Olhos Azuis escrita por MariRizzi


Capítulo 10
Capítulo 10 - De Volta a Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Deslcupas aos leitores dessa fic por demorar tanto. Quase desisti dela, mas como tinha a história há muito tempo na cabeça, não consegui.
Então... boa leitura!
Ah, e a partir de agora colocarei a tradução do poema/música que costumo colocar. Está lá no final.



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Capítulo Dez

 

De volta a Hogwarts.

 

Every time we lie awake/ After every hit we take/ Every feeling that I get/ But I haven't missed you yet

 

Every roommate kept awake/ By every sigh and scream we make/All the feelings that I get/

But I still don't miss you yet

 

Only when I stop to think about it

 

I hate everything about you/ Why do I love you?/ I hate everything about you/ Why do I love you?

 

Every time we lie awake/ After every hit we take/ Every feeling that I get/ But I haven't missed you yet

 

Only when I stop to think about it

 

I hate everything about you/ Why do I love you?/ I hate everything about you
Why do I love you?

 

Only when I stop to think/ About you, I know/ Only when you stop to think/ About me, do you know

 

I hate everything about you/ Why do I love you?/ You hate everything about me/ Why do you love me?

 

I hate/ You hate/ I hate/ You love me

 

I hate everything about you/ Why do I love you?

 

(I Hate Everything About You)

 

 

 

Elizabeth nunca tinha visto seu pai tão bravo. Não que ele ficasse bravo muitas vezes, ele nunca ficava, na verdade. Mesmo no tempo de infância dela e de Alberto, quando punham a casa abaixo. Mesmo quando sua mãe, Lúcia, ficava de mau-humor. Mesmo naqueles dias terríveis, de trabalho sem folga e um horror atrás do outro. Hugo se mantinha sob controle. Tranqüilo, disposto a ser racional.

Porém, racionalidade não estava na sua lista de prioridades nos dias que se seguiram. Sabe-se lá quantas vezes ele fez os mais fortes feitiços de proteção em torno do castelo King. Ou quantas vezes atormentou toda a família para repetirem em voz alta as regras de segurança. Estava sempre com a cara preocupada e furiosa. Elizabeth não fazia muita questão de chegar perto dele, estava um pouco assustada. Só o fez quando teve de usar uma boa dose de chantagem emocional para que ele a mandasse de volta para Hogwarts. Ela ameaçou fazer greve de fome, nunca mais falar com os pais e fugir de casa. Nada disso teria feito Hugo mudar de ideia, mas ao ver os olhos da filha marejados de lágrimas verdadeiras, cheios de tristeza e frustração, ele cedeu.

Ela era o seu ponto fraco, ainda mais se havia uma mínima ameaça de choro envolvida. Com peso no coração, ele a levou até Londres para embarcar no Expresso. Elizabeth era o elo fraco deles, não conseguia se livrar da sensação de que talvez tentassem se vingar dele pela filha. Conversara com Dumbledore antes de enviá-la. O diretor garantira que se ela se comportasse e tomasse cuidado, provavelmente não havia com o que se preocupar. Provavelmente. A pequena palavra lhe tiraria o sono, tinha certeza, e Alberto não estaria com ela.

- Vamos, meninos, está na hora! – gritou a Sra Potter, no dia 1° de setembro, quando os King e os Potter se despediam dos filhos e seus amigos.

Sirius, James, Elizabeth e Lily ( que até então estivera na casa da amiga) ficaram acenando até as imagens dos Potter e King sumirem. Elizabeth já ia sugerir que ela e Lily procurassem uma cabine, quando James se voltou para Lily, perguntando:

- E então, como foi o resto das férias? – e para a descrença de Elizabeth, sua amiga sorriu! Tudo bem que ela andara trocando algumas palavras com James, mas aquele sorriso era impossivelmente doce! Viu seu espanto refletido na cara de Sirius.

- Foi tudo ótimo, a família de Elizabeth tem uma biblioteca bem legal...

- Ah, eu me lembro, mas raramente a gente ia lá quando era criança. Ficávamos do lado de fora jogando quadribol. – James riu, como se lembrasse de algo.

- Ela tentou me fazer jogar melhor nesse verão mas não deu muito certo. Sou péssima em quadribol.

- Bem, talvez eu pudesse te dar umas dicas, se você fizesse o mesmo por mim com Poções... – disse James esperançoso. Nem pensar!, pensou Elizabeth. Nem nos sonhos mais impossíveis dele, Lily cairia naquela conversa... Será que James nunca entenderia? Porém, para sua surpresa, a ruiva sorriu para o garoto, dizendo:

- Talvez... Quem sabe?- Sirius também parecia surpreso e trocava um olhar com Elizabeth de "Não acredito". Mas quando a garota percebeu a espécie de cumplicidade que se estabelecia entre eles naquele olhar, ela quebrou o contato. Por um breve instante Elizabeth se lembrou de como ela e Sirius costumavam ser, e a tristeza a engolfou. Queria somente fugir dali, daquele clima doce e cordial entre Lily e James, e da presença poderosa do ex-namorado. Tentando parecer o mais natural possível, ela comentou:

- Bem, vou procurar Dorcas e Marlene... – e dando as costas aos três Grifinórios, se foi.

- Ei, me espere, Liza – gritou Lily antes de sair no encalço da amiga.



- Poucos Grifinórios foram selecionados esse ano, não? – comentou Lily quando as duas estavam no dormitório feminino. Elizabeth concordou, e lembrando-se do episódio que a intrigara antes:

-E então? O que foi aquela conversinha com James?

As bochechas de Lily coraram.

- Ora, eu estava só tentando suspender as hostilidades, sabe? – explicou Lily, mas Elizabeth parecia não acreditar muito na sua justificativa, a julgar pela cara desconfiada. No entanto,não insistiu, não forçou nada. Lily pensava, enquanto ia dormir, que se a pessoa olhasse Liza bem no fundo, descobriria que algo estava errado. Havia uma tristeza no fundo dos seus olhos, ainda que os lábios dessem o mais belo sorriso.



Elizabeth mal podia acreditar que na primeira semana de aula, os professores tinham passado tanto dever. Era óbvio que ela não desejava tanto tempo livre, porque assim ela acabaria pensando no que e em quem não deveria, mas seus dedos doíam de tanto escrever.

Era a primeira noite de sexta-feira e Elizabeth já estava enfurnada na Biblioteca. Não que ela quisesse estar na Sala Comunal, como os outros... Mas ela realmente queria dormir. Um sono sem sonhos, porque noite passada tivera alguma visão envolvendo outra carta com a Marca Negra. Bem, talvez não fosse o futuro, mas a lembrança do evento passado... De qualquer maneira, ela não havia dormido bem. De novo.

E ela poderia ir dormir cedo naquela sexta-feira? Não... tudo porque tinha de terminar a porcaria da redação de Defesa Contra as Artes das Trevas. Suas pálpebras pesavam. "Preciso de cafeína", pensou. Suspirando, ela tomou um gole do chá preto que trouxera consigo, especulando como a vida podia ser pior quando ouviu a risada familiar.

Ele. E o pior, com uma Corvinal pendurada no seu pescoço. Sirius Black tinha acabado de entrar na biblioteca. Aquilo doeu, mas Elizabeth já deveria saber que ele não perderia tempo. Mas agora não havia do que se arrepender, pensou Elizabeth. Ele não gostava mais dela, sendo indiferente. O que você queria? Você o magoou muito..., a outra parte de sua cabeça retrucava. Enquanto isso, ela se ocupava em repetir mentalmente que fora melhor assim.

Porém, não conseguia tirar seus olhos do casal feliz...

- Hei, Liza, tinha certeza que você estava aqui... – comentou uma voz feminina familiar. Desviando o olhar dos namorados, Elizabeth se deparou com três garotas em sua frente: Dorcas, Marlene e Lily. E quando sentiu algo roçar nas suas pernas, percebeu que Fera estava lá também. Merlin, todos eles não podem me deixar um pouco quieta?

- Garota, você está pálida! – comentou Marlene, horrorizada. – Isso que dá se enterrar na biblioteca todas as noites... Quer dizer, estamos na primeira semana de aula!

Primeira semana... Tão diferente do ano passado. Aquilo deveria ser um sinal de que seu sétimo ano seria sem graça e escuro.

- Não dormi bem... – explicou rapidamente. Lily a olhou com uma cara determinada e falou:

- Sabe, acho que você deveria parar esses deveres... Só por enquanto. Vamos ter uma noite para nós, garotas. Podemos ficar todas juntas na Sala Comunal, nos entupindo de doces e fofocando...

Marlene e Dorcas concordaram. Por favor, pensou Elizabeth, elas estão quase saltitando! Mas ela não tinha humor de quebrar a animação delas.

- Ok, ótima idéia... Ficamos na sala Comunal, perto do fogo... E onde vamos arrumar doces? Eu não tenho nada comigo no momento, só vou reabastecer meu estoque na nossa primeira visita a Hogsmeade.

Seus rostos imediatamente murcharam. Mas, para sua surpresa, a ruiva disse:

- Ei,, você pode conseguir com Potter e seus amigos... Eles sempre aparecem com doces e cervejas nas horas mais inusitadas.

- Ah, claro – Elizabeth comentou, irônica – Mas por que você mesma não pergunta a James? Com certeza ele morreria de felicidade se... - mas o olhar horrorizado de Lily a fez parar.

- Ok. Vou checar com James. Enquanto isso, vocês vão até a cozinha. Os elfos- domésticos sempre dão alguma coisa. – ensinou as garotas o caminho, e quando estava saindo pela porta, gritou – Não se esqueçam que eu gosto de bomba de chocolate!

Ao sair, ela passou por Sirius e sua Corvinal, e pensou que havia visto, pelo canto dos olhos, um olhar raivoso dele. Mas devia ser só sua imaginação muito fértil.

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Sirius entrou na biblioteca com Pollyanna, sua nova namorada, pois ela havia dito que precisava pegar um livro. Como não tinha nada para fazer, ele foi e entrou no recinto rindo por causa de algo que sua garota dissera. Mas então, Elizabeth estava lá, estudando.

O olhar frio que ela deu na direção deles era de meter medo. Não nele. Não mais. Ela queria silencio, é? Enlaçou a cintura de Pollyanna e a beijou na boca, sem descrição alguma. Podia sentir o olhar de Elizabeth... Mas ele poderia dizer que não era ciúmes,mas incomodo por causa do barulho.

- A perfeitinha... – murmurou, irritado.

- O que, amor? – perguntou Pollyanna, dengosa.

- Nada, querida – disse voltando a beijá-la. No entanto, seus ouvidos estavam na conversa de Elizabeth com suas colegas de quarto. Então todos queriam agradar a garota, hun?

- Eu gosto de bombas de chocolate! – ele a ouviu gritar, e não pode evitar a seguir com os olhos. Se ele ao menos pudesse não sentir nada... Nem amor, nem preocupação, nem ódio... Nada.

- Já peguei. – disse Pollyanna, com um livro na mão – Vamos?

E Sirius andou com ela pelos corredores, até chegarem próximos a entrada da Sala Comunal da Corvinal. Pollyanna se despediu dele, e ele ficou olhando-a se afastar. Sua namorada era muito bonita, e gostava de exibi-la por aí. Alta, loira, olhos cinzentos como os dele... Estava sempre rindo, beijava tão bem... Quem precisava de Elizabeth? Sentindo-se muito melhor, Sirius passou pelo retrato da Mulher Gorda, procurando seus amigos, em meio a sala apinhada de gente.

Ah, lá estavam eles ... Remus jogava xadrez com Peter, e James falava com... Elizabeth. Ele quase desistiu de ir até lá. Quase. Porque ela não era ninguém para impedir. Aproximando-se, ouviu o que eles falavam. A garota parecia estar em um humor estranho, meio-brava, meio-sorrindo. Bem, pelo que Sirius sabia, ela era incapaz de ficar brava com Pontas, por mais que ele fizesse... O mundo era injusto.

- Vamos, James. Eu sei que você sempre tem doces guardados... E não é como se eu estivesse mendigando, quer dizer, eu vou te pagar!

- Ok – disse ele, rindo – Você venceu, Liza. Mas não quero nenhum dinheiro. Aceite como um presente de aniversário atrasado, acabei não te dando nada esse ano...

Elizabeth riu também:

- Nossa, realmente atrasado, sabe! Nem sequer é o mesmo mês.

- A culpa é sua, – disse James dando de ombros, fingindo descaso -que não quis me dizer o que ia querer. Além disso...

Sirius foi se sentar ao lado de Peter, sentindo-se enjoado. Os dois quase pareciam um casal de namorados, meigos e gentis um com outro. James deveria desistir de Lily e ficar com a amiga de infância. Pensando bem, a Sra. Potter e a Sra. King iam enfartar de tanta emoção. E então ele seria obrigado a conviver com aquela criatura o resto da sua vida infeliz. Para onde tinha ido seu bom-humor?

Era estranho seu comportamento depois do beijo na Convenção, mas ali ele percebera que não havia jeito para os dois. E que para sua sanidade, era melhor esquecê-la. Não pretendia fazer isso sentindo rancor ou raiva, mas era o que sentia quando ela estava perto.

Foi um alívio quando Elizabeth saiu dali. Meia-hora depois, Lily, Marlene e Dorcas entravam na Sala com os braços carregados de doces e bebidas. Dorcas gritou para que dois calouros saíssem da mesa perto do fogo, e elas se acomodaram ali. Elizabeth se juntou a elas, a alegria visível em seu rosto. É, pelo visto, seria uma longa noite de conversa de garotas. Se ele pelo menos conseguisse tirar os olhos dela... Naquele momento, por exemplo, tinha mudado sua expressão... Tinha os olhos cerrados como uma gata brava.



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- Bem, para beber temos chá, suco de abóbora e cerveja amanteigada... – comentou Dorcas, feliz – Agora, para comer... Muitos doces. Pegamos pães, bolos e cooks da cozinha. Liza conseguiu Feijõezinhos, Sapos de Chocolate e Penas de Açúcar. – finalizou, como uma criança diante de um tesouro.

Elizabeth estreitou os olhos, pretendendo aparentar braveza:

- E as bombas de chocolate?

Dorcas bateu a mão na testa.

- Esqueci completamente...

- Tudo bem, estou brincando... – tranqüilizou-a Elizabeth, abrindo uma cerveja amanteigada – E então, querem falar sobre o quê?

- Ah, sei lá – comentou Marlene – Hum... Já sei! Eu ia mesmo te perguntar... Fale sobre o novo monitor chefe, Michael Greenhill. Vocês já tiveram a primeira reunião, no Expresso, não foi?

Elizabeth rolou os olhos. Ele era a nova sensação entre a população feminina de Hogwarts, só perdendo para Sirius Black. Porque Michael Greenhill se tornara de repente popular, ela não sabia. Não era como se todos caíssem de amores por monitores-chefes. Devia ser porque o garoto crescera muito no verão, tornando-se bastante bonito. Mas isso não era motivo para a histeria que estava se formando.

- Ele é da Sonserina, pelo amor de Merlin!- protestou Elizabeth.

- Sim, mas ele é realmente lindo.

- E inteligente. Dizem que é o primeiro da sua turma.

- E parece gentil, pelo menos, ele não anda com Avery, Mulciber e companhia – disse Lily. Lily! O mundo devia estar perdido, pensou Elizabeth. Uma nascida trouxa defendendo um dos sonserinos.

- Eu não sei - disse ela, mordendo um sapo de chocolate. – Pode ser que ele só finja. – As meninas entraram em um acalorado debate sobre Greenhill, que foi logo esquecido pelo próximo assunto. Depois de muito tempo, Elizabeth se sentia feliz. Ainda que pudesse durar pouco. Doce, cerveja amanteigada e muita conversa sem propósito podiam fazer a vida de uma pessoa bem mais fácil. Isso foi até Dorcas, que estava sentada a frente de Elizabeth, olhar algo que parecia estar distante, por cima do ombro da amiga.

- Liza, você não tem mais nada com Sirius, não é? – A garota esperneava por dentro. Como vou esquecer dele se toda hora alguém vem me lembrar?!

- Não.

- Então por que ele não para de olhar para você?

- Você deve estar ficando louca... – disse, rindo – Tendo alucinações. Ou talvez ele só esteja olhando para essa mesa para escolher a próxima. Eu sou passado, Lily está além de seus limites. Cuidado, Marlene, Dorcas. Só sobraram vocês

E enquanto dizia aquilo com um sorriso nos lábios, sentia o coração apertado por acreditar nas suas palavras.

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- Liza, acorda – alguém disse, longe.

- Nãooooo.. Me deixa dormir mais um pouco, mãe.

- Mãe? Mãe? Por favor, eu sou mais nova que você... Agora levanta, James disse que só falta você.

Desistindo, e se sentindo extremamente aborrecida, Elizabeth abriu os olhos para dar de cara com a outra artilheira do time de Quadribol, Anne Turner.

- O que? Ele não me falou nada ontem... – resmungou Elizabeth, se levantando. O sol ainda não nascera e as outras garotas dormiam como pedra, certamente cansadas pela conversa até altas horas da noite.

Ao descer para a Sala Comunal, passada de sono, encontrou somente Sirius e James ali, vestidos em seus uniformes.

- Onde está Ricardo?

-Ainda não desceu.

- Mas Anne me disse que só faltava eu!

- Eu disse isso a ela, disse para todo mundo. Assim, vocês se apressam, chegamos cedo no campo. Então treinaremos um pouco, fazemos a seleção desse ano e treinamos mais um pouco. – explicou James, estranhamente frenético.

- Você não vai começar a ficar histérico a essa altura do ano, vai? –disse Elizabeth, com frieza. Depois disso, James ficou bravo, porque Quadribol era uma das poucas coisas que ele levava a sério. Mas ela decidiu que não se importava com seu maldito humor. Após escolher os novos batedor e goleiro, Ethan Taylor e Joshua Madson , respectivamente, ele fizera o time inteiro treinar até as três horas da tarde. Eles nem tinham almoçado! E agora não haveria comida no Salão Principal.

Furiosa e não sentindo mais suas pernas ou o braço direito, Elizabeth desceu da sua vassoura junto com os outros sem sequer olhar para James.

- Ei, Liza! Você não quer comer conosco? Porque não tem mais comida no Salão... – mas ela o ignorou e continuou andando. Se abrisse a boca naquele minuto, ia mandá-lo para o inferno.

Distraída remoendo sua raiva, ela nem percebeu uma gargalhada medonha ao longe quando entrou no Saguão, nem que o chão estava molhado. Pirraça tinha acabado de jogar bexigas da água no local e desaparecera achando isso muito divertido. Elizabeth sentiu seu pé perder o chão, escorregando, e ela estava caindo de costas... Porém, a dor do tombo não veio. Mãos a seguravam, impedindo de cair.

Olhando para cima, ela se deparou com dois olhos muito negros. Enquanto seu salvador a endireitava, ela se deu conta de quem era: Michael Greenhill.

- Você está bem? – ele perguntou em uma voz calma e baixa.

- Você é da Sonserina! – disse, espantada, e sem conseguir disfarçar.

- Sim, creio que eu sou. – disse ele lentamente e com as sobrancelhas erguidas. Ok, ela tinha algo óbvio, não tinha respondido a pergunta dele, e se sentiu boba.

- Bem, quero dizer que não é esperado que um sonserino haja desse jeito... Você devia tentar me inutilizar ou algo assim... É o que vocês costumam fazer quando se aproximam dos jogadores de outra Casa perto de uma partida.

Michael sorriu e ergueu uma sobrancelha para ela. De repente, Elizabeth tomou consciência que ele era realmente charmoso, e que ela deveria estar uma bagunça, com seu uniforme de quadribol e os cabelos desgrenhados.

- Você realmente fala o que está pensando, não?

- Na maioria das vezes. -Elizabeth admitiu.

- Acho que eu aprecio isso, sabe... A velha coragem grifinória... – comentou ele, olhando diretamente nos seus olhos. Liza se lembrou imediatamente das palavras de Sirius meses atrás: pequena covarde. Que bom que nem todos pensavam assim.Sem conseguir evitar um sorriso, ela disse:

- Bem, acho que eu estou sendo mal educada. Obrigada por não me deixar cair...

- Foi um prazer – ele riu. Elizabeth sabia que a conversa deveria terminar por aí. Mas Michael continuou falando, o que a agradou – Então, vocês já estão treinando? Estou impressionado, ainda que não seja muito fã de quadribol.

-Não? – perguntou impressionada. Não conhecia nenhum menino que não fosse fanático pelo esporte.

- Bem, assisto aos jogos, mas nem sei como as pessoas jogam em algo que traz tantos machucados. Olhe, suas mãos estão arranhadas....

Surpresa, ela olhou para as mãos em que o vento causara vários arranhões. Para sua surpresa, ele as segurou com cuidado, dizendo:

- Bom, posso dar um jeito nisso se quiser – ela não tinha muita certeza se era seguro deixar um sonserino apontar uma varinha para sua mão. Ia recusar delicadamente quando ouviu, atrás dela.

-HaHa! Confraternizando com o inimigo!

Controlando o susto, ela travou o maxilar para não gritar: Sirius Black. E resolveu que simplesmente o ignoraria. Mas o monitor-chefe olhava Sirius, impressionado, por cima da cabeça de Elizabeth.

- Se você pudesse fazer esse favor, eu ficaria grata, Greenhill.- resolveu deixar que ele fizesse o feitiço para mostrar que a opinião do ex-namorado não importava.

Michael desviou os olhos de Sirius, e murmurou um feitiço. Imediatamente, os arranhões fecharam. Ela sorriu:

- Muito obrigada mesmo, você é muito gentil...

- Não foi nada – ele replicou, com um meio-sorriso.

- Bem, então... até qualquer hora.

-Até.

E ela subiu a escada, sabendo, pelos ruídos, que James e Sirius a seguiam.

- Liza, você não acha que está sendo muito amável com o sonserino? – perguntou a voz provocativa de James. Controlada, ela respondeu, sem virar a cabeça:

- Ele é gentil, não é nada fora do normal ser amável com quem... – mas foi interrompida.

- Ah, sim, porque ela é sempre muito amável – disse Sirius, a voz alta, carregada de sarcasmo – Tão gentil com todos, nunca vi alguém sorrir tanto... – Um grupo de garotos do terceiro ano parou para olhar.

- Sirius... –tentou dizer James, prevendo que aquilo não acabaria bem. Haviam chegado, agora, ao primeiro andar e continuava,

- Amável merda nenhuma! Você estava era confraternizando com o inimigo! Um maldito son...

-CALA A BOCA! –gritou Elizabeth, virando-se para encará-los. James deu um pulo, e olhou a amiga em completo estado de horror. Mais outro grupo de pessoas, passando pelo corredor, parou para especular.

Sirius estava surpreso e sem fala. Elizabeth não era dada a gritos e reações violentas. Geralmente só ia ficando cada vez mais... glacial.

- É, Black, por que você não cala sua maldita boca? Que eu saiba, você não estava nem falando comigo...

- Bem, não estava. Só estava dizendo para o James aqui...

- Não importa! – gritou ela – Se não fala comigo, então não fale de mim! E Michael não é meu inimigo...

- Com certeza ele só quer te machucar para você não poder jogar, então, sim, Greenhill é inimigo!

- Ele nem liga para quadribol. Por Merlin, o próximo jogo é contra Corvinal, então, quem está confraternizando com o inimigo, é você. – disse ela, baixando a voz e tentando parecer racional, já que se referia a tal Pollyanna. Sirius encarou Elizabeth por uns instantes, e deu um sorriso diabólico. Ela nem esperou pela próxima pérola, virou as costas para ele. Tinha dado alguns passos quando ouviu:

- Com ciúmes, King?- provocou Sirius, ainda em um tom sarcástico - Nossa, você anda mal-humorada.... Precisando que alguém te beije?

Sentindo mágoa por essa ser a primeira "conversa" entre os dois após meses, afrontada por ele insinuar sua carência, e lembrada do beijo da Convenção, ela se virou, odiando-o agora. Porém, decidida a se vingar.

- Oh, sim, eu estou. Mas não qualquer de um que a gente esbarra no caminho, que mais parece um cachorro... E sim um gentil, dedicado, responsável e que tenha a confiança dos professores...

- Seu monitorzinho chefe? – perguntou Sirius, entre dentes.

- Viu, Black? Até você, ridículo como é, foi capaz de perceber as qualidades dele... – e dessa vez realmente foi embora. Ao chegar ao seu dormitório, jogou-se na cama, o coração batendo forte. Tinha mentido, não sabia nada sobre Greenhill, se a imagem que passava era verdadeira. Mas nem morta admitiria isso para Sirius.

Talvez tivesse pegado pesado com ele... Mas Sirius também merecia, humilhando-a daquele jeito. E mesmo assim, enquanto tentava machucá-lo, ela se machucava. Tudo isso pelo mentiroso que fizera um escândalo quando terminara, mas que, obviamente, não sentiu nenhuma falta dela. Qual é, no dia seguinte, ele já estava pensando em beijar outras! Devia até estar considerando, na época, em terminar com Elizabeth, o relacionamento mais longo de Sirius. E ficara irritado porque não dera o fora primeiro.

O barulho de asas atraiu sua atenção. Uma coruja entrava pela janela. Esperando por uma carta de sua família, ela abriu o envelope, sem parar para olhar o remetente. Dentro, novamente, havia a Marca Negra. Embaixo, grandes letras diziam: Ainda um aviso. Olhou o envelope dessa vez. Nada sobre o remetente, mas onde estava o destinatário estava escrito Elizabeth King. Obviamente, seu último sonho estava certo.



Toda vez que ficamos acordados/ Após cada golpe que damos/ Cada sentimento que sinto/ Mas eu ainda não senti sua falta.

Todo colega de quarto que continua acordado/ Por cada suspiro e grito que damos../ Cada sentimentos que sinto/ Mas eu continuo não sentindo sua falta.

Só quando eu paro para pensar sobre isso.

Eu odeio tudo em você/ Então por que eu te amo?/ Eu odeio tudo em você/ Então por que eu te amo?

Toda vez que ficamos acordados/ Após cada golpe que damos/ Cada sentimento que sinto/ Mas eu ainda não senti sua falta

Somente quando paro para pensar sobre isso

Eu odeio tudo em você/ Então por que eu te amo?/ Eu odeio tudo em você/ Então por que eu te amo?

Somente quando eu paro para pensar/ Em você, eu sei/ Somente quando você pára para pensar/ Sobre mim, você sabe

Eu odeio tudo em você/ Então por que eu te amo?/ Você odeia tudo em mim/ Então por que você me ama?

Eu odeio/ você odeia/ eu odeio/ você me ama

Eu odeio tudo em você/ Por que eu te amo?


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Notas finais do capítulo

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