Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 59
Capítulo 59: Matemática, lágrimas e perdão.


Notas iniciais do capítulo

Esse foi um dos capítulos mais fofinhos que já escrevi. ( minha opinião kkk )
Espero que gostem. Me digam o que precisa mudar, o que está bom, ou o que não gostaram. Quero deixar a fic cada dia melhor e conto com a ajuda de vocês!! :D



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Por Eduarda

Já faz mais de duas semanas que perdi meu bebe. Nesse tempo, Lucas saiu de casa como eu havia pedido... agora ele mora em um hotel aqui perto.

Todo dia, depois do trabalho, ele vem aqui visitar os gêmeos. Mas na verdade, eu não o vi durante todo esse tempo. Fico a maior parte do dia trancada no meu quarto, e, felizmente, ele respeita meu espaço. Só sei de suas visitas porque Ana me conta...

Não tenho tido muito ânimo por essas semanas. Nem de meus filhos estou cuidando. Quando os vejo, sinto vontade de chorar! Tenho apenas dois filhos, e vou continuar tendo...

Ontem Ana veio me pedir dinheiro para comprar fraldas, só aí me dei conta de que não tenho. Dependo de Lucas para tudo, e vou continuar dependendo, afinal, não sei fazer nada. Pensar nisso me dá vontade de chorar. Mas é normal, nos últimos dias tudo faz com que lágrimas desçam de meus olhos...

Estou deitada na minha cama em posição fetal, e tenho meu olhar fixo no relógio. O tempo se arrasta...

Escuto algumas batidas na porta, e deduzo que só pode ser Ana.
Du: Tá aberta... - Digo, quase sussurrando.

Nem sei se ela foi capaz de me ouvir, mas mesmo assim escuto passos vindo em minha direção. Porém, não é a minha empregada.
JL: São três horas da tarde, acho que já passou da hora de você levantar dessa cama...

Me viro para olha-lo, e ele está todo impecável em um terno cinza escuro. Lucas segura um notebook na mão, e me olha com carinho. Foram duas semanas sem vê-lo, acho que estava com saudades.
Du: Você não deveria estar na empresa?
JL: A Ana me ligou! Ela disse que faz uns 2 dias que você não come nada, que não quer sair do quarto...
Du: Não precisa se preocupar...
JL: É impossível eu não me preocupar com você... - Ele se senta na cama e acarícia meus cabelos. Até pensei em desviar minha cabeça de sua mão, mas não tenho forças para isso. - Tu tá tão branca, mais que o normal... - Ele dá um tímido sorriso. - A quanto tempo não sai dessa casa para tomar um sol?
Du: Sei lá... mas não quero sair, to bem assim!
JL: Bem... Isso é tudo que você não está.

Vejo nos olhos de Lucas toda a sua preocupação comigo. Ainda estou magoada, nem tanto quanto da última vez que conversamos, mas ainda estou...
Du: Você deveria voltar para o trabalho...
JL: Eu já acabei tudo que tinha que fazer hoje... Agora sou todo seu!
Du: Você não é mais meu, estamos separados...
JL: Não estamos não. - Ele sorri. - Pela lei dos homens e de Deus, continuamos sendo marido e mulher.
Du: Oficialmente somos casados, mas se não moramos na mesma casa já pode-se considerar que estamos separados!
JL: Se você se considera separada, por que não tirou sua aliança? - Ele encara meus dedos. - Eu sei que você não quer isso de verdade... Só está um pouquinho confusa!

Fico olhando para minha mão esquerda, a aliança está alí. Nem tinha me lembrado de tirar o anel... Literalmente uma aliança entre mim e Lucas. Algo que nos une mesmo estando distantes. Olho para sua mão, e ele também não tirou a sua.

Sei que isso vai doer nele, mas terei que fazer!
Du: Eu me esqueci de tira-la... - Falo, retirando o anel de ouro branco de meu dedo e colocando sobre a cabeceira.
JL: Parece que você se esqueceu de muita coisa! Do nosso amor, da cumplicidade, do respeito... - Fala, sem dirigir o olhar para minha mão, agora nua. Lucas respira fundo, talvez para não chorar, e continua: - Também esqueceu de você mesma! A quanto tempo tu não toma um banho?
Du: Qual é? Veio aqui pra me chamar de fedida?
JL: Não Du, não é isso... Cara, eu só estou preocupado com você!
Du: Eu to ótima!
JL: Não, não está! - Seus olhos se inundam. - Eu nem reconheço seu olhar. Você parece perdida, deprimida... - Lucas fica em silêncio por alguns segundos, depois se aproxima de mim e me dá um abraço apertado. - O que está acontecendo contigo, em?

Sim, eu estava com muita saudades dele. Não queria admitir isso nem para mim mesma, mas quando sinto seu corpo perto do meu novamente, percebo o quanto senti falta daquilo... do seu corpo, do seu cheiro, do seu abraço...

Não aguento, tudo que estava comprimido em mim resolve sair em forma de lágrimas.

Meu choro é um pouco alto, e segue acompanhado de alguns soluços. Lucas me aperta ainda mais, e diz em meu ouvido:
JL: Deixa eu cuidar de você, por favor...
Du: Lucas, tu não tem mais nenhuma obrigação comigo!
JL: Obrigação não, mas amor sim... E muito! - Ele me solta e começa a enxugar minhas lágrimas. - Eu vou voltar a ser seu marido, a ter sua confiança... Vou te provar que mereço o seu amor, que nunca te traí... E vai ser agora! - Ele pega o notebook que trouxe, e se acomoda melhor na cama.
Du: Vai me mostrar o que?
JL: Achei melhor começar a te recuperar por partes... - Ele sorri. - Primeiro vou provar que não menti sobre a Luana... - Ele entra no Facebook de alguém, e logo abre uma foto de 4 mulheres cuidando de algumas crianças. - Tá reconhecendo essa garota? - Ele aponta para uma moça na foto.
Du: Parece a que estava com você em Veneza...
JL: Não parece, é ela! - Ele sorri. - Fiquei procurando um jeito de te provar que ela é realmente uma freira... Passei dias fazendo isso! Tentei lembrar de cada detalhe que ela me contou, queria descobrir seu paradeiro.. A Luana mora em um convento, ela é filha de uma brasileira. Eu procurei o seu perfil em todas as redes sociais, mas não achei nada. Revirei essa internet de cabeça para baixo, até que encontrei essa fotografia no Facebook de alguém que mora lá da Itália. Parece que ele cuida de alguma instituição que ajuda crianças carentes, sei lá... A foto foi tirada um mês antes de irmos para Veneza! Lê a legenda...

Olho para a tela, não entendo o que está escrito.
Du: Não falo italiano!
JL: É verdade.. - Ele ri. - Vamos pedir ajuda ao Google tradutor!

"Le suore Giulia, Sofia, Giorgia e Luana, hanno portato gioia a questi bambini..." = As freiras Giulia, Sofia, Giorgia e Luana vieram trazer alegria para essas crianças...

Ele não mentiu.
Du: Nossa, como você achou isso? - Falo, sem tirar os olhos daquelas palavras.
JL: Muitas madrugadas em claro... Eu precisava te provar, mas não podia ir lá para Itália! Acho que finalmente tive sorte... Cara, eu amo a internet!

Lucas está tão feliz, quase consigo me sentir assim também.
Du: Nem sei o que te dizer...
JL: Diz que me perdoa!
Du: Mas se você não fez nada errado, não tem o que perdoar! Não nesse assunto...
JL: Você não tem noção de como eu fico feliz em ouvir isso! - João Lucas coloca suas duas mãos em meu rosto, e puxa minha cabeça para perto da sua. Ele me beija calorosamente, mas eu me afasto.
Du: Não quero, para! - Digo, tentando parecer firme. - Não é porque você está certo nisso, que vou voltar para você!
JL: Você nunca resistiu a um beijo meu...
Du: Lucas, eu ainda não me recuperei, não to bem, outro dia a gente se fala... Me deixa voltar a dormir, por favor!
JL: Você não pode passar o dia inteiro nesse quarto, deitada nessa cama... Tu não quer ser independente? Arrumar um emprego? Levanta, se anima, vai correr atrás dos seus sonhos... - Ele fala calmamente, como se tomasse cuidado para não me magoar.
Du: Pra que Lucas? Eu não vou arranjar nada mesmo... A única coisa que sei fazer é jogar vídeo game! - Lágrimas voltam a descer de meus olhos.
JL: Não fala assim, não chora... Eduarda, eu já saquei que você está doente, eu vou procurar ajuda, você vai ficar boa e tudo vai voltar a ser como antes! Confia em mim!
Du: Eu queria acreditar nisso, mas não consigo. As coisas são tão difíceis, Lucas... eu queria estar bem, te perdoar e voltar a ser feliz contigo, mas não posso... Eu só sinto vontade de ficar aqui nessa cama o dia inteiro, queria poder ficar nesse quarto para sempre. O mundo lá fora é complicado, me dá medo, tudo me faz sofrer... Ontem eu liguei a TV, e um simples comercial de fraldas me fez chorar. Não consigo olhar pros nossos filhos sem me sentir mal, era para eles terem um irmãozinho! - Paro, e tento me acalmar. Meu choro é tão forte que dificulta minha respiração, mal consigo continuar a falar: - A sua mãe veio aqui me visitar algumas vezes, e eu só consegui pensar que se eu não for nada sua, ela também não será nada minha... Tudo que tenho faz parte de você, e se eu não te tiver, não tenho nada... Nem dos nossos filhos eu posso cuidar sem sua ajuda, não teria como sustenta-los. Isso me deixa tão mal!
JL: Mas meu amor, não precisa se preocupar. Não tem esse negócio de meu e seu. É nosso. A minha família é a sua, os meus filhos são os seus, o meu dinheiro é o teu! Somos um só, isso não vai mudar, não precisa ficar insegura... Eu to com você sempre, para sempre, até depois do fim!
Du: Eu não quero que você esteja comigo. Não posso te condenar a ficar com uma pessoa complicada como eu... Tu merece ser feliz, e eu não vou conseguir fazer isso...
JL: Eu realmente não estou feliz esses dias. Mas é porque sei que você também não está. Eduarda, vamos passar esse nível difícil juntos. Eu te dou xp, e você continua passando as fases! Sabe quando estamos quase morrendo em um jogo, e de repente ganhamos uma vida? Então, deixa eu te ajudar com isso...

Penso um pouco, assimilo suas palavras...
Du: Tem uma coisa que me dói muito! Saber que a gente não se conhece tão bem assim... Eu duvidei de você, tu desconfia de mim. Não tá certo isso! O Lucas amigo eu conheço totalmente, mas o marido não...
JL: É verdade, não está. Mas vamos ter uma vida inteira para nos conhecer. Quero descobrir cada pedacinho do que se passa na sua mente... E só o tempo vai ajudar a gente com isso.
Du: Você consegue ficar comigo, mesmo eu estando assim? - Me olho. Faz dias que não tomo banho. Meu cabelo vermelho parece um ninho de passarinhos, nem sei há quanto tempo não o penteio. - Toda desgrenhada, depressiva...
JL: Eu te amo! O que mais quero é cuidar de você, te ajudar a sair dessa... Fala pra mim que posso voltar para casa, e eu vou ser a pessoa mais feliz do mundo!

Respiro fundo, olho em seus olhos e digo:
Du: Tenho medo que você se canse...
JL: Eu? Cansar de ti? - Ele parece chocado. - Ninguém cansa de correr atrás da felicidade, e a minha, é você. Vou lutar todos os dias para poder ver novamente um sorriso no seu rosto...

É tão sincero, e tão forte o jeito que aquelas palavras me tocam. Sei que posso confiar.
Du: Lucas... - Sussurro. - Você pode voltar!

Eu o abraço. Ele me entende como ninguém. Estou tão frágil e meu marido consegue me fazer acreditar que tudo ficará bem.

Lucas errou comigo, assim como eu já errei várias vezes com ele. Acho que já havia o perdoado mesmo quando dizia que não. A falta que ele me faz é bem maior do que seus erros, do que meus medos... Continuo achando que desde que casamos sofremos demais. Talvez o destino realmente não nos queira juntos, ou ele apenas está testando nosso amor. Quem sabe agora, ele possa ver que resistimos a tudo, e finalmente nos deixe ser feliz.

Ainda estou o abraçando, quando ele diz:
JL: Perdão por ter te ofendido aquele dia no hospital...
Du: Desculpa por não ter acreditado em você na história da freira...

Sinto as mãos de Lucas afagando minhas costas, então escuto:
JL: Quer saber? Nenhum de nós precisa se desculpar... Tem uma frase que diz assim: "Amar é nunca ter que pedir perdão." Eu a entendia de um jeito diferente até uns dias atrás. Pensava que queria dizer que quem ama não erra, por isso nunca precisaria de um pedido de desculpas...
Du: E agora? Como você a entende? - Pergunto, enquanto enxugo minhas lágrimas.
JL: Agora eu penso que errar é inevitável, afinal somos humanos e infelizmente falhos... Porém, o amor trás o melhor de nós, e por ele mudamos, crescemos, evoluímos... O erro é uma coisa negativa, mas nós dois erramos. Na matemática, menos com menos é mais. Você errou, eu errei. Estamos somados, e agora com um número positivo! Nossa conta já está igualada, não há necessidade de desculpas...
Du: E se um dia só eu errar... Como fica a conta? - Tento sorrir.
JL: Dai você pode tentar deixar positivo de novo! Se cometer 1 erro, faz o dobro de acertos, e depois subtrai. 2 acertos - 1 erro = 1! Positivo novamente!
Du: E eu achando que você nunca prestava atenção nas aulas de matemática...
JL: A matemática do amor eu entendo, aprendi com você!
Du: Eu sempre vou tentar deixar nossa conta positiva...
JL: Eu também, meu amor! - Ele fala, se aproximando de mim e me dando um beijo na testa. - Eu vou te ajudar a comer e a se arrumar, e nós dois vamos procurar um médico, tá?
Du: Médico de quê? - Me assusto.
JL: Um psiquiatra... Você está desenvolvendo uma depressão Du, nem preciso ser médico para saber disso! - Lucas tira sua aliança, e pega a minha em cima da cabeceira. - Mas antes de ir, vamos casar de novo.. - Ele sorri.
Du: Tem certeza que ainda quer voltar comigo? Vou ser um estorvo na sua vida... - Encaro as alianças em sua mão. - E se eu não melhorar logo?
JL: Não tem problema, eu espero... - Ele pega minha mão esquerda e enquanto coloca o anel de volta no dedo anelar, diz: - Eu já prometi isso uma vez, mas prometo de novo. Vou ser fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Vou estar a seu lado mesmo quando você só queira chorar. Quando tu quiser desistir, eu vou tentar te reanimar. Quando tu cair, eu vou estar aqui pra te levantar. Meu amor por você é maior que tudo nesse mundo, eu aguento qualquer coisa ao seu lado.

Choro copiosamente. Talvez o pessimismo da doença me faça pensar que não mereço um homem tão perfeito assim. Ele pisa na bola, mas sabe enche-la novamente como ninguém.

Também pego a mão de Lucas, e começo a colocar o anel em seu dedo.
Du: Na alegria, na tristeza, na saúde, na doença... Todos os dias da nossa vida. - Faço uma pausa, e volto a falar. - Uma vez eu li que quando amamos de verdade, não é por um porque. E sim apesar de... Então, apesar de todos os problemas, de todos os erros, e de todas as lágrimas, eu te amo! O mundo parece querer nos separar, mas eu tenho certeza que nascemos um para o outro. Não sei porque quis ficar longe de você, talvez fosse medo mesmo... Prometo que a partir de hoje vou confiar totalmente em ti. Meus olhos vão ver o que você vê. E se tu me diz que é seguro, vou acreditar. Temo muitas coisas, mas ficar longe de você não vai fazer os problemas diminuírem. As vezes quando brigamos, sinto raiva de mim, porque não consigo sentir ódio de você. Fico temerosa sobre o que vai acontecer daqui para sempre, mas acredito quando me diz que estará comigo. E se for assim, eu também aguento qualquer coisa... - Dou um beijo em sua mão, já com o anel.
JL: Eduarda, a gente tá do fundo do poço... Não dá para descer mais do que isso, agora a tendência é só subir. Vamos chegar lá em cima juntos, de mãos dadas, um degrau de cada vez... Acredita em mim?
Du: Acredito!
JL: Ótimo... Então já que não tem padre... - Ele começa a rir. - Eu mesmo digo: "Pelo poder a mim concedido, eu vos declaro marido e mulher novamente."
Du: O noivo já pode beijar a noiva... - Falo, tentando sorrir.

Lucas se aproxima, e me dá um beijo. Nossas bocas se encontram de uma forma delicada e calma, mas mesmo assim é bom. Me traz muita paz sentir aqueles lábios novamente. Não sei o que passou pela minha cabeça quando pedi o divórcio, jamais conseguiria viver sem isso...

Nos afastamos e ele tem um sorriso enorme no rosto. Eu me sinto melhor, mas digamos que ainda não estou feliz. Por mais que quisesse estar...
Du: Me leva nesse médico hoje? - Ele assenti que sim. - Quero melhorar, ficar bem pra você, pros nossos filhos... Vou tomar banho, você me ajuda?

Lucas sorri, e fica de pé ao lado da cama. Ele estende a mão para me ajudar a levantar, e diz:
JL: Sempre...


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? :)
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