Se o Amor é uma Ilusão, Deixe-me Ser Iludida escrita por snow Steps


Capítulo 10
Capítulo 10 - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Geeente, desculpa a demora. Mas é que eu estou trabalhando nas férias para descolar uma graninha e o ritmo tá brabo, logo ando muito cansada e a inspiração vai pro beleléu. Não consegui escrever todo o capítulo como gostaria, mas para não demorar mais ainda aqui está a primeira parte.
Beijoocas!



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Felizmente consegui passar em todas as matérias com média 9, o que significa dizer que sim, sou uma nerd dramática que se desespera desnecessariamente. A social na casa do Bernardo (sinto que me acostumarei facilmente com o estilo de vida high society) acontecerá hoje e meus nervos estão a mil. Nem consegui dormir direito esta noite, revirando na cama de um lado para o outro, e quando finalmente caí no sono acabei sonhando um sonho maravilhoso com a bendita festa, que tirando os dois hipopótamos cor de rosa que serviam drinques, é um sonho totalmente plausível. Nele, eu estava usando um belo vestido florido de renda, o qual não lembrava de ter comprado. Minha mãe apareceu magicamente na minha frente (porque nos sonhos todo mundo sabe aparatar igual aos filmes do Harry Potter), e disse que era um presente pelas minhas notas. “É um vestido da Channel!” Recordo de ela ter falado com entusiasmo, e quando eu olhei a etiqueta percebi que na verdade era um vestido da Prada, mas foda-se, era um vestido caríssimo e eu ia abafar na social do Bernardo. Logo em seguida, Tomas ligou para mim dizendo que estava me esperando em frente ao meu prédio, e eu num piscar de olhos surgi dentro do Grand Livina que não era mais um Grand Livina, e sim o Veloster do Marco. “Mas este não é seu carro!” Falei atordoada, e Tomas (vestido de smoking e com os cabelos ondulados penteados meticulosamente para trás) disse: “Eu comprei o carro dele. A família do Marco está passando por uma situação bastante difícil, e agora que sou mais rico que ele, estou fazendo este favor”. Marco Vittorelli pobre? Ok, eu já podia começar a desconfiar que era um sonho. Na verdade, eu já podia começar a desconfiar no vestido da Prada. Mas como o que os olhos não veem o coração não sente, continuei a deleitar aquela fantasia. Ao chegar à casa do Bernardo, constatei que não era exatamente uma mansão como haviam dito, mas uma balsa que flutuava sobre o mar do Leblon. Nela havia uma torre enorme de vários andares (provavelmente a casa) e em volta os convidados dançavam e compartilhavam a comida da festa com os banhistas da praia do Leblon, que se penduravam à beira da balsa e abocanhavam os petiscos das mãos dos convidados como se fossem focas. Tomas desligou o carro e quando eu abri a porta para sair, notei que estava travada. “Por que você ainda não abriu as portas?” Indaguei, tentando inutilmente puxar a maçaneta. “Porque eu preciso fazer uma coisa antes”, ele disse e, repentinamente, sua boca encontrou a minha e senti sua língua ousada alcançar minha garganta. Eu não desviei e muito pelo contrário, aprofundei no beijo. Não me julgue, era um sonho e estava gostoso pacas. Só comecei a ficar desconfortável quando a mão dele entrou por baixo do meu vestido, e apertou meu seio. “Ficou louco, Tom?!” Gritei, e antes que eu pedisse para sair do veículo, apareci misteriosamente no meio da festa, desequilibrando-me com a instabilidade da balsa. Aí surgiu Marco com seu olhar endeusado, apanhando um drinque da bandeja de um dos hipopótamos cor de rosa e me oferecendo. “Estava esperando por você”, ele falou, e eu quase desmaiei no sonho e acordei na vida real. “Es-estava?” Balbuciei, e Marco deu um sorriso travesso. “Vamos para um lugar mais particular”, ele disse e passou o braço pela minha cintura, conduzindo-me para dentro da torre. Ao abrir a porta, imediatamente um quarto de casal suntuoso apareceu, com uma larga cama coberta por um lençol de veludo atraente. Assim como Marco não parece gostar de preliminares na realidade, ele também não gostava nos sonhos: numa fração de segundos estávamos sem roupas (sabe lá como) e a única coisa que eu conseguia enxergar era seu peitoral bronzeado, que eu tinha visto naquele dia. Fiz uma tremenda concentração para ver o restante, mas parece que minha mente me sacaneou e colocou tarjas em tudo. De repente, a porta do quarto se abriu de ímpeto e Tomas estava de pé diante nós, com uma cara de desaprovação. “Então ele pode e eu não?”

Assim eu acordei, suada e de coração palpitante, desejando com todas as minhas forças voltar para o sonho. Voltei a dormir, porém meus olhos se resumiram a uma tela preta. Desgostosa, tomei meu café da manhã enquanto ouvia minha mãe pronunciando seus mantras, e esperei que ela me desse um vestido Channel de etiqueta Prada, mas invés disso ganhei apenas um biscoito da sorte que ela guardara para mim da noite anterior, que ironicamente disse “você não pode ter tudo o que quer”.

Agora estou separando minha roupa, e reviro meu armário inteiro para chegar a triste conclusão de que vestirei uma roupa repetida pela milésima vez. Nem adianta fuçar o armário da minha mãe, com a dieta sem glúten e gordura ela conseguiu emagrecer cinco quilos e sua calça não entra em mim nem por um decreto. Separo uma blusa de alça fina e um short rasgadinho, que eu tanto amo e ao mesmo tempo tanto temo. Tenho ele desde ano retrasado, isso quer dizer, desde quando tinha 17 anos e eu era apenas uma garota de cintura considerada normal. Agora que meus culotes possuem proporções consideráveis, nunca mais o usei, não porque o short não me serve mais, mas porque tenho medo de descobrir que ele não me serve mais. Após hesitar três e vezes e encará-lo como um animal perigoso, pego-o pelas pontas e delicadamente o atravesso pelas panturrilhas e joelhos, começando a apresentar problemas nas coxas. O tecido se estica e arranha minha pele, chegando a queimar com a tamanha força que faço. Minha mãe entra no meu quarto sem avisar e, pouco interessada na minha luta arrebatadora, começa a me pedir favores.

_ Filha, se você voltar cedo dessa sua festinha, pode passar no supermercado, por favor?

_ Vou ver, mãe – Respondo com a voz sufocada, deitando na cama de pernas para o alto e puxando cada vez mais o short.

_ Estou deixando a lista de compras aqui, está bem? Olha, esse leite tem que ser light e desnatado, e se não tiver da Parmalat, pode levar da Itambé…

Puta merda, mãe. Ao menos me ajude a por esse bagaço no meu quadril.

_ Não vai dar, mãe. Vou chegar tarde – Falo rispidamente.

_ Tarde? Quão tarde?

_ Não sei, não sei!

_ Tipo sete da noite?

_ Fala sério!

_ Fala sério o quê?

_ Muito cedo, né?

_ Então que horas?

_ Umas nove. Por aí.

_ Então está tudo certo, o supermercado só fecha as onze! – Ela diz sorridente, indo embora do recinto.

Eu bufo de raiva e dou meu último puxão para cima, sentindo a costura ceder e afrouxar como num rasgo. Mordo o lábio inferior e preocupadamente vou até o espelho, inspecionando a peça para detectar onde houve a falha. Afortunadamente, se o short rasgou não dá para perceber. Viu biscoito da sorte, eu posso conseguir o que quero de vez em quando.

Tomo um segundo banho de perfume e ponho maquiagem, colocando delineador de gatinho que tanto gosto. Uso um sapato de salto médio e finalmente tenho a altura que sempre sonhei. Não demora muito e recebo uma mensagem do Tomas pelo celular.

Tom Fófis: já estou na Linha Amarela. Daqui a pouquinho estou aí! ;D

Para adiantar, já desço pelo elevador levando comigo a lista de compras mesmo que contrariada. Eu saio pouco, mas mesmo assim quando deixo minha mãe sozinha em casa sinto dó dela, pois sei que deve sentir muita falta do meu pai (falecido há quatro anos). Então mesmo que ela me peça favores chatos e um tanto inconvenientes, sempre os faço. Minutos depois o Grand Livina branco (pelo visto Marco Vittorelli continua rico) estaciona cautelosamente a minha frente e eu entro, sendo bem recebida pelo ar condicionado.

_ E aí, Tom! – Cumprimento com um sorriso, dando-lhe um beijo estalado na sua bochecha rosada.

_ Oi Noura – Ele responde com seu jeito acanhado, alternando o olha azul entre o volante e eu. – Você está linda. – Ele elogia, abaixando a cabeça e sorrindo para o chaveiro que estava em suas mãos. – E cheirosa também.

_ Ah, obrigada! – Agradeço, colocando uma mecha de cabelo para trás. – Você também hein… ar-ra-sou! Fiu fiu! – Brinco, embora que seja verdade. Tomas está com uma blusa degrade de gola V, e uma bermuda cor cáqui. O óculos Ray Ban estilo Clubmaster repousa elegantemente entre seus cabelos loiros e ondulados em diferentes direções.

Ele gargalha e põe um CD do Arctic Monkeys para tocar, desconfio que ele também seja um hipster.

_ Desculpe pelo atraso, demorei um pouco para por todas as garrafas de cerveja no porta-malas.

_ Não há problema. Então, todo mundo deve encher a cara hoje, né?

_ Eu não – Ele responde de prontidão.

_ Você não bebe?

_ Eu bebo, mas estou dirigindo – Claro, Eleonora sua anta – E também não sou muito fã de cerveja… hoje em dia prefiro um vinho cabernet sauvignon ou um uísque 12 anos.

_ Requintado você, hein? Desculpa aí.

_ Sabe que não, Noura – Ele ri outra vez. – eu tenho um trauma com cerveja. Muito idiota, actually, porque não tem nada a ver comigo. Pelo menos fisicamente.

_ Hmm deixa eu ver… você ficou tão doido que viu um hipopótamo cor de rosa servindo drinques?

_ What?

_ Nada, nada não. Então o que é? Agora você me deixou curiosa.

_ Well, como eu disse é uma besteiridade. Tem a ver com minha ex-namorada. Ela… ela me traiu. Estava bêbada. E ela adorava cerveja. So… nada demais.

_ Mas que filha-da-puta – Eu repliquei, expressando indignação. – Você é um cara tão legal, não merece isso!

_ É. Ela era uma hipócrita. – Tom sussurrou, soltando um riso sem jeito.

_ Não, não, não.

_ Como assim não?

_ Você precisa xingá-la de verdade. Vai por mim, se sentirá melhor. Vamos lá, diga que ela é uma vadia.

_ Noura – Ele pronunciou meu nome com seu sotaque dócil, abaixando o olhar envergonhadamente.

_ Vamos, Tom! É libertador! Diga: va-di-a.

Ele permaneceu em silêncio, contendo a gargalhada dentro de si.

_ Estou esperando… - Insisti, tocando na tela do relógio de pulso com o indicador.

_ Ela é uma vadia. – Ele murmurou, tão baixo que mal consegui discernir suas palavras.

_ Mais alto!

_ Ela é uma vadia…

_ Ainda não está bom…

_ Ela é uma VADIA! – Ele gritou e em seguida se explodiu em risos junto a mim.

_ Assim está ótimo!

_ De fato, libertador – Tomas assentiu, ofegante.

Tão gracioso e ingênuo que mal consegue xingar a ex-namorada traidora. Tomas é sim um anjo que caiu do céu.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez, desculpem-me a demora!! Hahahahaha