Why did you do that? escrita por DLeindecker


Capítulo 1
One shot




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Lembro de quando éramos crianças, gostávamos um do outro, mas ninguém queria admitir, então éramos apenas amigos, grandes amigos. Na primeira série, brincávamos no playground da escola, era uma paixão infantil, mas com certeza ela era muito forte, mais forte que Romeu & Julieta e com certeza muito mais do que a paixão de Jack e Rose.

Eu sabia onde você morava, em cima daquele restaurante de frutos-do-mar, e você sabia que minha casa era aquela verde-oliva perto da quitanda do Marcelo.

Enquanto íamos crescendo, nosso amor nos acompanhava, brigávamos como se fosse um casal mesmo, mas nem o primeiro beijo ainda tinha acontecido, nas nossas viagens escolares, íamos sempre juntos, no Mc’ Donalds nossos picles estavam pretos, e o hambúrguer do Mc’ Lanche era menor que nossos celulares. Mas nós nos divertíamos comendo aquelas porcarias todas.

Enfim um dia em uma luau de escola, nós dois dançando ao som de Legião Urbana, como era mesmo o nome da música? Aé ao som de Eduardo e Monica, e bem naquela parte que diz:

“E quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?”

Você olhou bem nos meus olhos e finalmente sussurrou no meu ouvido:

- Eu te amo!

Eu olhei pra você sem saber o que fazer, minhas pernas tinham ficado bambas, com uma vergonha que não era inevitável, resolvi não falar nada, olhei pro seus olhos peguei em seu pescoço e finalmente aconteceu.

...Eu a beijei...

O resto da noite foi só o que fizemos, fomos até um canto do salão e ficamos lá por horas nos beijando, finalmente iríamos saciar a nossa fome de beijos um do outro.

Quando a última música começou a tocar, nós começamos a nos despedir, no meu Smartphone já tinha umas quinhentas mensagens do meu pai dizendo que já me esperava na porta do salão, e no dela as mensagens de sua mãe preocupada.

Demos nosso último beijo da noite, nesse qual ela mordeu minha língua, dizendo:

- É pra você não se esquecer dessa noite, eu te amo!

Eu olhei pra ela e com coragem a respondi:

- Eu também te amo, até amanhã na aula!

Essa foi nossa despedida. No dia seguinte não pude aparecer na aula, e meu celular tinha quebrado, a tela não funcionava, entrei em desespero, não podia responder as mensagens dela, e ainda por cima, resvalei na cozinha e quebrei o fêmur, fiquei mais dois meses sem ir à aula, e ninguém sabia de nada.

Quando meu celular voltou a funcionar, me apavorei, o amor da minha vida, tinha me mandado mais de 220 mensagens me xingando, ela pensava que tinha dado um bolo nela, que eu tinha mudado de escola e ficado com outra garota. Meu Deus, por que ela pensa isso do mim? Será que alguém inventou essas mentiras?

Depois de ler tudo aquilo, comecei a escrever uma mensagem contando tudo:

“ Amor, desculpa, meu celular não funcionou mais depois do outro dia da festa, quebrei meu fêmur na cozinha e você sabe que meu computador pifou! Eu não te trairia com ninguém, isso tudo foi um mal entendido, me liga assim que puder, eu te amo! ”

Peguei minhas coisas e fui até o restaurante, onde ela morava em cima, ela não estava, nada dela estava, ela e sua mãe haviam se mudado fazia três dias, entrei em desespero, pedi ao porteiro se sabia onde elas tinham ido morar, ele me respondeu que não, fiquei tenso.

Fui pra casa muito triste, afinal, nem sabia onde minha namorada estava, chegando lá arrumei minhas coisas para ir para a escola pela manha. Logo depois fui pra cama e tentei dormir, não consegui.

No dia seguinte, peguei minha bicicleta e me mandei pra escola, a aula já tinha começado, e nada dela chegar, olhei para meu colega e pedi:

- Ela não vem hoje?

Ele com uma cara de cachorro abandonado me respondeu:

- Ela foi pra Alemanha!

Que droga eu pensava, mas porque ela não me avisou? O que eu fiz? Não entendi mais nada, guardei meus livros e sai correndo da sala de aula, o professor ficou gritando lá de dentro.

Peguei um táxi e fui pra casa, arrumei minhas malas e peguei o mesmo táxi e fui até o aeroporto que ficava aproximadamente uns 78 quilômetros de distância da minha cidade.

Quando chegamos, joguei três notas de cem reais para o taxista, nem vi quando marcava no taxímetro, peguei minha mala, que era uma azul clara com listras vermelhas, e corri para o terminal 7, onde estava minha passagem, que eu já havia comprado online dentro do táxi.

Meu avião ia sair daqui meia hora, mandei outra mensagem para ela:

“ Amor em que lugar da Alemanha você está? To indo pra ai! Me espera, estou com saudades por favor me responda! ”

O avião já tinha chegado e nada daquele telefone apitar, para dizer que uma mensagem tinha chegado, estava cada vez mais angustiado e com medo, muito medo. Medo de que ela tinha arranjado outro, medo de que ela tinha sumido por minha causa, medo de tudo.

Aquelas poucas horas de vôo entre a minha cidade e a Alemanha pareciam uma eternidade, quando o avião pousou eu não acreditava que estava cada vez mais perto dela. O único problema era que eu estava em Munique e não fazia a menor ideia onde ela estava, e no meu celular o número de mensagens era exatamente: zero.

No fundo eu sabia que ela não iria me responder, então resolvi apelar, mandei uma mensagem pra mãe dela, que dizia exatamente isso:

“Dona Gerth, não sei se a senhora ainda lembra-se de mim, mas acho que sim, aquele garotinho que sempre andava com sua filha e alguns meses atrás fez uma bobagem, não consegui falar com ela, mas isso espero que fica no passado, por favor me responda e não fala pra ela sobre essa mensagem, eu queria saber em que cidade vocês estão. Beijos!”

Não demorou muito tempo e meu celular apitou, era ela a Dona Gerth.

“ Querido! Ela ainda está abalada, mas quero te ajudar, estamos em Putzbrunn, venha logo! Beijos ”

Meu coração bateu forte, procurei no GPS do meu celular aonde ficava essa cidade, que bom que não era longe ficava a uns 12 quilômetros de Munique. Chamei um táxi e fui até lá.

Não sei se foi coincidência ou não mas chegando lá, do outro lado da rua tinha uma pequena cafeteria, onde na janela estava sentada ela, com seus cabelos ruivos tapados por um gorro de lã preto, eu pensei em gritar mas esperei até elas saírem de lá.

Não demorou e muito elas já estavam saindo, enquanto atravessavam a rua, eu gritei:

- Jéssica!

Ela olhou pra trás me viu, uma lágrima escorreu dos seus olhos, pensei que ela ia vim correndo e me daria um beijo, estava enganado. Ela correu para o lado oposto no meio daquela avenida movimentada, e o que não podia acontecer aconteceu.

Um ônibus vermelho em alta velocidade veio, e o motorista não a viu, aquele barulho fui horrível, a cena pior ainda, o corpo do amor da minha vida atirado no chão, coberto de sangue. Me subiu um remorso, por que eu gritei? Eu não enxergava mais nada, corri até ela e chorei.

Dona Gerth veio atrás de mim, aos prantos, colocou a mão na minha cabeça, me puxou pra cima e me abraçou, aqueles abraços de mãe, forte e que passa uma calma. Chorávamos muito, sabíamos que ela não tinha resistido, e aquele era um dos últimos dias com ela, por perto.

Tivemos que voltar com o corpo pra nossa cidade, onde ela foi enterrada, naquele dia eu chorava, sabia que ela ia ser o último grande amor da minha vida, a mãe dela, coitada, chorava ao meu lado. Depois de alguns meses, eu com a ajuda do meu pai, comprei um apartamento ao lado do da Dona Gerth, em cima daquele restaurante de frutos-do-mar, com cheirinho de Jéssica.

Moro lá até hoje. Todas as quartas-feiras, dia da semana que Jéssica morreu, eu e Dona Gerth vamos até o cemitério, e deixamos tudo arrumado, já fazem cinco anos, cinco anos sem ela, sem aquele sorriso, ainda sinto falta dela, mas Dona Gerth sempre esta ali me ajudando, ajudando eu a superar, ela é como uma mãe.

A mãe daquela garota que um dia eu amei, e que nunca vou deixar de amar.


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