You are my target escrita por Moon and Stars


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como eu disse nas notas da história, essa one foi feita para o III Amigo Secreto da Liga dos Betas. Então... Dear Amigo Secreto, espero que saiba que escrevi essa one com *muita pressa, suor e desespero* carinho :) Eu sinceramente gostaria de ter elaborado melhor a fic, ter escrito com mais calma. Mas o tempo foi limitado e creio que você tenha passado pelo mesmo que eu, então sei que você vai entender. Não tive nenhuma betagem, tampouco tive tempo de corrigir (confesso que tive muito medo de reler mais de duas vezes e decidir apagar tudo), então ficarei devendo. Eu espero que você goste (e se não gostar, flechas vão voar e forninhos vão cair /sqn). Boa leitura, falo contigo ali em baixo :D



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— Tem certeza de que não quer subir? — Laurel Lance abraçou o próprio corpo e estremeceu ao ser atingida por uma repentina lufada de vento frio. — A gente pode conversar sobre o caso da Helena Bertinelli e, quem sabe, abrir um vinho... Pedir comida chinesa...?

Oliver Queen forçou um sorriso; não foi muito difícil. Ele precisava admitir que a oferta era tentadora: relaxar, beber um bom vinho, passar um tempo com a Laurel e, por algumas poucas horas, poder esquecer certos problemas.

“Ollie, cadê você?” a voz de Felicity Smoak falou em seu ouvido através do bluetooth. “Ela voltou”.

Certos problemas, ele pensou. Com um longo suspiro, Oliver deixou os ombros caírem, lembrando a si mesmo que não tinha escolha, não podia simplesmente esquecer seus problemas.

— Me desculpa, Laurel, mas eu realmente preciso ir.

— Tudo bem — respondeu ela, anuindo com um sorriso de lábios torcidos, aceitando a recusa com conformação sobre algo que já era esperado. — Eu entendo, deixemos para a próxima.

— Seria pedir demais se eu pedisse para guardar o vinho? — Ele ergueu uma sobrancelha.

— Seria — ela disse, após fingir pensar por um instante.

Os dois riram de modo amigável, algo que infelizmente não vinha acontecendo com muita frequência. Aos poucos, o riso se foi, deixando para trás apenas um silêncio vazio e ligeiramente desconfortável. Laurel se balançou em seus calcanhares, sem saber ao certo o que fazer em seguida.

“Oliver!”

Ele respirou fundo.

Antes que Oliver pudesse aproveitar sua deixa para a despedida, a advogada se ergueu nas pontas dos pés e o presenteou com um inesperado, porém agradável, beijo na bochecha.

— Boa noite, Ollie — ela disse, tornando a se encolher de frio. — Obrigada pela carona.

Desta vez, ele não precisou forçar o sorriso.

— Boa noite, Laurel. Foi um prazer.

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A passos largos, Oliver atravessou a boate, serpeando pelo aglomerado de pessoas concentradas na pista de dança, driblando as garçonetes que serviam os drinques enquanto seu clube de fachada atingia o seu auge da noite. Em um canto isolado, próximo ao bar, ele avistou Thea Queen e Roy Harper envolvidos em uma acalorada discussão, o que, apesar de não ser exatamente uma surpresa, geralmente o deixaria um tanto nervoso. Contudo, não podia perder tempo naquele momento apartando briga de um casal de adolescentes. Suas prioridades eram outras. Avançou rapidamente para os fundos da boate, passando pelo depósito, em direção à porta que daria para o lugar cujo era o real motivo para aquele clube existir: o QG do Arqueiro.

— O que descobriram? — ele indagou ainda enquanto descia as escadas apressadamente, pulando com facilidade um degrau ou dois.

— Onde você estava? — Felicity rolou para trás com sua cadeira para encará-lo. Ela engoliu em seco ao receber (não pela primeira vez) aquele olhar reprovador de alguém que não gosta de ser questionado. Optando por simplesmente abstrair sua própria inconveniência, a loira rolou de volta para o seu lugar, na frente do computador.

— Nós a encontramos — disse John Diggle, que se manteve seriamente recostado a uma das mesas usadas para pesquisas.

Oliver se colocou ao lado de Felicity, encarando o monitor do computador que a garota habilmente controlava, deixando claro que ele esperava por mais informações. Felicity pigarreou, sem parar de digitar por um segundo sequer.

— Eu rastreei o paradeiro de algumas pessoas que pudessem ter ligação com a Sara e mapeei qualquer atividade suspeita ou minimamente fora do comum e... — Seus olhos dançaram sob os óculos pela tela do computador durante um par de segundos; ela pressionou uma tecla e uma imagem, capturada por uma câmera de segurança dos fundos de uma loja, apareceu no monitor.

Concentrando-se no que via, Oliver apertou os olhos: uma mulher de pequeno porte, o contraste entre o cabelo loiro e as roupas de couro preto, seu rosto oculto por uma máscara.

Era ela.

A mulher imobilizara dois homens com facilidade; um se mantivera no chão por algum apetrecho que Oliver não conseguiu identificar e o outro falava com ela, deitado sob o forte aperto de um dos joelhos de Sara e a ameaça visível do longo bastão metálico que, àquela altura, já devia ter causado bastante estrago no indivíduo.

A conversa não demorou muito, Sara se levantou e quando o homem tentou fazer o mesmo, ela girou o bastão na mão e desvencilhou um golpe certeiro, porém não letal. Após uma última olhada no corpo atordoado diante de si, Sara foi até uma moto, que até então se escondia nas sombras da ruela, montou e deu partida.

— Ela está indo para o leste da cidade! — Felicity exclamou a guisa de informação. Continuou seu trabalho com ligeira competência, certificando-se de que não perderia Sara de vista.

Oliver se apressou para vestir seu traje de vigilante enquanto Dig separava as flechas, a aljava e sua motocicleta. Quando tudo estava pronto, ele pôs o capacete ao invés do capuz, ouviu o motor potente de sua moto roncar e partiu em disparada para as ruas de Starling City. Os carros, os prédios, ruas e avenidas inteiras eram deixados para trás em um borrão conforme o Arqueiro rodava em alta velocidade, desviando-se dos outros veículos e quebrando toda e qualquer lei de trânsito, como se o fato de ser um vigilante lhe desse total direito para tais coisas. A verdade era que ele realmente não dava a mínima: a partir do momento em que Oliver Queen vestisse o capuz verde, não havia lei que se aplicasse a ele.

Aos poucos o cenário da cidade foi se modificando; os prédios tornando-se cada vez mais baixos, unidos, o vidro e o aço dando lugar a tijolos e madeira, as ruas que se estreitavam e o número significativamente maior de becos e ruelas formavam o conjunto de vinte e quatro quarteirões que Oliver conhecia bem: os Glades.

Oliver parou sua moto em uma esquina escura, onde havia apenas algumas pequenas casas e um ferro-velho no cruzamento. Tirou o capacete e encarou a torre-do-relógio que estava cerca de dez metros à sua frente, alta, esguia, pontuda e imponente. Silenciosa e discretamente, ele desmontou e escondeu a própria moto, finalmente mascarando-se e erguendo o capuz de Yao Fei. Estava na hora de conversar com uma velha amiga.

Foi relativamente difícil subir toda aquela escadaria da velha torre em silêncio. Se não fosse ele quem fosse, qualquer passo faria aqueles degraus rangerem, denunciando facilmente sua presença. Todavia... Sendo Sara quem era, ele não ficaria surpreso se àquela altura ela já soubesse que ele estava ali. Ele poderia ter usado o arco para içá-lo até o topo, mas, ainda assim, contando com a própria sorte, ele seguiu em frente, escadaria a cima. Chegando ao topo, tudo estava escuro e vazio. A única luz que alumiava o local passava pelos vidros foscos das faces do relógio, uma face em cada um dos quatro lados da torre. Oliver rodeou o lugar a esmo, desviando dos lençóis de plástico que se estendiam desde o teto até o chão, balançando suavemente na brisa, e parou ao lado de uma estreita fenda na parede, observando a rua vazia lá fora. Não precisou se virar para estar ciente da presença dela, sabia que ela estava ali. Ainda assim, fazia questão de olhar para ela, encará-la frente a frente.

— Sara — ele disse ao se virar. Assim como ele, ela usava sua máscara e portava as armas que caracterizavam seu alter ego, seu outro eu, Canário Negro.

— Oliver — respondeu sem qualquer inflexão na voz, seus olhos encarando-o diretamente, vendo o homem que se escondia sob aquele capuz.

— Espero que tenha mandado meus cumprimentos a Ra’s Al Ghul.

— O que faz aqui? — perguntou ela, ignorando o comentário por completo, recusando-se a aceitar qualquer tipo de pilhéria.

— Eu lhe faço essa mesma pergunta. — Oliver encurtou a distância em um passo. Sara precisava erguer ligeiramente o queixo para encará-lo diretamente, mas nem mesmo a diferença de altura entre os dois vigilantes tornava diminuta a postura imponente de superioridade que a mulher exibia.

Ele precisava admitir que aquela mulher, apesar de seu tamanho, possuía presença, algo em sua postura, em sua atitude, inspirava uma confiança ameaçadora; o que era compreensível, tratando-se de uma assassina renomada. Oliver sabia do que Sara era capaz de fazer, não apenas por tê-la conhecido desde a adolescência, quando experimentou de perto o comportamento espirituoso da garota que ele levou consigo no yacht Queen’s Gambit que, por acaso, era a irmã de sua namorada. Depois que o barco afundou, ele a deu como morta até reencontrá-la um ano depois; contudo, a adolescente inconsequente que ele conhecera já não era mais a mesma, tal como ele não era mais o mesmo depois de um ano vivendo no mais obscuro pesadelo dentro da ilha de Lian Yu.

Após todo o sufoco que passaram, depois de todos os anos de fugas, encontros e desencontros, eles haviam se encontrado novamente em Starling City, quando Sara retornara como uma espécie de anjo da guarda para a própria família, juntando-se ao arqueiro em diversos momentos, interferindo em suas batalhas, porém ajudando-o a salvar a vida de Laurel Lance. Os eventos seguintes foram conturbados e cheios de descobertas, muitas delas desagradáveis: como o fato de que Sara pertencia sob juramento à Liga dos Assassinos, ao temível Ra’s Al Ghul.

— Fique fora disso, Oliver. — A flexão em sua voz era de calculada impassibilidade, mas havia um brilho em seus olhos que transparecia um lampejo de advertência.

Ele deu um passo à frente, em direção a ela, cerrando os dentes e sentindo os músculos do corpo se retesar com a tensão. Sara manteve uma mão atrás das costas, segurando seu bastão, e a outra no cós da calça, onde Oliver acreditava ter algum tipo de arma — uma adaga, talvez —, mas não recuou, sem se intimidar minimamente.

— Não me peça para ficar fora disso, Sara. O que você fez comigo — ele respirou fundo — conosco, foi traição. — O volume de sua voz não se alterou, mas Sara sentiu em seus ossos a dureza daquela acusação. Ela permaneceu em silêncio, não contrariando o que ele havia apontado. — Além disso, você quer que eu esteja aqui. Por quê?

Sara apenas o encarou, sentindo-se desarmada por dentro, embora não transparecesse. Não queria tê-lo traído, traído a confiança de todos, não queria ter feito o que fez, mas foi preciso. Ela tinha um elo com a Liga dos Assassinos que não podia ser quebrado facilmente — isso se essa possibilidade sequer existisse, pois dar as costas para Ra’s Al Ghul jamais fora uma opção para qualquer um.

Nyssa não partiu como havia prometido que o faria. Ao invés disso, ela acompanhou a ex-amante de perto, descobrindo coisas que Sara lutou durante muito tempo para esconder. Nyssa descobriu sobre sua família, sobre seus laços mais profundos e enraizados em Starling City. O resultado disso foram chantagens ameaçadoras que apelavam tanto para o fato de Sara ter um compromisso sob juramento com a Liga dos Assassinos, quanto ao fato de que as duas um dia se amaram; de uma forma ou de outra, a mulher estava disposta a partir, mas não sem Sara com ela.

Oliver deu mais um passo, desafiando-a desta vez.

Por quê? — ele perguntou novamente, mais alto, cuspindo a pergunta como veneno em sua boca, a ferocidade presente em seu timbre na sua forma mais bruta.

— Você não entenderia, Oliver. Por favor, apenas fique fora disso — ela respondeu finalmente, sua voz grave e controlada. Sara deu um passo atrás, desviando o olhar do dele pela primeira vez.

— Você queria que eu a encontrasse — ele disse, mais para si mesmo, como uma reflexão em voz alta, que para ela. — Eu a conheço, você é cautelosa, consegue ser invisível quando quer ou precisa. Não se exporia desta maneira se não quisesse que eu a encontrasse.

Sara fechou os olhos, ainda mirando-os para baixo, e fez uma careta quase dolorosa, expondo em sua expressão a batalha interna que ela travava consigo mesma. Quando tornou a abri-los, ela olhou diretamente para ele outra vez, com certa vivacidade, os lábios franzidos.

— Sim, eu queria que você me encontrasse. Quis atraí-lo para mim. — Um passo a frente. — Você é um alvo fácil, Oliver, e sabe por quê? — Ela sorriu quando ele não respondeu, a respiração dos dois preenchendo a pausa silenciosa e tensa que crescia entre eles. Ergueu-se de forma que seu rosto estava tão próximo ao dele ao ponto de sentir o calor, a energia que seu corpo irradiava. Ela se permitiu sentir isso durante alguns segundos. — Porque você sempre vem quando eu chamo.

Seu movimento seguinte pegou Oliver de surpresa, mas se ele dissesse que estava surpreso, estaria mentindo. Bloqueou o primeiro golpe rapidamente com o auxílio do puro e aguçado reflexo, tal como fez com os velozes golpes seguintes. Seus corpos se moveram habilmente em uma dança que envolvia socos e chutes, defesa e ataque. Sara girou seu longo bastão na mão e tentou acertar uma de suas extremidades em algum ponto da perna de Oliver, mas tendo ele desviado com um salto em tempo perfeito, ela rapidamente mirou a outra extremidade para as costelas do homem, que bloqueou o golpe com o antebraço.

Ele girou uma vez, ganhando alguns centímetros de distância, e alcançou uma das flechas de sua aljava, atirando-a imediatamente na direção de Sara, mirando em um ponto não letal. Sara deu um chute alto, pretendendo desarmá-lo, mas ele usou o arco para prender o tornozelo da assassina e desequilibrá-la. Ao invés disso, ela moveu o pé, ainda no ar, para novamente tentar desarmá-lo. Oliver puxou o arco, trazendo Sara junto com ele. Ela caiu, mas conseguiu libertar-se do arco. Uma vez livre, moveu-se com agilidade para o lado, desviando de uma flecha por um mísero segundo.

Oliver continuou a atirar flechas, visando imobilizá-la ou talvez capturá-la. Ela rolou para o lado, desviando de cada uma, e, com uma cambalhota para trás, tornou a ficar de pé, dividindo seu bastão em dois e usando as duas metades para bloquear as flechas seguintes. Oliver estava mais próximo e passara a usar seu arco para uma luta corporal, embora ainda tivesse flechas em sua aljava e alguns outros brinquedos nos lugares mais ínfimos de seu traje; em questão de estar bem equipado, Canário não ficava para trás, mas o Arqueiro merecia uma batalha justa.

Ela o golpeou três vezes seguidas, tendo mais mobilidade com o bastão partido em dois, acertando-o duas vezes das três golpeadas na lateral do braço esquerdo e nas costelas direitas. Em contrapartida, Oliver a acertou na parte de trás do joelho com um chute que, por pouco, não a levou ao chão; se isso tivesse acontecido, ele teria um momento considerável de vulnerabilidade da parte dela e, consequentemente, uma vantagem, mas tudo o que conseguiu foi um desequilíbrio que não foi devidamente aproveitado. Sara girou e se colocou novamente nos dois pés, encarando-o com a expressão carregada e feroz que adquiria durante uma batalha, respirando forte pela boca, o calor da adrenalina correndo em suas veias.

Os dois deram alguns passos para o lado, cada um esperando pelo próximo movimento do outro, em um bailado lento e desafiador. No instante em que Oliver fez o primeiro movimento de seu braço para alcançar outra flecha, Sara partiu para cima dele com toda a força, desvencilhando golpes rápidos e ágeis com as duas metades do bastão. Eles se atracaram em uma confusão de braços e pernas, giros e saltos, grunhidos e arquejos, até que Oliver percebeu que uma de suas flechas a havia acertado pouco abaixo da cintura. Seus próximos golpes assestaram aquele ponto específico, sendo ele um ponto fraco. Após diversos chutes consecutivos, ele finalmente conseguiu atingi-la ali, fazendo-a gemer de dor.

Aproveitando o breve momento de fragilidade, ele conseguiu acertar um soco na boca do estômago da assassina e, logo em seguida, usou uma das extremidades do arco para atingi-la na cabeça e desnorteá-la. Sem deixar de lutar, Sara não perdeu a compostura e continuou a se defender, mas Oliver conhecia seus movimentos de defesa, sabia exatamente o que ela faria a seguir quando estava fraca, o que lhe deu um ponto a mais de vantagem. Tudo aconteceu em tão pouco tempo que, quando se deu por si, Oliver a empurrou com toda a força de seu corpo contra a parede, prendendo-a e desarmando-a, forçando o antebraço em sua garganta e imobilizando o resto de seu corpo com o dele.

Sara estava encurralada entre uma das faces do relógio e o braço de Oliver. Ele encarou os olhos azuis escondidos atrás da máscara que camuflava Sara Lance e exibia Canário Negro, assim como o seu capuz ocultava o milionário Oliver Queen, tornando-o o vigilante de Starling City, o Arqueiro. Ele a tinha em suas mãos outra vez, juntamente com a oportunidade de acabar com ela, puramente movido pelo impulso da vingança por tudo o que havia feito, por tê-lo traído tão friamente, deixando claro o que ele já devia ter sabido há muito tempo: ela não mais era Sara Lance, era uma assassina de Ra’s Al Ghul. Sua lealdade já tinha um lado pertencente e este lado não era o dele.

O pensamento o fez grunhir e pressionar o seu braço ainda mais contra a garganta dela, tirando-lhe o fôlego. Ela o fitou com atenção, não com pavor, tampouco com espanto, mas como se o desafiasse a prosseguir com aquilo. Como se o instigasse a acabar com ela de uma vez por todas. Teria sido por isso que ela o atraiu até a torre do relógio? Ela queria ser morta? Morta por ele?

Ele afrouxou o aperto de seu braço, mas não a soltou. Com a brecha, ela poderia ter se livrado dele com um golpe simples e reverter o jogo, mas tudo o que fez foi observá-lo, controlando a própria respiração, uma linha de suor descendo pela lateral de sua face, grudando o cabelo loiro da Canário em suas têmporas.

— O que está esperando? — indagou ela com audácia.

Oliver respirou duas, três vezes e meneou a cabeça lentamente, sem tirar os olhos da mulher diante dele.

— Nada.

Usou as duas mãos para segurá-la pelo rosto, forçando sua boca contra a dela. Sara soltou um breve arquejo de surpresa, o qual Oliver sugou com seu beijo feroz, sem permitir que ela se afastasse um centímetro sequer da parede, todo o seu corpo mantendo-a exatamente onde estava. Sara, com as mãos livres, usou-as para abaixar o capuz do Arqueiro, reivindicando para ela aquele que ela realmente queria: Oliver Queen. Ela se lembrava do sabor de sua boca tão bem quanto se recordava de qualquer batalha que tivessem travados juntos. Lembrava-se do movimento harmônico e ardente de seus corpos unidos tão bem quanto qualquer luta que tivessem enfrentado um contra o outro.

Com essas memórias vívidas em sua mente, pulsando em seu sangue, queimando em sua pele, ela o empurrou para trás e girou, invertendo suas posições, de forma que Oliver tivesse suas costas prensadas contra a parede. Os dois se encararam durante um segundo que jamais se prolongou. Ele a enlaçou pela cintura, puxando-a para si como se seus corpos pudessem simplesmente se fundir um no outro. Sara usou um de seus calcanhares como um gancho em volta do joelho de Oliver, sentindo-o contra ela.

Sara gemeu durante o beijo, o que provocou em Oliver uma sensação próxima da combustão. Ele ainda sentia a adrenalina em suas veias, o que tornava cada toque mais vívido, cada som mais claro, a urgência de tê-la em seus braços, de sucumbir a ela, para ela, com ela, dentro dela.

Há poucos minutos, seus trajes seriam parte de quem eram, suas segundas e talvez reais identidades, guardavam seus segredos, eram testemunhas de muitas mortes e vidas salvas, muitas batalhas e momentos memoráveis — tal como aquele —, mas naquele momento, seus trajes foram drasticamente rebaixados a meros trapos no chão empoeirado, vistos como nada além de um obstáculo que os separavam do que realmente importava: ser um do outro.

Ambos sabiam que jamais pertenceriam a ninguém que não fosse eles mesmos, mas quando estavam juntos, era impossível discernir onde um começava e o outro terminava. A sincronia era perfeita, a mistura de afeto e violência, beijos e golpes. Ele a tinha e também pertencia a ela, mesmo que por algumas horas ou pela eternidade.

Ele olhou para ela por um momento, pelo simples prazer de vê-la, desejando, por algum motivo cósmico, eternizar aquele rosto em sua mente. Seus dedos viajaram pelo corpo da mulher, sentindo a textura de sua pele, seus dedos mapeando cada curva e cicatriz. Oliver jamais se esqueceria do que Sara havia feito e não estava disposto a esquecer, mas naquele momento ele pôde experimentar algo tão único que valia a pena ignorar tudo o que havia passado e o que sabia que estava por vir. Aquela história não havia terminado e ele sabia que havia muitos espaços em branco para serem preenchidos. Perguntas que exigiam respostas. Contudo, permitiu-se viver o momento, tendo em mente, com tanta clareza, a única certeza que o acometia: Estar com Sara era como ser uma flecha que acerta o seu alvo.


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Notas finais do capítulo

E então? Acho que este é o momento em que eu faço algumas observações. Observação number 1: Olivara não é meu shipping. Mas... Eu gosto muito do Green Arrow x Black Canary nos quadrinhos, então foi até gostosinho de escrever. Eu quis usar um pouco da personalidade deles das HQs, aquela coisa bem desbocada, violenta e sexo selvagem, mas isso ia mexer muito com o universo da série, então deixei tudo bem light./ Observação number 2: Queria ter escrito um hentai bem gostoso pra ti, mas eu realmente não estava no clima, toda essa pressão, o sexo ia sair problemático e eu sei que ia dar ruim. Mas eu queria mesmo. Pelo menos rolou uma Lime./ Enfim. Espero mesmo que tenha gostado, eu fiz de coração ♥