Angels Are Among Us escrita por Carol


Capítulo 12
Capítulo 12 - Miss Okashield was never me.


Notas iniciais do capítulo

AI MEU DEUS GENTE
Eu sempre começo pedindo desculpas,não é ?
Me perdoem. Eu to a menos de um mês pro ENEM e pra EEAR e to ficando louca com tanto conteúdo que tem ai pra eu terminar. Maaaaas...
Eu prometi a mim mesma que voltaria.
E cá estou eu.
Prontas ?



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Ela começou a dirigir ,em silêncio. Eu estava sonolenta, e com uma enxaqueca consideravelmente irritante,mas fiquei quieta também. Ela parecia perturbada; talvez comigo. O quão assustador deve ser ver alguém recuperar pedaços da própria alma,que estava guardada,completamente fragmentada e não ouvir essa pessoa reclamar ?

Estava certa de que era isso. Talvez os sintomas fossem tardios e radicais, para o meu pesar. Tudo ainda continuava muito confuso para mim, mesmo tendo visto todos aqueles flashes de memórias. Eu teria muitas noites mal dormidas por vir ainda.

—Pare com isso. - Ela falou. -Vai acabar chamando muita atenção.

—O que...?

—Seus olhos,Brianna. Feche seus olhos e respire fundo,conte até dez e os abra novamente. Os Winchester não precisam saber mais sobre o que eles não compreendem.

 

Eu respirei fundo e fechei os meus olhos por algum tempo, e os flahes voltaram. Eu me vi num beco escuro, coberta de sangue no rosto e nas roupas. Haviam corpos enfileirados perto de mim, todos com os pescoços cortados. Soltei um grito,abrindo os olhos, e a assustando.

—BRIANNA ! -Ela gritou,desviando de outro carro que passava ao nosso lado. -O que aconteceu ? O que você viu ?

—Eu... Eu matei todas aquelas pessoas.-Falei para mim mesma, olhando para o horizonte.

—Merda,merda. De novo não.-Ela xingou,parando o carro. Saiu e deu a volta para chegar até o meu lado. -Ele vai nos achar.

 

 

Os flashes continuavam.

 

E tinha alguém do meu lado. Um homem loiro,de olhos castanhos e um sorriso caloroso, também sujo de sangue. Ele se aproximou, segurando a minha cintura e me beijando. Até agora,eu podia sentir o gosto do sangue na minha boca.

Eu caí de joelhos,e Ellie estava me segurando pelos ombros.

—Você precisa desligar !-Ela estava desesperada.

—Eu não sei como !-Gritei.

—Se concentre. Peter precisa de você. Não pode deixar ele lá.

 Eu fiquei concordando com cabeça enquanto ela falava. Respirava fundo de olhos fechados. Os flashes foram diminuindo gradualmente e eu percebi que estava chovendo. E nevando. Ao mesmo tempo. Sabia que era minha culpa. Quando abri os olhos, a chuva parou. Estavam as duas ensopadas, com a maquiagem borrada,ajoelhadas na lama misturada com neve e folhas.

—Eu vou precisar de muita terapia durante esse processo de lembrar das merdas fodidas que eu fiz nas minhas vidas passadas.

—Não era exatamente você...

—Mas era. Não me deixa voltar a fazer nada daquilo por favor.-Ela me ajudou a levantar.

 -Vamos te dar um banho, te esconder deles.

—Precisamos de uma desculpa.

—Não precisa. Não vai adiantar. Eu estou uma bagunça, e eu não consigo olhar pro Sam e mentir na cara dele. -Entrei no carro.

 -Brianna,não !

—Dean é a casca de Michael ! -Gritei. -Isso faz de Sam...

—Lúcifer.

—Eles já estão metidos nisso. Se eu pelo menos puder poupar Sam...

—Está pensando em dizer "sim" ?!

—Eu só quero ajudar. Parar o Apocalipse.

—Só espere até tirarmos Peter daquele prédio. -Ela segurou a minha mão,me olhando nos olhos. -E então você se decide. Não podemos arriscar isso.

Eu concordei com ela, mesmo não querendo. Não era assim tão rebelde sem causa. Peter não tinha que sofrer as consequências dos meus atos- E nem ninguém.

 

Me concentrar em manter as memórias longe era estranho. Até então o que me mantinha nos trilhos enquanto Ellie dirigia era lembrar de Peter. De como ele estaria se sentindo preso. Sozinho. Torturado. Explodindo de raiva. Se eu o conhecia tão bem o quanto pensava,estava guardando essa raiva para depois,para um momento mais oportuno. Ele era mais sábio do que eu,que mal sabia controlar emoção nenhuma,reação nenhuma, como uma criança mimada e matura que foi jogada no mundo cedo de mais.

 

 

 

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Assim que nós chegamos e as duas terem limpado toda a lama,sangue e lágrimas soltas hoje,resolvi arrumar as minhas armas e facas que usaria na manhã seguinte. Ellie fazia o mesmo. Não havíamos trocado uma palavra sequer desde que chegamos,escondidas dos irmãos para o bem deles. Eu dormi durante o resto da noite,com olhos pesados e corpo cansado, sonhei com muitas coisas.

Michael. Deus. Sam. Lúcifer. Castiel. Mamãe. Um casamento,um funeral. Tudo muito misturado e confuso. Apesar de serem borrões eu sabia quem era quem. E sabia que tinha um motivo para sonhar com tudo aquilo. Talvez Deus estivesse me mandando uma mensagem.

 

 

 

 

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 Acordei na manhã seguinte, caindo de costas no chão. Me levantei,sem força. Até parece que depois daquela palhaçada toda eu estaria forte e sólida, mas na verdade eu nunca estive tão fraca e tão quebrada;talvez em todas as minhas vidas. Eu olhei em volta e não achei a minha irmã. Na verdade, eu já havia percebido o plano dela. A porta estava coberta de glifos. Eu tentei,inutilmente, tocar a maçaneta com a ponta dos dedos, que queimaram assim que a toquei. Grunhi,esfregando os dedos na minha mão.

Procurei pelo meu telefone, mas não o encontrei em lugar algum, e o telefone do hotel não funcionava.

—Porra, Ellie !-Gritei, me sentando no chão. -Vocês vão acabar se matando sem mim !

 Gritei novamente, para o nada,esperando uma resposta. E eu recebi uma saída. Não havia uma proteção sequer na janela.

 Me aprontei o mais rápido possível, minhas roupas ainda estavam separadas na cadeira em frente a minha cama. Uma calça fina de couro preto,botas,uma blusa fina branca e a jaqueta de couro.

 -Eu vou me arrepender disso.

Eu disse, e corri em direção a janela, que se quebrou com a força que exerci sobre a mesma, protegi somente o meu rosto durante o processo. Rolei sobre o asfalto gelado, logo me levantando.

 Ellie tinha levado o meu carro, não que isso fosse me impedir. Andei rapidamente pelo estacionamento, e vi uma moto.

 Okay,não era simplesmente uma moto,era A moto. Com seu dono gordo e careca em cima dela. Ele me olhou com um sorriso malicioso. E eu usei isso ao meu favor.

 -Quer uma carona, gostosa ?

—Hoje não.-Sorri amargamente.

 

O homem fechou a cara e desceu da moto. Eu o empurrei, e o chutei entre as pernas,para que caísse de joelhos. Me sentei na moto e dei a partida, pedindo desculpas enquanto ele me xingava em alto e bom som. Parei um pouco antes do prédio, bem aonde o Impala e o Cadillac estavam estacionados. Consegui abrir a mala do meu carro com a chave extra que mantínhamos em baixo da mala, presa com muita fita isolante. Minhas coisas estavam lá. Peguei minhas pistolas, uma pequena faca negra, guardada na bota, e outra maior, no bolso interior da jaqueta,um pote redondo cheio de sal com água benta no outro.

 

Do lado de fora aviam dois deles,guardando a porta da frente. Sem piedade, eu dei um tiro bem no meio da cabeça de um deles, e o demônio não escapou do corpo. A bala tinha o mesmo efeito que a faca de Sam. Eu sorri de leve para o outro,que se jogou aos meus pés.

 

—Eu te levo até eles ! Me poupe !

—Que tipo de demônio doentio é você ?

—O que não queria nada disso. Por favor.

—Sem passes livres hoje,caubói.

Dei um tiro nele também. Todos eles haviam sido capturados ou entraram ali de forma sutil. Mas eu não tinha a paciência para ser sutil. Entrei no prédio,que estava completamente apagado e silencioso. Segui pelo corredor principal sem fazer barulho algum, até achar um corredor cheio de jaulas. E em uma delas estava Peter. Ele estava um caco. Abatido,roxo,sujo de sangue seco e sujeira. Descabelado e descontente. Me aproximei dele.

—Pete !-Sussurrei e ele tomou um susto,se encolhendo.

—Como conseguiu entrar aqui ? Isso é... Sangue na sua bochecha ?

—Não se preocupe. Não é meu.-Falei,indiferente.-Precisamos te tirar dai,querido.

—A chave fica no andar de cima, com o manda chuvas. Tome cuidado,Brianna.

—Eu sempre tenho.

Tirei do bolso o sal e a arma. Fiz um círculo em volta da jaula,por precaução e dei a arma em suas mãos. Ele me deu um sorriso fraco e eu subi para o próximo andar. Tinham quatro demônios, dois rondando o corredor,um vindo em minha direção e o outro sentado,tomando uma bebida verde e viscosa. Assim que um deles estava ao meu alcance, o segurei e tapei sua boca, sussurrando as palavras do exorcismo em seu ouvido, e coloquei o corpo num canto.

—O que foi isso ? Layne ?-Uma mulher perguntou.

—Cheque o merdinha. Pft. Novatos.

Um homem a comandou. Eu a ouvi dando passos rápidos até mim. A joguei contra a parede e a exorcizei,sussurrando. Um deles me puxou e me jogou no chão. Taquei sal em seu rosto e ele caiu escada a baixo,quebrando o pescoço do humano que habitava. Pobre coitado. Eu me estava me levantando quando voei para o outro lado da parede,ficando presa ali.

—Nos toma mesmo por estupidos, não é mesmo, Senhorita Oakshield ? Oh, é verdade. Seu nome agora é Brianna.

—Aonde estão eles ?!-Grunhi.

—Quem ? O anjo, o humano ou os irmãos quais você é atraída? -Eu não o respondi,e ele riu.

—Vai se foder. -Ele fez um biquinho.

— Você ao menos lembra quem sou eu ? Soube que a bruxa mexeu com os seus miolos e fez uma omelete.

O choque de olhar nos seus olhos fez com que as memórias sangrentas voltassem. Os corpos,o sangue...

Fechei meus olhos,tentando manda-las embora. Não agora. Não,não...

—Ah,sim. -Ele me soltou e me segurava pelo pescoço, com o rosto perto demais do meu. -Você se lembra de mim. E tenho certeza que conheceu a minha sombra.

—O que você quer ?-Eu gritei,e ouvi tiros no andar de baixo.

—Nada,por ora. Eu já tenho o que eu vim buscar.

Ele bateu a minha cabeça contra a parede e eu voei novamente pelo corredor,indo do teto ao chão. Estava meio tonta,e tinha muito sangue na minha boca. Cuspi tudo para fora e me levantei. Ele tinha desaparecido, e Peter estava em pé perto da escada.

—Você me deu a .50, eu estourei o cadeado. -Ele falou,se defendendo.

—E chamou muita atenção. Vamos.

Peter me guiou pelos corredores até chegarmos a uma sala aonde estavam os três,amarrados e amordaçados. E envolta deles,quinze demônios irritados. Taquei o resto do sal neles e dei a faca preta da mão de Sam, e Peter deu a outra a Ellie. Eles se soltaram enquanto eu usava o resto das balas nos demônios. Quatro já estavam no chão. Chutei um deles para longe e recarreguei a arma,que foi chutada para longe. Dean começou um exorcismo em voz alta, enquanto segurávamos o resto deles,que depois de longos quinze segundos caíram ,direto para o inferno.

—Vocês ficaram malucos ? Me prender e irem sozinhos ? Ellie ! Como pode ?

—Isso não foi ideia minha ! -Ela se defendeu.

—Foi eu. E como você saiu de lá ? -Sam falou,me olhando de cima.

—Isso importa ?

—Na verdade,sim.-Ela me fuzilou com os olhos.

—Okay. Eu quebrei uma janela e roubei um gordo. -Dean segurou uma risada,virando de costas.

—Você poderia ter morrido !-Sam brigou comigo.

—E vocês tinham tudo sobre controle,né ? Eu salvei a pele de todo mundo aqui !

Eu estava irritada. Não entendia como Sam e Ellie tinham ficado tão bravos comigo. Ellie estava preocupada em como eu burlei os sigilos,mas ele estava furioso. Dean deu uns passos a frente e deu um tapinha nas costas do irmão.

—Hey,se não você a nossa loirinha aqui estaríamos todos mortos. Ou pior.

—Dean tem razão. -Peter falou. -Ela foi a primeira pessoa que eu vi em três semanas. Brianna me salvou,de verdade.

—Isso não muda ela ter se arriscado. -Sam chegou mais perto de Peter.-Nos já passamos por coisa pior.-Ele falou,olhando para Dean.- Se ela tivesse morrido nada disso teria valido à pena,e se você não entende isso...

—Ei,ei ! Vamos acabar com isso,certo ? -Me enfiei no meio deles, de frente para Sam. - Acabou. Eu estou bem. Todos estamos. Vamos voltar para casa.

Ele não me respondeu, só saiu dando passos pesados, com Dean correndo atrás dele, e Ellie me abraçou.

—Sua doida. Algo muito ruim podia ter mesmo acontecido.

—E aconteceu,Elizabeth. Eu vi ele. Foi tudo uma armação.

Ela não me respondeu. Peter não falou nada,e nem eu. Concordamos mentalmente em sair dali e não olhar para trás. Os meninos foram até a nossa casa, para deixar Peter e Ellie, e eu fui com eles até Bobby. Precisava vê-lo, e conversar com os três. Colocar todas as verdades na mesa. Mas antes, precisava que Sam esfriasse a cabeça.

Eu não tive nem a chance de falar com ele,que saiu numa caçada assim que eu peguei no sono. Ellie estava fazendo o possível para se desculpar com Peter, e eu para me manter sã. As visões pararam, mas os sonhos ainda eram os mesmos.

—O que há com você, garota ? -Ele trouxe a cadeira de rodas até mim.

—Pesadelos obscuros e sangrentos.

—E ? O que acontece ?

Eu o fitei por alguns segundos. Ele parecia realmente se preocupar com o que se passava nessa linda cabecinha dourada. Eu comecei a falar, sem pensar duas vezes:

—Robert,eu tenho que te contar uma coisa muito importante. -Falei,séria, apoiada com os braços nas pernas, com as mãos entrelaçadas.

—Ah,merda. -Ele apertou o braço da cadeira de rodas.-Você não está grávida do Sam,está ?

Eu quis gritar e rir ao mesmo tempo em que meu rosto queimava.

—Longe disso. -Disse,nervosamente.- Não mesmo.

—Então , o que é ? -Ele me perguntou,arqueando uma sobrancelha.

—Bobby... Você provavelmente sabe o que são Nephelins,não é ?-Perguntei,levantando as sobrancelhas.

—Eu já sei,menina.-Ele falou,casualmente. Minha boca caiu aberta. -Acha que eu não percebi o que você fez no dia em que Ellie estava possuída? Pelo Amor de Deus.

Minha boca ficou aberta por mais alguns segundos,os olhos arregalados. Ele tinha me pego.

—Então você sabe da profecia ? -O indaguei,inocentemente.

—Que ?-Ele franziu a testa.- Do que diabos você tá falando ?

—Eu sou a primeira.-Ele me olhou,incrédulo.-Filha de Michael. A casca extra dele e de Lúcifer.

—Eu acho que a gente não acha isso nos livros de história.-Ele riu,sarcasticamente. -Mas você é uma pessoa forte.

—Eu deveria ser algum tipo de salvadora,impedir que Sam e Dean...

—Nós vamos acabar com isso,filha. -Ele me deu um tapinha nas costas.-Não se preocupe.

—Então você não acha estranho eu ter,pelo menos três mil anos de idade nem nada ?

—Não quero nem saber.

Ele saiu de perto,e eu comecei a rir. Bobby foi o que menos se surpreendeu com o meu grande segredo idiota. Eu tinha medo de contar isso para Sam. Ele ficaria preocupado e superprotetor e acharia uma maneira de me esconder no seu bolso. Não que fosse difícil. Acho que até mesmo Dean não se impressionaria muito, com tudo o que vem acontecido,até porque ele mesmo é a casca de Michael.

Eu voltei para casa, e peguei um caso com Peter. Ellie estava procurando uma maneira de achar Castiel e me manter longe do demônio que eu havia encontrado. Eu já havia passado algumas mensagens para Sam, dizendo que precisava vê-lo. Eu não tive resposta alguma.

—Doutoura Romanov ?

—Hã,o que ?

—O que acha que aconteceu com a vítima ?

A mulher estava desfigurada, com o coração faltando. Lobisomens idiotas.

—Talvez algum animal ou um assassinato bem detalhista,não tenho certeza ainda. Se descobrir algo novo me avise,por favor.

Dei meu cartão para ela e saí do necrotério. Peter estava me esperando lá fora. Ele estava fingindo ser um agente e eu uma doutora transferida. Ele tinha dois cafés e uma sacola provavelmente com rolls de canela dentro.

—Espero que não sejam donuts pro seu propósito bem. -Disse,apontando para a sacola.

—Alerta de mal humor. O que anda acontecendo com você ?-Ele sorriu para mim. Tinha feito a barba para o caso, e eu o estava estranhando um pouco.

—Sei lá. Acho que o fim do mundo, eu ser uma arma letal criada por Michael para acabar com o Apocalipse e Lúcifer que é meu tio, todo mudo que eu amo acaba morrendo e Sam anda ocupado com Dean,que nem mesmo ele me responde e isso me deixa preocupada. E eu sinto falta da sua barba.

Ele riu.

—Tem dois dias. Eles estão tão ocupados quanto nós dois. Foque no caso. E a minha barba precisou ser sacrificada para um bem maior.

E nos focamos. Era apenas um lobisomem sozinho, uma criança nova demais para entender o que estava acontecendo com ela. Acabou tirando a própria vida com a minha pistola, e eu me senti nervosa. Acho que entendia seu desespero. Ser um monstro. Peter ficou algum tempo me dizendo que não era assim enquanto dirigia de volta para casa.

—Está tensa demais. Nem parece você.

—Como você ficaria ?

—Não ficaria.-Ele olhou para mim por um segundo e voltou os olhos para a estrada. -Não seria tão egotista de achar que quem precisa ser salva é você. Ou ele vai entender, devido ao próprio histórico... Ou ele simplesmente não te merece.

—Mais fácil falar do que fazer. -Peguei a sacola da mão dele.-Vamos,"Wade Wilson".

Nós rimos e ele fez uma pose,balançando um cabelo que ele não tinha com a mão.

—Como se Romanoff fosse muito normal.

—Ainda não acredito como essas coisas passam despercebidas.

—Somos todos tão egoístas e cegos que nem paramos para olhar para essas coisas mais de perto. O mundo é cinza,mesmo que as pessoas insistam que ele é preto e branco.

—Wow,se acalme,Hamlet. Da onde veio isso ?

—Eu tive muito tempo para pensar quando estava preso.

—Eu não tenho tempo quase para nada. Se te contasse quantas vezes o Castiel apareceu em momentos constrangedores...

—Ele é o seu anjo da guarda,não é ? Ele está tomando conta de você.

—Tentando tomar conta seria mais correto.

—Bom, enquanto ele não consegue eu vou estar por aqui.

Ele disse,estacionando em frente a um Danny's numa cidade em que estávamos passando. Sorrimos um para o outro, saindo do carro. Pedimos o bastante para durar até o fim da viagem.

Peter me divertia. Foi a primeira pessoa com quem eu me envolvi;caçando e romanticamente,até percebermos que éramos melhores amigos do que namorados. Nunca o vi com nenhuma garota depois, e nem o ouvi mencionar alguma. Nunca havia suspeitado que ele ainda sentisse algo,apenas assumi que ele se sentiria estranho em dividir esse tipo de coisa. Contei sobre o que Ellie havia feito junto a bruxa no outro dia, e ele não teve resposta nenhuma a não ser segurar a minha mão, fazendo carinho na mesma com o polegar.

Eu acabei dormindo ,como sempre fazia. O balanço macio do carro e o country baixo e lento que tocava sempre me fez dormir, é muito aconchegante. Principalmente se você tem um cobertor e travesseiros no seu carro. Eu só acordei quando o carro chacoalhou de forma violenta e Peter soltou um palavrão bem alto. Eu abri os olhos, meio perdida. Os esfreguei e minha visão tornou-se clara. Castiel estava dentro do carro com aquela cara lavada de como se não entendesse o que tinha feito. Sempre achei que lá no fundo, ele achava isso engraçado.

—Castiel, o Peter não está acostumado a isso. -Briguei com ele.-Na verdade, nem EU estou acostumada com isso.

—Eu vim aqui para ver como você está.

Ele tocou no meu rosto com a mão. Eu imaginei que seu toque seria frio e rígido;mas era macio e quente. Pude sentir Castiel usar seus poderes em mim, de uma forma que eu não conseguia antes. Doía um pouco,como se minha mente resistisse a ele. A soma dos poderes dele com o meu não eram de longe agradáveis. Ele viu o que Ellie fez e o demônio que eu encontrei, a armadilha. Castiel parecia bravo e preocupado, na medida do possível.

—O que foi ? O que aconteceu ?

—Aquela bruxa não fez o feitiço certo dessa vez.

—Impossível. Eu estou melhor do que nunca... Fisicamente falando. Estou mais forte e resistente, Cas.

—Esse não é o problema. As visões ? A mudança climática absurda ? Você está totalmente exposta ao céu,Brianna.

—Você tem que concertar isso, amigo.-Peter falou,o olhando de lado. -Ela é a nossa única chance. Você sabe que se aqueles dois disserem sim...

—O mundo acaba com a morte de todos nós. -Terminei a sua frase.

—Não tenho como ajudar você a se mascarar dos anjos e de Lúcifer.

—Então o que pode fazer ?

—Te ensinar a se defender. Lembra-se do símbolo enoquiano na casa de Chuck ?

—Mais ou menos. Dean não chegou a me ensinar.

—Existem vários,como você sabe. Muitos deles são úteis para você manter algum anjo preso ou longe.

Peguei um bloco na minha bolsa e um lápis, dando os dois nas mãos dele.

—Se eu desenhar isso eu fico preso no carro,Brianna.

Ele os soltou e colocou a mão no meu rosto. Eu vi os símbolos na minha cabeça,como se sempre estivessem lá. Pisquei algumas vezes e Castiel me soltou, tirando a sua adaga do casaco. Peter pisou nos freios e eu bati com o cabeça no banco da frente. Vi Castiel sair do carro, e Peter sendo arrastado para fora do carro. A porta em que eu estava encostada abriu, a eu cai, mas não antes de pegar a minha faca de combate. Alguém me puxou pelos braços e eu abri minhas pernas no chão, me jogando com meu próprio peso, e me joguei para trás do homem, o chutando nas costas. Ele quase caiu, meio desequilibrado, e eu o voltei a chutar, dessa vez, no rosto. Ele cuspiu um pouco de sangue e sorriu para mim. Um homem passou por mim, me jogando no chão com uma força enorme.

—Eu sabia que já tinha te visto. A filha de Michael ! Bem debaixo dos nossos narizes ! E pensar que quase tudo foi embora por causa daqueles dois animais selvagens. -Ele pisou em cima do meu tórax com um pé e me chutou no rosto com outro. -Winchester, não é ?

—Vá se foder.-Falei,cuspindo sangue.

—Ah não, ainda não. -Ele tirou uma adaga exatamente igual a de Castiel do bolso.-Não antes de você ter uma palavrinha com o seu papai lá em cima.-Disse,apontando a arma para cima.

—Não !-Castiel gritou, atrás de mim, e uma luz brilhante nos cegou por um momento, me dando a chance de escapar. O chutei no meio das pernas,e ele se abaixou. Me levantei e corri para o lado de Cas e Peter, tinha levado um corte no braço, e tinha bastante sangue nele. Estava pressionando a mão contra o ferimento, sem deixar mostrar nenhum sinal de fraqueza em seu rosto.

—Castiel... Estão em menor número. -Ele sorriu. -Me entregue a garota !

—Não.

Ele falou, mais sério do que nunca, e partiu para cima de dois anjos,enquanto um foi até Peter, e Zachariah até mim. Ele tentou me cortar com a adaga, mas ele era lento demais, e eu consegui desviar. Ele me olhou com raiva, por tempo o bastante para que eu conseguisse chutar sua adaga para longe e ir para cima dele com a minha faca. Caímos os dois no chão, e eu o consegui prende-lo em baixo de mim com a faca encostada em seu pescoço,pronta para tirar a vida dele.

—Isso não vai funcionar em mim, sua bastarda estúpida.

—Tem certeza ? -O cortei um pouco, e a pele se abriu, revelando o brilho azulado de seu verdadeiro ser, e ele gritou. -Mande eles pararem. Agora !-Gritei.-Ou eu juro, você vai desejar nunca ter posto os olhos em mim.

—Garotos.

Ele estalou os dedos e os anjos desapareceram. E eu não pensei duas vezes. Levantei meu braço para acabar com aquele desgraçado, e uma mão me segurou, me impedindo.

—Não vale a pena. Ele ainda protege o mundo, Bri.-Peter disse, e ele desapareceu. Levantei e o abracei.

—Como está seu braço ?

—Vou sobreviver.-Ele riu,e então caiu de joelhos no chão.

—Castiel ! -O gritei e ele encostou uma mão no braço dele. De repente,não havia mais corte e nem sangramento, como se ele nunca tivesse se machucado.

—Volte para casa. Mantenha-se segura. Ele vai ficar bem.

Ele disse, e desapareceu no ar. Arrastei Peter de volta ao banco de trás do carro,e eu me sentei no banco do motorista. Coloquei as mãos no volante, e apoiei minha cabeça nele, respirando fundo.

Liguei o rádio num volume baixo e comecei a dirigir de volta para casa. Não dirigi por mais de uma hora e meia. Estava bem perto de casa. Quando cheguei, e coloquei o carro na entrada, vi o Impala 67 preto de Dean parado na frente da casa. Estava vazio. Estacionei o carro e desci, abrindo a porta de trás. Peter ainda dormia, silenciosamente.

—Ainda bem que Castiel estava lá...-Sussurrei para mim mesma,encostando minha testa na porta. Peter acordou com o barulho de um carro que passou na rua. Parecia um pouco perdido, e sorriu ao me ver. Saiu do carro e limpou meu rosto das lágrimas. Apenas quando ele o fez,eu percebi que havia começado a chover.

—Vamos entrar.

Concordei com a cabeça, e assim que entramos, fomos recebidos pelo abraço preocupado de Ellie. Quando me viu roxa,molhada e suja de sangue, arregalou os olhos e me forçou a sentar na tapeçaria cara da sala.

—O que aconteceu com você?

—Ela salvou a minha vida, e a do Castiel. Nunca a vi lutar tão ferozmente num combate corpo a corpo.

—Não foi nada que ninguém aqui teria feito. Aonde estão Sam e Dean ?

—Saíram a pé tem pouco tempo. Foram na ali na esquina comprar algumas guloseimas, comida chinesa e café. Eu os avisei que estavam voltando. E eu também os contei a verdade. Dean estava surpreso,mas nenhum dos dois parecia especialmente chocado.

—Você...!

—De nada. -Ela me deu um sorrisinho.-Eu sabia que não teria a coragem de contar.

—Um assunto a menos. Elizabeth, tem alguma roupa ai minha ?

—Sempre tem. Estão no armário da Brianna.

Eu subi com ele para o quarto e ele pegou algumas roupas leves. Uma calça de moletom cinza-escuro e uma blusa de mangas compridas azul-marinho. Eu lhe entreguei uma toalha e uma caixa de sabonete neutro.

—Até daqui a pouco.

Ele beijou o meu cabelo quando saiu do meu quarto. Tranquei a porta, me enfiando no banheiro. Me despi, e enchi a banheira com água quente, jogando alguns sais coloridos e cheirosos na água. Pretendia ficar ali por algum tempo. Deixei que a água morna e colorida me relaxasse e limpasse toda a procuração e dor embora. Quando começou a ficar fria, saí do banheiro, envolvida num roupão, com os cabelos molhados e embaraçados. Eu troquei de roupa e sequei o cabelo com uma toalha, e desci. Estavam todos reunidos, comendo comida chinesa, menos Castiel, que estava parado tentando entender as piadas sem graça de Dean e Peter. Assim que eu desci, Sam me olhou. Parecia feliz em me ver. Eu me desviei silenciosamente para a cozinha, e ele veio atrás de mim. Seus olhos me diziam que ele queria pedir desculpas, mas sua boca estava ocupada demais beijando a minha. Eu me afastei delicadamente dele, e o abracei.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima, pessoal ~~ ♥



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