Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP vol.2 escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 7
Barrados




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Quando abro meus olhos, estou em um lugar diferente. Tem grama no meu cabelo e na minha boca e minhas costelas doem muito. Parece até que fui empurrado.

Sento-me na grama e tento clarear meus pensamentos enquanto vou tirando alguns pedaços de mato do meu cabelo. Olho em volta, mas não conheço o lugar onde estou. Tem uma placa de pare na estrada vazia ao lado e uma placa enorme na frente com os dizeres BEM-VINDO A VALLYWOOD.

Franzo a testa para isso e escuto algo se mexer por perto. Entro em estado de alerta, mas então reconheço o cabelo loiro e a pele um pouco bronzeada.

Olhando ele assim, me lembro do que Andressa disse e não consigo deixar de ver que é verdade. Somos bem parecidos.

– Onde diabos estamos? – Felipe questiona quando me vê, afagando a cabeça. Deve ter batido ela.

Balanço a cabeça para ele e me levanto. Parece ser a fronteira entre uma cidade e outra. Vallywood e alguma outra. Tem um rio não muito longe e consigo ouvir o barulho da agua descendo.

– Eu não sei onde – respondo. – Mas com certeza não estamos mais em Vallywood – aponto para a placa.

Ele segue meu olhar e se levanta, analisando tudo direitinho.

– E quanto a Andressa e o Eduardo?

– Eu não sei – sussurro e minha garganta se aperta enquanto olho o resto do lugar. Não consigo ver a silhueta de nenhum dos dois em lugar algum.

– E como viemos parar aqui?

– Eu já disse que não sei – solto um grunhido. – Só o que me lembro é que Denise estava fazendo algo e tinha uma ventania e...

De repente os olhos de Felipe se arregalam e ele olha a placa de Vallywood.

– Não – ele balbucia. – Isso não pode... Ela não...

– O que foi? Felipe, o que foi?

Ele se vira pra mim por um instante e então olha para a placa de novo.

– Aquela vadia separou a gente – ele diz em um tom derrotado.

Franzo o cenho para ele.

– Como assim separou? – questiono. – Eles devem estar em Vallywood, eu não os vi sendo empurrados.

– É exatamente isso que eu estou querendo dizer – ele fala. – Eles estão lá e nós estamos presos aqui.

Fico sem reação por um segundo.

– Espera, como? O que quer dizer com presos?

– Presos – ele aponta para a placa. – Ela deve ter lançado algum feitiço sobre a borda da cidade para nos empurrar pra fora. E agora estamos presos do lado de fora dela.

Balanço a cabeça.

– Isso não é possível.

– Não? – ele se vira com tudo para mim. – Ela acaba de soltar um vendaval em cima de todos nós e somos jogados até aqui. Ela é uma Bruxa, Fernando.

Meu coração começa a se apertar e sinto um nervosismo quando ele diz o meu nome. Por acaso é a primeira vez?

Balanço a cabeça de novo, tentando clarear meus pensamentos.

– Eu sei que ela é uma Bruxa, mas isso...

– Acha que é impossível? – ele cruza os braços. – Acha mesmo muito impossível?

– Não é isso, só acho que se ela quisesse ter feito algo assim teria feito antes.

Ele pensa no que eu disse e dá de ombros.

– Talvez você esteja certo por um lado. Mas talvez também não. Ela deve ter nos atraído pra cá com esse intuito desde o começo. Nos separar.

Olho a frente da placa e tenho uma ideia. Começo a andar.

– Fernando, volta – ele me chama, mas eu nem respondo. – Isso não vai dar certo – ele insiste quando já estou na metade do caminho. – A única coisa que vai acontecer é...

E então eu estou a dois passos de entrar em Vallywood e sinto algo familiar. Uma ventania se choca contra meu corpo e sou arremessado novamente, rolando na grama.

–... Você se espatifar no chão de novo – ele suspira. – Não diga que eu não avisei.

Eu me levanto novamente, tirando mato da minha boca e o encaro.

– Ok, você estava certo! – eu guincho. – Agora pode parar de bancar o inteligente por um segundo?! Meus dois amigos estão do outro lado com uma Bruxa psicopata e eu estou aqui, preso com um novato metido a besta!

Ele parecia querer dizer algo, mas então escuta bem o que eu digo e fecha a cara. De repente cruza os braços e passa por mim, andando rápido até a direção do rio, sem olhar nos meus olhos.

Fico parado enquanto o escuto se afastar e me viro para vê-lo andar para longe. Penso em chama-lo de volta, mas também penso em não fazer isso.

Por fim, eu não o chamo.


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