Eu tinha um problema. Precisava de dinheiro.

Certo, certo, sou o deus das riquezas, se bem que você não podia mantiver-se rico com seus servos (que mais pareciam aspirantes a chantagistas) pedindo dinheiro a todo o momento. Caronte depois de descobrir a existência da Apple se tornou simplesmente impossível! ‘’IPhone isso, IPhone 6 aquilo’’. Persefone era outra! Thânatos sempre foi um alivio, ate que decidiu que preferia suas foices de material inox e sobrava para mim!

E eu odiava principalmente depois que decidi por em prática meu mais novo plano. Derrotar Zeus e assumir a vaga de deus dos deuses e então dominar o mundo! Nossa essa coisa de dominar o mundo era tão ‘’desenho animado’’. Dei de ombros, eu era um deus fazia o que queria...

Menos arranjar dinheiro do nada. Você deve estar se perguntando agora: ‘’ Mas, tio Hades por que você precisa de dinheiro?’’ E eu responderia: ‘’ Porque os semideuses já não são tão inocentes ’’. Não se eram os tempos que você chamava uma pessoa para guerra e ela se levantava para ir. Agora, as coisas mudaram se queria ajuda de semideuses, que pagasse! Bem tinha o plano feito, apenas faltava arranjar a grana.

Como arranjar?

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Eu estava em uma feira. Não, eu não fui fazer a feira do mês, como suas mães devem fazer. Suspirei mentalmente pronto para a humilhação que eu ia sofrer se alguém descobrisse. Um, dois, três e... JOGA O ORGULHO PELA JANELA!

- Balinha!Balinha!- Anunciei- Moça? Quer balinha?

Puxei uma mulher para a minha barraquinha.

- Balinha, moça?- Ela assentiu e pediu um hall, pagando em moedas- Balinha! Olha a balinha, três halls por um e cinqüenta!

Outra passou

- Quer balinha?- Ela negou- Tem certeza que não quer balinha? Olha o doce! Minha gente esta aqui para vender!

- Qual seu nome, gato?- Uma adolescente de aparentes 19 anos falou

- Hades, bala?

- De você eu chuparia outra coisa, gato- Piscando que nem uma vesga

Eu a fitei, Artemis não curtiu isso, para onde esse mundo estava indo...

- Sou... Casado- Expliquei lentamente

- Droga!- Ela fez beicinho- Passa uma Kiss, para eu me lembrar de você

Rapidamente entreguei, ela mandou um beijo no ar e foi embora. Estranho. Muito estranho. Ao menos ela comprou algo.

- MEU POVO COMPRE BALINHA, BOA, BARATA E GOSTOSA!- Gritei, voltando a fazer propaganda

Horas Depois

Suspirei, tinha conseguido alguns trocados. E você!Sim você mesmo! Nem um comentário sobre isso! Se ouvir algo sobre um deus vendendo balinhas na feira saiba que tem um lugar reservado nos Campos De Punição!

Voltei ao submundo, tomei um banho longo e me joguei na cama.

- Hadezinho,amor!- Uma voz feminina soou- Você sabe que eu amo você!

- Persefone?- Levantei o olhar, a mulher se sentou na cama ao meu lado- O que você quer?

- Nada demais! Apenas todo seu amor, sua confiança, sua força, sua coragem...

- E provavelmente minha carteira- Resmunguei- Se quiser fica em cima da mesa da sala

Dei uma leve risada ao imaginar ele descobrindo que a carteira estava vazia.

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Apollo devia me odiar. Deviria estar fazendo uns quarentas graus ou mais. Do tipo que a pessoa quebra um ovo na calçada e ele frita. Peguei um boné e coloquei-o na minha cabeça pelo inverso, de forma que a aba ficava para trás. Estava usando uma regata vermelha surrada, uma bermuda jeans, e um tênis branco encardido. Fiz uma careta nunca estive tão empobrecido. Mas eu estava fazendo aquilo por uma boa causa. Como sempre. Então você vai me dizer: ‘’Boa causa uma ova! Titio Hades, você não cansa de perder?’’ Pois bem minha resposta é simples: ‘’ Cada um que cuide da sua vida’’.

Peguei uma garrafinha de água com detergente e uma esponja, esperando o sinaleiro ficar vermelho. ‘’Realmente, não está fácil pra ninguém’’. Sim, isso mesmo que esta pensando. Algo contra flanelinhas?

Os carros pararam, esperando o sinal abrir. Peguei meus ‘’objetos de trabalho’’ pulando na frente de uma lamborghini prateada e quase tive um ataque. Na verdade, acho que se deuses pudessem enfartar seria exatamente isso que teria acontecido. O motorista era um loirinho, de olhos azuis, pele branca e usava um terno risca de giz azul. Zeus. Sem sombras de titubeias. Ele pegou o celular (um IPhone 6, que Caronte tanto queria), parecia entediado.

- Hey! Faça uma lavadinha básica na vidraça- Falou ele falou, sem tirar o olhar da tela

Eu olhei da esponja para o carro umas 15 vezes, corando e empalidecendo. Suspirei, agora já era tarde, me restava torcer para que ele não me reconhecesse. Passei a água pelo vidro e me concentrei em limpar aquele troço e calculando quantas lavagens eu deveria fazer para conseguir um carro melhor do que aquele. Depois de enxugar, me aproximei da janela, ele não desgrudou o olhar do celular, fiz um plano de fuga repensando a idéia de simplesmente deixar o vidrinho dele limpo e sair correndo sem um tostão no bolso. Mas quando me preparava para correr e virar a esquina mais próxima, seus olhos azuis me fitaram. Ele abaixou o vidro.

- Hades?- Ele arqueou uma sobrancelha

Minha mente trabalhou furiosamente para achar um plano.

- Ades? Conheço não patrão- Fiz meu melhor sotaque de ‘’marmanjo-sem-teto-‘’ e torcendo para estar tão esfarrapado como me sentia

- Claro que não- Confirmou meio desconfiado, depois sorriu- Obviamente que não! O Hades que eu conheço nunca andaria no meio de uma rua para início de conversa

‘’Eram bons tempos esses’’

- Então patrão? Tem uma moedinha para mim?- Tentei não engasgar com a idéia de estar pedindo uns trocados para a pessoa que mais queria matar

- Claro, um minutinho- Ele abriu a carteira procurando um trocado, achou apenas 100 reais e me deu- Você esta com sorte!

- Obrigado, chefia- Me virei e corri para a calçada, sem saber se ficava radiante de felicidade ou enraivecido de ódio, aquele maldito tinha grana para gastar com flanelinhas, enquanto eu tentava ser flanelinha para achar alguém com grana para gastar! Vida irônica!

Guardei o dinheiro no bolso, um ônibus passou por mim em disparada e me encharcou de água de uma poça alheia. Perceba que estava fazendo um sol de rachar, e aquela poça aparentemente não se evaporou apenas para esperar eu estar perto o suficiente para ser atingido por uma rajada de água suja. Esse e o tipo de coisa que só acontece comigo. Cuspi um jatinho de água pela boca.

Chega de trabalho por hoje.

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Franzi as sobrancelhas. Olhei mais uma vez para a roupa que iria me sujeitar. Uma bermuda jeans e uma blusa azul sem mangas. Ok podia não ser ruim, para uma pessoa normal, ou seja, para mim era realmente ruim. Gemi de desgosto enquanto vestia a roupa, depois de camisas de seda e calças de tecido caro, entrar em uma roupa como aquela só me fazia pensar em como eu tinha chagado a tão baixo. Vesti a roupa e pensei qual seria o grau das minhas queimaduras quando retornasse para casa. Peguei meu (agora inseparável) boné e dei um jeito de esconder todo o meu cabelo escuro nele, sabe a gente nunca sabe quando vai encontrar um deus conhecido. Lembrei-me de Zeus e de sua lamborghini prata. NUNCA!

Tomando todo cuidado possível sai do meu quarto, rezando para não ser visto. Minhas orações nunca foram atendias.

Fui até o mundo superior, com minhas havaianas raspando no calçamento (Havaianas, havaianas, todo mundo usa). Cheguei à praia. Capelinha, problemas?

Coloquei aquela bendita caixa de isopor no ombro.

- JOGA AQUI!- Uma voz rouca e forte gritou, e uma bola de vôlei rolou junto aos meus pés, peguei pronto para lançar. Até ver o dono da voz.

Eu não podia ser tão azarado assim! Podia? Um homem moreno, de cabelos dourados e olhos verdes, o qual eu conhecia bastante bem. Poseidon. Engoli uma lista de dez metros recheada de palavrões. Droga! Tanta praia nesse mundo! E o deus do mar vai para a mesma que eu vou. Perfeito, né?

Lancei a bola com força o suficiente para chegar a ele e torci para ela acertar na cabeça do deus. Mais uma vez, eu sou um tremendo azarado. Não acertou. De repente, ele estreitou os olhos, como se tivesse me reconhecendo. Isso é mal. Retomei meu caminho, a vida continua!

-Hey, você! Venha aqui!-‘’ Não esta falando comigo!’’- Venha aqui ou vou ai puxar você pelo cabelo ate o Monte Olimpo!- Disparei correndo até chegar à outra extremidade da praia

Tenta agora! Babaca!

- Hades,Hades, você realmente não me conhece, não é?- Olhei para frente me deparando com o louro de sorriso torto

- Hades? Não conheço essa pessoa- Resmunguei torcendo por colar. E adivinha? Não colou!

- Você acha que se esconder o cabelo com um boné, eu simplesmente não vou notar você?

- Era meu plano

- O que você esta fazendo? Não acha que já se rebaixou o bastante?

- Não é da sua conta!

- Não fique mal-humorado, esse vai ser nosso pequeno segredo- Ele me deu uma piscadela que retribui com um rosnado- Agora, me passe um picolé de morango

- Você esta brincando, né?- Ele não mudou o pedido, eu simplesmente peguei a droga do picolé e o entreguei, ciente que estava sendo claramente avacalhado

- Obrigado- Agradeceu, pagou com uma nota de 50- Fica com o troco, maninho!

Virou-se e foi embora. Eu fitei o dinheiro... Eu sou o único dos três grandes que é pobre? Serio mesmo? Senti vontade de rasgar o papel, mas sabiamente apenas o empurrei para o meu bolso.

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FINALMENTE!

Depois de mais cansativos trabalhos eu finalmente dinheiro! Acho que nunca estive tão animado por causa de uma guerra, peguei meu melhor terno (Eu tenho roupas decentes, ok?), praticamente deslizei para dentro dele, quase gemendo de prazer com aquele tecido tão amado contra meu corpo. Exagerei.

Penteei o cabelo e olhei para o boné, um fiel amigo... DANE-SE! Peguei-o e atirei no lixo. Saquei minha espada e prendi-a em minhas costas. Céus eu não consigo lembrar-me de um dia que eu tenha sorrido tanto. Fui ao Mundo Superior, onde meu exercito aguardava, semideuses, algumas feras, (Sim, também tive que pagar) esqueletos e generais mortos se misturavam. Pulei dentro da minha carruagem negra, sorrindo como um anjo, um anjo que iria matar e esquartejar seu irmão mais novo, mas tudo bem... Dirigimo-nos ao lugar onde ele residia nesse momento eu já estava explodindo de felicidade.

Quando chegamos, semideuses gritaram ameaças, esqueletos brandiram espadas e feras tentaram arrombar as portas. Mas, a única coisa que aconteceu foi um homem aparecer. Loiro, levemente branco e de olhos azuis.

- Hades?Ainda tentando dominar o mundo?- Ele bocejou como se estivesse entediado- Eu poderia lutar com você e seu exercito como nos velhos tempos, mas serei mais simples.

Ele fitou todos os presentes, um a um, ou ao menos foi o que pareceu.

- Pago o dobro se vocês irem embora- Anunciou

- O triplo- Exigiu um

- Se vocês insistem, pago cinco vezes mais, só para mostrar que não tenho ressentimentos

Eles bateram em retirada, eu fechei os olhos e me encolhi em minha carruagem.

- Não é o fim do mundo Hades- Resmungou Zeus, claramente me consolando- Venha!

Ele bateu três palminhas e a carruagem virou uma Ferrari, Zeus pulou para dentro

- Vamos comprar alguns mentos, depois podemos achar alguém para lavar o vidro do carro e então damos uma passadinha na praia, estou louco para tomar um picolé de capelinha -Hades suspirou, ligando o carro- Viu? Não é o fim do mundo! Vamos nos divertir e podemos ficar amigos por mais uns dois séculos, certo? Depois disso você pode tentar travar outra guerra e eu não vou me importar de lutar, ok?

- Tudo bem- Falei respondendo as duas perguntas de uma vez só

Que tipo de vilão deixa o mocinho o consolar e depois faz as pazes com ele? O tipo de vilão que era Hades.