Angels Are Among Us escrita por Carol


Capítulo 6
Capítulo 6 - Hello,Uncle Lu.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente~ Voltei.
((Não tenho nada pra dizer,além de agradecer pelos comentários lindos que venho recebendo ultimamente ))
Ah, e para os curiosos, esse aqui é o Peter : http://data1.whicdn.com/images/157082072/large.jpg



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Na manhã seguinte eles nem sequer me acordaram para sair do hotel. Sam deve ter explicado tudo o que aconteceu para Dean e eles simplesmente arrumaram as coisas sozinhos, guardaram as coisas no Imapala e me deixaram em paz, isso explicaria o porquê de eu estar deitada no banco de trás do carro usando as roupas rasgadas que eu tinha na noite anterior. E todas as memórias vieram à minha mente, a luta que tive com os homens de terno, a Deusa, a dor que eu senti... E a minha possível morte-não-morte. Respirei fundo e esfreguei os olhos, e não me levantei para olhar para o banco da frente, dava pra reconhecer os dois pelo cabelo, e Sam estava dirigindo, enquanto Dean estava jogado do outro lado, e ele já tinha voltado ao normal.

–Hey, Sam.-Disse, olhando no retrovisor.- Aonde estamos ?

–Indo para a sua casa. Dean achou que você merece saber o que realmente está acontecendo, e nós também.

–É complicado...

Ele não disse nada, e eu mal me importei. Peguei meu celular, e tinha várias mensagens, ligações e correios de voz, e eram todas de Peter, um amigo meu que morava em Vancouver. Abri as mensagens, e todas pediam que eu fosse até ele o mais rápido possível até ele, dizia que era importante demais para contar pelo telefone, perigoso demais.

Aquilo era estranho. Peter era um caçador muito mais experiente que eu ou Ellie, ele nos ensinou muita coisa, e o que ele poderia querer comigo ? Peter, assim como Bobby conhecia muita gente, ele poderia pedir ajuda a outros. Mas, novamente, Peter era meu amigo. E de Ellie, eu não poderia deixar ele na mão. Me levantei do banco e encostei no ombro de Dean, para acorda-lo.

–O que foi ?

–Não podemos ir para a minha casa, tenho um amigo que precisa de mim em Vancouver.

–Canadá ?-Ele disse com desgosto.- Acha que ele não pode esperar até resolvermos isso ?

–Não pode. Peter não gosta de pedir ajuda, se ele pede, é porque está com problemas. Quero que parem na casa de Bobby para eu pegar as minhas coisas e ir lá sozinha.

– O que, não, não. -Dean protestou.

–Eu não quero atrapalhar vocês, e Peter não gosta de...

–De ?

Peter não gostava de me ver perto de outros caçadores.

–Estranhos, ele é muito chato. -Menti. –Assim que eu terminar por lá eu volto correndo para Bobby. E mantenho contato.

–Por mim, tudo bem. -Sam disse e eu sorri para ele. -Dean ?

–Tá, tá. -Ele respondeu, emburrado.

Eu simplesmente me calei e deitei novamente. Não ia discutir com ninguém sobre nada. Duas semanas juntos não nos fazia os melhores amigos de todos os tempos, e Peter precisava de mim, desesperadamente. Esperei o tempo passar, e logo depois estávamos na casa de Robert. Eu desci do carro e entrei na casa, arrumando as minhas coisas e colocando minhas armas no carro, quando vi a blusa xadrez vermelha jogada no banco de trás do meu carro. Não iria devolver ela, a final, era uma desculpa boba e aceitável para voltar. Me virei para a casa, iria me despedir de Bobby e dos Winchester, e colocar o resto das coisas no meu bebê e cair na estrada. Normalmente eu não iria me despedir, simplesmente entraria no carro e daria um chá de sumiço, mas algo me dizia que eu ficaria um bom tempo sem ver eles, e adoraria ter do que me lembrar.

Subi pela varanda e entrei na cozinha. Eles estavam explicando o caso para Bobby, enquanto ele ouvia cada palavra com atenção, fascinado.

–Ai está ela, a doce garota que salvou a bunda desses dois idiotas. –Bobby me deu um meio sorriso.

–Não fiz nada que eles não fariam por mim, eu acho. -Soltei uma risada sem graça, olhando para Sam, que me olhava de volta com aqueles olhos de cachorrinho perdido, e eu revirei os olhos. – Mas eu vim me despedir, por enquanto. O dever me chama.

–Ou Peter. –Dean disse, parando na minha frente.

–Enfim ! –Sam falou alto e empurrou seu irmão para longe. Eu andei até Robert, que levantou e me abraçou.

–Tome cuidado, garota. E boa sorte. –Ele disse, dando um tapinha nas minhas costas. – Ajudem ela a levar as malas para o carro, que tal ?- Ele pediu e eles pegaram minhas coisas, saindo da casa. – Se precisa de qualquer coisa, sabe que pode me ligar, criança. Até mais.

Eu sorri e o abracei.

–Até mais, Bobby, e obrigada.

Ele balançou a cabeça e eu sai de sua casa, andando em direção ao meu carro. Dean veio andando na minha direção, e parou na minha frente. Ele não parecia nem um pouco contente. Eu achava que era bonitinho ele estar irritado em me ver partir. Eu dei um sorriso para ele e encostei no seu ombro.

–Não é como se você nunca mais fosse me ver, Dean. Nada vai mudar, vai ?

–Porque acho que você está mentindo ?

–Hmn... -Virei a cabeça para o lado.- Vai ver é o que os anjos chamam de destino. -Ele não pareceu gostar da frase. –Eu vou ficar bem. Sei me cuidar, e eu vou ter Peter junto.

–Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, eu quero que me ligue no mesmo instante, ouviu ?

–Pode deixar, Batman. Eu sei me cuidar.

Ele semicerrou os olhos e me abraçou, e nos separou um pouco, para deixar um beijo na minha testa, e me soltou.

–Acho bom mesmo.

Ele disse, e saiu andando. Eu simplesmente assenti e andei até o carro. Sam estava mexendo no porta malas, arrumando as malas. Que gracinha. Eu parei do lado dele e fechei o porta malas.

–Okay, okay, já é o bastante. Você tem T.O.C ou o que ? –Eu dei uma risada curta e ele me olhou sem entender.

–Então,uh, Peter ?

–Um velho amigo. Se ele precisa de ajuda, bem... Eu devo muito a ele, podemos dizer que é isso. Peter me salvou mais vezes do que eu gostaria de admitir.

–Entendo. Uh...

–Eu vou voltar. Não vão se livrar de mim assim tão fácil. -Eu sorri para ele.

–Dean não parece pensar assim. -Ele falou mais baixo e rápido do que eu gostaria.

–Dean é uma boa pessoa... Mas tem que ser menos possessivo. –Falei sem pensar e ele riu.

–É, podemos dizer que sim. Então isso não é um adeus ?

–Não, Sammy. É um ‘’até daqui a pouco’’ ou ‘’te encontro em cinco minutos’’. Eu ainda tenho que descobrir mais sobre você, afinal, como um engomadinho de Stanford conseguiu abri o portão do inferno, e ainda ficar com essa cabelo maravilhoso.

Ele riu e suspirou. Eu sorri.

–Um dia eu te conto o segredo.

–Mal espero para esse dia chegar. -Abri os braços.- Abraço de despedida ?-Fiz um biquinho e dei uma gargalhada, e ele me tirou do chão, me abraçando, e me colocou de volta no chão.

–Até mais, meio metro.

Ele deu um tapinha na minha cabeça antes que eu entrasse no carro.

E eu não olhei para trás. Eu tinha um sorriso no rosto e isso era o bastante para manter minha cabeça ocupada sobre a morte de Ellie. Eu precisava de objetivos, para não ter um ataque emocional e matar qualquer um/coisa que apareça na minha frente, então... Peter. Canadá. Me manteria na ativa e meu foco estaria em monstros, e não em caçar o dono daqueles cães infernais, não em me vingar, em vingar a morte da minha irmã. Sendo irmã de sangue ou não, uma hora ou outra eu ia acabar encontrando o desgraçado. E ele ia desejar nunca ter sido criado.

–Achei que você ia ficar com Sam e Dean. –Castiel apareceu do meu lado, e eu tomei um susto, quase batendo o carro no árvore.

–Cas ! Não me assuste assim...

–Aonde está indo ?

–Um amigo meu, Peter, precisa da minha ajuda. É um caçador, ele vai conseguir me ‘’mascarar’’ sobre o holofote de Zacharias. Não se preocupe.

–Entendo.

– Cas ? Acha que pode me levar pra lá com a sua magia angelical super incrível e super rápida ? Ia me poupar bastante dinheiro de gasolina.

Ele não me respondeu. Quando me dei conta eu já estava em Vancouver, o carro parado em rente à casa de Peter. Eu simplesmente dei de ombros e sai do carro, sentindo uma vontade enorme de voltar para dentro, porque estava frio pra caralho. Corri para a traseira dele, abri uma mala e peguei um casaco e coloquei por cima da minha roupa. Tranquei o carro e bati na porta branca da casa de Peter. Eu ouvi claramente seus passos pesados em direção a porta, e a mesma, se abriu.

Ele continuava o mesmo. A mesma cara de mau, a mesma barba rala, o mesmo penteado bagunçado, e o mesmo olhar de ‘’eu vou te matar e te dou cinco segundos para correr’’. E ainda sim ele continuava incrivelmente bonito, e alto. Sim, ele parecia mais alto. Ou talvez eu tivesse diminuído. Não importava.

–Brianna !-Ele disse, e me puxou para dentro. –Onde está Ellie ? -Eu parei por alguns segundos. Não sabia o que responder. –Bri ?

Respirei fundo.

–Ellie morreu, Peter. Já fazem duas semanas e três dias.

Ele me olhou como se tivesse acabado de levar um tiro ou alguma coisa assim, e me puxou pelo braço, praticamente me esmagando, ao invés de me abraçar. Dei uns tapinhas no braço dele para me soltar, eu já tive muitos abraços pra essa semana, já estava de bom tamanho.

–Pete,Pete.-Ele me soltou.

–Eu sinto muito. Ellie era uma ótima caçadora, e praticamente um anjo.

–Haha,é.-Engoli seco. –Enfim, vamos pular a parte da melação e me diz o que tá acontecendo.

–São demônios, Bri. Os filhos da mãe estão quase fazendo uma convenção de tantos que apareceram por aqui essa semana. Eles estão caçando os caçadores.

–Uau,uh... Isso é estranho. Acha que eles tem um tipo de ‘’ninho’’ ?

–Como vampiros ? Não, já chequei a cidade duas vezes. Eles possuem qualquer um e mantém a rotina. E são ótimos atores, é uma merda caçar eles.

–Seria mais fácil arranjar um carro de som e ir falando um ritual de exorcismo enquanto você dirige.

Ele me olhou franzindo as sobrancelhas, fazendo uma careta.

–Bem, eu acho que você pode me ajudar a caça-los. Não conheço ninguém nesse ramo que consiga identificar os filhas da puta e matar eles como você, Brianna.

–Hah, chame de instinto feminino...-Eu engoli em seco, e ele me olhou semicerrando os olhos. - Que foi ?

–Tem algo que não está em contando ? Sabe que eu sou 100% confiável.

–As últimas duas semanas foram... Intensas. A morte de Ellie me trouxe algumas complicações. E novidades nem um pouco agradáveis.

Ele cruzou os braços e me olhou, sério.

–Vai ficar enrolando ou vai me contar ?

Revirei os olhos, rindo, e suspirei. Pensei em maneiras de conseguir fazer com que ele esquecesse isso, que não tentasse dar uma de psiquiatra para cima de mim, mas novamente, era Peter com quem eu estava falando. Peter, o cara com que eu cresci, desde praticamente as minhas fraldas. Peter era a coisa mais próxima, depois de Ellie, que eu poderia chamar de família, se eu ignorasse a parte que ele foi meu namorado praticamente durante toda a minha adolescência. Porém, isso não atrapalhava nem um pouco hoje em dia. Ainda bem.

Eu olhei para ele, apontando para o sofá, e nos sentamos. Respirei fundo, fazendo com que cada centímetro do meu ser contasse o que estava acontecendo. Soltei o ar e abri os olhos.

–Foram cães infernais. –As palavras pareciam ficar presas na minha garganta, formando um bolo, que me fazia tremer e ficar sem ar. Ela ficou pra trás para me proteger. E me deu um nome. Alguém que poderia me ajudar. Acontece que não era somente uma pessoa, eram quatro. Uma delas não é exatamente uma pessoa... E ele me contou algumas coisas sobre Ellie e sobre mim, que eu preferia não saber.

–Seja mais específica. O que é ‘’ele’’ e o que ele te disse.

–Peter... Não precisa saber disso, mesmo.

–Preciso sim. -Ele insistiu. –Vou te manter aqui nesse sofá até me contar.

–Pete...

–Não me venha com ‘’Pete’’. Vamos, fale.

–Se você se fuder depois por causa do que eu vou falar, não diga que não lhe avisei.

–Não há nada com que eu não possa lidar. Caçador, lembra ?

–É, ok. Enfim... Essa ‘’pessoa’’ é Castiel.

–Woah, woah. Castiel, tipo, o anjo ?

–Isso. Pare de me interromper, droga. -O censurei e continuei. –Peter, sabe sobre as histórias sobre crianças híbridas entre demônios e humanos ?

–Como o Anticristo. Ok.

–Existe uma versão ‘’angelical’’ deles. Claro que muito mais raros. O primeiro desses híbridos, ocorreu quando o anjo Mikael usou uma de suas cascas, que era uma humana. Ela não podia ter filhos, entretanto, depois que Mikael saiu do seu corpo, ela descobriu uma gravidez, impossível. Porque ela era uma virgem. E deu a luz a uma criança, que foi ‘’encarregada ‘’ de proteger as cascas perfeitas de Mikael e Lúcifer quando elas renascerem. Uma Neflim, a primeira. Toda vez que ela renasce, em algum ponto de sua vida, ‘’recebe’’ suas memórias das outras vidas. -Ele ficou me olhando, esperando uma continuação ou explicação.- EU SOU A MALDITA NEFLIM, PETER ! E eu tenho que fugir de anjos, demônios e só Deus sabe mais o que. Castiel não pode me ajudar, nem Bobby, nem ninguém. Acho que vou me enfiar num buraco por uns meses e voltar quando tudo acabar.

–Isso... Eu não tenho palavras, desculpe. -Ele se levantou e me puxou para que me levantasse também. –Mas sabe que pode contar comigo, certo ?- Peter segurou meu rosto com uma mão e senti meu rosto esquentar, automaticamente me afastando e rindo, sem graça.

–Claro, Pete, claro.

(( . . . ))

Não conversamos mais sobre o assunto. Estava relativamente tarde e eu me sentia mais cansada que o normal, e merecia uma noite de sono numa cama confortável, afinal, a vida não havia sido muito legal comigo. Então Peter fez um pouco de comida para mim, e depois de comer e tomar um banho eu dormi, e dormi como uma pedra, feliz como um usuário de LSD. Na manhã seguinte eu e Peter fizemos uma ronda pela cidade, conseguimos um demônio no final do dia. E tinham várias ligações de Sam e Dean no meu telefone. Ligações, e-mails, mensagens, que se acumularam ao longo de seis meses. Peter me manteve bastante ocupada nesse tempo todo. Eu quase não pensava em Ellie ou em nada sobre essa merda de anjos querendo me esfolar viva, ou Castiel, os Winchesters... Era só eu e o Peter, e as várias pessoas que conseguimos salvar. Parecia até que eu tinha 16 anos novamente. Também passei pelo meu primeiro natal sem Ellie. Pelo primeiro aniversário dela em que ela não estava comigo. Tudo era estranho, parecia ter sido apagado, como se ela nunca tivesse existido. E simplesmente não me sentia nem um pouco inclinada a voltar para os Estados Unidos.

Porém, obviamente, eu seria obrigada a voltar.

(( . . . ))

–Merda, Peter.

Falei baixo para mim mesma. Peter simplesmente tinha desaparecido numa caçada, e eu estava desesperada. Não gostava de me separar dele, especialmente se tinham três demônios na nossa cola. Ouvi alguns gritos e tiros vindo de algum lugar no segundo andar da casa, não muito longe de mim. Subi as escadas correndo e vi três corpos no chão, Peter com a arma em mãos, respirando com dificuldade. Eu corri até ele e o abracei na mesma hora.

–Seu babaca, eu fiquei preocupada !-

Dei um tapa em seu braço, e ele se afastou de mim, com um sorriso macabro no rosto.

–Devia ter chego mais cedo, doçura. -Os olhos dele ficaram pretos. Um daqueles filhos da puta tinha possuído ele. Eu senti a adrenalina correr pelo meu corpo, e eu apontei minha arma para ele. –Não vamos nos precipitar, não é ? Sabe, este corpo é ótimo. E a mente dele, é só sobre você. E olha, tenho que dizer, você enlouquece esse aqui. Então, vamos fazer um acordo, que tal ? Você por ele. O chefe quer te ver.

–Eu mataria a mim e a Peter antes.

–Olhe, vadia. -Ele fez um gesto com a mão e eu voei longe, batendo as costas numa parede, quebrando um espelho junto. Ele veio até mim e me tirou do chão, me segurando pelo pescoço. –Eu não posso te matar, mas pode ter certeza que o seu amiguinho não tem o mesmo seguro que você. Então você vem comigo numa boa antes que mais sangue seja espalhado, hmn ?

–Hmn, acho que não. -Disse, com esforço, e ele deu um tapa na minha cara. Um tapa de me fazer sangrar. Eu senti as lágrimas invadindo meus olhos, e o ar mal chegando aos meus pulmões. Eu iria desmaiar em alguns segundos, tinha certeza.

–Ei, desgraçado !

Uma voz disse e ele me largou, me fazendo bater com a cabeça no chão, e eu finalmente estava perdendo a consciência. Ouvi barulhos abafados de uma luta, e o forte cheiro do meu próprio sangue invadir meu sistema. Senti alguém me tirar do chão, mas não fui forte o bastante para ver quem ou para onde estavam me levando, eu simplesmente apaguei.

(( . . . ))

Acordei no quarto de Peter. As paredes com cor de baunilha pareciam se mexer, e minha cabeça, parecia estar rodando, separada do meu corpo. Me sentei na cama, ainda tonta, me sentia como se fosse cair no chão, de tão mal que eu estava. As cortinas estava fechadas, as luzes apagadas, e eu me sentia engolida pela escuridão do cômodo.

Haviam duas opções. A primeira, o demônio que estava dentro de Peter me trancou aqui, depois de ter matado sabe se lá quem apareceu naquela casa ontem a noite, para ter certeza de que eu não fugiria ou exorcizasse ele. A segunda opção, e a menos provável, as pessoas que entraram lá conseguiram me salvar e livrar Peter do demônio, me trouxeram de volta para a casa dele, e eu estava fora do radar angelical, por enquanto.

Não coloquei esperança nenhuma na segunda opção, e me arrastei para fora da cama. Vi que meu celular ainda estava no bolso e liguei minha lanterna. Procurei em algumas gavetas, uma arma, e só achei um rifle de assalto, dentro do armário. Antes isso do que nada. Abri a porta fazendo o mínimo de barulho possível e chequei os outros quartos do segundo andar num piscar de olhos. Não havia ninguém lá. Desci as escadas, com o máximo de cuidado possível. Assim que coloquei meus pés no chão, eu ouvi um barulho atrás de mim, vindo do corredor, e automaticamente dei uma rasteira em alguém. O barulho do baque foi imenso, e eu corri para ligar a luz do corredor, quando me deparei quando aquela coisa gigante no chão.

–Sam ?!-Eu praticamente gritei, e me abaixei do lado dele, o ajudando a levantar. –Ai meu Deus, me desculpe !-Eu coloquei uma mão em seu rosto, e ele se apoiou na parede, rindo.

–Pelo menos você não deixa sua guarda baixar... –Ele soltou um gemido de dor.

–Woah,woah. Espera um minuto. Sam ? O que você está fazendo aqui ?

Eu ouvi passos apressados pela casa e duas risadas singulares vindo do final do corredor. Eram de Peter e Dean.

–Ele ficou preocupado com você, Bri.

Balancei a cabeça e levei Sam até o sofá, e ele se sentou, enquanto eu corri na cozinha para pegar uma bolsa de água congelada, e a entreguei.

–Então, vão me explicar o que aconteceu ontem ?

–Que tal você explicar antes porque não respondeu a nenhuma mensagem, ligação minha, do Sam ou até mesmo do Bobby por seis meses ?

–Eu estava evitando problemas, a conselho de Castiel.

–Cas, sério ? Quem está te procurando, Brianna ?

–Eu...Eu não sei. Cas não quis me dizer. –Menti. E vi que Peter sabia que eu estava mentindo, mas ele não disse nada, graças a Deus... Eu acho. -Mas me digam, ontem ?

–Exorcizamos seu amigo aqui, e tudo acabou. Fácil.

–Ok. Mas podem me explicar o porquê de vocês estarem aqui ?

–Pergunte a Sam. Ele te conta o tamanho da merda que fez.

Dean disse, e saiu do cômodo, dando passos pesados e barulhentos. Ele e Sam estavam estranhos. Seus sorrisos e olhos brilhantes foram substituídos por olhos amedrontados, rápidos e expressões amargas. Talvez eles brigaram, julgando pelo modo curto e grosso de como Dean me tratou. Me virei para Peter, ia pedir para que ele me deixasse lidar com Sam sozinha, e ele pareceu entender sem que eu abrisse minha boca, balançando a cabeça, nos deixando sozinhos.

–Sam ?-Ele me olhou. Parecia se sentir culpado, e inconsolável. Ele estava realmente mal. –Você e Dean estão me assustando. –Disse do modo mais calmo e doce que pude. –Vamos, me conte o que aconteceu. Desde o começo.

–Eu vou. Vou lhe contar como tudo começou. A minha vida. Isso pode levar algum tempo.

–Vá com tudo. -Eu disse, me sentando. - Não me assusto fácil. –Ele me olhou como se claramente duvidasse daquilo. Eu também.

–Começamos a caçar por causa da nossa mãe, Mary Campbell. –Ele parou. Dizer aquilo parecia doloroso para ele. –Ela foi morta por um demônio de olhos amarelos, no... Teto. Pegando fogo. Eu era apenas um bebê; E desde então, meu pai, John, tenta caçá-lo. Ele, bem, morreu tentando. Pegamos o filho da mãe a pouco mais de um ano e meio, e é culpa dele que o portão do inferno se abriu. Veja, ele tinha um plano. Fazer com que um humano com sangue de demônio governar o Inferno, de alguma forma. Ele fez com que vários recém nascidos bebessem do seu sangue, anos atrás. E eu era um deles.

Não fiquei extremamente chocada como ele pareceu assumir que ficaria. Depois de toda a bagunça de Ellie, Castiel; Eu ser supostamente, uma Neflim, eu poderia até acreditar que o Coelhinho da Páscoa fodeu o Papai Noel e saiu o Jack Frost e o Sandman. Nada mais fazia sentindo, de qualquer forma. Era tudo mais confuso e surreal do que eu imaginava.

–Quando o portão se abriu, muita coisa saiu de lá. Coisa como os sete pecados capitais, legiões inteiras de demônios, e até mesmo o primeiro deles. Lilith. –Ele parou novamente, perdido num devaneio. No meio de tudo isso, Dean tinha vendido sua alma, por mim. Ele passou algum tempo no Inferno, e sem ele, eu só tinha a Ruby. Um demônio.

–Belo nome de prostituta que esse demônio tinha, em. -Falei baixo, para mim mesma. Se eu tivesse a oportunidade de conhece-la, provavelmente a mataria. Não somente pelo fato de ela ser um demônio.

–Castiel trouxe Dean de volta, e muita coisa ruim aconteceu, até você aparecer na porta de Bobby. -Ele me olhou. –E depois sumir por seis meses, após um caso.

–Isso é ... Muita, muita coisa para processar. Me de uns minutos.

Fiquei olhando para o chão por minutos que eu não tive como contar, em silêncio. Não estava tão... Surpreendida até ouvir que Lilith andava sob a terra. Achava que ela era um mito, algo que nunca havia existido. Levantei meu olhar para ele, sem a intenção de dizer nada, só... Fiquei ali, o encarando. Pensei em mil coisas incrivelmente uteis e adoráveis para se dizer, porém nada mais me importava no momento do que saber o porquê do comportamento completamente bizarro dos Winchester.

–Pode continuar. -Ele balançou a cabeça com um sim.

–Lilith queria quebrar os 66 selos para abrir a caixa de Lúcifer. Eu e Dean tentamos caça-la, para que ela falhasse em lançar a porra do Armagedom. Após 65 selos, conseguimos. -Ele mordeu o lábio, e ficou me encarando.

–Isso é... Bom, não é ? Quer dizer, salvaram o mundo, certo ?-Ele não me respondeu, só olhou para baixo.-Sammy ?- O chamei pelo seu apelido e ele se voltou para mim.

–Lilith era o último selo. Abrimos a caixa a alguns dias atrás.

Era minha vez de não responder. Muito fazia sentindo para mim, agora. Porém ainda precisava de Castiel. As memórias, os poderes e as consequências viriam a calhar, pois eu seria no mínimo útil. Do jeito que eu via, seria só mais uma pedra no caminho dos dois.

–Sam ? Eu sinto muito por dizer isso, mesmo. Mas você foi um idiota. Confiar num demônio ?!-Ele não respondeu. Achei melhor assim.- Agora precisam acabar com isso. Talvez Castiel possa ajudar, quem sabe.

–Não vemos Cass a dias, achamos que ele estava com você. Ele não responde as nossas preces, nem nada. Dean achou que ele não respondeu porque estava ocupado te protegendo.

–Isso não é nada bom... Pensaram que eu precisava de ajuda.

–E precisava mesmo.

–Cala a boca, eu tinha controle sobre a situação.

–É claro, como quiser. -Revirei os olhos.- Precisamos achar Cass. Se quiser...

–Quer que eu vá junto, com o anão vermelho* ali ?

–Ainda me deve minha blusa. -Ele lembrou.

–E você uma sei-lá-o-que que você faz no seu cabelo, Tarzan.- Ele deu um riso fraco e eu me levantei.

–Então... ?

–Castiel é um péssimo responsável. Vou avisar a Peter que vamos partir.

Sam me deu um sorriso fraco, e eu sai da sala, procurando por Peter e Dean. Os encontrei bebendo Whisky direto da garrafa, ambos em silêncio, no escritório do segundo andar. Abri as enormes portas de vidro e madeira. Dean fingiu que não havia me visto, e Peter não disse nada.

–Pete ? Cinco minutos ?

Ele andou até mim e parou.

–Se cuide, Supergirl.

Peter saiu e fechou as portas. Ele já sabia que eu estava indo embora, e não fazia disso o fim do mundo. E ele nem precisava, afinal, o Apocalipse acabou de sair quentinho do fogão, pronto para acabar com todo o mundo.

–Dean... Eu sei o que Sam fez foi errado. Eu entendo que esteja bravo, mas ele é seu irmão !

–Não, não entende ! –Ele gritou e jogou a garrafa contra a parede, que se quebrou em milhares de pedaços, e o forte cheiro da bebida impregnou a sala. –Ele preferiu confiar num demônio ao seu próprio irmão, e olhe o que aconteceu ?

–Pessoas cometem erros, Dean. Grandes ou pequenos, mas não há nada tão ruim que não possa ser perdoado.

–Brianna. -Ele disse calmamente, abaixando seu tom de voz, andando até mim. E eu dei passos para trás, até bater as costas numa parede, e ele parou perto o suficiente de mim. –Esse erro começou a porra do Apocalipse ! Seis meses sem nos ver, e ele é seu favorito, eu sou o vilão ?

–Eu nunca disse isso ! Se resolvam, como os adultos que vocês são. Gostando ou não, Lúcifer está a solta e não vai parar até que todos os humanos estejam mortos. Então botem essas briguinhas ridículas de lado e façam o que fazem de melhor. Caçar.

O empurrei com força, e sai dali batendo os pés com força no chão, para o meu quarto. Peter estava lá, sentado na cama. Eu abri minha mala e comecei a jogar as minhas tralhas lá dentro.

–Esses dois ainda vão te trazer muitos problemas. Tem certeza disso ?

–Não. -Respondi. -Mas manter eles vivos e atrapalhar o equilíbrio da natureza é o meu trabalho, eu já te expliquei. Eu os protejo e vice-versa. Castiel sumiu, e todos nós precisamos dele, agora. Tenho que ir.

–Se um daqueles dois a fizer, no mínimo, se sentir para baixo, prometo que eu vou arrastá-los pessoalmente para o Inferno.

–Você fala como se fosse rolar algo entre mim e algum deles. -Bufei.

–Não me venha com essa coisas de Feminazi que não gosta de homem, Brianna. -Eu ri alto.- A sua mente lhe pregará peças, e seu coração vai pagar o preço. Fique esperta.

–Claro, claro. -Eu já tinha terminado.- Vou te manter informado.

–Sei que vai.

Ele parou na minha frente, e me abraçou, beijando meu cabelo, e depois de alguns segundos, me deixou sozinha. Coloquei tudo em ordem, e larguei a mala perto da escada, indo para a garagem. Ia deixar o meu amado Cadillac com Peter, até porque o carro dele firou uma latinha de sardinha, depois que eu sofri um acidente na estrada, no qual eu saí milagrosamente ilesa. Peguei as poucas coisas que me faltavam e as enfiei de qualquer jeito na mala. Me direcionei para a sala, e vi que Sam estava no exato lugar em que eu o havia deixado.

–Seu irmão ? -Perguntei.

–No carro. Desceu as escadas bufando, e quase quebrou a porta ao sair.

–Ok... Eu estou pronta. Já falei com Peter. Vamos ?

Ele se levantou e saímos da casa. Guardei minha mala e sentei no banco traseiro do carro, Não pretendia conversar com nenhum dos dois, a fim de evitar discussões desnecessárias, coisa que eu dispensava. Então, me pus a ler alguns livros enquanto ouvia a algumas músicas no telefone. Passamos vários dias presos no carro, parando algumas poucas vezes para abastecer ou para comer. Ninguém se dirigia a ninguém, nem mesmo se olhavam. E eu estava perdendo minha paciência, por não ter ideia para onde estávamos indo. Bobby era meu melhor chute, mas ele provavelmente sabe até menos do que nós.

–Aonde vamos ?

–Chucky, um amigo nosso. Ele pode nos ajudar. –Dean me respondeu,seco.

–E como ?

–Ele e um profeto do Senhor. Chucky prevê o futuro, talvez possa nos dizer aonde encontrar Castiel.

–Entendo.

Me encostei novamente no banco, olhando para a janela. Estava escurecendo, e eu me sentia sonolenta. Desde que Ellie ‘’aconteceu’’, eu me sentia mais cansada que o normal. Eu era sempre quem passava as noites em claro, seja dirigindo ou pesquisando sobre algum caso. Não lutei muito contra minhas pálpebras pesadas. Se precisassem de mim, me acordariam.

Pouco depois de fechar os olhos, ouvi algo que parecia ser uma discussão, mas não me importei, porque estava caindo direto para o meu sétimo nível de sono, e mal pude decifrar o que eles diziam.


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Notas finais do capítulo

Só para vocês se situarem,é no próximo capítulo que a quinta temporada de Supernatural se situa. E assim vai continuar.
Até o próximo capítulo, e não se esqueçam de comentar



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