Angels Are Among Us escrita por Carol


Capítulo 10
Capítulo 10 - How sweet is in the Middle of June


Notas iniciais do capítulo

Meus caros e belíssimos leitores, me perdoem. Meu computador está oficialmente morto, e eu tive um trabalho enorme para recuperar esse capítulo,além de estar a procura de um novo computador. Me perdoem demais pela demora,mesmo. Amo vocês e tenham uma boa leitura.



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E mais uma vez, estávamos reunidas. Não haviam mais lágrimas que eu pudesse derramar, ou sorrisos que pudesse esboçar ao olhar para Ellizabeth. Nós conversamos enquanto cuidávamos das feridas uma da outra, coisas bobas, em sua maioria. Ellie falava sobre enfiar a cara numa lagosta e várias cervejas, enquanto eu ria de sua expressão. Eu sabia que o Apocalipse não estava nos esperando, mas eu precisava disso, precisava dela. A ajudei a levantar, e a levei para um quarto no primeiro andar.
—Eu preciso de um banho quente. –Ela disse, fazendo uma careta ao cheirar as suas roupas. – E uma boa noite de sono.
—Eu sei. -Sorri de canto. Meus olhos estavam inchados e secos, tanto que doíam levemente. –Vá dormir, anjo.
—Sem graça ! –Ela jogou seu prendedor de cabelo em mim, me acertando no ombro. –Você também... Ah.
De repente as duas haviam lembrado de como o nosso mundo era cruel e distorcido, de como a vida havia nos castigado. Abaixei os olhos e lhe dei um sorriso fraco. Fechei os olhos, respirando fundo. Era desnecessário falar sobre problemas no momento.
—Boa noite. Amanhã voltamos para casa, e eu dirijo, certo ? –Ela negou com a cabeça.
—Quero dirigir. Cansei de viajar com teletransporte.
Sorri de canto ao sair do quarto, encostando minha testa na porta. Me arrastei até o varanda nos fundos da casa de Robert, e encostei com as costas na parede. Passos largos e pesados vieram na minha direção, e eu me virei para olhar quem era.
—Como foi ?-Ele tinha uma expressão leve e sorridente.- Vocês passaram um bom tempo lá em baixo.
—Acabou, por enquanto. –Respondi, sem muita animação.
—O que aconteceu ?-Ele se aproximou mais um pouco, e encostou na parede, a um passo de mim, sua expressão havia mudado. Ele estava obviamente preocupado comigo, mesmo que tentasse parecer que não. Sam desviava do meu olhar sempre que eu passava muito tempo a olha-lo.
—Ellie e eu ficamos separadas por muito tempo... E ela tentou me matar, e me torturou, Sam. –Ele voltou a olhar fixamente nos meus olhos assim que ouviu seu nome. Eu estou feliz por tê-la de volta, mais do que tudo, você não imagina. –Franzi minhas sobrancelhas involuntariamente, reprimindo o meu choro. – Nós duas temos muita coisa a resolver... E eu ...

Não conseguia dizer. Não sem chorar, então eu preferi ficar calada. Sam deu mais um passo e me abraçou, sem dizer nada. E é obvio que eu achei estranho no início, ele ter me abraçado do nada. Felizmente, eu me senti bem naquele abraço, sentia que ele me abraçava tão forte, como se quisesse tomar as minhas dores. Mas eu não poderia contar. Nada. E o fato de eu não poder contar isso a Sam entrava para a lista de coisas que vão me atormentar para sempre. Sam se afastou um pouco, sem me soltar, e beijou o topo da minha cabeça. Eu me senti engraçada, talvez tenha até sentido meu rosto esquentar.

—Vá descansar, você precisa. –Eu olhei para cima e fiquei impressionada em como ele não havia me soltado ainda. - Eu prometo que quando acordar vai se sentir melhor.
Ele sorriu para mim, e então me soltou. Eu sorri com os cantos da boca e ele se virou para ir embora. O segurei pela manga, e ele olhou para mim, completamente surpreso.
—Obrigada, Sammy.

Eu o vi corar e sair desajeitadamente, esbarrando na porta. Eu dei algumas risadas baixas para mim mesma e voltei ao quarto. Ellie já dormia tranquilamente na cama. Parecia estar no sétimo estado do sono, nem mesmo uma explosão a acordaria. Julgava isso ser uma coisa boa. Eu passei por mal bocados, mas ela passou um ano e meio sem dormir, comer, presa dentro de si mesma. O trauma... Não conseguia imaginar.
Balancei a cabeça, afastando os pensamentos, e me enfiei de baixo do chuveiro, e vi todo o sangue e a sujeira serem lavados do meu corpo num instante. A água estava quase quente demais, e eu poderia ficar ali para sempre. Infelizmente, esse não era o caso. Logo saí, me vesti e deitei do lado dela.
—Me desculpe por tudo.
—Ellie ? –Perguntei, sem entender.
—As sessões de tortura, as ameaças de morte, os xingamentos, as mentiras que saíram daqui... Não era eu. Nunca foi e nunca vai ser. –Ela se virou para mim, e eu mal a via no escuro.
—Eu... Eu sei. –Soltei um sorriso triste. –Não se culpe por nada disso, Ellizabeth. Por favor. Hoje não. Nem amanhã, e nem depois.
—Precisamos de férias. –Ela bufou.
—Fale isso para o Apocalipse.
—O seu namorado que começou isso, mande-o acabar com isso.
—Eu não tenho ideia de onde você tirou essa ideia.
—Vamos lá, eu vi os dois lá fora. Está mais do que na cara que ele se preocupa com você. Mais do que qualquer caçador gostaria.
—Nós somos bons amigos, e só.
—Julgo que Dean é um bom amigo. E mesmo assim vocês dois... Você sabe.
—Ótimo. Pode me chamar de Elena agora, já que eu fico trocando de irmãos. -Ellie riu da piada e eu dela. –Porque não me contou tudo o que eu era antes, Ellie ? Teria sido tão mais fácil...
—Eu simplesmente não podia. Os anjos são mais burocráticos que qualquer coisa nesse País, e a penalidade deles é morte. Eu sei que tudo poderia estar mais tranquilo, você no controle das suas habilidades, memórias... Infelizmente eu tenho que esperar a palavra do Manda Chuva lá em cima.
—Manda Chuv.... Você tem uma conexão direta com Deus ?! –Eu quase gritei,desacreditada.
—Não tão direta, eu devo dizer. Ele ouve bastante, mas fala pouco. Mas ele está por ai, em algum lugar, nos observando. –Eu não precisava olhar para a minha irmã para saber que ela estava sorrindo. –Por agora, tudo que nos resta é cuidarmos uma da outra. Principalmente de você. Aquele dia foi aterrorizante.
Eu lembrei de tudo num flash incrivelmente rápido. A dor, as lágrimas, os gritos e tiros... Fechei os olhos, suprimindo qualquer vontade minha de chorar.
—Não foi culpa sua. Ellie... Alguém lá em baixo sabia ou sabe sobre mim. Eu tenho certeza.
—Eu concordo, mas não faço ideia de quem seja. Eu mal tinha forças para ficar acordada enquanto o demônio andava por ai ,dentro de mim. Queria que o poder para resolver isso tudo estivesse em mim...- Ela parou, respirando fundo. Ellie estava hesitando em falar, e eu sabia disso. –Mas não cabe a mim. Cabe a você, Lúcifer e Michael.
—E como eu vou convencer o meu pai distante de que destruir o mundo não é a solução ?
—Não vai.
Eu senti um tipo de calor reconfortante a minha volta, e sentia minhas pálpebras pesando cada vez mais, até que, por fim, eu estava dormindo.



(( . . . ))
—Não, não, tudo bem. Estaremos logo ai, Moira. Obrigada por ligar. –Ao ouvir a voz da minha irmã, eu abri os meus olhos, me espreguiçando na cama.
—Quem era ? –Bocejei.
—Lembra da escola aonde costumava estudar ?
—Qual delas ?-Perguntei, num tom presunçoso.
—A católica.
—Ah, a Freira do Rock. Ex-caçadora, não é ?
—Isso mesmo. Ela acabou de me ligar, ou melhor, uma freira com o número dela. Louise desapareceu nesta madrugada, e o telefone dela estava entupido de ligações para o meu número e o seu.
—Parece importante.
—E é. Aquela mulher nos salvou quando nossos pais morreram. Devo isso a ela. E eu liguei para Peter, mais cedo. Acontece que ele estava passando por Siox Falls e ele já deve estar aqui com o meu carro. –Ela levantou uma só sobrancelha ao falar a palavra ‘’meu’’. – E então vamos até New Orleans.
—Porque eu não pareço estar incluída ?
—Não está. Olhe para si mesma menina, mal se aguenta em pé, toda remendada. Vai ficar um tempinho com Robert e os meninos.
—Meninos ? Sério ?
—Eu sou a mais velha, então... Meninos.
—Na verdade...
—Isso não conta.
Ela riu, e se abaixou no chão. Ellie estava terminando a sua mala, e após escolher entre uma faca e uma adaga, deixou a adaga no chão, colocando a faca dentre as roupas e então fechou o zíper da mala. Se levantou, e então soltou o cabelo. O prendedor não deixou uma marca sequer no cabelo incrivelmente liso dela. Um gosto amargo tocou o fundo da minha boca. Ellie mal havia voltado e já estava me deixando novamente. Mas eu estava acostumada a isso, um ano e meio atrás. Alguém bateu na porta e ela jogou a mala para perto da porta, e andou até a beira da cama, se abaixando um pouco para falar comigo. Tirou os fios bagunçados do meu rosto e deu-me um beijo na testa.
—Volto logo, eu prometo. –Abriu a porta com uma mão e pegou a mala com outra. Peter estava na porta, com as chaves nas mãos. Me olhou de relance, e abriu-me um enorme sorriso. Passou pela minha irmã como se ela não estivesse ali, e me abraçou.
—Como você está ?
—Remendada. –Ele riu. –Tirou a barba ? –Ele fez que sim com a cabeça.- Parece um bebê. Deixe crescer novamente, lhe deixa com cara de mau. –Eu ri, e ele também.
—Se cuide, Bri. Não se aproxime mais daqueles dois do que o necessário. Eles podem ser o seu fim.
—Credo ! Impossível, Peter. Pare de se preocupar.
—Talvez eu esteja exagerando... Mas tome precauções.
—Vou tomar. -Menti. Para o bem dele, não o meu. Estava já metida demais na vida dos dois.
—Ótimo. Até mais !

Ele disse, saindo do quarto. Achei estranha toda aquela normalidade, como se fosse coisas que ocorreram normalmente, no dia a dia de pessoas normais. Como ‘’Olá, aparei o meu gramado!’’, eles diziam ‘’Ei, você ficou duas semanas presa sem comida sendo espancada por um demônio e um vampiro !’’. Balancei a cabeça, me negando a ter um devaneio sobre como nós não erámos normais, e todos achavam isso normal, e tomei um banho frio e rápido. Troquei minhas ataduras e band aids mais uma vez e então olhei no espelho. Eu tinha um corte profundo e manchado de vermelho no lábio inferior, mas não doía. Presumi que teria acontecido em algum dia daqueles borrões que foram as duas semanas, e dei de ombros, me voltando para a minha bolsa. Procurei, irritada por uma blusa larga com mangas compridas, logo xingando Ellie por a ter roubado de mim. Meu corpo doía, os ferimentos coçavam, e eu não gostaria nada que ficasse justo. Até me lembrar aonde eu estava.
Na noite passada, ambas estavam fracas demais até para subir alguns lances de escadas, então ficamos no quarto de baixo. E o dono do quarto era ninguém menos que Sam. Um sorriso passou pelo meu rosto ao lembrar do fato, e me virei para a cômoda, abrindo uma das gavetas. Peguei uma blusa de mangas compridas azul escura, de tecido um pouco mais grosso e pesado do que as outras e a passei pela cabeça, dobrando suas mangas até meus cotovelos em seguida. Ficava enorme e eu tinha a certeza de que Sam não ligaria. A blusa parecia velha, mas bem cuidada e tinha o mesmo cheiro dele, e possivelmente tudo que ele possuía. Talvez fosse um bônus. Me enfiei numa calça leggings preta e um par de meias pretas, e finalmente, prendi o cabelo. Estava confortável e decente. Quase.
Andei um pouco pela casa e logo descobri que não passavam das sete e meia da manhã. Nem mesmo Bobby estava acordado. Tomei a liberdade de fazer o café da manhã desta vez. Seria minha maneira de dizer obrigada a todos eles. Fiz café preto, panquecas, bacon, ovos, e até corri a um Ducking Donuts próximo da casa e comprei alguns donuts recheados. Cortei as poucas frutas que tinham na geladeira, e as organizei num prato. Tudo levou pelo menos uma hora e meia. Quando ouvi passos pesados descendo as escadas, sabia que um dos Winchesters iria aparecer. A essa altura, eu estava sentada no sofá, vendo as notícias no jornal.

—Isso é bacon ?! –Dean exclamou, surpreso. –Você se superou.
—De nada. Ah, e não vá enchendo a cara na comida, ainda existem outras três pessoas nessa casa que precisam comer.
—Okay, você é quem manda.
—Vamos, se sente aqui. –Dei uns tapinhas no sofá e ele se sentou do meu lado. –Me conta o que aconteceu aqui em cima ontem.
—Bem, demônios. Vários deles. Nem sei como eu, Sam, a cadeira de rodas e o Bobby demos conta de tantos deles. Sammy se distraiu quando ouviu o seu grito. Aliais, nós dois. Quase nos custou as nossas vidas....-Ele disse, olhando para o nada. Parecia estar se lembrando de alguma coisa, ou simplesmente se sentia grato por estar vivo.
—Dean ?
—Hmn ?-Ele virou o olhar para mim assim que ouviu seu nome.
—Me desculpe por ter saído sem te avisar. Foi culpa minha aquele caso ter dado errado.
—Você queria fugir da vida de caçadora. Queria seus cinco minutos de uma vida normal. Não fique se culpando por isso. –Ele sorriu de canto para mim, olhando para a blusa, e depois para mim. –Eu não vejo essa blusa tem muito tempo. -Ele riu. Eu entrelacei meus dedos, e os encarei por alguns segundos até que minhas bochechas parassem de queimar.
—Ellie levou noventa por cento das minhas roupas. Não me sobrou quase nada, me dê um desconto. E além disso, duvido que Sam vá ficar bravo comigo... Não é ?
—Não, não...-Ele deu uma risada, e balançou a cabeça. –Pode usar.
—Assumi que sim. –Bufei, rindo com ele. -Ah...Vou ter de passar em casa. Pegar algumas roupas, talvez ficar por lá sozinha.
—Você é nossa responsabilidade pelas próximas semanas, até se recuperar. Brianna, se algum vento mais forte bater, você voa longe.
—De qualquer forma, preciso ir até lá. É uma viagem de três horas e meia.
—O Impala está fazendo um barulho engraçado. Ela não vai a lugar nenhum fazendo aquele som.
—Parece que eu vou ter que ir de avião.
Bufei, jogando a cabeça para trás. Fechei os olhos por um momento, evitando pensar na burocracia pela qual eu passaria no aeroporto. Ouvi Dean se levantar e eu automaticamente fui atrás dele, fitando o chão. E foi assim que eu esbarrei no gigante sonolento.
—Hey, bom dia ! -Falei, me virando para ele. Sam parecia ter tomado o seu primeiro porre. O rosto inchado, o cabelo bagunçado e ele mal parava com os olhos abertos. Dean soltou uma risada, e então eu. –Você não parece bem dispost...
Não tive tempo de terminar a frase. Sam cambaleou e caiu em cima de mim, e eu tive uma reação tardia, resultando com que os dois caíssem no chão. Eu caí de costas, e ele com o rosto enterrado no meu pescoço. Senti a sua pele praticamente fritar a minha. Dean o tirou de cima de mim e o tentou acordar.
—O que diabos aconteceu com ele ?
—Uma gripe, Dean. Seu irmão deve estar delirando por causa da febre. Vamos colocar ele na cama. –Dean e eu o levantamos, e arrastamos para o quarto dele, o deixando na cama. Peguei uma coberta e coloquei por cima dele. –Eu assumo daqui, De-an-no. Cuide do Impala que eu lido com esse pequeno gigante, ok ?
Dean não me respondeu, só assentiu e sumiu do quarto. Eu assumi que Sam não acordaria tão cedo, então corri para a cozinha, e juntei algumas coisas que eu comeria agora e talvez Sam, mais tarde, e trouxe junto comigo um pano úmido gelado, e o coloquei em sua testa. Tomei meu café da manhã sentada numa cadeira, o observando dormir. Parecia tão calmo, como se nada tivesse acontecido. Coloquei o prato de lado quando o vi se mexer, e me levantei, me curvando sobre a cama para que pudesse conversar com ele.
—Sammy ?
Ele piscou algumas vezes, e então me puxou para a cama, me abraçando e me prendendo com os dois braços. Eu fiquei presa, ouvindo os batimentos lentos e descompassados de seu coração. Olhei com dificuldade para cima e vi que ele tinha voltado a dormir, mas continuava a me segurar firmemente. Me mexi por diversas vezes, chamei por ele e nada de Sam me soltar. Pouco tempo depois ele se mexeu, me segurando somente com um braço, e então me joguei para o outro lado da cama, ainda apertada contra ele, cara a cara. Ele parecia horrível, mas pelo menos sua febre havia melhorado. Levei uma das minhas mãos ao seu cabelo e o desembaracei com os dedos, e o vi sorrir rapidamente. Sam poderia estar acordado, ou sonhando acordado, mas eu pouco me importava. Talvez aquele fosse um daqueles momentos dos quais você se lembra para sempre, uma coisa boa para separar de todo o mal que vivíamos. ‘’Caçadores não podem passar além disso.’’ Ouvi uma vez Ellie dizer ai telefone. Ela tinha um caso com outro caçador, algo sem compromisso, porém, mesmo tão mais nova, sabia que ela o amava, e infelizmente não poderia ser dar ao luxo de amar ninguém dessa maneira. Entretanto, eu nunca pensei tanto sobre o assunto, afinal, o problema nunca havia chego até a minha pessoa. Nem mesmo com Peter não havia esse perigo, nunca foi algo dessa magnitude, não para mim.
Eu finalmente cedi ao abraço de Sam e dormi ali, um tanto inquieta. Acordei quase uma hora depois, ainda mais agarrada a ele. Me separei, constrangida quando o ouvir soltar um riso fraco.
—Desculpe. Eu não costumo ficar gripado com frequência, e quando acontece, eu perco a noção da realidade...Eu achei que estava sonhando.
—Então você sonha comigo ?-Perguntei, tão repentinamente, que tinha me surpreendido comigo mesma. Ele sorriu, olhando para baixo.
—Talvez. –Ele disse, com uma das sobrancelhas arqueadas e aquele sorriso lindo emoldurando seu rosto.
—Wow. Sam Winchester, o que uma gripe não faz com você. –Encostei minha mão em sua testa, e ele estava fervendo novamente. –Você precisa de remédios, e eu tenho alguns na minha bolsa deixe-me só levant..
Não precisei. Ele pegou a bolsa sem levantar da cama e então me entregou. Eu ri, e dei alguns remédios a ele. Sam os engoliu de uma vez só, e voltou a se deitar. Ele continuava com os olhos sonolentos e a fala lenta, porém, eu tinha a certeza de que ele sabia o que estava fazendo. E eu aceitei suas ações, totalmente.
—Então, me conte. Faculdade de direito, huh ?
—É, isso... Foi a muito tempo atrás.
—Deveria ter ficado lá, com suas festas, seus livros e suas garotas...
—Não era bem assim. Nunca fui muito a festas e havia somente uma garota. Mas isso tudo é passado. Se eu ficasse lá, nunca teria conhecido você, salvado meu irmão, meu pai...-Ele falou ‘’você’’ de forma rápida.
—O lado ‘’bom’’ da nossa vida. De vez em quando sonho em ser normal. Mas talvez não me desse bem com uma família, ou uma casa nos subúrbios, um trabalho no escritório. Não me vejo assim nessa vida.
—Já pensei nisso, por diversas vezes. E eu já fugi demais, Brianna. Cedo ou tarde o seu passado te assombra, te procurando.

Eu não o respondi. Só fiquei ali, em silêncio com ele. Muitas vezes eu era incomodada pelo silêncio assustador, mas eu sentia algo reconfortante nesse silêncio. Fechei os olhos mais uma vez, ameaçando a mim mesma a dormir. Estava mais cansada do que deveria. Senti Sam voltar a me abraçar. E eu não protestei. Para dizer a verdade, eu não havia percebido no momento, porém foi naquela manhã em que eu finalmente entendi a magnitude da qual minha irmã tanto falava.

(( . . . ))

Sam me acordou algum tempo depois, sem dizer nada. Eu em levantei e fui atrás dele. O Winchester se sentou em frente ao seu notebook, vendo várias notícias que se passavam pelo País. Não havia nada de muito interessante acontecendo no momento.

—Que tal uma pequena viagem de avião ? –Sugeri, me apoiando na mesa com os cotovelos. Ele levantou as sobrancelhas, quase rindo.

—Para onde sugere me levar ?

—Preciso passar na minha casa. E parar de usar as suas coisas.

—Não me importo. –Ele disse, voltando os olhos para a tela.

—De passar na minha casa ou de eu usar as suas coisas ?
Ele virou o rosto para mim, olhando diretamente nos meus olhos. Eu sorri para ele, e me virei, em direção as escadas.

—Brianna ! –Ele gritou, da sala.

—Sim ?

—Os dois.


Sorri para mim mesma, subindo as escadas. Arrumei tudo, deixando de fora apenas minhas botas. As calcei e desci com a mala. Sam também estava vestido, só que do lado de fora, encostado num carro. Saí da casa, e entramos no carro.


—Isso foi rápido.


—Achei que estava ficando sem roupas para usar. E eu posso ficar um ou dois dias longe.


—O mundo tem outros caçadores. –Ele disse, acelerando o carro, em direção a auto-estrada.
—Achei que iriamos de avião.


—Na volta. -Ele parecia contente.
—Está me raptando, Winchester ?


—Você entrou no carro por conta própria. –Ele riu, e eu sorri para ele, intrigada com o que tinha em mente.


—Nada como descansar de viagens como uma viagem, não é mesmo ?


Ele não me respondeu com palavra alguma. Sam apenas sorriu, olhando para a frente enquanto dirigia. Ele dirigiu por algum tempo, até que a fome estava por nos devorar, e paramos num dinner qualquer. Após nos sentarmos, uma senhora veio anotar nosso pedido, e não demorou para que visse com os pratos.


—Eu já lhe agradeci por ter me salvado naquela noite ? –Falei, logo em seguida engolindo uma parte do sanduiche de frango. –Se não fosse por você,Sam...-
"Eu teria virado uma papa de anjo em cinco segundos." . Era isso, ou quase isso que queria dizer, lhe contar. Larguei o garfo e prendi meu cabelo com um elástico que tinha achado dentro da minha própria carteira, e finalmente levantei meus olhos para vê-lo.


—Já, Brianna. –Ele pronunciou meu nome, sorrindo. – Já perdi a conta de quantas vezes me disse isso.


—Nunca parece ser o bastante.

Sussurrei a mim mesma, num muxoxo e o ouvi soltar uma risadinha baixa. Terminamos de comer em poucos minutos, em silêncio. Sam pediu o meu endereço assim que voltamos ao carro. O coloquei no gps de seu telefone e me joguei no banco de trás do carro, com o meu telefone em mãos. Disquei o número de Ellie, e dizia que seu número não existia. Dei de ombros, sem questionar muito, e então liguei para Peter. O telefone tocou somente uma única vez e então ele me atendeu.


—Eu não vou ser um pombo correio, sabia ?


—Teria de ser mais inteligente que isso.


O ouvi rir e entregar o telefone a Ellie.


—Olá. –Ela disse. Soava irritada.


—Só liguei para saber de você, e como devo abrir a casa, já não tenho mais a chave, e tenho certeza que tudo está em perfeita ordem por lá.


—Ah, está sim. O demônio fez questão de reconstruir a casa, e Castiel a fez a prova de tudo. Anjos, demônios, fantasmas... Para a sua segurança,caso fosse necessário que saísse de Bobby, tem um chão falso na frente da porta... Ah meu Deus.


—Eu preciso de roupas, e voltar para casa. –Eu a ouvi rosnar de raiva do outro lado da linha. –Se acalme, Sam está comigo. –Me levantei e coloquei o telefone perto dele. –Diga olá, Sam.


—Olá,Sam. –Ele deu uma risada e eu voltei a deitar no banco de trás.


—Não disse ?


—Aonde está Dean ? Dormindo ?


—Consertando o Impala... Na casa de Bobby.


—Ahh, deixa eu ver se entendi. –Adorava isso, eu tinha certeza. –Você, pequeno Sam, durante alguns dias sozinhos ? Por favor, passem longe da sala de armas.
—Ellie ! Não ! Será que não entendeu ainda ?


—Vocês que não entenderam. Longe das armas e perto das camisinhas,correto ? Não temos tempo para lidar com uma criança meio humana, anjo e com uma pitada de demônio no sangue,que seja neta do Arcanjo mais poderoso existente. Não se meta em confusão. Nem mesmo um caso,por favor. Se mantenha a salvo.

 

Ela desligou e eu larguei o telefone em cima da minha barriga. Queria ter dito que sempre estaria a salvo com ele, mas não sabia se isso era realmente verdade. Bufei,alto o bastante para ver Sam me olhando pelo retrovisor, curioso.

—Algo que eu queira partilhar ?
—Irmãos mais velhos.

Resmunguei e fechei os olhos. Minhas costas doíam, meus olhos estavam cansados e tudo que estalava em mim doía mais do que eu pensava que fosse. O resto do caminho havia sido um problema de virar para lá e para cá, até eu engolir um remédio e dormir.
Mas eu só havia adiado a dor. Acordei dias vezes pior do que antes. Sam abriu a porta do carro, e eu o olhei meio irritada, de cabeça para baixo.


—A chave ?


—Tem uma das madeiras da varanda principal que saí, bem em frente a porta. Só pressione e empurre para o lado.

Assim que eu disse ele sumiu do meu campo de visão e eu fechei os olhos por mais algum tempo até ele vir me buscar. Abriu a porta da frente, e eu me assustei com a quantidade de sigilos enoquianos brilhavam nas paredes. Quase mencionei isso com ele, porém além de soar louca, o colocaria num perigo maior do que já estava. Quanto menos eles soubessem,melhor.


Me larguei no sofá, feliz em reconhecer o cheiro da minha mãe ali, que provavelmente ficaria impregnado no sofá por toda a eternidade. Tinha que lembrar disso na próxima vida : "Guardar sofá da mamãe ". Sam se sentou bem do lado da minha cabeça,de modo que eu p via de cabeça para baixo. Lhe dei um sorriso largo, e todos os pequenos cortes que eu tinha no rosto doeram, mas eu não me importei. Ele sorriu de volta, franzindo as sobrancelhas.

—Porque cheirou o sofá ?

—Essa almofada. -Tirei a almofada que cheirava exatamente como ela do meu lado, e a abracei. -Cheira como a minha mãe.

Ela não me respondeu,somente me deu um olhar vago,definitivamente tinha a mente em outro lugar. Seu telefone tocou e ele piscou,assustado,tateando os bolsos,e quando finalmente achou o telefone, se levantou,indo para a varanda, e pouco tempo depois veio até mim, parecia preocupado.

—Quem era ? -Perguntei,me levantando.

—Dean. Temos um caso na sua cidade. Algo sobre uma garota que assassinou outra e um pacto.

—Ok. Só preciso de um banho. E se quiser, primeira porta a direita,logo depois de subir as escadas. Seu quarto temporário.


Ele balançou a cabeça e eu fui para a porta contrária a dele. Fechei a porta e quase chorei a ver como tudo estava de volta em seu devido lugar. Nada de sangue,ou cachorros. Tomei um banho rápido e me enfiei numa saia lápis azul-marinho,e uma blusa social branca, e saltos finos pretos. Deixei o cabelo solto e pus meus óculos, e logo após, o trench coat igual a saia. Peguei o distintivo falso, mej telefone e o revólver e os coloquei nos bolsos internos do casaco,ao sair pela porta. Encontrei a porta de Sam aberta, e o vi quase se enforcando com a gravata.

—Merda !-Ele bufou e a jogou na cama.

—Toc toc. Precisa de ajuda ?

—Sim...?-Andei até ele, que me deu a gravata nas mãos. A joguei atras de seu pescoço e a amarrei rapidamente,sem problema algum, e o senti olhando para mim. Me afastei e ele olhou para si mesmo,segurando a gravata.

—Como não conseguiu fazer isso ?

—Acho que é só stress. Está tudo bem. -Ele afirmou,dando um pequeno sorriso. -Como consegue andar nisso ?

—Eu consigo correr com isso, querido.

Fiz uma careta e fomos para o carro. Eu quis dirigir, afinal, conhecia a cidade e eu havia sentido falta de suas ruas. Ele não protestou. Chegamos em pouco tempo na delegacia, e eu fui direto para o gabinete do Cherife. Todos me conheciam ali, e como não ? "A garota que perdeu os pais. Pobre coitada."

—Brianna ! -O cherife se levantou, e me deu um rápido meio abraço. -Como é bom te ver. A que devo a honra ?
—FBI,Henry. -Sorri para ele, mostrando minha falsa identidade. -Esse é meu parceiro, Agente Booth. Viemos sobre o caso de...

—Elena Harris. Pobre garota. A loucura tomou conta de sua mente. Ela matou a namorada para ficar com um garoto que gostava dela. Diz que fez um pacto, e que só assim se realizaria.

—Espera, o que ?

—Isso mesmo. É louca,eu te digo.

—Podemos vê-la ? Gostaria de entrevista-la.

—Claro. A sala de investigações fica logo ao lado, sentem-se e eu a trarei.

O Xerife saiu e logo após, eu e Sam nos sentamos na sala. Henry trouxe a menina. Ela pareia devastada, tinha os olhos vermelhos,de tanto chorar, a maquiagem estava borrada e ela tinha sangue na roupa. O rosto estava marcado no lugar onde as lagrimas haviam secado. De alguma maneira estranha,meu coração se apertou ao olhar em seus olhos.

—Amy ? Me conte o que aconteceu, devagar.

—Eu já disse tudo. Acham que sou louca. É isso ? Vieram rir de mim ?

—Não.-Falei,olhando para ela.-Viemos ouvir a sua história.

Ela nos olhou,um tanto assustada, e então fungou, fechando os olhos. Parecia que ia chorar novamente. Respirou fundo e voltou a me olhar.

—Eu e Melanie estávamos bem. Até eu descobrir por acaso que ela tinha me traído. Nós brigamos na frente de uma garota da escola. E ela disse que ia me ajudar,disse que entendia de... Entendia de amor.

Ela parou,olhando para baixo. Eu e Sam nos entreolhamos e ele percebeu que eu sentia pena da menina. Apertou os lábios,olhando para mim e pigarreou.

—Quem era essa ?-Ele perguntou.

—Eu não sei. Acho que seu nome era Eros. Ele... Ela disse que me ajudaria a me vingar dela. Achei que falava sobre ficar com alguém como ela na sua frente, mas aquilo...

—Alguém como ela ? -Sam perguntou. -Como assim ?

—Ela era tão bonita quanto sua parceira.-Ela falou, a voz se arrastando pela sua garganta. -Era mais alta. Tinha a pele bronzeada e o cabelo era cacheado,loiro.

Balancei a cabeça,esperando que ela continuasse. Isso não aconteceu.

—Continue,Amy. -Sam disse a garota. Ela fechou os olhos e abriu a boca.

—Ela me beijou, e eu senti esse ódio e raiva incontroláveis...-Ela voltou a chorar.-Eu queria parar,mas não conseguia, eu não consegui,eu não...

Ela desabou,chorando na mesa. Segurei uma de suas mãos.

—Vamos dar um jeito nisso,Amy.

Ela não me respondeu, e nos saímos da delegacia,entrando no carro. Sam dirigiu até o centro e entramos num restaurante, e levamos seu notebook. O abri enquanto ele fazia o pedido.

—Eros não é o que chamamos hoje de cupido ? E se for um anjo ?

—Um anjo ? Só se for um anjo da morte.-O respondi. -Mas já pode ser alguma coisa.

Abri alguns sites sobre mitologia grega, sobre Eros e virei o notebook para ele.

—Eros é descrito como um homem, mas a descrição que ela deu bate com a mitologia. -Ele disse, com os olhos grudados na tela,enquanto comia.

—Isso é estranho. O que será que acontece ? Ela beija as pessoas e o beijado mata a namorada ? -Comi um pouco da minha salada.

—Tem algo que não está encaixando. -Ele bebeu o meu chá.

—Ei ! -Peguei o copo de sua mão,rindo. -Isso é meu.

—Desculpe,eu não vi. Brianna, você pode ir até a escola e procurar essa... Garota ?

—Enquanto você procura por mais informação e como matar essa coisa. Ok,nerd. -Me levantei, pegando as chaves e o meu chá. -Até mais tarde. Me ligue se encontrar algo !

Ele balançou a cabeça e eu dirigi até a minha antiga escola. Me causava arrepios voltar para lá. Me sentia tão... Exposta com todos sabendo meu nome verdadeiro. Fui até a secretaria e a velha secretaria ainda trabalhava lá. Nancy era seu nome.

—Brianna Mikaelson ! -Ela levantou e me abraçou. -O que faz aqui,criança ?

—Eu soube do caso das namoradas e o meu chefe me mandou aqui. -Mostrei as credenciais para ela.

—Oh. Parabéns, mas que situação inoportuna, não ?

—Sim, Nancy. Pode me dizer a sala de uma garota do terceiro ano chamada Eros ?

—Eros ? Hmn... Ela está no laboratório. Pode ir, sabe aonde fica.

Acenei com a cabeça para ela e subi dois lances de escada do segundo prédio, finalmente chegando ao corredor da sala. Ouvi um grito e vi uma garota correndo, me derrubando no chão. Me levantei rapidamente e corri atras dela. A segui até o ginásio, e a perdi de vista. Tirei a pistola do bolso e a deixei preparada.

—Eu sei que você está aqui ! -Gritei. -A única saída fica bem atras de mim.

Ouvi o som de alguém batendo palmas, e a vi saindo de trás das cadeiras. Ela tinha um sorriso no rosto, que mudou para um semblante sério assim que botou os olhos em mim.

—A garota misteriosa. Há quanto tempo não nos encontramos. ?

Eu me lembrei de um encontro exatamente como esse,há quase um ano e meio atrás. Não a respondi, mas mantive minha arma apontada para ela, de modo que eu tinha uma posição perfeita para me defender.

—Não é uma mulher de muitas palavras desta vez ?

—Como pode fazer aquilo com aquelas meninas ?

—Elas manchavam o nome do amor. Era tudo mentira. Tinham de pagar. Todos os mentirosos tem. Eu só lanço meu feitiço sobre os humanos. Ou eles matam a mentira, ou matam quem ameace acabar com o casal. De qualquer maneira, os idiotas morrem.

—E quem é você pra brincar de Deus, huh ?

—Ninguém. Mas ele brincou com você, não é ? Fazer impossível que fique com a sua alma gêmea.

—Não faço ideia do que esta falando.

—Lembro que ficou louca quando descobriu isso. Me pediu ajuda, mas eu estava de mãos atadas. Você veio para este mundo como uma espada de dois gumes. Todos que ficam por perto se machucam. Eu encontrei seu parceiro antes de você chegar aqui. Ele parecia bem preocupado em te dizer uma coisa... Parecia bem importante.

Ao lado dela, apareceu Sam, e seus olhos brilhavam de raiva, estava em posição para me correr e me atacar.

—O que fez com ele ?-Perguntei gritando de raiva,tentando deixar de lado que estava tremendo de medo por ele.

—Eu já disse. -Ela disse,sorrindo, colocando uma mão em seu ombro. -Eu só lanço o feitiço.

Eu atirei em seu ombro, e ela parecia magoada.

—Isso era Chanel ! Oh, Deuses... Tome conta dela,Sammy...

Ela sorriu e eu deixei que ele me derrubasse. Minha arma voou para longe, e ele me segurava pelo pescoço,me sufocando,não o bastante para me matar. Esperava pelo sinal dela, que veio andando e parou em pé, do nosso lado.

—Ei,está tudo bem. Não é culpa sua. Não é culpa sua.

Sussurrei,olhando para ele,tentando encontrar alguma humanidade nele. Coloquei uma mão sobre seu rosto.

—Tocante. Acabe com ela de uma vez.

Eu estava chorando, lutando para respirar. De repente, ele me soltou, e eu puxei todo o ar que podia, tossi até sentir minha respiração se normalizar. Sam parecia assustado e desnorteado. A garota começou a se afastar, conforme ele se levantava. Quando vi,ela havia desaparecido. Sam me levantou e me abraçou. Não, ele me esmagou.

—Eu não consegui parar, eu não...

—Tudo bem. Pelo menos eu estou viva,não é ?

Ele balançou a cabeça, e eu afaguei seu ombro.

—Quem era essa ?

—Ela é Algea. Ela faz o completo oposto de Eros e sua filha. Só veio aqui causar discórdia, eu tenho certeza.

—E como matamos a filha da puta ?

—Uma estaca de carvalho branco banhada em ouro branco, a ponta, banhada em sangue.

—Puta... Isso vai ser fácil de conseguir. -Zombei.

—Só temos que roubar do museu. E fazer alguém sangrar. Ele inaugura hoje a noite, num evento exclusivo para a elite da cidade. E como seus pais controlavam a cidade...

—Eu posso ir sem problemas. Ok,temos que voltar para a delegacia. Eu vou ter que falar com o Xerife.

Ele acenou com a cabeça, e passou um braço sobre os meus ombros. Se sentia obviamente culpado sobre o que tinha acontecido. Dirigiu de volta a delegacia, sem proferir uma palavra sequer.
Novamente,segui até o escritório do Xerife, mas ele não estava lá. Em seu lugar havia um homem de pelo menos vinte e cinco anos,sentado em sua cadeira.

—Aonde está o Xerife ?

—Ele acabou de ser internado. O filho mais velho acabou de ser assassinado por um outro menino da sua classe. E eu o vim substituir. Desculpe,qual é o seu nome mesmo ? -Ele falou, sorrindo para mim.

—Agente especial Booth, esta é minha parceira, Agente especial Mikaelson.

—Ah,isso. Nós estudamos juntos,uma vez. Mudou muito, Brianna. Está bem mais gostosa que antes.

—Um pouco mais de respeito,ela é uma agente federal. -Sam falou,dando um passo a frente.

—Estamos aqui pelas imagens da câmera da sala. Eu sei que só tem câmeras naquele andar. -Falei,antes que Sam me atrapalhasse e batesse no cara.

—Claro.


Ele tirou um pendrive do computador e me entregou. Não disse mais nada, apenas puxei Sam de volta pra o carro.

—Que porra foi aquela ? Aquele cara é maluco.

—Eu jurei que você ia esmurrar ele ali mesmo, no escritório do Henry.-Eu disse,rindo.-Obrigada por me proteger,Sam,mesmo que eu conseguisse lidar com aquilo sozinha.

Dei-lhe um beijo idiotia na bochecha e pluguei o pendrive ao notebook. Mostrava ela beijando o garoto e esse esmurrando o filho de Henry até a sua morre, e ela correndo para fora,até me encontrar.

—Pobre menino. Devia ter quatorze anos. No máximo.

—Vamos vingar ele, e a outra menina também.

Balancei a cabeça, e entrei em casa. Larguei os sapatos e a arma no chão e me joguei na cama. Eu ainda não tinha digerido o que ela havia me dito. E eu estava parada ali,estática. Acontecia com frequência. Não conseguia engolir algumas coisas com facilidade,encontrava-me martelando as palavras e acontecimentos dolorosos na minha cabeça, me torturando. Enchi a banheira e me despi, e odiei me olhar no espelho. Estava ainda toda machucada e roxa. E eu preferia olhar para o meu corpo,evitando olhar para meu próprio rosto a qualquer custo.
As palavras dela ecoavam na minha cabeça. "Você é uma espada de dois gumes. Todos que ficam perto de você acabam se machucando."
Entrei na banheira, e fiquei algum tempo de baixo da água, me livrando dos pensamentos inoportunos. Não me demorei muito após isso. Me arrumei novamente, e desta vez eu usava um vestido preto curto,sem mangas. Nada que chamasse a atenção. Sai do quarto e a porta de Sam estava aberta, e ele não estava lá dentro. Desci as escadas sem pressa,apenas por encontrá-lo ali, me esperando no final. Parecia uma cena dum romance dramático escrito por um poeta depressivo e doente de amor. E eu o entendia.

O rosto de Sam fazia parecer que o resto do terno era somente um adorno, um tipo de decoração a mais para deixa-lo de alguma forma mais bonito.

—Você está linda...-Eu corei, me sentindo embaraçada.

—Para alguém que teve de cobrir os machucados com maquiagem,talvez. As pernas não ajudam. Sou muito baixa.

—Todos são baixos para mim.-Ele disse,rindo.

—Isso é porque você é um filhote de gigante. Então, pronto para roubar algo que vale milhões de dólares ?

—Isso quase soou romântico.

—É o mais perto do que alguém como nós consegue de um encontro chique.

((. . .))
Ao entrar lá,reconheci vários amigos de meus pais. Todos que puseram os olhos em mim tinham pena,até ficarem curiosos sobre o homem que eu tinha ao meu lado. Isso me divertiu por algum tempo. Eu e Sam enrolamos um pouco. Bebemos,jogamos conversa fora com pessoas levemente estupidas, e ele me puxou para dançar. Não,me obrigou. Era uma música lenta e calma, e eu sentia firmemente seu toque em minha cintura; não muito baixo e nem muito alto.

—Eu não sei como não pisei em seus pés ainda. O Winchester mais sortudo.

—Já pisou no Dean ?-Ele riu.

—Pode-se dizer que sim. Mas eu não o faria com você. Seria impossível machucar alguém que faz carinha de cachorro abandonado.

—Eu não faço...-Ele disse,indignado.

—Faz sim. Demais. Fez hoje,quando evitou de ser a causa da minha morte.

Falei,fazendo uma careta.Sam pareceu rir para si mesmo e eu enterrei me rosto em seu ombro. A música acabou e o homem gordo e careca pegou um microfone. Fez um discurso do qual eu não tive a paciência de prestar atenção.

—Temos que sair de cena. Precisamos da estaca. -Ele sussurrou.

—Eu tenho um plano. É não vou conta-lo a você. Preciso que seja mais Sam e menos agente federal, ok ? Vamos.

Ele não entendeu, e eu o puxei pelas mãos,seguindo as pessoas que subiam as escadas. Éramos os ultimos subindo, e eu fingi um desmaio. Pouco antes de fechar os olhos vi o rosto de Sam, desesperado. Ele me pegou no colo.

—Senhor, ela está bem ? Precisa de um médico?

—Ah,não,ela só precisa se deitar.

—Há uma sala com um divã no corredor da coleção de prata. -Que convenientemente ficava ao lado da coleção que precisávamos.

—Obrigada.

Ele falou, e me carregou até a sala, e me colocou em pé. Ele tinha uma expressão seria estampada no rosto.

—Isso foi genial. Mas nunca mais faça isso.-Ele disse,apontando um dedo para mim.

—Ok,Raio de Sol. Vamos pegar essa estaca e dar um fora daqui.

Ele concordou com a cabeça, e me seguiu para fora da sala. Não havia ninguém no corredor. Simplesmente peguei a estaca e a coloquei no bolso do paletó de Sam.

—Isso é conveniente. -Disse,assim que a guardei.-Vamos ?

Ele acenou coma cabeça para mim, segurando emu braço. Voltamos para a minha casa, e a primeira coisa que fiz foi tirar os saltos. Meus pés doíam.

—Agora só precisamos de um jeito de achar ela.

—Podemos sumona-la com um feitiço simples. -Ele disse,olhando para a estaca que tinha nas mãos.

—Parece bom o bastante para mim. Posso só me retirar desse instrumento de tortura ? -Disse,apontando para o vestido. Ele balançou a cabeça com um sim e eu subi as escadas em passos rápidos contra o chão gelado, chutando a porta para fecha-lá atrás de mim. Arranquei o vestido e voltei a colocar as leggings e sua blusa, dobrando as mangas de modo que eu pudesse me lembrar que ainda tinha mãos. Sai do quarto e o encontrei com a porta entre aberta,sem camisa, de costas. Estava lendo alguma coisa num papel. Bati três vezes na porta antes de entrar.

—Desculpe a invasão. Precisa de alguma coisa do inventário que não tenha ?

—Folhas de carvalho,secas. Algo tão comum que eu me esqueci.

Ele disse, olhando para mim. Talvez para sua blusa. Eu balancei a cabeça e fiz meu caminho para o porão,até ouvir um barulho. Subi um pouco as escadas e peguei a arma que estava presa a parede. De vagar, fui descendo as escadas, com a arma pronta na mão. Cheguei ao inventário sem problemas, mas com a péssima sensação de estar sendo observada. Abri a porta e andei até o final,pegando algumas folhas,e ouvi um passo leve atrás de mim. A Deusa que iríamos invocar estava na minha casa. Armada. Eu atirei nela, mesmo sabendo que não era de nenhum uso, já que ela não parecia sangrar. A cada passo que ela deu em minha direção, eu dava um tiro em seu coração,até dar um ultimo bem no meio de sua testa, o que fez com que a sua cabeça se jogasse para trás e a parou por alguns segundos,que me deu abertura para passar correndo por ela, mas não tempo bastante para escapar, e então ela me puxou pelo cabelo e me jogou com força no chão,chutando a minha pistola para longe, e eu gritei de dor no processo. Ela era maia forte do que qualquer coisa que eu já havia enfrentado. Não havia nem mesmo uma semana que eu havia me machucado, e eu senti todos os meus cortes se abrirem conforme ela me chutava no estômago e no rosto,e então ela me arrastou até uma das vigas que seguravam a casa e me amarrou ali, e se abaixou para que eu pudesse ver seu rosto, e segurou-me pelo queixo.

—Vamos fazer uma pequena troca.-Ela disse,sorrindo, e me largando, e saindo da minha frente. Sam estava parado a alguns metros dela,com a estaca na mão, e uma expressão fervorosa em seu rosto. -Eu te dou a garota e você me dá a estaca.

—E te deixar livre por ai ? Nem pensar.-Eu disse,cuspindo sangue nela, que me chutou na perna.

—Ninguém falou com você.

—Se eu te entregar isso, você vai embora sem matar ela,correto ?

—Sam !

—Isso mesmo. -Ela riu,quase soava como um ronrono.-Entendi porque não funcionou com vocês. Nunca funcionaria. Adelfés psychés. Que sorte.

—Desamarre ela.

—Tudo bem.

Ela me desamarrou e eu usei toda a força que tinha, joguando a corda sobre seu pescoço, a sufocando. Ela me arranhava e puxava meu cabelo. Sam enfiou a estaca em sua garganta, que borbulhou com um líquido prateado, e seu corpo virou pó. Eu cai de joelhos, me lamentando por toda a dor que estava sentindo.

—Ei, ei !

Sam me segurou e me tirou do chão, e me levou rapidamente de volta para o meu quarto, e me deitou na cama. Viu o meu kit de primeiros socorros em cima da mesa e o abriu, fechando machucados antigos com agulha e linha, e tratando de novos que eu ganhei no processo, e a essa altura, eu nem sentia mais nada,só ficava com os olhos entreabertos enquanto ele fazia tudo, suas mãos tremiam. Eu não tinha o que dizer para ele, era bem possível que ele ficasse ainda mais nervoso. Quando acabou, se sentou na minha cama, e fez carinho na minha bochecha com o dedão.

—Eu tenho que parar de te assustar assim. -Disse,segurando a sua mão. Ele concordou com a cabeça, e sorriu. -Você vive me salvando, e me remendando, sorrindo para mim,mesmo sem saber a verdade.

Eu ardia em febre,mas sabia que não poderia ficar escondendo isso dele para sempre.

—Verdade ? Você sabia sobre o que ela falou mais cedo sobre almas ?

—O que ?

—A última coisa que ela disse... Antes de morrer ?

—Adelfe piches,alguma coisa assim. Lembro.

—Adelfés psychés. -Ele me corrigiu,e parou, me olhando. -Não importa.

Ele se levantou e eu o puxei pela mão, os fazendo sentar novamente, e me sentei.

—Talvez nada disso importe agora.

Eu sussurrei, fixando-me sobre seus olhos verdes,constantemente me distraindo com sua boca,e por um segundo o vi fazer o mesmo, me beijando logo em seguida, de forma suave e delicada.

E ninguém disse mais nada aquela noite. Não houve mais nenhuma conversa ou discussão, sobre nada. E eu nem mesmo lembrava do meu próprio nome durante aquela madrugada. Não existiam anjos,monstros e demônios. Não existia nem mesmo mais ninguém e nem nada que importasse sem ser ele,ali, naquela hora. Nos entregamos,um a o outro sem hesitação,sem medo, sem vergonha. E ter tomado aquela decisão talvez tenha sido a melhor coisa que eu tenha feito nessa vida.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e esperarem, e eu adoraria ouvir sobre o que voces acharam do capítulo. Até mais.



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