Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP vol.2 escrita por Matheus Henrique Martins
– Cadê a Andressa? – eu giro meu corpo para frente e depois para trás. – Cadê o Edu?
– Eu n-não sei – ele gagueja. – Em uma hora eles estavam andando na nossa frente, mas outra hora... – ele deixa a frase morrer e vejo que esta tremendo também.
– Foi ela – eu sibilo para a mata e a risada continua ecoando. – Ela fez exatamente o que achamos que ela ia fazer, nos separou.
Felipe xinga.
– E agora, onde será que eles devem estar?
– Até onde sabemos? Devem estar do outro lado da borda agora mesmo, presos do lado de fora!
– Isso não ajuda em nada – ele me diz e rondamos a mata com os olhos.
Olho para o topo do morro e me lembro das palavras de Eduardo. Não podemos nos apavorar agora, ou ela vai conseguir exatamente o que quer.
– Temos que subir mesmo assim – eu digo.
– O que? – Felipe guincha. – Mas ela vai nos matar!
– Não vai não – eu começo a andar pela trilha. – Não se a matarmos primeiro.
* * *
Depois de alguns minutos andando, chegamos a uma pequena área da trilha onde é cheia de lama e com árvores pequenas. Uma quantidade de fileiras de arbustos percorre ao nosso redor.
– Faz ideia de onde estamos? – Felipe sussurra atrás de mim.
Viro para encara-lo com os olhos apertados, mas balanço a cabeça. Ele suspira e chuta uma pedrinha em seu caminho.
– Não acredito que depois de tudo que passamos vá acabar assim – ele reclama.
– Assim como? – questiono.
– Nós perdemos – ele sorri e isso é estranho. – Sem a Dessa e o Edu estamos completamente ferrados.
Balanço a cabeça para o seu negativismo.
– Não seja tão pessimista.
– Estou sendo é realista – ele retruca.
Dou de ombros, tomado pelo sentimento.
– Ao menos temos um ao outro, não é?
Ele concorda, mas então para com a cabeça e me encara de lado.
– O que quer dizer com isso?
Eu o olho de volta e sinto minhas bochechas queimarem. Ele não quer que eu diga isso agora, quer? Quando justamente estamos em uma missão.
– Eu...
E então escutamos o barulho de passos ruidosos. Giro meu calcanhar e saco uma adaga do bolso. Felipe mantém a espada na bainha, esperando a hora certa para mostrar que tem uma arma.
Olho por entre a mata e vejo um borrão verde andar de modo meio atrapalhado. Franzo a testa e troco um olhar com Felipe. É só um garoto. Ele quase tropeça e caí, mas se recompõe. Quando faz isso, nos nota olhando para ele.
Usa uma calça jeans um pouco desgastada e o borrão verde é o seu moletom. Seu cabelo é cacheado e bagunçado e usa óculos pequenos na frente do rosto.
– Vocês dois – ele sibila e nós dois nos retesamos. – Você dois que estavam se beijando?
Eu vou um pouco para trás e sinto Felipe enrijecer ao meu lado.
– Não – ele diz em um tom firme. – Não estávamos nos beijando – ele olha Rael de cima a baixo. – Por que a pergunta?
– Agora pouco – ele respira fundo. – Eu podia jurar que vi duas pessoas se beijando atrás de uma arvore – ele soluça. – Achei que fosse meu namorado e um cara que com certeza não sou eu.
Troco um olhar com Felipe e nós dois olhamos para ele. Parece meio desequilibrado, mas vejo que sua respiração esta normal e ele apenas parece perdido. Deve estar chateado por conta do namorado.
– Bom – eu digo. – Ele não esta aqui, então acho melhor você ir procurar em outro lugar.
– Tem razão – ele funga. – Provavelmente devem estar no topo do monte ou algo assim.
Eu franzo o cenho.
– No topo? – Felipe questiona. – O que seu amigo iria querer no topo do monte?
– Namorado – ele corrige com os olhos apertados. – Eu não sei o que eles estão planejando, por isso estou indo lá.
– Por favor – eu o olho nos olhos. – Quando encontrar seu... Namorado... Diga a ele para não ficar muito tempo por aqui, é muito perigoso ficar aqui até tarde.
O garoto bufa para mim e olha para o céu que nem começou a escurecer ainda. Ele passa por nós e continua seus passos nervosos pela floresta.
A procura de seu namorado.
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