– Hã?! Sério mesmo?! – Kagami Taiga repetiu aquela mesma pergunta pela terceira vez – antes dele haviam sido Aomine e Takao - ainda surpreso pelo que acabara de ouvir.

Era um grupo um tanto inusitado aquele, havia alguns jogadores de Seirin, Shutoku, Rakuzan, ex-membros de Teiko, entre outros, alguns inclusive estando ali contra a vontade; todos lanchando no Maji Burguer enquanto pensavam no que dar de presente para Akashi Seijurou, que faria aniversário dali a dois dias. Cansados de quebrarem a cabeça sozinhos em busca de um presente que não acabasse por liberar a ira do imperador, se reuniram ali como último recurso em busca de alguma idéia, mas a premissa de que várias cabeças pensam melhor que uma, não estava se confirmando naquele caso. Até que Nijimura Shuuzou, que havia se atrasado um pouco, contou que já havia dado seu presente a Akashi, e justamente por isso havia se atrasado. Dizer que todos ficaram surpresos ao saber qual era o tal presente seria pouco, chocados e incrédulos seria uma definição melhor.

– Sim. – Nijimura respondeu simplesmente – Quando eu perguntei o que ele gostaria de ganhar de presente ele disse que não havia nada em particular que ele quisesse, que não ligava pra esse tipo de coisa. Então eu insisti, quis saber se tinha algo que ele nunca tivesse ganhado, qualquer coisa. Ele disse, e eu dei. – deu de ombros.

– Mas e ele? O que ele fez depois? Ficou com raiva? Te atacou com alguma tesoura? – Kise perguntou, num misto de curiosidade e temor.

– Bom, ele ficou meio surpreso na hora, mas depois sorriu e agradeceu. – deu novamente de ombros – Sabem, confesso que fiquei surpreso quando ele disse que nunca havia ganhado um beijo, nem mesmo dos pais, e ele me pareceu bem feliz – do jeito dele, claro – depois que eu o beijei. Tenho certeza que ele adoraria ganhar mais alguns.

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Nunca havia passado pela cabeça de Akashi que Nijimura fosse realmente lhe dar um beijo como presente de aniversário. Havia sido sincero quando disse que não se importava com presentes e afins, nunca fora materialista, mesmo tendo de tudo que o dinheiro pudesse lhe proporcionar. Também foi sincero quando disse que em todos os seus dezessete anos de vida, jamais havia ganhado um beijo, nem mesmo de seus pais, que sempre foram estritamente rígidos com ele. Ficou surpreso, claro, mas não viu problemas no gesto, tanto que sorriu – minimamente – e agradeceu pelo inusitado presente; ser beijado era realmente bom.

O ruivo também não se importava com o fato de ter sido beijado por um garoto, já há algum tempo havia percebido que estava se sentindo... diferente quando um certo rapaz estava por perto. Ficou bastante confuso durante um bom tempo antes de compreender o que estava sentindo, antes de entender que havia se apaixonado. Seria só uma questão de tempo torná-lo seu namorado, e inclusive havia planejado se aproximar um pouco mais dele naquele fim de semana, e o fato de seu aniversário ser naquele dia não era lá muito importante pra ele, tanto que seria como outro qualquer se desde que pusera os pés para fora de casa pela manhã não tivesse recebido tantos... presentes de aniversário.

O primeiro havia sido Reo. O mais alto havia lhe telefonado na noite anterior e dito que passaria em sua casa para que fossem juntos ao treino, e assim que se aproximou do ruivo, simplesmente colou seus lábios nos dele e lhe desejou um feliz aniversário, sorrindo em seguida. O ruivo foi novamente pego de surpresa e depois de alguns instantes agradeceu, meio incerto, e seguiu com o companheiro de equipe em direção a Rakuzan, como se o beijo fosse algo absolutamente comum entre eles. Hayama estava encostado no muro próximo ao portão de entrada quando eles chegaram, Reo apenas o cumprimentou e seguiu para dentro do colégio, deixando os outros dois para trás. Akashi estava prestes a fazer o mesmo que o moreno quando Hayama se adiantou e lhe beijou rapidamente os lábios antes de lhe desejar feliz aniversário sorrindo enquanto o puxava em direção à quadra. Não foi preciso pensar muito para concluir que esses beijos eram conseqüência do beijo que Nijimura havia lhe dado e provavelmente “saído espalhando” em seguida, e tinha certeza que depois desses, outros viriam. De certa forma até se divertiu ao pensar que ganharia beijos ao invés de presentes normais que pra ele não fariam diferença alguma.

Como pensou, muitos outros beijos vieram depois dos dois primeiros. Mayuzumi havia lhe ‘presenteado’ assim que o treino acabou e logo depois foi a vez de Nebuya. Encontrou Murasakibara enquanto ia pra casa, e este lhe ofereceu um pirulito de uva de sua imensa sacola; aceitou-o, desembrulhou o doce e assim que o pôs na boca sentiu brevemente o gosto de uva misturado com o de morango proveniente do pirulito que o arroxeado mantinha na boca. Kise foi o próximo, o loiro escandaloso havia feito uma cena e tanto ao correr para abraçá-lo e beijá-lo no meio da rua acabando por ser duramente repreendido por Midorima , que se aproximava com Takao. O moreno o felicitou animado e lhe deu um selinho rápido, afinal, não era assim tão amigo do ruivo; já Midorima, primeiro o presenteou com o item da sorte do dia para sagitário, um pequeno urso talhado em madeira, e então também beijou o ex-capitão.

Aomine havia sido um pouco mais empolgado que os outros ao lhe presentear, acabando por colocar uma lingüinha atrevida em meio ao beijo. Kuroko foi simples e direto como sempre, lhe dando um singelo beijo e lhe desejando felicidades; o mesmo, porém, não podia ser dito de Kagami, que ficara um pouco corado ao lhe felicitar, mas também lhe dera um beijo como presente. Contudo, em meio a tantos beijos que recebeu, o que ele realmente queria ter ganhado não estava entre eles... Bom, talvez ainda o ganhasse já que mais tarde teria uma pequena ‘festinha’ no apartamento de Kagami – que sequer havia sido previamente consultado a respeito – pra comemorar direito – segundo Kise – o seu aniversário, apenas a geração dos milagres mais alguns poucos amigos mais próximos. Talvez ele estivesse por lá.

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– A-Akashi-san..

O ruivo, que havia escapado para a pequena varanda no apartamento de Kagami onde estava acontecendo sua festa de aniversário, virou-se ao ter seu nome chamado naquele tom de voz hesitante que esperara o dia todo para ouvir.

– Sim?

– E-Eu... É que... Bom... F-Feliz aniversário, Akashi-san! – gaguejou, corando intensamente ao se dirigir ao ruivo.

– Obrigado. – agradeceu, sorrindo minimamente com o canto dos lábios. Ele sempre ficava assim, envergonhado, na sua presença. Akashi achava isso simplesmente adorável.

O aniversariante viu-o se aproximar de forma hesitante até parar bem a sua frente mordendo brevemente o lábio inferior, parecendo meio incerto a respeito do que fazer em seguida. O ruivo embora não aparentasse estava apreensivo, expectante até, com a proximidade do outro, sabia que ele também o beijaria, todos os outros beijaram, não é mesmo? Sentiu seu coração se acelerar em seu peito e um sorriso terno se formar em seus lábios quando os lábios dele tocaram sua testa; o beijo havia sido tão carinhoso e reconfortante que por um momento fechou os olhos, a fim de aproveitar ao máximo aquela maravilhosa sensação.

– Feliz aniversário... Akashi-san. – desejou novamente, quase em tom de confidência. Seu rosto ainda estava bastante corado, tanto pelo beijo quanto pela parca distância entre eles, mas ainda assim não se afastou.

Akashi entendeu o que aquilo significava. Furihata Kouki também gostava dele, e mantinha-se ali, parado, bem a sua frente, esperando que o ruivo desse o próximo passo. Akashi foi incapaz de conter o amplo sorriso que surgiu em seus lábios ante a iminente realização daquilo que tanto queria; tocou gentilmente o rosto do outro garoto, que se inclinou em direção ao carinhoso toque, sorrindo e corando ainda mais. Aproximou lentamente seu rosto ao do moreno, roçando sutilmente seus lábios antes encaixá-los propriamente, num beijo vagaroso e um tanto inexperiente, mas intenso o suficiente para fazer seus corações baterem cada vez mais rápido contra o peito, completamente tomados por aquele sentimento morno que se espalhava e inebriava-os inteiramente. E aquele ainda era apenas o primeiro.

Nunca achou que seria tão bom receber beijos como presentes de aniversário.