Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP vol.2 escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 4
Pousada Sem Quatro Estrelas




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Eduardo dirige o jipe com velocidade pelas ruas suburbanas de Vallywood. Andressa esta no banco do carona, olhando a janela pensativa – provavelmente estranhando as pessoas normais. E Felipe e eu estamos no banco detrás. Ele parece tranquilo, mas eu estou retesado e muito parado – com medo de que minha ferida e abra.

– Que lugarzinho para aquela vadia se esconder – Andressa comenta com uma voz enfática. – Não podia ser em um beco escuro? Eu preferiria isso a ter que ficar vendo essas mulheres fantasiadas de palhaço.

Reviro os olhos.

– São maquiagens, Dessa – respondo. – Não sei se já ouviu falar, mas serve para deixar as garotas mais bonitas.

Ela estala a língua e parece muito puta ao me olhar pelo retrovisor. Mas então, ergue uma sobrancelha escura.

– E o que você entende de garotas bonitas?

Franzo a testa e não consigo entender do que diabos ela esta falando.

– Estamos chegando? – Eduardo se dirige a Felipe, com um tom meio impaciente.

Felipe assenti em resposta de jeito bastante sereno ao olhar para frente.

– Só vire aquela ruazinha e vamos estar lá.

Olho pela janela quando Eduardo vira um pouco rápido demais. Um garoto de cabelo preto e olhos castanhos nos encara quando estacionamos. Esta parado em frente a um condomínio ao lado da pousada. Não sei se ele pode me ver pela janela do vidro escuro, mas seus olhos focam em mim.

Eu o olho de volta, mesmo ele não sabendo que posso vê-lo.

– Porra, Felipe, uma pousada? – Andressa de repente guincha e se vira para o banco detrás. – Sério mesmo?

– Você tem uma ideia melhor? – Felipe responde de volta, talvez completamente de saco cheio de ficarem criticando-o o tempo todo.

– Não liga pra Dessa – digo, me intrometendo entre os dois. – Ela adora criticar os planos dos outros, mas os dela são horríveis. Quando ela tem algum plano, digo.

– Nossa, Fernando – ela se vira para mim, a voz açoitando o ar, mas os olhos calmos. – Se quer lamber o saco de alguém por que não faz isso de um jeito menos explicito?

Fuzilo os olhos e vejo que ela só quer me provocar. Mas Felipe franze o cenho e me olha de lado.

– Do que ela esta falando?

Não respondo e encaro Andressa fixamente.

Deve estar se referindo ao fato de eu estar defendendo Felipe o tempo inteiro. Bem, ela esta interpretando tudo muito errado.

Só quero que foquemos na missão e sem mais provocações.

Eduardo parece adivinhar meus pensamentos.

– Já chega – diz ele impaciente. – Vamos focar no que viemos fazer.

Fico feliz que ele tenha dito isso e olho para trás. O garoto ainda esta nos encarando e avalio seu olhar. Parece educadamente curioso.

Andressa e Eduardo abrem as portas em silencio e estou prestes a abrir a minha, porém uma mão me impede.

– Não mesmo – Felipe esta com o rosto muito perto do meu. – Vem, eu te ajudo.

Olho ele atentamente.

– Não preciso disso tudo.

Ele sorri ironicamente para mim.

– Eu disse que você precisa? – e então me puxa com ele do carro, me agarrando pela cintura novamente.

Andressa fecha as portas do carro e nos avalia atentamente. Encaro-a de volta com uma cara fechada.

– Então é aqui? – Eduardo olha as portas de madeira da entrada da pousada.

Felipe assente ao meu lado.

– E agora vamos o que, arrombar? – a voz de Andressa é carregada de ceticismo.

Mas Felipe apenas abana a cabeça e me reboca ao passar pelas portas. Subimos as escadas para o saguão, enquanto Andressa e Eduardo tentam parecer normais. Se não fosse pelas botas dela, e a jaqueta preta dele eu diria que essa tentativa seria um fracasso.

Quando chegamos no saguão, uma moça jovem com o cabelo loire preso em um coque no alto da cabeça sorri para nos de jeito acolhedor.

– Boa tarde, sejam bem-vindo a Vallywood Resorts – ela se inclina sobre nós. – No que posso ajudar?

Andressa e Eduardo se entreolham, mas Felipe apenas sorri de volta para ela.

– Por favor, pode checar o cadastro dos quartos 15 e 12?

– Claro – a moça sorri mais uma vez antes de mover as unhas impecáveis em um Tablet.

– O que tem nos quartos 15 e 12? – Eduardo sussurra para Felipe.

– Reserva de Anna Clara Tesche e Layane Colombo – ela sorri para nós. – Vocês são os convidados que ela mencionou por telefone, não?

– Sim, sim – Felipe sorri.

– Tudo bem – ela futrica algo no balcão atrás dela e pega duas chaves douradas. – Peguem o elevador à direita, o quarto de vocês fica no quinto andar.

– Muito obrigado – Felipe pisca para ela.

– Disponha – ela faz uma reverencia com cortesia.

Olhamos todos confusos para Felipe, mas ele apenas me guia pelo corredor, ainda me segurando ao seu lado.

Quando entramos no elevador, Andressa e Eduardo estão de braços cruzados para ele.

– O que foi tudo isso?

– Anna sabia que íamos precisar de um lugar para ficar na missão – Felipe responde calmamente. – Disse pra mim que planejava se hospedar aqui, mas mudou de ideia na ultima hora.

– Ela disse isso a você? – Andressa questionou. – E só pra você?

Felipe dá de ombros.

– Por quê? – Eduardo o encara.

– Não sei – ele responde simplesmente. – Talvez porque sabia que vocês usariam o quarto em uma situação de não emergência?

– E estamos em uma emergência?

Felipe me ajeita ao seu lado e afaga meu ombro sugestivamente. Meu rosto fica quente quando eles me encaram.

– Eu vou ficar bem – digo.

– Mas precisa descansar – o tom de Felipe é carregado de autoridade.

– Ele esta certo – Andressa funga. – É um total idiota, mas esta certo.

– Tenho que concordar dessa vez – Eduardo se recosta no canto do elevador. – É o lugar perfeito para planejarmos o que fazer com a Bruxa quando formos atrás dela.

– Ou quando ela vier atrás de nós – Felipe acrescenta e sinto ele se arrepiar ao meu lado. Isso também me faz arrepiar.

– Tudo bem – Andressa dá de ombros, mas então retorce o rosto. – Espera, por que Anna disse que iria alugar um quarto aqui?

Felipe fica em silencio e Andressa ri, levando a mão a boca.

– Será que era pra ela e a Layane...?

– Não sei – ele a interrompe rápido demais. – E ela não alugou um quarto, alugou dois.

Eduardo se desencosta do elevador.

– E como estamos em quatro, isso quer dizer que vamos ter que nos separar em dupla?

O olhar de Andressa corre por entre eu e Felipe.

– Acho que um par já esta formado – ela ri com escarnio e eu enrubesço de novo.

Felipe engole em seco.

– Eu mencionei que em cada quarto tem uma cama de casal?

– Apenas uma? – Eduardo guincha e olha Andressa de lado.

Ela não devolve o olhar e de repente pega a chave da mão de Felipe com um rompante.

– Fernando – ela sorri para mim. – Eu vou adorar dormir com você, mas, por favor, não ronque – ela brinca.

Sinto meu estomago se remexer por dentro.

– Por que tem que ser vocês dois? – Felipe questiona com uma voz incomodada.

– Por quê? Você queria dormir com ele?

Acho que fico ainda mais rubro do que antes e olho de relance para Felipe. Não parece satisfeito e Edu, que vai ter que dormir com ele, parece compartilhar do mesmo sentimento.

– Bom, eu gostei da ideia – Andressa sorri. – E você, Edu?

Ele a encara pelo que parece ser um bom tempo, mas então faz que sim de modo letárgico. Vejo que ele parece chateado, mas não preocupado. Deve ser porque sabe que não vou literalmente dormir com ela.

Porque na noite vou me tornar um animal.


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