Lily se levantou naquela manhã cantarolando uma antiga canção natalina em italiano, sem estranhar o vazio do lado direito da cama. Era véspera de Natal, o que significava que James levantara às 5h30min, tomara banho cantarolando, deixara o café da manhã pronto e fora até o orfanato da mãe de Rowan tocar músicas natalinas em seu violão para as crianças. Desde que ele voltara, cinco anos atrás, essa era sua rotina de véspera de Natal. A ruiva se acostumara com esta rotina há pelo menos três anos, quando se casaram e passaram a conviver todos os dias, sete dias por semana, até o fim de suas vidas. Lily sabia que ele voltaria às 11h para o almoço e que poderia escolher entre prepará-lo ela mesma, pedi-lo por telefone ou sair de casa para um dos seus restaurantes italianos favoritos. Podemos abandonar o sobrenome, mas nunca deixamos as raízes para trás.

Quando acabou de tomar banho, ouviu o telefone tocar.

–Alô? – disse, ainda com a toalha enrolada em seu corpo.

–Lily, querida!

–Olá Dorea! – respondeu reconhecendo a voz de sua sogra – Como vai?

–Excelente! Veja, estou precisando de uma ajuda por aqui. Sabe, para a festa à noite.

–Claro! Eu e James podemos almoçar por aí e ficamos o restante da tarde para ajudar.

–Vocês fariam isso? Obrigada! Convenci Carole a vir aqui com os outros para festa, sabe. Por isso preciso de ajuda.

–Entendo. Devemos levar algum ingrediente, alguma coisa?

–Não, não será necessário. Vocês chegam aqui ao meio dia?

–Sim, tudo bem. Até mais tarde, Dorea!

–Até, querida!

Lily desligou o telefone fixo, sorrindo. Sua sogra, apesar de ser um amor, era bastante orgulhosa. Nunca pediria que levasse nada, mas a ruiva decidiu levar um vinho que James comprara na intenção de bebê-lo no Ano Novo. Mas agora Lily não podia, então o vinho estragaria se ela não desse algum destino à ele. Sirius e Mellani agradeceriam.

Ela trocou de roupa, penteou os cabelos e guardou o vinho em sua bolsa. Depois pegou um livro e deitou-se no sofá. As últimas matérias do Profeta Diário, o jornal onde trabalha, já estavam prontas e enviadas para sua impetuosa chefe. Não tinha nada a fazer exceto relaxar.

–Lírio, cheguei! – James abriu a porta da sala e deixou seu violão encostado num dos braços do sofá. Ele sentou-se e pôs as pernas dela em seu colo, beijando os pés que ele sabia estarem limpos.

–Como foi lá? – ela perguntou rindo.

–Incrível, como sempre. Novidades?

–Sua mãe nos chamou para almoçar, ela precisa de ajuda com o jantar de hoje. Vou levar o vinho para Sirius e Mellani, tudo bem?

–Tá, mas pensei que nós dois o tomaríamos no Ano Novo. – ele comentou.

–Não vai dar, amor. Sinto muito.

–Por quê?

Lily sorriu zombeteira. Era a hora certa.

–Não posso beber, ora. Quer que seu filho nasça aleijado?

James arregalou os olhos.

–M-m-m-meu... filho?

–Sim! Eu queria te contar antes da festa, onde contarei para todos. Estou grávi...

Mas James a calou com um beijo intenso, erguendo-a no ar e girando com ela.

–Eu vou ser pai. – ele sussurrou maravilhado em seu ouvido depois de parar de beijá-la.

–Feliz Natal, Jay. – Lily sorriu.

–Feliz Natal, meu Lírio.