Segunda Chance escrita por Captain


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Se voce é o João, leia isso >>
Antes de mais nada, não crie expectativas kkk Venha falar comigo quando terminar, eu realmente quero falar a respeito contigo uahsuhashas



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Colégio Kōdō Kihan¹ – Balbuciou desanimado.

Era o terceiro colégio que frequentava naquele ano. E para sua mãe, era a última esperança.

Soltou um sorriso sarcástico ao pensar naquilo. A última esperança.

Passou pelo portão com passos lentos e observou a estrutura do colégio. Os dois anteriores, pelos quais havia passado, eram particulares. Enquanto aquele era público. Era notável a diferença na estrutura e na manutenção da mesma, não que aquilo incomodasse Noda.

Ainda observando o ambiente, pode notar um professor e um aluno, ambos sérios, trocando algumas palavras enquanto apontavam para ele. E em seguida, o mesmo aluno vindo em sua direção, acenando. A princípio sorria, mas não se parecia em nada com um sorriso natural. Na verdade, se Noda fosse mais prestativo do que aparentava naquele momento, iria perceber que havia um pouco de medo e nervosismo naquele sorriso.

Hai! Me chamo Fujiwara Akira – Falou fazendo uma breve reverência.

Noda. – Prontificou-se em responder, porém com pouco interesse na conversa.

Esse é o seu primeiro nome, ou o último?² - O garoto continuou, ignorando a falta de vontade de Noda.

Os dois. – Respondeu rapidamente. Mas dessa vez, com uma pontada de irritação na voz.

Fujiwara engoliu em seco e soltou uma risada fraca.

Venha, eu vou te mostrar onde fica a sala. – Prontificou-se a caminhar na direção onde ficava a sala de aula, mas Noda colocou a mão sobre o peito do garoto, segurando-o.

Fujiwara, tem alguém na sua sala que saiba sobre mim?

O garoto olhou assustado para Noda, como se não houvesse entendido a pergunta.

O que quer dizer? – Soltou outra risada fraca, nervosa.

Por mais que Noda não fosse prestativo, dessa vez ele havia percebido.

O seu professor estava te convencendo a vir falar comigo, não estava? Você não queria vir. E bom, se não queria vir, já sabia do meu histórico. Devem ter falado sobre mim na sala de aula.

Na verdade o próprio Noda se impressionou com aquela observação, parecia inteligente demais para ele. Abriu um pequeno sorriso involuntário de orgulho próprio.

Ah... Na verdade, você tem razão. – Akira confessou.

E será que tem alguém na sua sala que não tem medo de mim? – Disse rindo alto.

Mas ao contrário do que ele pensou, Fujiwara respondeu.

Tem sim.

Noda interrompeu a própria risada e encarou o garoto.

O nome dela é Setsuko Jin.

“ – Foi você? Você que se recusou a se inscrever? Morra!”

Um barulho de carne sendo rasgada invadiu seus pensamentos e ele levou a mão até a cabeça.

O que... O que foi? – Fujiwara perguntou, relativamente preocupado.

Nada. – Noda reestabeleceu seu semblante inexpressivo.

[...]

Esse é Noda, o aluno novo. Por favor, o recebam bem. – Apesar do pedido do professor, não era difícil notar que ninguém ali estava a fim de fazer aquilo.

Não que Noda tenha reparado, ou ao menos, se importado. Ele apenas se dirigiu até uma das duas carteiras vazias que havia na sala. Era a última da fileira e próxima a janela. Perfeita, pensou.

Depositou a mochila sobre a carteira e apoiou a cabeça sobre a mão esquerda. Observou Fugiwara algumas carteiras na frente e notou que ele olhava fixamente para uma garota sentada na fileira ao lado. Aquela deveria ser a Jin, concluiu. Na verdade não tinha outra pista, além da forma com Akira olhava para a garota, de que ela era Jin, mas era como se estivesse dando ouvidos à própria intuição.

Não conseguia ver o rosto de Jin de onde estava sentado. Apenas conseguia ver seus cabelos vermelhos curtos. No início não se importou muito, porém após alguns minutos entediantes, não conseguia parar de imaginar como seria o rosto dela. Mas no fim das contas era mais algo para ocupar os pensamentos do que qualquer outra coisa.

Pegou a embalagem da bala sobre a mesa, enquanto girava a caneta nos dedos da outra mão. Se levantou e foi lentamente até o lixeiro próximo da porta, preparando-se mentalmente para quando virasse. Francamente, o que o tédio não era capaz de fazer? Ainda girando a caneta, se virou. Focou os olhos em Jin, e supriu a curiosidade. Ou melhor, decepcionou-se. Não era uma garota, era um menino franzino.³

Passou a mão no cabelo, com uma expressão irritada e desapontada ao mesmo tempo. Akira disse que Jin era uma garota, certo? Então o que diabos deu errado...? Ah, é. Sua intuição nunca foi boa mesmo.

Com exatamente a mesma expressão, voltou até sua carteira, mais lentamente ainda dessa vez. Ainda girava a caneta, e se não fosse por alguns poucos passos, teria conseguido chegar a tempo no lugar sem maiores problemas. Mas a caneta tinha que escorregar. E bom, não só escorregar, mas bater no rosto da pessoa que sentava logo a sua frente.

Prontificou-se em ficar envergonhado e repetir intermináveis vezes “azarado” para si, mas não conteve o riso quando notou um risco na testa da garota. Não riu alto, mas com o silencio da sala, não precisava ser muito alto para que todos ouvissem. E depois dessa, alguns risos baixinhos se manifestaram.

Jin, quer ir ao banheiro lavar o rosto? – O professor perguntou ignorando o divertimento dos alunos com a situação.

E Noda parou de rir no momento em que ouviu seu nome. Na verdade se sentia meio patético. A verdadeira Jin havia sentado na sua frente a aula inteira, enquanto ele se pergunta em como seria o rosto do garoto ruivo.

Ela nada respondeu, apenas se levantou e saiu da sala.

Noda sentou no seu lugar e deitou sobre a mesa.

“ – Filho, saia um pouco desse quarto. Vai dar uma volta...

– Mãe, eu...

– Por favor...

– Ah, tá legal.

[...]

– Eu já te vi por aqui, não?

– Provavelmente. É onde eu venho quando minha mãe me pede pra sair de casa.

– Ah sim, não estamos numa situação muito diferente então.

– Acontece com você também?

– Sim. Mas eu não...”

Noda, Noda... – Sentiu duas mãos chacoalhando seu braço e acordou irritado pelo sonho interrompido. – A aula acabou.

Era Fujiwara. Os últimos alunos recém saiam da sala.

Noda se levantou sonolento e notou a caneta no chão.

A Jin ficou muito brava? – Diz se abaixando e pegando o objeto.

Não, acho que ela nem ligou na verdade.

Menos mal, não teria que pedir desculpas Odiava pedir desculpas.

[...]

– Sayōnara, Noda, nos vemos amanhã. - Akira acenou do pátio da escola enquanto Noda se dirigia ao portão acenando de volta. O fato é que ele simplesmente se esqueceu de olhar para frente. Apenas notou um vulto a sua frente, e escutou o baque da queda. Jin estava no chão o encarando.

– Qual é! Ninguém pode ser tão desastrado assim. – Ela riu.

Noda sorriu conformado, estendendo a mão para ela. Jin segurou a mão dele e se apoiou nela para levantar.

Valeu. – Agradeceu pela ajuda e sorriu, como se dissesse “tchau”.

Mas quando ambos começaram a seguir o caminho de volta para casa, acabaram por seguir a mesma rua. Um silencio desconfortável permaneceu por alguns metros, até que Jin optou por quebrá-lo.

E então, quando eu voltei pra a sala, você estava dormindo na sua carteira. Ficou com vergonha? – Ela riu. Na verdade não queria falar sobre isso, era um assunto chato e meio sem rumo, mas não havia conseguido pensar em nada melhor.

Ah! Na verdade, fazia uns dias que eu estava dormindo até tarde, e bom, tenho que me acostumar com acordar cedo de novo.

Jin apenas sorriu assentindo.

[...]

Noda deitou na cama e pegou o celular na escrivaninha. Estava tarde, definitivamente precisava ir dormir. Ou acabaria pegando no sono na aula do dia seguinte novamente. Não que ele se importasse muito, mas era como um movimento mecânico, força do habito.

“ – Eu te disse que não era assim. Você tem que pegar a pedra, e jogar de lado, se não ela vai afundar rápido.

– Ah, eu sei. Droga. É só que eu não consigo. Na verdade, eu tava concentrado em outra coisa.

– É? No quê?

– Em você.

[...]

– NPCs? Tem certeza?

– Sim. Eles estão se transformando nessas sombras. Quer dizer, eu não cheguei a ver, mas o que mais poderia ser?

– É você tem razão.

– Tá, olha, eu preciso ir. Tudo bem?

– Claro. Segure eles pelo máximo de tempo que puder.”

[...]

Noda viu Jin ao longe, descendo a rua. Decidiu esperar por ela, e quando ela o acompanhou até a escola, não sorriu como no dia anterior.

“– Eu sinto muito Noda, eu sei o quanto vocês eram próximos, mas... Mas... Ah, merda. Eu simplesmente não consegui pará-la.”

Noda levou a mão até a cabeça, enquanto fechava os olhos com força.

Você tá bem? – Jin o encarou preocupada.

To. To sim.

Não estava. Claro que não. Aquelas frases desconexas invadiam sua mente de repente, faziam sua cabeça doer, e nem ao menos conseguia entende-las. Além de que, ultimamente, só haviam aumentado.

– Eu tive uns sonhos estranhos hoje. – Tentou mudar de assunto. Mas só depois de completar a frase percebeu que também não queria falar sobre aquilo.

– E quais sonhos não são estranhos? – Jin completou.

[...]

Ele não queria dormir, não queria mesmo, mas suas pálpebras pesavam muito, e sua cabeça pesava.

“ – Eu sinto muito. Deveria ter chego aqui antes, eu sei. É só que... Achei que não me importava com você. E agora não posso nem abraça-la.”

Noda levou a mão até a cabeça de novo. O professor o encarou, confuso.

– Tudo bem Noda?

– Sim, claro. – Prontificou-se em responder. Posso sentar no corredor? – A pergunta havia soado mais estranha quando falada em voz alta, do que tinha soado em sua mente, com certeza. Mas no fim das contas o professor assentiu, então não fazia diferença.

Apoiou-se no parapeito da janela, e encarou o pátio do colégio. Em seguida observou Jin sair da sala e também apoiar-se ali.

– Eu pedi para vir ver como você estava.

Ele assentiu.

– Mas na verdade, é porque eu preciso te contar uma coisa.

Noda a encarou confuso.

– O quê?

– Olha, isso pode soar estranho e ridículo, mas eu realmente preciso contar pra alguém. – Ele assentiu, a encorajando a continuar. – Bom, eu tenho tido uns sonhos estranhos, e você comentou isso hoje antes da aula, por isso escolhi dizer pra você. Eu... Tenho sonhado com a mesma coisa, faz um ano. E acho que seja mais que apenas um sonho, talvez uma premonição. Sei lá. – Ela o encarou, esperando que ele fosse rir, mas Noda continuava sério, acreditando em cada palavra que ela dizia. – No início, era apenas eu, com um fundo preto, e um vulto me derrubando no chão com força. Eu caia, e de alguma forma eu sabia que minhas costelas estavam quebradas, e que elas perfuravam os meus órgãos internos a cada pequeno movimento que eu tentava fazer. Até que uma delas chega no meu pulmão e eu morro em poucos segundos. Quando comecei estudar nesse colégio no início do ano, o lugar preto se transformou na rua em frente à escola. E o vulto, se mostrou ser um carro que eu vejo todos os dias passar por essa rua. Logo, pessoas começaram a passear pelas calçadas, pessoas que eu vejo todo dia. Como se fosse um quebra-cabeça...

– Se completando. – Noda a interrompeu, terminando a frase exatamente da maneira que ela imaginara.

Jin assentiu.

– Mas não é só isso. Até ontem, havia uma peça faltando. Quando eu estava caída no chão, alguém vinha até mim e acariciava meus cabelos, dizia que ia ficar tudo bem. E eu nunca conseguia ver o rosto dessa pessoa, até ver você. Como se para as peças se encaixarem, eu precisasse vê-las primeiro, mas eu ainda não te conhecia.

Noda não sabia o que dizer.

– Você acha que isso é mesmo uma premonição?

– Acho. E eu tenho medo que ela vá acontecer agora que o quebra cabeça está completo. – Ela olhou para baixo. – Não acha isso bobo? Quer dizer, soa bobo. – Ela sorriu.

– Não. Na verdade, eu ando tendo alguns problemas com sonhos estranhos também, mas os meus, acho que são memórias.

– Ei vocês dois, entrem, vamos. – O professor encarou ambos, não muito feliz pela demora.

[...]

Noda atravessou a rua e se apoiou no muro na frente do colégio. Dessa vez não havia encontrado Jin pelo caminho, então optou por esperá-la ali.

Até que a avistou ao longe, ela vinha com o fone de ouvido olhando para baixo.

Nunca havia reparado, mas ela parecia bem o tipo de garota que não tinha muito amigos. Daquelas que preferia ficar ouvindo música em casa, do que sair e socializar.

Até que ele viu um carro cruzar a esquina com pressa, acima do limite legal, sem nem ao menos tentar desviar de Jin. Ele tentou chamá-la, avisá-la, mas não ouvia sua voz sair. Como se estivesse num sonho e nada tivesse som.

Correu até ela e ajoelhou ao seu lado. Pousou a mão sobre seus cabelos da forma mais delicada que conseguiu, e sentiu as lágrimas escorrerem.

– Aconteceu afinal. – Ela murmurou sem forças.

As pessoas em volta ligavam para a emergência, mas Noda sabia que era inútil.

“– Então quer dizer que essa é apenas a nossa segunda chance de ter uma vida normal?

– Exatamente.

[...]

– Ela morreu Noda. Overdose. Eu sinto muito.”

E então ele lembrou. Lembro da Ino, a garota que não havia conseguido salvar. E agora, olhando para Jin, podia perceber que na verdade, Ino e Jin eram a mesma pessoa.

Lembro de Yurippe, lembro de Otanashi e pós-vida.

– Uma segunda chance. – Murmurou.

Olhou em volta, e da lamina que sempre carregava consigo. Já havia tentado isso antes, mas era para chamar a atenção da mãe. Dessa vez, ele realmente queria aquilo.

Então, segurou a lamina forte, e cortou. Caiu sobre a garota, e sentiu o sangue esvaindo de seu corpo. E antes que pudesse perceber, encarava um campo de Beisebol enquanto Ino arremessava a bola de lado.

– Strike um.


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Notas finais do capítulo

1. Kōdō kihan (行動規範), significa: Código de Conduta. Bom, pelo menos foi o que o Google tradutor disse. O nome inicial ia ser Murasaki no kami (紫の髪). Que significa: Cabelo roxo. :v
2. Eu sei que no Japão o sistema funciona diferente, mas achei que ficaria menos confuso falar dessa forma. Então, o primeiro nome japonês é equivalente ao sobrenome brasileiro. E o último nome japonês é equivalente ao nome principalprimeiro nome brasileiro. Continuou confuso? Foi mal :c
3. Expressão do Noda nesse momento: ¬¬

Espero que nao tenha se decpecionado muito ç.ç Como eu já disse, por favor venha falar comigo que eu posso explicar tudo :( Inclusive, to pensando em refazer -q



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