Muito Mais Que o Amor escrita por Jessi de Paula


Capítulo 4
Pelo amor do amor


Notas iniciais do capítulo

'é o nosso tempo
vem me reconhecer
sou o seu amor.'
http://www.vanguart.com.br/peloamordoamor



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Acordo com uma imensa dor de cabeça e muita sede. Vejo que Puck ainda está dormindo feito pedra. Apesar de nem ao menos ter noção de quanto bebi na noite passada lembro claramente de tudo o que fiz e todos os acontecimentos, só não lembro onde está meu vestido e meus brincos. Após tomar um bom banho e me vestir, pego minha bolsa e me retiro do quarto pensando em beber um litro de água de uma vez só antes do café, mas meus planos são adiados quando encontro Quinn no corredor.

– Rachel? - chama vindo em minha direção. - O que faz aqui? Seu quarto não é na casa principal?

A pousada é um grande terreno arborizado formado por cinco casas enormes com vários apartamentos em cada. Nesta em que passei a noite são apenas quartos com um banheiro, na casa principal são apartamentos com quarto, banheiro, cozinha e uma pequena sala para hóspedes que preferem mais privacidade e não gostam de fazer refeições na cozinha da pousada.

– Por que está sempre na pousada, Quinn? - pergunto tentando desviar do assunto.

– Vim ver a Santana ontem e fiquei pra dormir. Sei que já se viram ontem, não é?

– Pois é. - confirmo desgostosa.

– Não se preocupe com as fofocas dela, Jesse me avisou que iria te ver ontem, não estou brava. - me tranquiliza.

– Que bom. Podem passar setenta anos que a Santana não muda. - observo sorrindo. - Vamos tomar café? - pergunta me direcionando à escada seguida por Quinn.

Assim que dou alguns passos ouço meu celular tocar, mas não encontro-o dentro da bolsa e me dou conta de que o som vem do quarto. Sorrio sem graça para Quinn e vou em direção à porta pela qual acabei de sair. Percebo que Quinn parece estar curiosa com a situação, mas não pergunta nada, apenas para e aguarda que eu vá buscar meu celular.

Antes que coloque a mão na maçaneta a porta se abre e vejo Puck com a cara toda amassada e completamente nu abrindo a porta com meu celular na mão.

– Rachel, esse seu celular me acordou, sabia? - fala irritado.

– Puck, você está pelado, sabia? - sussurro para ele nervosa.

– O que tem? Ninguém vai ver, só vim te trazer essa porcaria porque ouvi sua voz aqui no corredor. Ta falando com quem?

– Puck? - percebo que Quinn está quase do meu lado, próxima de Puck. - O que...? Rachel? - ela me olha procurando uma resposta, mas não sei o que espera ouvir. - Desde quando você está aqui? - pergunta para Puck que tenta manter uma expressão dura, mas sei que está balançado por vê-la.

– Cheguei ontem. Fiquei sabendo que vai casar com Jesse. Meus parabéns. - diz com rancor.

– Jesse? - Quinn parece confusa e isso faz com que eu fique confusa. - Sim, o casamento. - ela vira-se e desce com pressa as escadas.

Pego meu celular da mão do Puck e ele imediatamente bate a porta.

Corro atrás de Quinn buscando uma explicação para tal atitude.

– Quinn. - falo alcançando-a e puxando seu braço. - O que foi aquilo?

– Rachel, você e o Puck... - quando se vira vejo seus olhos transbordarem de lágrimas . - O que estavam fazendo naquele quarto? Diz que foi só um mal entendido.

– Mal entendido? Como assim? - agora já não sei se me sinto culpada ou furiosa.

Ela está com raiva porque transei com seu ex-namorado? Alguém já avisou que está casando com meu ex-namorado e nem sequer devia estar fazendo todo esse drama por causa do Puck? Aliás, o casamento é em menos de uma semana e ela está chorando por causa de outro cara.

– Não, Quinn. - respondo com raiva. - Não é mal entendido nenhum. Eu transei com o Puck ontem à noite e me admira não estar se importando porque seu noivo esteve no meu quarto, mas estar tão furiosa porque encontrou seu namoradinho de adolescência nu no mesmo quarto que eu.

– As coisas não são assim tão simples como você faz parecer, Rachel.

– Simples? - ergo a voz instintivamente. - Desde quando as coisas estão sendo simples para mim?

– Desde que se mandou dessa cidade fingindo que não existíamos. Eu, Puck, o Finn e aquele maldito acidente. Você e o Puck apenas partiram e eu fiquei. - vocifera chamando a atenção de algumas pessoas que passam pelo quintal a caminho da cozinha. - Fui eu quem ficou aqui aguentando tudo, remoendo a cada dia tudo aquilo. O Puck simplesmente virou as costas porque se sentia muito culpado e "não podia aguentar". - faz aspas com as mãos e, de repente, se cala dando espaço para mais lágrimas. - E eu podia, Rachel? Vocês dois não sabem tudo o que passei, não sabem a barra que precisei carregar depois que se foram. Não foi só você que perdeu alguém naquele dia. O Puck se foi numa manhã, acordei e ele não estava lá. Eu precisei dele e nem sabia onde encontrá-lo e logo depois você partiu e eu fiquei sozinha.

Quinn se cala e não consigo controlar minhas lágrimas que molham deliberadamente meu rosto. Finalmente sinto-me culpada, não pela noite passada, mas porque fui egoísta quando fugi pensando apenas em mim, não me preocupando com mais ninguém, nem com minha família ou minha melhor amiga. Era de se esperar tal atitude do Puckerman, ele nunca foi bom em encarar as coisas frente a frente, aprendeu com o pai, não é totalmente culpa sua. Mas e eu? Qual é minha justificativa para ter ido pensando só em mim e como eu me sentia? A resposta é simples: não tem justificativa, não tem desculpa para a forma que agi. Passei um ano inteiro sem sequer fazer uma ligação para meus pais e quando fiz ouvi o choro de minha mãe e a preocupação de meu pai. Eu fui mesquinha.

Quinn se retira sem dizer nada mais, talvez não haja mais nada a ser dito ou talvez eu só não mereça mais nenhuma palavra.

– Rachel, essa foi a coisa mais estúpida que fez desde que te conheci. - acompanho Kurt pela cidade enquanto ele resolve os preparativos finais para o casamento que será no fim de semana. - E isso supera a vez que pulou bêbada no mar depois da minha festa de dezoito anos e quase morreu afogada.

– Então concorda com a Quinn? - pergunto culpada.

– Claro que não. Quem ela pensa que é para dar crise de ciúmes do Puck a menos de uma semana do casamento com o Jesse?

Entramos em uma floricultura e uma mulher ruiva, na casa dos 50 anos, vem nos atender com um grande sorriso no rosto. Ela abraça Kurt e os dois se retiram para o fundo da loja. Escuto ele fazer perguntas referentes às flores encomendadas pelo casamento então aguardo caminhando pela loja, olhando as flores e alguns presentes avulsos que também são vendidos aqui. Em um corredor, ao lado das tulipas amarelas, vejo um homem alto e moreno usando uma jaqueta muito parecida com a que dei para Finn em seu último aniversário. Ele está de costas, apesar disso sei que deve ser apenas um estranho qualquer, mas as tulipas... Tinha um jardim em sua casa, sua mãe estava sempre cuidando com muito carinhos daquelas flores e Finn costumava roubar as tulipas amarelas, minhas favoritas, para me dar quando queria fazer um agrado. O rapaz vira-se e percebe que estou olhando, apenas sorri e chama a vendedora sem dar muita atenção.

– Vamos, Rachel?

Sigo Kurt para fora do lugar sem fazer ideia de aonde vamos, mas continuo acompanhando-o.

– Puck sempre foi um bad boy de terceira. - afirma de repente. - Um cara legal, verdade, mas um arrogante. Não acredito que foi pra cama com ele.

Suspiro começando a repensar meus atos, afinal, quando meu melhor amigo gay acha que foi um erro eu transar com alguém é porque a coisa está séria. Ainda mais o Kurt que sempre foi a favor da liberdade sexual honesta, aquela em que ambas as partes envolvidas estão totalmente de acordo com o que significa o sexo naquele momento, um relacionamento mais sério ou apenas sexo.

– Quanto a Quinn, - continua - essa sempre gostou de um drama. Até parece que ficou presa nessa cidade por obrigação.

– Como assim?

– Quando você e Puck sumiram, ela também saiu da cidade por um tempo. Ficou cerca de um ano fora e, quando voltou estava distante de todo mundo. Sinceramente achei que iria embora como vocês fizeram, mas, não sei, escolheu ficar e depois se envolveu com Jesse. O resto da história já conhece: agora estão rumo ao altar e eu estou preparando o casamento do século, como essa cidade nunca viu. - termina gabando-se demais.

– Sabe pra onde ela foi nesse tempo? - pergunto curiosa.

– Não, acho que ninguém sabe e também não importa. Tenho que passar no buffet ainda. - diz anotando algo em seu tablet ao mesmo tempo em que seu celular começa a tocar.

Ao olhar na tela, Kurt parece preocupado, pede licença e se afasta para atender. Percebo uma lojinha a alguns passos e decido olhar alguns vestidos mais "praianos", pois a maioria dos que trouxe não são muito apropriados para tanta areia e essa maresia, direciono-me aos óculos em cima de um balcão e provo alguns, quando olho no espelho assusto-me com a imagem de Puck atrás de mim.

– Olá, Berry.

– Que susto, Puck. O que faz aqui?

– Nada demais, só andando, relembrando os velhos tempos.

– Acho que errou a pessoa noite passada. - digo com naturalidade.

– Novidades não fazem mal a ninguém. - sorri torto olhando em meus olhos que logo cubro com outro óculos.

– Não ache que irei transar com você de novo, Noah Puckerman. - falo um pouco alto demais e uma vendedora me olha assustada com a declaração, sorrio tentando disfarçar e volto minha atenção para o espelho.

– Falou com sua amiga depois daquele encontro estranho na pousada?

– Não. - desanimo por ter que voltar nesse assunto. - Ela ficou furiosa por te encontrar comigo.

– Não devo nada a ela. - alega mal humorado.

– Sinceramente, nem eu. Ela vai casar com meu ex.

– Ainda gosta dele?

– Não. – nego rapidamente. – É só que, sei lá, ninguém me falou nada. Simplesmente me mandaram um convite. “Senhorita Rachel Berry, está convidada para o casamento da sua melhor amiga com seu ex-namorado”. Quer dizer, não basta ela ter namorado o Finn. – irrito-me.

– Ah, é isso. – percebo seu incomodo com a lembrança.

Ficamos em silêncio e Puck me acompanha experimentando quase toda a seção de óculos masculinos quando Kurt finalmente chega.

– Rachel, você precisa fazer alguma coisa. – implora aos berros entrando na loja e chamando a atenção de todos.

– E aí, purpurina? – cumprimenta-o Puck.

– E você precisa ir embora dessa cidade o quanto antes, Puckerman.

Troco um olhar assustado com Puck e volto para Kurt questionando-o em silêncio.

– A Quinn cancelou o casamento. – fala em desespero.

– Como assim? – pergunto incrédula. – Faltam quatro dias pra cerimônia, ela não pode fazer isso.

– Não pode e não vai. – Kurt afirma recompondo-se. – Esse vai ser o casamento do século. Sabe quem é o pai da Quinn? Um empresário riquíssimo o que quer dizer que teriam convidados riquíssimos nesse casamento que veriam meu trabalho. – não seu porque Kurt está me contando das relações familiares de Quinn, eu conheço quase toda a árvore genealógica dela.

– Kurt, se acalma. – peço.

– Quanto ta esse aqui? – ouço Puck perguntar para a vendedora que responde prontamente e, em segundos, recebe o valor mencionado. – Pode ficar com o troco. – Puck retira-se da loja, mas percebo a tempo seu típico sorriso cafajeste de quem está prestes a aprontar.

– Aonde você vai, Puck? – grito seguindo-o

– Relembrar os velhos tempos, Berry. – diz subindo em sua moto estacionada do outro lado da rua.

– Ele vai atrás da Quinn, não vai? – Kurt surge na porta parecendo nervoso.

– Provavelmente. Calma, eu vou dar um jeito nisso. Afinal, fui eu que causei essa bagunça.

– Que bom que sabe. – me repreende e lanço-lhe um olhar indignado.

Não consigo pensar em outra coisa a não ser procurar Quinn em sua casa para tentar uma conversa. Estou a algumas quadras quando encontro Jesse andando rapidamente no sentido oposto. Quando estamos nos aproximando tento acalmá-lo, pois imagino que está furioso com o repentino cancelamento.

– Jesse, eu vou falar com ela, não...

Sou pega de surpresa quando Jesse me cala com um beijo.


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