Eu estava acordando não era muito tarde e quando abro os olhos me vejo em uma cama de casal e em uma casa diferente, estava sem entender nada até que vejo a porta se abrir e um homem entrar, vindo em minha direção, mas não o conhecia ou parecia não me lembrar dele mas seu rosto era familiar. Ele trazia uma bandeja de café da manhã. Dei um pulo na cama, me levantando.

- Bom dia dorminhoca, dormiu bem?

- Dormi sim, mas quem é você? - falei assustada.

- Para de brincadeira amor, sou eu o Jack seu marido, não se lembra? - falou rindo.

- Brincadeira, bom dia ! - falei dando um sorriso.

Menti para ele enquanto olhava na minha mão esquerda uma aliança. Tive que mentir, não queria deixá-lo confuso, muito menos preocupado, algo me dizia para fazer isso, mas eu não entendia o porquê, resolvi deixar pra lá um pouco, estava com fome. Comecei a comer, passou alguns minutos, o rapaz não parava de me encarar e se manifestou:

- Amor sei que não está bem, dá para ver em seus olhos, o que aconteceu?

- Nada, estou me sentindo ótima.

- Anda, me fala Elsa, eu te conheço, não é de ficar assim por nada.

- Estou bem, eu acho. - passa alguns segundos eu resolvi falar de vez- Mas não me lembro de nada.

- Como assim? Não estou entendendo.

- Nem eu entendo, não sei onde estou, porque estou aqui, e muito menos me lembro de você. - falei sentindo uma leve pontada na cabeça quando uma sequencia de lembranças me envolveu.

"Sofro por um amor não correspondido daqueles bem típicos de adolescência, mas não quero isso para mim. Quero que chegue a hora de eu ser feliz com alguém que me ame de verdade." começo a chorar e logo adormeço>

Recebi um cutucão vindo do cara chamado Jack, que se dizia meu marido, foi quando percebi que paralisei enquanto me vinha aquele lapso de memória. Informei à ele o que tinha lembrado...

- Acho que aconteceu quando eu tinha uns 14 anos e nada mais, me pareceu que foi o que fiz na noite passada, depois acordei aqui sem saber de nada. - Jack me abraça tentando me acalmar e me dar um beijo, mas faço esforço para afastá-lo, não me sinto a vontade perto dele, não ainda, mas de certa forma ele me passa certa segurança.

- Entendi, que devo ir com calma, pelo visto sou um completo desconhecido para você. Vamos ao médico, quero saber o que aconteceu.

- Obrigada. Mas antes, me esclareça algumas coisas por favor, como por exemplo, com quantos anos eu estou, onde estamos, onde moramos...- fui interrompida.

-Calma Elsa - risadas - vamos fazer o seguinte, iremos ao médico agora, é melhor que você não saiba tudo isso para recebermos um diagnóstico completo, mas te adianto que estamos no Rio de Janeiro, e moramos em Búzios.

Na ida para o médio, observei o caminho na esperança de lembrar de algo, mas nada me veio a cabeça, parecia uma criança que descobria o mundo, olhando tudo atenta, como se nunca tivesse estado naquela cidade antes, Jack me contou que vinhamos sempre aqui, à trabalho e não disse mais nada, para não complicar na hora da consulta.

Chegamos ao pronto atendimento e nos encaminharam ao neurologista de plantão, depois de ouvir meu caso e de fazer algumas perguntas, me mandou fazer exames, como a ressonância magnética, tive que entrar numa máquina estranha e ficar, o que me pareceu, uns quarenta minutos la.

Meus exames foram taxados como de urgência assim recebemos os resultados algumas horas depois. Tive uma perda de memória temporária, mas que se passasse de uma semana poderia se tornar definitiva, meu tratamento: remédios e mais remédios para fazer com que a parte encarregada de memórias da minha linda cabecinha se ativasse , eu odiava tomar medicamentos, de qualquer tipo, desde pequena. Logo depois de comprá-los tive que tomar a primeira dose, fiz cara feia, e Jack comentou que eu tenho o hábito de não gostar e ainda por cima não tomar remédios, eu ri, pois pensei a mesma coisa.

- Tomei uma decisão - disse Jack - vamos para casa, você passará o resto do dia descansando, mas não dormindo, o médico disse que pode não ajudar na volta da memória, pelo contrário.