Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 57
Capítulo 57: Aborto


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem de mais esse capítulo, deixem seus comentários, adoro ler as suas opiniões! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/574885/chapter/57

Por Eduarda:

Enquanto um médico me examina, tento parar de chorar.

Não acredito que ouvi aquelas palavras saindo da boca de Lucas: "Egoísta, assassina". É isso que ele pensa que eu sou?

Já estava decepcionada com suas atitudes, agora nem sei mais o que sinto. Ontem, quando li a reportagem no Blog no Téo, não acreditei. É só eu dar as costa que ele arranja alguém para ficar abraçadinho?! O pior é que eu pedi as fotos da viagem, e ele não me mandou nenhuma com aquela mulher. Certamente não queria que eu soubesse, e se fossem só amigos ele haveria me contado dela...

Mas agora isso não interessa! Tenho um problema muito maior.

O médico parece preocupado, ele não me diz nada. As vezes me faz algumas perguntas, em relação ao o que estou sentindo, mas é só isso...

Ontem fiquei o dia trancada em meu quarto. Quando recebi a mensagem de Lucas, dizendo que ia ficar um tempo sem sinal de celular, desconfiei que era uma desculpa para não me responder. "Vai ficar com ela o dia todo..." Foi o que passou pela minha cabeça. Pelo menos nisso estava errada.

Eu adormeci, morrendo de raiva de Lucas. Só acordei de madrugada e, quando olhei para cama, vi que estava sangrando um pouco. Não era uma hemorragia, mas ainda sim preocupante. Deu pra manchar os lençóis.

Liguei imediatamente pros meus sogros, e Marta logo apareceu para me levar no hospital.

Quando eu estava sendo atendida pelos médicos, Lucas chegou me acusando. Ele realmente acha que sou responsável por isso, quando na verdade estou destroçada só com a possibilidade de ter perdido esse bebe.

Não queria ter engravidado mas aconteceu e, eu já estava conformada com isso. Apesar de todos os meus medos e inseguranças, já conseguia amar o filho que se formava dentro de mim.

Formava...

Droga! Estou pensando no meu bebe como se ele não existisse mais!
Du: E então Doutor? O meu filho ta bem? - Pergunto, assim que ele acaba de me examinar.
Dr: Eu sinto muito...
Du: Por favor, não me diz que eu perdi... - Minha voz está embargada, meus olhos começam a se inundar de lágrimas.
JL: Perdeu. Você estava com uma gestação ectópica, seria impossível ela prosseguir..

O médico continuou falando, mas eu parei de prestar atenção.

Meu filho.

Morto.

Realmente deve ser culpa minha, de tando falar que não o queria, ele deve ter desistido de mim. Me sinto péssima.

O médico percebe que eu não estou nem ouvindo o que ele me fala, desse modo saí do quarto e vai falar certamente com Lucas e minha sogra.

Depois de alguns minutos, os dois entram no quarto.
MM: Minha querida... - Marta vem me abraçar. - Eu sinto muito.
Du: A culpa é minha... - Falo chorando em seus braços.
JL: Não... - Escuto a voz de Lucas. Ele também chora - O médico já explicou tudo, a culpa não é de ninguém...
Du: Não Lucas, você tem razão. Sou uma egoísta, só penso em mim, nos meus problemas, nas minhas angustias... Eu nunca quis o bebe. Dizem que falar atrai. Então, de tando eu falar que ele não era desejado, o perdi... - Coloco a mão em minha barriga.

Estou devastada. Não sabia que perder um filho, mesmo que no começo da gestação, era tão difícil. Uma parte de mim se foi, literalmente.
JL: Eduarda me desculpa. - Ele fala com dificuldade, seu choro o faz soluçar. - Eu não sabia o que estava dizendo, sinto muito. Você não é culpada, eu que sou um idiota...
Du: Lucas, me dá um tempo... - Também choro. - Hoje eu não quero nem olhar na sua cara.
JL: Você tem todos os motivos pra ter raiva de mim. Eu falei besteira, tu deve ter visto as fotos no blog do Téo, mas é tudo um mal entendido, deixa eu te explicar e...
Du: Não! - Grito. - Não quero ouvir nada, não to afim de saber de nada. Me deixem sozinha, por favor.
JL: Não vou te deixar sozinha, você precisa de mim e...
Du: Eu preciso de silêncio. Sai daqui ou eu vou chamar os enfermeiros para te tirarem a força! - Meu tom de voz continua alto.
MM: Meu filho, sai agora. Vá comer alguma coisa, tomar um café... Depois desço para falar contigo
Du: Marta, eu quero ficar sozinha...
MM: Querer não é poder. Vou ficar com você, pelo menos um pouco.

Ela está impondo sua vontade, mas dessa vez é por um bom motivo. Não sei porque fazemos isso: Querer ficar sozinho num momento triste, quando na verdade o que mais precisamos é de um carinho...

Minha sogra leva meu marido até a porta, depois volta e fica segurando minha mão.

Ficamos em silêncio, até que ela começa a falar.
MM: Eu sei que ta doendo...
Du: Muito mais do que levar um tiro.
MM: É, a dor de alma é a pior de todas. Mas ela também passa minha querida. Tudo passa nessa vida. O tempo cicatriza todo tipo de ferida, nada permanece para sempre. - Ela dá um tímido sorriso. - Só o tempo... Ele sempre continua passando e deixando para trás todas as coisas ruins... Isso não muda!
Du: Obrigada... - Marta se abaixa e me dá um abraço apertado.
MM: O médico te explicou o que aconteceu?
Du: Explicou, mas eu não prestei atenção...
MM: Era uma gravidez ectópica. O zigoto, o seu filho, ele estava alojado em uma das tubas uterinas...
Du: Eu não to entendendo nada!
MM: Ok, vou tentar simplificar. O bebe não estava no útero e sim em uma das tubas. É impossível proseguir uma gravidez assim. Não dava pra simplesmente colocar o bebe no útero. Você teve um aborto espontâneo, mas se não tivesse tido, mais para frente tu teria que remover a gravidez. Ou pior, a trompa poderia se romper, fazendo você ter uma forte hemorragia que pode levar a morte... Tu teve sorte minha querida.
Du: Você chama isso de sorte?
MM: É, não é a palavra certa...
Du: Isso pode rolar de novo? Eu corro o risco de não engravidar mais?
MM: Eu não sei Eduarda, não sou médica. Só estou te dizendo que o doutor me falou... Se quizer, eu posso chama-lo, você quer?
Du: Quero...

Minha sogra saí para procurar o médico, e depois de alguns minutos ele está aqui. Eu lhe encho de perguntas e ele me esclarece todas.

Minhas tubas não foram rompidas, não precisarei tira-las. O sangramento que tive, foi o meu filho sendo expelido. Um aborto tubário.
Du: Mas eu vou poder ter outros filhos? Isso pode rolar de novo?
Dr: Sim, e sim. Você pode ter outros filhos, e pode ocorrer de ter outra gravidez tubária, mas as chances são poucas, de 10 a 15%. Porém recomendo que espere alguns meses para engravidar de novo... Mas alguma dúvida?
Du: Não, não...

O médico saí, e eu fico cada vez pior. Tenho medo de que isso aconteça novamente...

Me sinto mal, angustiada, triste...
MM: Eu vou descer para tomar um café com o Lucas... Tudo bem?
Du: Tudo. Eu vou dormir um pouco então...

Por João Lucas:

Já faz algum tempo que fui expulso do quarto por Du. O pior é que nem posso reclamar, ela está certa. Não deveria ter acusado sem saber de tudo.

O médico falou que ela podia ter morrido se as trompas de rompessem... Deus me livre uma hemorragia, dessa vez não poderia contar com o pai dela para doar sangue.

Estou bebendo um suco na lanchonete do hospital, quando sinto alguém puxando minha orelha.
JL: Ai - Grito. Me viro para ver quem as puxa, e é minha mãe. - Qual é dona Marta?
MM: Qual é? To querendo fazer isso desde que vi aquelas fotos... Nem pense em trair a Eduarda, agora já me apeguei a ela. Estou cansada de divórcios nessa família.
JL: Eu não trai a Du mãe. Aquela garota da foto é uma freira. Ela falava português, então a chamei para dar uma volta. Foi só isso...
MM: Aham, quero ver você convencer a Du de que aquela mulher linda é uma freira...
JL: Mas eu to falando a verdade, juro!
MM: Tá, mas e o que você disse pra ela? O hospital inteiro ouviu você a chamando de assassina, egoísta...
JL: Eu já to mal o suficiente, para de jogar na minha cara!
MM: Mal de verdade está a Du. Você imagina como é para uma mulher perder um filho? Saber que alguém que estava dentro de você não está mais, e que tu nunca vai poder conhecer aquela pessoinha...
JL: Eu não sei se ela está tão mal assim, a Eduarda não queria o bebe...

Nesse instante, minha mãe me dá um forte tapa no braço.
MM: Ela precisa de apoio, de carinho... Não de você duvidando dos sentimentos dela em relação ao filho que perdeu. Não to te reconhecendo Lucas...
JL: Eu só to triste...
MM: A Eduarda está dormindo, eu vou para minha casa trocar de roupa e depois volto. - Reparo em seus trajes. Nunca tinha visto minha mãe tão mal vestida. - Vesti a primeira coisa que vi... - Ela sorri, ao notar meu olhar. - Vai lá fazer companhia para sua mulher, tenta se entender com ela...
JL: Obrigada mãe... - Me levanto da cadeira e lhe dou um forte abraço. - Eu te amo!
MM: Tem que amar mesmo. Uma mãe dedicada como eu, que faz tudo pelos filhos, e agora pela nora... - Essa é a forma dela dizer "Eu também te amo". Não preciso de palavras, percebo por suas atitudes. Ela me ama muito, e a Eduarda também, quem diria que esse dia ia chegar...

Por Eduarda:

Tentei dormir mas acabei não conseguindo pegar no sono. Tantas coisas passam por minha cabeça...

Escuto a porta se abrindo, e ouço passos vindo em minha direção. É Lucas.

Fecho meus olhos e finjo estar dormindo. Não quero conversar! Ainda não...

Ele se aproxima mais, e começa a passar a mão por meus cabelos...
JL: Por que as coisas são assim em? - Ele sussurra. - As vezes dá vontade de sumir, pra ver se os problemas passam...

Então é isso que ele quer? Sumir, largar tudo para trás! Quem sabe voltar para Veneza e curtir com a italiana dele...

Não me aguento, abro meu olhos e digo:
Du: Ninguém te prende aqui. Você pode ir, por mim... - Dou de ombros.
JL: Você tá acordada...
Du: Não, to falando enquanto durmo. Aliais, to dormindo de olha aberto.
JL: Qual é Du? Para, vamos conversar sério, sem gracinha, nem patadas...
Du: Conversar o que? Sobre onde você vai quando sumir?
JL: Quando eu falo de sumir, é desse lugar, dessa cidade. Não de perto de você, nem dos nossos filhos. As vezes penso em ir morar com vocês numa cidade bem pequena, calma...
Du: Até parece que ia ter diferença...
JL: É, talvez não... - Ele tenta pegar na minha mão, mas eu a tiro de perto dele. - Você ta muito brava comigo?
Du: De 1 a 10, digamos que eu estou 11!
JL: Tu está certa, eu pisei na bola contigo. Desculpa por ter falado aquelas coisas. Fui um idiota. Estava confuso, triste... Acabei colocando a culpa em você, talvez como uma tentativa de me sentir menos mal!
Du: Tá...
JL: Como assim "Tá"? Diz mais alguma coisa! Grita, me xinga... A raiva é melhor que a indiferença!
Du: Eu não te perdoo. Não acredito que tu pensou aquilo de mim...
JL: Também não sei como fui capaz de fazer isso! Mas tenta entender, você já pensou em aborto uma vez e...
Du: Uma coisa é pensar e falar, outra é fazer. Se eu quisesse mesmo abortar na primeira vez, eu nem tinha ido na sua casa te contar que estava grávida. - Faço uma pausa. - Como você acha que estou me sentindo? Vejo você abraçado a outra mulher, na cidade mais romântica do mundo, e depois tu vem me acusando de ter tirado nosso filho...
JL: Isso é outra coisa que tenho que explicar!
Du: "Não é nada do que eu estou pensando..." Vai dizer isso né? Sempre dizem.
JL: Mas é verdade. Aquela garota é freira. Eu estava na Basílica de São Marcos, triste, pensando em você, dai ela foi lá me consolar.
Du: Consolar como? Passeando de barco abraçadinha com você por Veneza...
JL: Eu só a abracei porque ela me deu um conselho. Falou para mim voltar, ficar do seu lado. Ela disse que você estaria precisando de mim... E está!
Du: Eu to precisando é de paz... Já estou cansada de tudo isso!
JL: Eu também estou... É muito desentendimento, problemas, mal entendidos...
Du: Acho que alguém lá em cima não quer a gente junto... Melhor aceitar!
JL: O que você quer dizer com isso?
Du: Eu não sei se acredito em destino, mas ta parecendo que o nosso é ficar separados. - Faço uma pausa. - Lucas, eu quero o divorcio...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que vocês acham, a Du está certa de pedir o divorcio?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sempre te amei." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.