores e diretores permitiram que os estudantes curtissem o momento o máximo que pudessem.

Quando deu meia-noite, os diretores Makaror e Jose Porla, visualmente desconfortáveis com a presença um do outro — Mesmo com as tentativas de Makarov de esconder tal situação — discursaram sobre a grandiosidade do evento e a necessidade de serem justos e jogarem limpo. Expressões de escárnio marcaram as faces de quase todos da Phantom, inclusive seu diretor, que falava em um tom carregado de sarcasmo e exageros, irritando a todos da Fairy Tail. Porém, mesmo com esse desagrado, todos mantiveram os pensamentos positivos e continuaram a curtir a festa quando os diretores partiram.

Houve um momento que uma música mais lenta começou, convidando todos a dançarem. Vários meninos convidaram Lucy e Erza para dançarem, então elas se afastaram um pouco do grupo, mas depois voltaram para dançarem um pouco com Natsu e Gray. Lucy não conseguia parar de rir enquanto dançava com Dragneel, porque o garoto se perdia com os pés. Mesmo que fosse engraçado, isso rendeu a loira alguns machucados. Já Erza lidou com isso de uma forma totalmente diferente, tentando ensinar Natsu a dançar. O garoto ficou meio enjoado com as aulas, já que as danças da escarlate se resumiam a giros cada vez mais velozes. Fullbuster nem teve a oportunidade de aproveitar a situação, pois logo chegou a sua vez com Scarlet.

Levy foi encontrada por seus amigos Jet e Droy e, relutante, acabou aceitando dançar com eles, uma música para cada um. Enquanto dançava com Jet, viu a figura amedrontadora do garoto que ela esbarrara mais cedo, e um calafrio percorreu sua espinha, além dos cabelos em sua nuca ficarem em pé. Ela realmente se sentia assustada só com a visão daquela pessoa. O estranho entrou no corredor que levava até a escada onde ela tinha ido antes, então ela conseguiu relaxar, parcialmente. Não era bem do seu feitio fazer algo assim, mas sentiu vontade de ir lá ver se ele estava bem, mesmo com todo o medo que sentia.

Quando o relógio da cidade finalmente badalou, marcando três horas da manhã, os estudantes começaram a ir embora. Os da Phantom realmente ficaram alojados no terceiro prédio-dormitório da Fairy Tail, então muitos estudantes de ambas as escolas acabaram indo embora, mesmo sem desejarem, juntos.

Natsu esperava Lucy do lado de fora para irem juntos. A menina começou a se despedir de suas amigas, mas sentiu uma pontada de tristeza ao perceber que era a única que ficaria sozinha. Todas as outras compartilhavam o mesmo dormitório, então continuariam juntas. Scarlet percebeu a tristeza da loira.

— Lucy, quer dormir com a gente hoje? Tem camas sobrando, é até bom pra você conhecer o lugar.

— Claro! — Os olhos de Heartfilia começaram a brilhar de alegria. Continuou, agora dirigindo-se a Natsu — Desculpe, Natsu. Tem problema você voltar sozinho?

— Sem problemas, Lucy — O menino sorriu para ela, fazendo um gesto positivo com a mão. Acenou para elas e foi correndo para casa. Vendo-o ir embora, Lucy percebeu a ondulação do cachecol branco quando o vento batia nele e, pela primeira vez, se perguntou porque o menino o usava o tempo todo.

Juntas, Levy, Lucy, Erza, Mirajane, Bisca, Cana e algumas outras meninas da Fairy Tail foram para “casa”. A loira ficou impressionada com a enormidade do prédio, e ficou ainda mais quando se lembrou que eram três iguais àquele.

Mesmo exaustas por causa da festa, todas demoraram muito tempo para dormir, conversando e discutindo sobre os eventos daquela noite.