Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 52
Capítulo 52: Lembranças...


Notas iniciais do capítulo

Pra compensar aquele capítulo minúsculo de ontem, tentei caprichar nesse. Espero que não tenha ficado cansativo, nem chato... :)



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Por Eduarda

Eu estava dormindo quando escutei um choro de bebe. Não sei ao certo porque, mas na mesma hora me levantei da cama, peguei um hobby e vim ao encontro deles.

É estranho... Ao mesmo tempo que não me lembro de ser mãe, eu consigo sentir algo por eles. Algo muito forte. Quando cheguei perto da menina, ela chorava sem parar. Eu a peguei no colo e a bebe começou a se acalmar. Sua fralda estava suja e eu a troquei. Não me recordo de ter aprendido a fazer isso, mas eu simplesmente fiz.

Nesse momento ainda estou no quarto com "meus filhos", é estranho pensar isso... Nino a menina em meus braços e falta pouco para que ela durma.

Há um silêncio gigantesco no cômodo, só escuto a minha respiração e...
Du: Lucas? - Digo me virando para olhar a porta.
JL: Eu... - Diz, entrando no quartinho. - Como você me ouviu? Não fiz barulho nenhum... - Apesar da pouca luz que entra no quarto, consigo ver um sorriso em seu rosto.
Du: Ouvi sua respiração. - Também sorriu. - Ela ta quase dormindo, vamos falar baixo...
JL: Ok! - Sussurra. - Du, o nome dela é Marta, igual o da minha mãe. Mas a gente chama de Martinha!
Du: Ah... Peraí, como você sabe que eu tinha esquecido o nome dela?
JL: Eu ouvi você falando. To aqui te observando a um bom tempo. Estava com saudades dessa cena!
Du: Que cena? A sua mulherzinha trocando fraldas, enquanto você só observa? Pô Lucas, podia ter me ajudado! Eu já falei que não sei fazer essas coisas...
JL: Sabe sim Eduarda, você fez tudo direitinho! E outra coisa, eu te ajudo sempre, tá? Não sou um marido folgado...
Du: Tá bom... - Falo, colocando Martinha no berço. - Não consigo imaginar você trocando fraldas!
JL: Aé? Pois fique sabendo que eu sou um ótimo trocador! Você vai ver, espera algum deles fazer as necessidades que eu te mostro!

Começo a rir, mas logo corto minha risada. Não quero acordar as crianças.
Du: Agora a gente faz o que? - Pergunto, olhando para os bebes tranquilos em seus berços.
JL: Bem, eles estão dormindo bastante a noite. Só acordam amanha! A gente pode voltar a dormir!
Du: Ótimo!

Saiu do quartinho seguida por Lucas, fecho a porta e vou em direção ao meu quarto.

A lua está cheia no céu, ilumina todo o cômodo.
Du: Se a gente ta casado a tanto tempo assim, porque você não aprendeu que detesto dormir com as cortinas abertas? - O encaro. - Amanhasse e o sol vai ta batendo na nossa cara...
JL: Eu sei, eu sei... Foi mal! - Ele vai até as janelas e fecha a persiana.

Quando volta, se deita na cama e eu fico de pé o olhando.
JL: Que foi? - Pergunta. - Perdeu o sono?
Du: To esperando você arranjar um edredom e um colchão pra mim!
JL: Pra quê? - Ele se senta na cama, acende a luz do abajur e fica me encarando.
Du: Qual é Lucas, não quero dormir com você na cama...
JL: Eduarda, a gente acabou de transar! Qual o problema?!
Du: Eu sei! - Respondo ríspida. - Esqueci os últimos 2 anos, não das memórias de 3 horas atrás...
JL: Então qual o problema de dormir na cama comigo?
Du: Ah, sei lá Lucas... Não to acostumada, não vou me sentir bem!

Lucas se levanta e vai até o closet. Eu me sento na cama e fico o esperando. Depois de alguns minutos ele volta com alguns cobertas e as estende no chão.
JL: Não tem colchão, mas se eu colocar todas essas cobertas uma em cima da outra, vai ficar até confortável...
Du: Tá tudo bem! Pra mim tá ótimo assim, a cama da minha casa é péssima mesmo, já to acostumada!
JL: Eduarda, a sua casa é essa. E quem vai dormir nesse chão sou eu, você fica com a cama.
Du: Que isso Leki, não precisa...
JL: Precisa sim. Já que você não quer dormir comigo, eu durmo no chão. Tu acabou de sair do hospital, tem que ficar confortável. - Fala, se deitando sobre o amontoado de cobertas.

Eu me deito na cama e fico em silêncio.

O sono não vem...

Estou preocupada com Lucas, ele não deveria estar dormindo ali. Essa casa é dele, a cama também...

Passados alguns minutos, não me aguento e pergunto.
Du: Você já dormiu?
JL: Não... Mas deveria, amanha tenho que ir trabalhar...
Du: Você trabalha mesmo? Nossa, isso é muito louco! Nunca pensei que esse dia ia chegar.

Lucas ri, e me diz:
JL: Nem eu. Aliais, eu esqueci de perguntar. Você vai ficar bem aqui sozinha?
Du: Acho que sim... Mas eu vou ter que ficar com as crianças o dia todo?
JL: A baba e a Ana vão te ajudar... - Sinto uma certa tristeza em seu tom de voz.

Me viro de bruços, e fico olhando Lucas que está em baixo de mim, perto dos pés da cama.
Du: Eu falei alguma coisa errada?
JL: Não é "as crianças" são "meus filhos", "nossos filhos..."
Du: Ai Lucas, que besteira. É modo de dizer, tanto faz... - Ficamos em silêncio, e eu continuo. - Ta bom, foi mal... Eu fico com os "nossos filhos" de boa.
JL: Ok, eu prometo que volto mais cedo. Só to indo pra resolver uns problemas. Desde que o Merival foi despedido, a empresa ta um caos.
Du: Merival não é aquele advogada que trabalha na império a séculos?
JL: Não acredito que tu lembra dele. - Ele ri. - Qual é Du? Você esquece dos nossos filhos, mas lembra do advogado da minha família...
Du: Não posso mandar nas minhas lembranças, pô! Mas fala aí, porque ele foi despedido?
JL: É difícil de explicar! Quando você se lembrar de tudo, inclusive da noite que levou o tiro, dai eu te conto...
Du: Ele tem alguma coisa a ver com isso? - Pergunto.
JL: Mais do que você imagina... Mas agora vamos dormir! Amanha já vou acordar todo quebrado por dormir no chão, deixa eu pelo menos tentar ter uma boa noite de sono...

Depois de alguns segundos sem falarmos mais nada, eu começo:
Du: Leki...
JL: O que, Du?
Du: Você pode dormir na cama... Mas nada de se assanhar pro meu lado!

João Lucas se levanta do chão e deita comigo. Eu me viro para ficar de costas pra ele e logo sinto seus braços apertando meu corpo contra o dele.
Du: Que isso?
JL: Já que você não se lembra, vamos reviver todos os nossos momentos! É assim que a gente dorme. De conchinha...

Penso em arrancar suas mãos de meu corpo, mas não consigo. Isso é muito bom!

Minhas pálpebras começam a ficar pesadas e eu logo adormeço.

"Estou numa cama com Lucas, ele diz algo e eu me levanto rapidamente. Visto minhas roupas correndo, e me sinto humilhada.
Du: Eu nunca mais quero olhar na sua cara... - Digo, antes de sair correndo do quarto."

Abro meus olhos, e sinto lágrimas escorrendo por meu rosto. Isso foi um sonho, ou uma lembrança?

Os braços do Leki ainda estão envolta de mim, olho no relógio em cima da cabeceira e não passa das 5 horas da manha. Posso dormir mais!

Fecho meus olhos novamente, e sinto que logo adormecerei. Só torço pra não ter outro sonho ruim...

Mas infelizmente tenho!

O despertador toca me tirando de outro "pesadelo", e Lucas acorda e desliga rapidamente o aparelho. Ele me dá um selinho e vai tomar um banho.

Eu me sento na cama e levo minha mão a cabeça: Ela dói.

Não é uma dor absurda, mas é diferente de todas as outras que já senti.

Enquanto escuto o barulho do chuveiro, fico pensando nesse último sonho que tive. Dessa vez foi em flashes, várias imagens passaram rapidamente por minha mente.

"JL: Ísis... A deusa da fertilidade! Ela tem cara de Ísis mesmo!"

"JL: Eu já te falei que ela é ruiva..."

"Du: É sério isso? Você deu o maior chupão na garota?"

Balanço minha cabeça negativamente, e tento parar de pensar nisso. Quem é Ísis?
Du: Que droga...

Acho que minha memória está voltando, mas só consigo me lembrar de coisas que me deixam triste!

Será que o Lucas me falou aquilo na nossa primeira vez? Ele namorou essa tal Ísis?
Du: Meu Deus, eu vou ficar louca...
JL: O que foi? - Olho pra frente e vejo Lucas me olhando, só de toalha.
Du: Nada, só acordei confusa. - Digo, abaixando a cabeça para não olha-lo. Prefiro que ele não perceba o quão nervosa fico quando ele está assim, sem roupas perto de mim. - E a minha cabeça ta doendo um pouco!
JL: Doendo? - Ele fica preocupado. - Quer que eu te leve ao médico?
Du: Não, imagina. Ta tudo bem... Vai se aprontar, não quero que chegue atrasado por minha culpa.

João Lucas vai se trocar e eu fico ali, remoendo minhas últimas lembranças recuperadas. Alguns minutos se passam e escuto:
JL: Eu já to indo... Vou tomar café na Império.
Du: Ual! - Fico surpresa, nunca tinha visto o Leki de terno. - Você fica maneiro assim, todo engomadinho...
JL: Obrigada. - Ele sorri. - Promete que vai ficar bem?
Du: Prometo!

Fico só, e decido não voltar a dormi. Tenho medo de fazer isso e ter outra péssima recordação.

Me levanto da cama e vou para o banheiro. Tomo um rápido banho e visto uma roupa bem confortável.

Saiu do meu quarto e enquanto passo pelo corredor, escuto algumas risadas de bebes.

Abro a porta do quartinho de meus filhos, e me assusto com a presença da baba. É a mesma mulher que me recebeu ontem quando cheguei. Ainda não sei o nome dela...
C: Bom dia, dona Du.
Du: Bom dia. Ta tudo bem aí?
C: Está sim... Os bebes acordaram agitados hoje!
Du: Como é mesmo seu nome? - Pergunto, um pouco envergonhada. - Não lembro...
C: É Carmem! Não se preocupe, já sabemos que você perdeu a memória. Fica tranquila, tu vai lembrar de tudo.

Desço pra tomar café da manha e após consumir meu desjejum, decido voltar pro quarto. Quando estou subindo os degraus, tenho outro flash de memória.

"Estou no topo de uma escada. É a casa dos pais do Lucas. Eu vou pular, quando José Alfredo aparece."
Du: Eu ia me jogar? Cacete, que vida é essa... Não quero me lembrar disso! - Digo, começando a chorar.

Acelero os passos rumo ao meu quarto, quando esbarro em uma das empregadas.
Du: Desculpa! Eu não te vi...
A: Ta tudo bem. - Ela sorri. - Pelo jeito a senhora já está ótima, tá até correndo e tudo!
Du: Desde pequena eu sempre me recupero logo. Não tenho paciência pra ficar doente! - Sorriu.
A: Sangue bom esse seu, em? Deus me livre, mas se um dia eu precisar de uma transfusão, vou pedir pra você me doar, ou o seu pai, né... - Fala, rindo.
Du: Como assim? - Pergunto, também sorrindo. - Por que meu pai?
A: Ah, porque ele te doou sangue e você já ta aí, ótima. Pronta pra outra!

Isso é muita informação pra mim. Meu pai me doando sangue? Ele que se faz de machão, mas morre de medo de agulhas... Por essa não esperava!

Entro no meu quarto e depois de alguns minutos em silêncio, o tédio me consome. Não gosto de ficar aqui sozinha.

Pego minha carteira, e ao abri-la vejo que tenho dinheiro.

Desço até a sala e peço um táxi por telefone.

Vou para minha casa, quem sabe meus pais não tem alguma informação pra me dar. Por mais que eu não goste daquele lugar, nem me sinta bem lá, Fábio e Shirlei são a minha família.

Vou em direção a porta, quando escuto alguém falando comigo:
A: Aonde você vai? - Pergunta.
Du: Dá um rolê... Vou ir agradecer meu pai!
A: Acho melhor não. - Ela parece nervosa. - Eu te contei isso sem querer, nem tinha me dado conta.
Du: Não gosto de ficar trancada, vou ir dar um passeio, relaxar um pouco!
A: Espera o seu Lucas voltar, dai você pergunta se pode ir...
Du: E eu lá sou mulher de pedir permissão pra sair?! Se tá doido... - Falo indo em direção a porta. Quando estou saindo, me viro novamente pra mulher que me olhava temerosa, e pergunto. - Eu sou o tipo de mulher que pede permissão pra sair? Eu me tornei isso?
A: Não, não é isso...
Du: Ainda bem! - Dito isso, dou as costa e saiu.

Entro no táxi, que já estava me esperando, e lhe dou o endereço da minha antiga casa.

No caminho, me lembro de outra coisa:

"Estou dentro de um táxi aflita. Lucas sumiu e eu o procuro. Quando finalmente o encontro, ele está dormindo em seu carro, completamente drogado."

T: Chegamos. - Diz, o taxista.

Volto para realidade, no caso o presente, pago a corrida e desço do táxi.

Estou de frente pra minha casa. Nada mudou na fachada. A mesma pintura desbotada de sempre... Procuro as chaves nos meus bolsos, e me lembro que certamente não venho aqui a tempos. Nem devo ter mais a chave.

Toco a campainha e logo alguém vem abrir a porta: minha mãe.
S: O que você ta fazendo aqui? - Pergunta, assim que me vê.
Du: Eu queria falar com o Fábio... Ela ta aí?
S: Seu pai ta dormindo... Agora ele trabalha só a noite!
Du: Hm... Com o que? Segurança?

Minha mãe me olha, e começa a rir.
S: É quase o contrário disso... O que você quer com o seu pai? Seu marido se arrependeu do que fez, e veio pagar ele? Pode deixar o cheque comigo!
Du: Cheque, que cheque? - Estou ficando confusa. - Será que dava pra me deixar entrar?

Minha mãe abre passagem, e eu passo pela porta.
S: Eu vou chamar seu pai...

Me sento no sofá, e só então percebo o quão desconfortável me sinto nessa casa. Eu morava aqui até ontem, segundo minhas lembranças, mas mesmo assim não me sinto bem nesse lugar.
F: Já teve alta do hospital? - Meu pai está na minha frente me olhando. - Vaso ruim não quebra mesmo, em?!
Du: Oi pai...
F: Pai o cacete! Tu não se considera minha filha, eu não me considero teu pai. O que ta fazendo aqui? Se veio finalmente me pagar, fique sabendo que agora só aceito em dinheiro vivo!
Du: Pagar o que caramba? Eu to te devendo?
F: Ta sim! A vida...
Du: É, eu sei. Justamente por isso que vim aqui. Quero te agradecer por ter me ajudado! Muito obrigado...
F: Esse muito obrigado seu podia ter vindo acompanhado de notas de cem. - Ele fica me olhando, e depois de alguns segundos fala: - Você é muito cara de pau né garota? Depois do que o seu maridinho me fez, tu ainda tem coragem de vir aqui... Sorte sua que eu tenho amor a vida, porque senão, sentava a mão nessa sua cara!
Du: Eu sei que você sempre me odiou, mas por que ta me tratando assim?
F: Ódio é pouco. O que eu sinto por você nem tem nome ainda. É uma mistura de todos os sentimentos ruins em um só.

Lágrimas começam a escorrer de meu rosto. Ele nunca tinha sido tão claro assim...
Du: Se você me detesta, por que tu me doou sangue?
JL: Porque fui enganado. O seu marido disse que ia me pagar uma bolada, e no final não cumpriu nosso trato. Aquele desgraçado...

Me levanto do sofá e saiu correndo em direção a porta. Quando já estou lá fora, encosto minhas costas no muro e começo a chorar. Minha cabeça dói mais do que nunca.
S: Você não devia ter vindo aqui garota... - É minha mãe que fala.
Du: Eu pensei que a gente podia se entender finalmente... Sei lá! Foi uma péssima ideia mesmo. Achei que talvez vindo aqui, também pudesse recuperar a memória.
S: Como assim? Você ta com amnésia?
Du: Não lembro dos últimos 2 anos da minha vida... Mãe, você sabe de alguma coisa?
S: Algumas... Você veio aqui grávida, anunciar que ia casar com o maloqueirinho!
Du: Então eu engravidei antes de casar?
S: Claro. Tu acha mesmo que ele casaria com você se tu não tivesse buchuda minha filha?! Você deu é um ótimo golpe da barriga, eu até te dei parabéns!
Du: Chega! - grito. - Vocês dois são uns bostas. O que eu devo esquecer mesmo é da existência dos meus pais! - Falo, indo em direção ao outro lado da rua. - Adeus!

Enquanto caminho, minha cabeça começa a doer cada vez mais. Penso em tudo que meus pais disseram. Minha vida é uma merda. Sempre foi, mas agora parece pior!
Du: Não quero, não preciso me lembrar de tudo isso... Quando sofrimento! - Falo, enxugando minhas lágrimas.

Entro em uma farmácia, e peço um analgésico.
F: Tem receita?
Du: Não, dá qualquer um que não precise disso... Por favor, minha cabeça ta estourando!

Ela assenti, e vai buscar meu remédio. Eu fico encostada no balcão, quando vejo um teste de gravidez sobre uma das prateleiras.

Milhares de memórias me invadem: O meu desespero ao descobrir que estou grávida, a dor insuportável de um parto. Lucas me trazendo 5 testes, e eu com medo de estar novamente grávida...

As lágrimas começam a descer em maior quantidade. A farmacêutica vê, e vem me socorrer.
F: Meu Deus, tá doendo tanto assim? Melhor você procurar um médico, tu tá pálida...

Dou as costas pra ela, sem nem pegar o remédio, e saiu de novo pra rua. Me sento na esquina e coloco minha cabeça sobre meus joelhos.

Me lembro de outra coisa:

"Lucas estava me enganando. Ele queria outro filho, e me fez de idiota. Trocou meu anticoncepcional por um remédio qualquer.."
Du: Cachorro!

Só as lembranças ruins estão voltando... Ou eu tenho muito azar, ou elas são maioria.

Continuo a chorar, quando sinto as mão de alguém em mim:
JL: Eduarda, o que tu ta fazendo aqui? Pelo amor de Deus! - Diz, me abraçando.
Du: Você me enganou. - Digo, o empurrando. - Tu só casou comigo porque eu estava grávida, eu dei o golpe da barriga... Você gosta de uma tal de Ísis!
JL: Nada disso é verdade, quem te disse essas loucuras?
Du: Eu to lembrando, Lucas! To vendo... - Grito.
JL: Você ta confusa meu amor, mas isso vai passar... - Diz, vindo me abraçar.
Du: Não encosta em mim!

Ele não me obedece, e coloca seus braços sobre meu corpo e me aperta contra seu peito. Eu tento o empurrar, mais sou vencida.
JL: Eu te amo! Você precisa se lembrar disso...
Du: Lucas, você só me faz sofrer!

Ele me solta, segura minha cabeça e fica olhando fixamente em meus olhos.
JL: Você só se lembra de mim como amigo, né?! Então me diz: Eu, o seu melhor amigo, teu brother, parceiro pra todas as horas, teria coragem de te fazer algum mal de propósito? Eu errei com você muitas vezes Du, mas nunca porque quis! Eu te amo. Me casei com você por isso, não tem outro motivo... - Ele respira fundo, e continua. - A gente passou por uns mal bocados, mas também fomos muito felizes!
Du: Lucas, eu to com ódio de mim. Só lembro das coisas ruins...
JL: É que são tantas lembranças maravilhosas, que seu cérebro fica com preguiça de processar todas...
Du: Bobo... - Digo, finalmente me permitindo sorrir.
JL: Vou pra casa com você, tá? Deixa o trabalho pra lá, nada é mais importante que a minha Eduarda...
Du: Pelo jeito tu não mudou tanto assim. Ainda é um irresponsável!
JL: Pois é! O que eles vão fazer se eu não voltar pra lá hoje? Me demitir? - Diz, rindo.

Lucas me guia até o carro, e no caminho conversamos:
JL: A Ana me ligou assim que você saiu de casa. Eu estava na empresa e vim o mais rápido possível... É duro dizer isso Du, mas esquece sua família. Eles não merecem você, nem o seu obrigada, muito menos sua presença!
Du: É, eu sei! Vou esquecer, prometo...

Quando chegamos em casa, a baba está dando papinha pros meus filhos.
JL: Eu adoro isso. É muito fofo a bagunça que eles fazem...

Vamos ajudar Carmem e, realmente, isso é engraçado.

Os bebes estão agitados, principalmente Martinha... Mas também, com esse nome! Minha filha, tenho que me acostumar a chama-la assim, estava a todo instante balbuciando coisas sem sentido.
Du: Será que ela ta querendo falar alguma coisa? - Sorriu.
C: Nada dona Du, ela nem sabe o que ta fazendo... Vai demorar mais um pouco pra ela falar. Agora ela só imita os sons, ta aprendendo a dizer as silabas...
JL: Talvez essa seja a língua dos bebes, que só eles entendem. - Diz, rindo.
Du: Isso é mais fofo de acreditar... - Olho para uma das empregadas e peço: - Dá pra me trazer um analgésico? Minha cabeça ta explodindo!

Eu continuo a dar papinha para Marta, quando de repente, ela olha pra mim e diz:
M: Mama
JL: Ela disse mamãe?
C: Não seu Lucas, ela só ta balbuciando qualquer coisa, nem sabe o que diz...

Os dois começam a conversar entre si, e eu fico ali paralisada, olhando para minha filha.

Não importa o que Carmem falou, não interessa se Martinha sabe ou não o que diz.

Ela disse!

Mama= Mamãe.

E é isso o que sou!

Como se aquelas duas silabas fossem um fósforo, se acendi em mim uma luz que clareia a escuridão da minha mente.

De repente, tudo começou a fazer sentido.

Tudo é real.

Eu sou mãe de dois bebes incríveis. Eu casei com o Lucas. Ele me faz feliz. Nós somos felizes...

Apenas duas silabas quaisquer para Carmem, a primeira palavra para Lucas... Já pra mim, é o que finalmente me trás de volta.


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Notas finais do capítulo

Os comentários são muito importantes pra mim, adoro saber a opinião de vocês! O que acharam?