Sweet Child O'Mine escrita por Portinari


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Á todos os fãs/shippers de Meronia, com carinho ♥

PS: Escute uma das duas músicas enquanto lê,acho que vai ficar legal ^^



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"Já vai passar, já vai passar..."

Ele repetia em pensamentos como um mantra.

Ela tem um sorriso que me parece

Trazer á tona recordações da infância

Suas mãozinhas de criança, pálidas e desajeitadas, apertavam com força seus ouvidos enquanto mantinha com dificuldade, as pernas dobradas e grudadas ao peito, os dedos do pé flexionados contra o colchão, agarrando o lençol. Ele forçava seu rosto contra os joelhos, mantendo os olhos fechados. Um trovão se assomou ao ruído da chuva forte, fazendo-o estremecer e gemer baixinho, de medo, e seu cobertor escorregou por suas costas, caindo sobre a cama.

Onde tudo era

Fresco como o límpido céu azul

Descoberto, e á mercê dos trovões, ele pulou da cama direto para a porta, parando por um instante e olhando para o urso no canto oposto do quarto, indeciso entre o medo e a vontade. Mais um trovão e ele correu pelo longo corredor, onde as janelas altas faziam sombras monstruosas sobre os painéis de madeira escura. Seus pés descalços batiam numa corrida frenética contra o assoalho, as mãos estendidas á frente, tateando desesperadamente no escuro.

Às vezes quando olho seu rosto

Ela me leva para aquele lugar especial

Mas ele conhecia o caminho.

Estava escuro, as sombras tentavam agarrar seus pés e puxavam seu pijama branco, mas ele conhecia o caminho.

E se eu fixasse meu olhar por muito tempo

Provavelmente perderia o controle e começaria a chorar

Suas mãos bateram numa parede bem á frente, e sentiu um frio na barriga, suspirando aliviado. Tateou pela parede á sua esquerda até encontrar a maçaneta, suando frio. Girou-a e escancarou a porta com tamanha força que ela ricocheteou na parede e voltou, fazendo barulho. Outro trovão, parecendo absurdamente perto.

-Hã...?

Ele parou em frente á cama do outro suas perninhas trêmulas tocando o colchão, mas sem ousar subir no mesmo, trocando o peso de um pé para o outro. Uniu as mãos como se rezasse, sacudindo-as e falando rapidamente.

-Por favor, por favor, por favor, por favor, Mello me deixa dormir aqui, por favor, só essa noite eu prometo!

Minha doce criança

Meu doce amor

Mello o observou com os olhos pesados por um segundo, até que um trovão retumbou novamente, e Near pulou para a cama do outro com um pequeno grito, arrepiado dos pés a cabeça.

-Near...!

Seus olhos lacrimejavam quando abraçou a cintura do loiro com força, esfregando o rosto no tecido azul. Mais um trovão, dessa vez mais baixo, e ele se lembrou de agarrar o cobertor e cobrir-se até a cabeça, deixando para fora somente alguns cachinhos perolados. Mello esfregou os olhos e o olhou, chateado por ter sido acordado tão bruscamente no meio da noite.

-Tá bom. Mas precisa disso tudo? E homens não choram - Disse rispidamente, secando suas lágrimas com a manga do pijama.

-Tá, eu não vou mais chorar - Engoliu em seco. Mello revirou os olhos, pois Near havia dito isso da última vez que ouvira um trovão. Segurou os braços de Near e tentou afastá-lo, mas este choramingou baixinho e o abraçou ainda mais forte.

-Eu só vou fechar a porta! - Brigou e ele o soltou, lentamente, sentando-se e observando cada passo do outro. Sentiu algo ruim dentro de si, um medo quase maior do que o dos trovões. Tinha medo que ele saísse para o corredor e o trancasse ali, como já tinha feito uma vez, á muito tempo. Mas ele voltou e deitou-se ao seu lado, bem no canto da cama para que houvesse espaço para os dois.

De costas para Near, o loiro puxou as cobertas até as orelhas, com frio.

Ela tem os olhos como os céus mais azuis

Como se eles pensassem em chuva

-Mello... - Chamou Near, puxando repetidamente sua blusa - Vira pra cá...

Mello bufou e fez o que ele pediu, pois não conseguiria dormir com Near se mexendo e choramingando do seu lado.

-Pronto! deu?! - Virou e abriu os braços, e Near o abraçou com força, escondendo o rosto em seu peito enquanto umas últimas lágrimas caiam - E não me pede mais nada!

Detesto olhar para dentro daqueles olhos

E enxergar o mínimo que seja de dor

A respiração do menor já estava mais calma, e seu coração menos acelerado. Near mexeu-se de leve, aconchegando-se ali e inspirou lentamente, sentindo um forte cheiro de chocolate e xampu infantil. Sorriu ao lembrar da vez em que Roger reclamara de Mello, dizendo que ele “usava meio pote de xampu só num banho”.

-Do que você tá rindo? - Perguntou Mello bravo.

-Hum? Nada...

-Fala... - Seu tom era de aviso, quase ameaça.

-É que você usa muito xampu... - Mello inspirou profundamente, pronto para brigar com ele e mandá-lo de volta para o seu quarto, mas Near foi mais rápido - Eu gosto, é bom. Você tem cheiro bom - Abraçou-o ainda mais forte, escondendo o rosto, parecendo não se cansar de fazer aquilo. Assim sentia seu calor, o cheiro, sentia até sua respiração fazendo cócegas em seu nariz, mas não se importava.

Seu cabelo me lembra um lugar quente e seguro

Mello olhou-o desconfiado por mais alguns segundo e fechou os olhos, pronto para adormecer de novo, quando sentiu a mão de Near desprender-se de seu abraço, lenta e cuidadosamente, e subir até a sua cabeça. O albino acariciou sua orelha, sentindo-a fria sob os dedos pequenos, e logo subiu para os fios lisos e loiros, com cheirinho de xampu, e com tanto condicionador que escorregava pelos dedos.

Onde, quando criança, eu me esconderia

Começou a fazer cachinhos no cabelo, sua mão pousada sobre a cabeça de Mello, e somente os dedos em movimento.

Mello aprovou a carícia, e pensou em retribuir. Imaginou a cabeça de Near e seus cachinhos macios, bem abaixo de seu queixo, e inclinou o rosto para esfregar a ponta do nariz em seus cabelos.

E rezaria para que o trovão

E a chuva

Seus lábios tocaram outra coisa, pequena e quente, um pouco úmida. Franziu o cenho e abriu os olhos, afastando os lábios da boca de Near que mantinha os olhos fortemente fechados.

Passassem quietos por mim

Fingia dormir.

Mello aproximou a boca do ouvido do menor, corando e sussurrando baixinho.

Minha doce criança

Meu doce amor

-Isso nunca aconteceu.

Minha doce criança

Meu doce amor

“Um dilúvio... tomara que leve tudo de uma vez...”

Ele pensava, andando rapidamente.

Para onde vamos

Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos fundos do sobretudo preto, e a gola estava levantada á altura de seu nariz. Esgueirava-se sob os toldos e sacadas das casas e prédios. Seus pés mergulhavam nas poças das quais ele já cansara de desviar.

Para onde vamos agora

Quando achou o endereço que procurava, um prédio velho e caindo aos pedaços, com somente uma das janelas da frente sem tábuas de madeira pregada, sorriu.

“Desgraçado, bem a cara dele...”

Para onde vamos

Ele entrou e fechou a porta, sentindo os ouvidos estranhos, agora acostumados á umidade e ao barulho incessante da água. Passou as mãos pelos cabelos, retirando algumas gotas de água que pareciam flutuar no ar, devido á cor de seus cabelos. Olhou ao redor e, conhecendo-o como conhecia, era quase como se visse pegadas em vermelho vivo por onde ele tinha passado. Direto para a escada.

Para onde vamos

Subiu, e elas o levaram á primeira porta do corredor, aberta, com um largo feixe de luz iluminando o corredor. Entrou e encostou-se ao portal de madeira velha, que rangeu. Ergueu o rosto, e disse solenemente.

-Mihael Keehl.

Para onde vamos agora

Talvez alguns segundos, em que as palavras deram trégua para a chuva, que recuaria ao som de cada uma delas.

-Nate River

Para onde vamos agora

Anunciou o homem próximo á janela, em mesmo tom. Deixou de admirar a lúgubre paisagem da rua e voltou-se para o outro, caminhando até ele.

-Você cresceu - olhou-o de cima a baixo - Agora sei porque chove tanto - Sorriu convencido.

-Ah é, daqui a pouco virão os canivetes - Estreitou os olhos.

Mello levou a mão lentamente ao pescoço alheio, deslizando o polegar sobre o pomo de adão e apertando, vendo seus dedos afundarem-se na pele branca do outro.

-É a ultima vez que você me responde, mal educado...

-Tem razão. Não consigo nem mais olhar pra essa cicatriz... nhg - Mello apertou sua garganta ainda mais, fazendo com que quase não pudesse respirar.

Para onde vamos

Para onde vamos agora

A Broadway devia a eles um prêmio de consolação. “Boa atuação, valeu a tentativa mas é melhor tentarem na outra vida...”

Era ridículo, mas perigoso.

Para onde vamos agora

Para onde vamos

A lampada que balançava no teto não poderia captar o mínimo fraquejo. As janelas forçavam seus dedos a irem mais fundo na pele do menor, e as paredes eram as eternas sentinelas daquele teatro.

Para onde vamos agora

Para onde vamos

Ninguém deveria ver, ninguém poderia saber.

A chuva não deveria ver o amor doentio e confuso que se escondia em seus olhos.

Para onde vamos agora

Para onde vamos

Near se levantou e a cama de molas rangeu.

Enquanto vestia a cueca, Mello lançou-lhe um olhar depravado e mordeu o lábio inferior.

Doce criança

Terminou de vestir o sobretudo e deu-lhe um último e longo beijo.

Minha doce criança

Parou na porta e virou-se, abrindo a boca e apontando para Mello. Este foi mais rápido, e anunciou a lei que os perseguira por anos.

-Isso nunca aconteceu.

Para onde vamos agora?


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Notas finais do capítulo

Pode deixar um comentário? Por menor que seja, me faz muito feliz.

Muito obrigado por ler, até mais ^^



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