Angels Are Among Us escrita por Carol


Capítulo 8
Capítulo 8 - Youth


Notas iniciais do capítulo

AE VOLTEI DEPOS DE NOVE MESES
Eu tava grávida desse capítulo, demorei demais,eu sei, me perdoem. Sério. Esse ano foi... Intenso. Estou oficialmente voltando a postar diariamente. ♥



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–Tem certeza que vai ficar ? –Eu sentia a preocupação em sua voz. –Precisamos de toda a ajuda que pudermos.

–Fica para a próxima, Sammy. –Eu disse, fungando. – Eu não estou nos melhores termos com Dean... E nem você. Assim que acabarem isso, eu vou correndo até vocês para qualquer coisa. Nem que seja para ficarmos sentados no Impala ouvindo alguma música. –Dei uma risada baixa, junto a ele. Não briguem, okay ?

–Pode deixar.

Ele disse, sorrindo, e me abraçou. Assim que o soltei, ele entrou no quarto do hotel, para terminar com suas coisas. Eu andei lentamente até o Impala estacionado um pouco longe do quarto, para me confrontar com o temível e coração mole Dean Winchester. Apoiei as costas no lado do motorista e bati na janela de leve, e ele abriu a porta. Dean não me parecia muito feliz, na verdade, parecia irritado e ter tido uma péssima noite de sono.

–O que quer ?-Ele perguntou, espremendo os olhos.

–Me despedir, já que vou ficar um ou dois meses sem notícias dos dois, se depender de você, claro.

Ele não me respondeu de primeira, ficou me observando com seus olhos rápidos, e finalmente desistiu da pose de machão, colocando as mãos no rosto, respirando fundo. Dean olhou para mim, e sorriu de canto.

–Tome conta do velho. E de você mesma. Tente não chamar atenção e não ficar bêbada, hmn ? Não vai ter ninguém que a carregue de volta para a cama.

–Dean, está dando uma de irmão mais velho para cima de mim ?

–Talvez. Se isso a fazer ficar nos eixos...

–Hah, engraçado. –Rolei os olhos. – Tome conta do seu irmão, então. Se resolva com ele. Vocês só tem um ao outro, e só. Não existe um Dean funcional sem o Sam, e nem um Sam funcional sem um Dean. –Eu disse, balançando a cabeça.

–E não parece funcionar muito bem sem Ellie, não é ?

Eu neguei com a cabeça, pressionando meus lábios um contra o outro e apertando meus olhos marejados e lentos. Olhei para cima, para não chorar. Ainda sentia que a bebida fazia efeito. Uma a uma, as lágrimas iam fugindo dos meus olhos, enquanto eu olhava para o nada. Ele me abraçou, com uma mão em meu cabelo, e depositou um beijo na minha testa. Dean conhecia a mina dor. E não a desejaria nem mesmo a seu pior inimigo. Fiquei ali por poucos segundos até que ele me soltou.

–Se cuide, menininha.

–Até mais, babaca.

(( . . . ))

‘’Forgive us now for what we've done

It started out as a bit of fun

Here, take these before we run away

The keys to the gulag’’

(( . . . ))

Assim que eles foram embora, me joguei dentro do quarto do hotel. Estava frio lá fora, meio nublado, com cara de que iria chover. E eu queria dormir, passar o dia fazendo nada além de sonhar. Coloquei os sapatos num canto, e me enfiei debaixo dos cobertores junto com meu telefone e o controle da televisão. A liguei e coloquei num filme qualquer, com o volume bem baixo. Estava quase dormindo quando a televisão mudou de canal sozinha, e o volume começou a ficar mais alto.

–Castiel ! Droga, apenas apareça, eu não consigo ouvir você assim ! –Gritei, e a televisão desligou-se.

–Imaginei que não. Porque não foi com os Winchester ?

–Precisava de uma desculpa para você me ajudar e eu te ajudar. Então, ta-da ! Mas antes, preciso descansar meu corpo. Não dormi, na verdade, estava bêbada falando algum tipo de coisa sem sentido para Sam.

–Bêbada? Com...

–Álcool barato. Isso realmente importa ?

–Não. Eu vejo que você precisa descansar, então, vou esperar aqui até que esteja pronta.

Castiel disse isso, e ficou parado, olhando fixamente para o nada, na mesma posição por alguns segundos. Segurei uma risada e respirei fundo, me sentando na cama. Ele me olhou confuso, mas não ousou dizer nada.

–Cas, querido, porque não se senta ou vê um pouco de televisão ? Você pode não estar acostumado, mas seu casulo deve estar bem cansado.

–Hmn. Acho que devo seguir com suas instruções, já que é mais humana do que eu, mesmo que não completamente.

–Ótimo. Daqui a algumas horas estarei pronta.

E se passaram algumas horas. Talvez cinco. Haviam alguns dias importunos em que eu não conseguia me deitar por mais de três horas, e senti que essas cinco horas extras valeram MUITO a pena. Me sentei na cama, me espreguiçando. Olhei para os lados, esfregando os olhos, procurando pelo meu amigo alado. E ele não estava em lugar algum que eu pudesse ver. Após levantar, as luzes se acenderam, e eu já não estava mais no quarto de merda do hotel barato. Não, não. Eu estava num quarto de alguém MUITO rico, e vendo pelas decorações de ouro, o rosa, e as joias, era ela. Tinha a merda de um lustre enorme no meio do teto, e eu nunca pagaria por aquilo, nem mesmo com a minha alma. Havia uma penteadeira com adorno feitos de ouro, enormes. Até mesmo as maçanetas e pequenos detalhes de todo o quarto eram feitos de ouro. Era tudo tão maravilhoso, que eu mal tinha palavras que fossem capazes de expressar o quão perfeito era tudo aquilo.

–Acordou cedo, Caroline. –Ouvi uma voz familiar atrás de mim, e me virei. E, novamente, estava sem palavras. Era minha mãe, e Ellie atrás dela. As lágrimas vieram até mim mais rápido do que eu imaginava, e eu corri para abraça-las. Elas soltaram uma risada, e me senti, pela primeira vez em anos, em casa. –Oh, querida, sei que está feliz. Não é todo dia que nos casamos, não é mesmo ? –Eu não entendi, e só fiquei a escutar sua voz. –Principalmente com um homem da lei, justo e correto como o Sr Chase .

–Car, nosso primo Castiel está ai, se vista rapidamente, pois vamos almoçar com ele, e depois, você vai para seu dia de noiva !

Elas começaram a conversar sobre casamentos, nomes, comidas, bolos, felicidades, filhos e eu me sentia perdida, parecia que ia desmaiar. Abri as janelas por detrás da penteadeira e deixei as cortinas fechadas. Abri o armário e haviam inúmeros vestidos e chapeis, sapatos, luvas... Acabei por escolher algo... formal ? Droga, tudo parecia formal. Mas era azul marinho, então estava ótimo. Me balancei nos sapatos não muito altos, e coloquei algumas das joias, que aparentemente, eram minhas ? E eu estava vestida, perdida.

–Eu peço desculpas por não ter esperado você acordar, Brianna.

–Castiel. –Suspirei. –O que estamos fazendo aqui ?

–Isso é a sua vida anterior. 1938. Você tem vinte e dois anos, e está prestes a se casar. Sua família vive bem, assim como a de seu noivo.

–Parece ter saído de um filme. Quer dizer, como alguém como eu, caçadora, Nephilim, possa ter sido tão feliz ?

–É o que vim lhe mostrar. Eu consegui perceber que você precisava de um pouco de paz. E achei que lhe trazer aqui seria o melhor. O ideal seria passar uma semana, mas não tenho forças suficiente para isso. Desculpe.

–Deixe-me ver se entendi. Me trouxe aqui para relaxar antes de me fazer sofrer, não é ?

–Restaurar. Trazer algumas memórias de volta, talvez...

–Saquei. Estou me sentindo o Beijamin Button, ficando mais nova, desse jeito. Quantos anos eu tenho ? Digo, aqui ?

–Está para fazer vinte e um daqui a um mês.

–Oh,ok. Castiel... Não está se esquecendo de nada ? –Ele me olhou, confuso.- EU VOU ME CASAR ?!

–Tudo fará sentindo em pouco tempo. Agora, sua família lhe espera para o café da manhã no jardim. Vamos.

Concordei e saí na sua frente. Não estranhei ao andar pelos cômodos naturalmente, a casa tinha um ar tão nostálgico, familiar, e eu me sentia segura e querida ali. Era tudo muito bem decorado, arrumado e limpo. Logo chegamos ao jardim, cheio de rosas brancas, as favoritas da minha mãe. Bem, daquela mãe. Estavam todos lá, mamãe, papai, Ellie. Me sentei, e Castiel, do meu lado. Jogamos conversa fora sobre o tempo, a comida, e como estavam todos feliz por ‘’Caroline’’ estar se casando. E assim, mamãe, Ellie e Castiel saíram antes de eu terminar. Quando ia me levantar, Dave, meu pai, colocou uma mão em meu ombro, e me pediu que ficasse mais um pouco.

–O que deseja, papai ?-Aquilo soou muito mais doce e natural do que eu achei que seria, e nem mesmo pensei antes de abrir a boca.

–Ah, minha querida... Estou cansado, velho, além de estar prestes a abrir mão de uma das minhas mais valiosas joias á outro homem. Oh, Caroline, quero ter olhar bem antes que deixe de ser a minha garotinha. –Ele deu um sorriso e apertou minhas bochechas e se levantou, puxando a minha cadeira para me levantar. –Elliot já se casou, e agora, você.

–Ah, fique feliz por mim, papai. –O abracei, e logo o soltei. –Vamos, mamãe e Ellie devem estar loucas a minha procura. Até mais tarde, pai.

(( . . . ))

E eu passei o resto do dia com pelo menos dez pessoas dentro do meu próprio quarto, cada uma cuidando de vestidos, sapatos e coisas que eu nem sabia que existiam... Ou o nome dessas coisas. Um pensamento ficou preso na minha cabeça : ‘’Como eu não reagi mal a nada disso, ou melhor, porque eu não reagi, de forma alguma ?’’ Tudo parecia tão natural, como uma memória antiga, ou um filme que vi a muito tempo atrás e não me lembro exatamente de tudo, mas passo a passo vou relembrando até mesmo as falas. Castiel me devia sérias explicações. A única coisa que não conseguia lembrar era com quem iria me casar. Ou casei. Não me parece fazer muita diferença.

–Vamos, Car ! Precisa só colocar o vestido e o véu e pegar as flores... Ai meu Deus ! As rosas !

–Não me diga que o seu primo as esqueceu ?! –Rose quase gritou, desesperada.

–Não me esqueci.

Tudo que eu vi foi Castiel com um buque de rosas brancas nas mãos, de olhos fechados. Eu dei uma pequena risada. Assim que coloquei o vestido, todas me deixaram sozinha, apenas por vinte minutos. Pedi que chamassem Castiel, e ele veio logo em seguida.

–Cas ? Porque nada disso é...

–Estranho ? Brianna, isto, tudo isto, é uma memória, uma das mais fortes e frescas que residem na sua alma.

Eu fiquei em silêncio por um momento, olhando para o nada, encabulada comigo mesma. Era extremamente impossível, a física, química, matemática, nada de concreto explicava aquilo. Mas, eu lutava contra fantasmas, lobisomens, vampiros e demônios, nada fazia muito sentindo, de qualquer forma... Era só engolir o fato e aceita-lo. Como a comida ruim que seria servida no casamento, mas todos os velhos amavam.

Em míseros minutos, quando ia descer as escadas da varanda de trás, que davam para uma praia, e ao me deparar com todas aquelas pessoas, aquele cheiro de praia, o modo que o sol queimava a minha pele, as coisas pareciam estar se encaixando, e, sentindo a extrema urgência de sair daquele lugar, eu voltei alguns passos, para dentro. Um homem, parou do meu lado, rindo, e me ofereceu um canteiro prateado.

–Vamos Car, sabe que vai precisar. Não vai ser a primeira vez e nem a última que o bom e velho Bourbon te ajuda.

Peguei o canteiro, e eu talvez não tenha deixado nada lá dentro para contar a história. Dave voltou, e me segurou pelo braço direito, cruzando-o com o seu. Ele me dizia, quietamente, enquanto andávamos até o altar, que estava tudo bem, que eu estaria em boas mãos. Mas eu só sabia suar e olhar para o chão, levemente assustada. Uma idiota de vinte anos não merecia passar por aquilo tão cedo. Eu não ouvia mais nada além das ondas se quebrando na praia. Me concentrei naquele som tão calmo, na tentativa de me acalmar. Depois de algum tempo, Dave me soltou, e levou minha mão á de outra pessoa, e eu finalmente olhei para cima. Tive vontade de pular. Não sabia se era de surpresa, felicidade, ou medo. Talvez eu achasse bizarro demais ser ele. Poderia ser qualquer pessoa no mundo todo, mas tinha de ser logo ele, não é mesmo ? Ah, o mundo caçoava de mim agora, não é mesmo ?

Eu passei alguns minutos o encarando, parecia tão mais novo, mais bem cuidado... Como se a vida que levasse não o tivesse tocado, poluído, entristecido, amargurado, e vê-lo tão bem me deixava contente. Estava sorrindo como uma boba, até que ele me olhou de canto, e sorriu para mim. E, não tão naturalmente, desviei o olhar, e o ouvi rir. Seu dedo mindinho se entrelaçou no meu, e eu fiquei ali parada, por um tempo, tentando me lembrar exatamente do que tinha vivido. Ellie tinha um filho. Nosso cachorro morreu quando eu estava no primário. Eu consegui me lembrar de como chorei. Lembrei de coisas aleatórias, cheiros, gostos, porém não conseguir lembrar absolutamente nada sobre ele.

–Caroline, você aceita, tendo Deus como testemunha, esse homem como seu marido, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe ?

Eu quase fiquei catatônica quando ouvi isso, mas minha boca pareceu se mexer sozinha, e soltou um ‘’aceito’’ rápido, enquanto sentia meu rosto se esquentar. O padre fez a mesma pergunta para ele, que não hesitou em nenhum momento em dizer ‘’aceito’’. Quando me dei conta, havia um anel no meu dedo, e outro no dele, além de estar sendo beijada, na frente de, pelo menos, trezentas pessoas. Um grito desesperador cortou por todos os de felicidade, e eu o vi sacando uma arma de dentro do paletó, e antes de sair correndo, me disse para ficar ali, e me beijou novamente. Me senti paralisada, ali, no altar. Conseguia ver uma mulher de longe, sendo esfaqueada. E ele, correndo até o agressor, com uma .38 mm nas mãos. E enquanto todos estavam distraídos, alguém me agarrou por trás, segurando uma faca contra o meu pescoço. Ouvi o padre gritar por socorro, e eu segurei a mão da pessoa. Ele colocou os lábios nos meus ouvidos, me dizendo para ficar quieta. Não que eu o tenha feito. O desarmei, quebrando seu pulso, quebrei seu nariz num só soco muito bem localizado, que fez com que minhas luvas passassem de brancas para vermelhas. E ele estava parado ali, atordoado e cheio de raiva. Outro me empurrou no chão, rasgando meu vestido, e cortando as minhas pernas. Eu o chutava, mas de nada adiantava, como o outro me segurava pelos braços. Bang. O barulho do tiro me assustou, e os homens caíram no chão, mortos. Ellie e minha mãe vieram para tentar me reconfortar, mas eu estava bem.

–Ela já viu coisas piores na delegacia, senhoras. –Jack colocou a mão em um dos meus ombros. -Agora, Pie vai levar ela até um hospital. Pie ! –Jack gritou por ele, o chamando por um apelido engraçado.- Deixe os corpos e leve sua esposa para o hospital, ela está em estado de choque.

Suas mãos quentes e cuidadosas me tiraram do chão, me levando no colo até seu carro, me colocando no banco de trás. Estava perdendo uma significante quantidade de sangue, devido a alguns cortes profundos que eu levei, não somente nas pernas, como eu tinha achado, mas também nos braços e rosto. Depois de algum tempo, eu estava quase desmaiando, até ele me tirar do carro novamente. Acordei num quarto de hospital. Eram nove e meia da manhã, e eu me sentia mal.

–Ei,ei. Vá devagar.

–Cas ? O que diabos aconteceu lá ?

–Eu não me lembrava daquilo, sinto muito. Vamos ter que voltar agora, estamos chamando muita atenção agora, com você fraca deste jeito.

Eu queria ter forças o bastante para protestar contra voltar. Apesar de ter sido esfaqueada e quase morrido, esse mundo era muito melhor do que o meu atual. Então, fechei meus olhos novamente, na esperança de que algo acontecesse, mudasse, que eu não sentisse mais agulhas nos meus braços... Abri um dos olhos devagar, e nada tinha mudado.

–Castiel ? – Ele me olhou com os olhos esbugalhados, um pouco assustados. –Não era para nós aparatarmos fora daqui ? –Ele ficou olhando para o vazio por algum tempo antes de me responder.

–Alguém mais forte do que eu, nos prendeu aqui, entretanto, não tenho nenhum mal pressentimento sobre isso.

–Cas... ESTAMOS PRESOS EM 1938 E VOCÊ NÃO VÊ NADA DE RUIM SOBRE ISSO ?

–Não. Estamos perfeitamente salvos.

–Impossível, Castiel...

–É você que nos mantém aqui, Brianna, eu tenho certeza.

Eu parei. Simplesmente. Parei. Fiquei ali parada, sem fazer nada, segurando a respiração. Era incrível a sensação, quase impossível de se explicar. Me sentia completa, e pela primeira vez, tinha total controle sobre uma situação. Iria como eu quisesse. Sorri e segurei a mão do anjo.

–Cas... Obrigada. –Ele me olhou, sem entender.

–Ei, Cas, pode me dar um momento com ela ?

–É claro.

Castiel saiu e me deixou com ele, que me olhou com um sorriso triste e se sentou ao meu lado, pousando sua mão em meu rosto, o acariciando, e eu coloquei minha por cima da dele. Parecia tão preocupado comigo, que fazia-me sentir culpada por todo o incidente.

–Como você está, querida ?

–Já estive pior. –Soltei uma leve risada. –Por quanto tempo querem me manter aqui ?

–Já pedi que a liberassem, implorei, na verdade. Mas acho que só daqui a alguns dias vão te deixar ir. Eu não vou te deixar, eu prometo.

Ele deu um beijo na minha testa, e ficamos em silêncio por algum tempo. Um médico e uma enfermeira entraram e começaram a conversar comigo, mas eu mal lhes dava atenção, já que ele parecia responder aos dois. Por fim, a enfermeira colocou uma dose de algum remédio forte o bastante para me nocautear em questão de segundos. E eu apaguei ali, sonhando com o sorriso encantador daquele homem .

(( . . . ))

–Você se desconcentrou com ele.

–Não é verdade. –Eu resmunguei, devorando um hambúrguer. –Foi só a morfina !

–Eu não entendo os humanos e suas emoções, mas você se desconcentrou por causa dele, e por isso estamos de volta.

–Castiel, eu nem sabia que estava concentrada em usar meus poderes ! Ah não, deve haver um jeito de voltar.

–Não agora, e não há razões para voltarmos.

–Tá bom, tá bom. E agora, o que faremos, huh ? –Eu tomei um pouco do milk-shake. –Vamos caçar alguém para eu arrancar informações ou simplesmente pedir para o Bobby ? –Olhei para o lado e Cas tinha desaparecido. –Merda !-Eu grunhi, chutando o pneu do carro, e me arrependi, por ter batido muito forte. –Puta que pariu, Castiel. –Eu sussurrei, em dor. –Então Bobby será.

Eu só devia aparecer com uma boa desculpa por ter ‘’desaparecido’’ por alguns dias... Ou semanas. Eu ainda não sabia ao certo. Entrei no carro que havia, de acordo com Castiel ‘’ganhado de presente’’ e dirigi pelo resto da noite, até a cidade de Robert. Assim que cheguei, as luzes estavam apagadas. Eu entrei, me joguei no sofá e apaguei, de novo.

(( . . . ))

–Você não sabe atender a um telefonema ? –Balbuciei algo em resposta a voz que me acordou.

–Eu estava ocupada... –Disse, arrastando as palavras uma a outra, esfregando os olhos. Dean.

–Tem ideia de como Bobby e eu ficamos preocupados ? Uma coisinha como você some por duas semanas, sem avisos, sem nada, nem mesmo Castiel sabia aonde você estava.

Coisinha ?

–É... Bem, você é pequena, e... Uh...

–Eu estou bem, Dean ! Olhe para mim !

–Da onde eu vejo, você sangrou bastante, ou fez alguém sangrar. A julgar pelas marcas nos braços, você sangrou. Vamos Brianna, o que aconteceu ?

–Nada que eu não conseguisse lidar. Já acabou. –Me levantei, bocejando. –Bom dia, aliais. Aonde está o Sam ? Quero comer algo que não seja bacon e ovos para café e eu tenho certeza que ele deve ter o que eu preciso. –Dean não me respondeu, ele só ficou ali parado, com uma expressão fria e calma. –Dean ? Dean, não me diga que Sam...

–Ele desistiu.

–Desistiu do que ? Dean...-Eu coloquei minha mão em seu ombro.

–Não importa, Brianna. Mesmo.–Ele olhou para mim, deu um sorriso rápido e se levantou. -Eu ouvi que você precisa comer ? Há um restaurante na cidade que pode servir, e de lá podemos ir caçar uns vampiros em Manhattan.

–Huh ? Ah, qual é, acabei de chegar ! Não pode esperar um pouco ?

–Os vampiros não vão esperar para matarem as pessoas.

–Ok, ok, você venceu.

(( . . . ))

–Ilumine a minha mente.

–Aparentemente, duas pessoas desapareceram em eventos de caridade, nos dois lados de Manhattan, e encontraram os corpos completamente drenados e com furos nos pescoços e braços. Foi tudo que eu consegui pelos jornais.

–Nenhum caçador foi olhar isso ? Há quanto tempo os corpos foram achados ?

–Uma semana, estavam desaparecidos a sete meses.

–Houve alguém que desapareceu e conseguiu um jeito de fugir, ou que presenciou o ataque ?

–É o que vamos ver.

Dean estacionou o carro e eu desci. Estávamos os dois disfarçados de agentes federais, e entramos na delegacia. Fomos direcionados pela secretária até a sala do Capitão Garisson. A delegacia não parecia que iria parar, nunca. Telefones tocando, papéis... Uma delegacia alerta para uma cidade que não dorme.

–Bom dia, Garrison. Sou o agente Howell e está é a agente Kjellberg, minha parceira nesse caso. Duas pessoas de interesse desapareceram a alguns meses atrás e gostaríamos que explicasse toda a história. –Ele me olhou por alguns instantes e deu um meio sorriso antes de falar.

–Bom, era um casal. Keith e Lauren Monson. Ricos. Desapareceram no meio de um evento de caridade as onze da manhã, que eles mesmos lançaram. Numa hora, estavam na festa, e depois, ninguém os viu. Achamos os corpos num parque, do outro lado de Manhattan. Não há nenhum rastro do DNA do assassino, rastros ou nada do tipo.

–Os corpos já foram liberados pelo legista ?

–Sim, os levo até lá.

O policial deu um meio sorriso e nos guiou até o necrotério. Estava mais frio que o normal e o cheiro de carne em decomposição não ajudava em nada. Coloquei uma luva e tirei o corpo do seu armário. Era a mulher, Lauren.

–Garrison, poderia nos dar um minuto ?

Ele piscou algumas vezes, curvou a cabeça, com um sorriso de canto no rosto e se foi. Coloquei a outra luva e começei examinar os corpos. Ambos completamente drenados, pele amarelada, oito buracos e os olhos completamente carbonizados. Dois no pescoço, dois em cada perna e o resto nos braços. Obviamente eram vampiros, não me restava dúvida. Porém...

–Vampiros. –Concordei com a cabeça.

–Como estão suas estacas ?

–Muito bem apontadas, obrigada por perguntar.- Ele soltou uma risadinha. –Vamos garota, vamos pesquisar amis sobre isso longe daqui, os corpos não vão nos dar as respostas.

Jogamos as luvas fora e fizemos nosso caminho para o Impala, movendo-se com dificuldade dentro da delegacia. Garrison estava na saída, parecia que estava nos esperando.

–Agentes. –Ele sorriu rápido.- Poderia ter um minuto com a Agente Kjeelberg ? –Dean o olhou torto, e saiu andando.

–Capitão ? Alguma informação valiosa que nos deixo de passar ?

–Na verdade, Victoria... Eu gostaria para te chamar para tomar café amanhã de manhã, já que é a minha folga, se não se importa.

–Uh... Eu não... Uh, acho que não tem problema ? –Ele soltou uma risada curta.

–Ótimo, pode me dar seu número ? - Eu roboticamente lhe entreguei meu cartão, e ele soltou outra pequena risada. –Te vejo mais tarde, agente.

–Boa tarde, Garrison.

Saí andando de volta para o Impala, um pouco perdida. Todos os anos que eu passei fora da vida normal que todos os outros levam definitivamente me desacostumaram a esse tipo de coisa. A última vez que algo do gênero ocorreu foi a meses atrás. Depois disso, só trabalho, matar monstros, colocar as mãos no sangue de coisas que fazem mal a humanidade. Eu entrei no carro e liguei o rádio. Dean me olhou com desgosto, porém não falou nada. Eu agradeci por aquele silêncio, faria as coisas menos difíceis.

Assim que chegamos, eu mudei de roupa e ajudei Dean com uma pesquisa geral sobre a cidade. Obviamente, haviam vários relatos de assassinatos, roubos, acidentes, mas nada tão anormal como aquilo. O que não me deixava quieta. Tinha de haver alguma coisa, alguma falha, qualquer coisa ! Passei algumas horas procurando mais á fundo, e nada. Tudo dava num beco sem saída. Bufei, irritada, e fechei o computador.

–Tem alguma coisa errada. Vampiros não fritam os olhos de uma pessoa ! Talvez Bobby ou Castiel possam nos ajudar nisso. Pode ligar para eles ?

–Com prazer, enquanto isso, pode nos providenciar um jantar ? Panda Express parece ótimo. –Ele me deu um sorrisinho fraco e me entregou as chaves do Impala. –Tome cuidado com a minha baby,ok ?

–Eu sei dirigir muito bem, baby.

O caçoei e saí, rindo, com as chaves em mãos. Desci até o estacionamento, vazio e escuro. Não que eu me preocupasse, o carro era a minha salvação para que se algo desse errado. Para a minha sorte, nada deu. Peguei algum trânsito até achar o maldito restaurante. Pedi porções grandes de camarão, frango, aquele macarrão deles, e pedaços de costela picantes. Nós passamos alguns dias na estrada sem comer muito, achei que merecíamos esse descanso. Paguei por tudo e dirigi direto para o hotel, pegando um pouco do mesmo trânsito chato de Manhattan. Cheguei intacta, e a comida ainda estava quente. Coloquei a sacola em cima da mesa redonda e abri um sorriso.

–De nada, emburradinho. –Baguncei seu cabelo de leve.

–Emburrado ? Não mesmo.

–Tudo bem, tudo bem. –Me sentei ao seu lado, e comecei a comer. –Achou alguma coisa ? Conseguiu falar com Bobby ?

–Bobby não tem nada. Ele disse que iria fazer algumas ligações, mas... Não acho que vamos conseguir nada por métodos convencionais.

–Castiel pode ser a resposta. Já tentou chamar ele ? –Ele negou com a cabeça, bufando.- Cas ? Castiel ? -Por alguns segundos, eu o chamei, mas nada aconteceu.

–Não adianta Brianna, estamos sozinhos. –Assim que ele acabou de falar, Castiel apareceu na nossa frente.

–Cas ! –Eu abri um sorriso e me levantei para abraça-lo. Ele só ficou parado lá, não me abraçando de volta, e eu ouvi Dean rindo.- É, vamos ter que trabalhar mais nas suas habilidades como humano.

–Eu não entendo. Me chamar aqui para isso ?

–Não, de maneira alguma. Eu e Bri estamos num caso e precisamos de um pouco de ajuda. Se importa de aparecer aqui de manhã para ver os corpos ? Fizemos de tudo, mas não achamos nada e nem ninguém que soubesse como essas pessoas foram mortas.

–Eu tentarei lhes ajudar de qualquer forma.

Ele disse e puf ! Desapareceu no ar.

–Isso não foi estranho...

–Castiel ainda é um pouco enferrujado. Tinha que ver ele a quase dois anos atrás, parecia um robô japonês sem emoções.

Eu soltei uma leve risada, e ele também. Dean aparentava estar menos tenso do que nos últimos dias. Talvez um pouco de conversa fiada, comida e caçar o tenha feito bem, mas lógico que não tinha tirado da minha cabeça a curiosidade e preocupação de saber aonde Sam estava nesse mundo que está praticamente virando de cabeça para baixo. Talvez mais preocupação, só de imaginar o que poderiam fazer com ele... –Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos.

–Algum problema ?

–Não, mesmo. Só pensando sobre o caso.

Menti. Uma briga não me parecia necessária agora. Ele balançou a cabeça e me fez uma careta. Nós terminamos de comer, e eu o ajudei a arrumar o quarto, estava tudo fedendo a molho shoyo.

–Bri ?-Ele estava do meu lado, olhando para a frente, com as mãos apoiadas na bancada. -O que aquele policial queria com você ? –Ele me olhou. E o olhar desconfiado voltou.

–Uh ? Ah, ele queria o meu quartão, para caso encontrasse algo novo sobre o caso. –Falei, quase gaguejando.

–Estranho, achei ter dado o meu quartão á ele antes...

–Talvez ele o tenha perdido ? Não importa. Bom, essa é a minha deixa, eu tenho que toma rum banho e ir dormir. Até mais, Dean.

Dei um leve beijo na sua bochecha e saí. E fiz o que falei que iria, tomei um banho, mudei de roupa, e dormi, não muito bem. Acordei com alguém batendo na minha porta, e saí da cama, de pijama, com o cabelo bagunçado para abrir a porta.

–O que você quer ? –Eu falei, esfregando os olhos.

–Nós temos um caso para resolver. -Dean entrou no quarto, passando por mim. –Castiel deve chegar a qualquer momento.

–Uh, Dean !-Grunhi, e ele quase soltou uma risada. –Não posso ir com vocês agora de manhã. Eu tenho algumas... coisas para resolver na cidade. –Ele me semicerrou os olhos.- Pode ficar sem mim por essa manhã ?

–Vai perder toda a ação, Bri. Tem certeza ?

–Tenho, agora, pode sair ?-Pedi o mais delicadamente possível para alguém que mal dormiu e acordou com cólicas e batidas na porta.

–Wow, ok.-Ele levantou as mãos e andou para fora do quarto.-Ah, e só para constar, pelo pijama.

E ele fechou a porta. Eu não entendi o que ele tinha dito, até me olhar no espelho para escovar os dentes... Eu estava usando uma camisa dele, sem querer. -Bem, a culpa não era minha se ele larga as coisas por ai.- Eu disse a mim mesma. Reclamei mentalmente das dores, engoli alguns comprimidos e mudei de roupa, e me joguei de volta na cama. Não se passaram nem dois minutos e eu recebi uma mensagem.

‘’Me encontra em frente ao Parque ? Ah, esse é meu número, É Klaus.’’


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Notas finais do capítulo

Ai,que saudades de escrever. Gostaram ? O que acharam ? Quero saber tudinho,mesmo



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