O Fim do Mundo One-Shot escrita por Nano Breaker


Capítulo 1
O Fim do Mundo




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Todas as pessoas olhavam para Mike, em cima da mesa do bar. Estava bêbado, para variar. Dançava como um bode com artrite tendo um ataque epiléptico. Todas as coisas que estavam na mesa antes de o dançarino subir estavam, agora, espalhadas no chão. Os copos de vidro, em estilhaços. Um homem, que bebia pacificamente na mesa ao lado teve um pedaço de vidro enterrado em seu tornozelo.

Alice levantou-se, envergonhada, tentando tirar Mike de cima da mesa. Não conseguiu. Pediu a ajuda de Raphael, mas este também estava muito bêbado para fazer qualquer coisa.

Quando Mike finalmente desceu da mesa, num silêncio constrangedor, Raphael tentou puxar os aplausos. Não conseguiu nada além de risos e gargalhadas.

- Hahaha. Viu, Mike, agora você já pode trabalhar de comediante - Brincou Joe.

Mike não prestou atenção, mas Alice cutucou Joe, agressiva. Joe estava sóbrio. Não era por menos, era sua vez de ser o "Motorista da Rodada". Alice também estava sóbria. Ela não gostava de bebidas alcoólicas. Não comia nem bombom de licor.

- Isso me deixa puto demais - reclamou Joe - Porque a Alice não pode nos levar para casa no carro dela? Eu poderia ter bebido.

- Não o faço por dois motivos - Alice respondeu -: Primeiro, esse acordo de "Motorista da Rodada" é entre vocês. E segundo, não quero que meu carro fique fedendo a alcoólatra!

Joe xingou a mãe de todos e se dirigiu para o Carro, estacionado em frente ao Bar. Alice tentou guiar Mike e Raphael para o carro, mas não adiantou muito. O jeito foi colocar molho de pimenta no copo de cerveja de ambos e segurar dois copos de leite próximo ao carro.

Os dois beberam a cerveja apimentada e ficaram aflitos, com a boca queimando. Mike foi esperto e correu para Alice, que já tinha os copos de leite na mão. Raphael, burro como sempre foi, tentou aliviar o ardido bebendo mais da cerveja, o que só piorou sua situação. Depois de terminar o copo, Raphael, enfim, correu desesperadamente para o segundo copo de leite na mão de Alice.

Alice colocou os dois para dentro do carro, no bannco de trás e sentou-se na frente. Os dois bêbados gemiam de forma quase sinfônica. Seria completamente sinfônica se eles estivessem afinados, sincronizados, organizados e menos bêbados.

Joe levou os três para a casa dele e tratou de cuidar dos bêbados. Alice ficou um tempinho e depois saiu. Joe conseguiu fazer com que os dois tomassem banho. Raphael e Mike pegaram umas roupas de Joe emprestadas. As roupas ficaram apertadas em Mike e largas em Raphael.

Joe ligou a televisão, passando pelos canais. Parou em um canal de desenho animado e ficou assistindo. Raphael pediu para mudar de canal. Joe fez cara feia e voltou a assistir.

Acabou de ver o que queria e passou o controle para Raphael:

-Você pode escolher um canal agora.

Raphael olhou para Joe com cara de agradecido e depois tentou beijar sua cabeça. Joe deu um tapa no rosto de Raphael e pegou o controle de volta.

- Agora não vai ver mais nada, idiota!

E então pôs em um jornal. O âncora dizia:

"-... é recomendado que as os moradores de Riften fiquem em casa. A situação está séria. Por favor, isto é para o bem de todos."- Fim de transmissão.

- Meu deus, o que está acontecendo?! - Gritou Joe, o único que conseguia pensar direito - Há uma hora tudo estava tão normal!

Os três ouviram fortes batidas na porta do apartamento. Ninguém se mexeu. Mais batidas. Mike levantou e andou até a porta:

- Não sejam maricas. O que pode acontecer?

Ele destrancou a porta e foi jogado para trás. Quem abriu a porta devia ser muito forte. Ou não... Mike estava muito bêbado para se manter equilibrado. Era Alice. Ofegante, sentou-se no sofá. Ela não conseguia falar. Joe lhe deu um copo d'água e pediu que se acalmasse. Alice bebeu o copo devagar, relaxando. Joe, então, pediu para que ela contasse o que havia acontecido.

- Tudo está um caos! As pessoas estão ficando loucas! Eu vi uma pessoa morrer!

- Ei, ei! Calma aí - Disse Joe, cortando - Explica isso direito...

- Eu estava indo para casa, normalmente, quando um homem passou correndo, com a mão sangrando, gritando como um louco. Eu parei para ajudá-lo. Um de seus dedos havia sido cortado. Ele disse que nada havia acontecido. Que ele estava andando e o dedo caiu. Isso nao é normal. Eu tentei acalmá-lo, mas não deu. Na minha frente, seus braços começaram a sangrar. Depois estavam no chão. Em seguida, as pernas. Ele estava agonizando. Por fim, sua cabeça... - Quando disse isso, Alice voltou ao seu estado de desespero inicial, trauma.

Joe, colocou Alice sentada no sofá e disse:

- Mike, olha na janela, me diz o que você vê!

Mike foi tropeçando até a janela. Olhou bastante e depois falou:

- Eu só to vendo tudo bege...

- Idiota! – disse Joe – Abre a cortina!

- Ahm... Ela tá aberta...

Joe empalideceu. O céu estava vermelho. Nada se via pela janela, havia uma neblina muito densa. A TV estava fora do ar, então não dava mais para ver o noticiário. Raphael estava com as mãos na cabeça, em posição fetal no chão. Joe olhou para ele e disse:

- Não se preocupe, tudo vai ficar melhor.

- A-agora... – Disse Raphael, vacilando – Como e-eu vou be-beber?

- Essa é a sua maior preocupação agora?! – Gritou Joe, furioso.

Alice respirou fundo e olhou para os lados. Parecia procurar alguma coisa. O Telefone! Mas esse também estava sem sinal. Assim como energia, celulares, computadores, tudo.

- Já sei! – falou Raphael. Ele estava de pé, se recuperou muito rápido – Vamos para o Bar nos proteger!

- Você está louco?! – perguntou Alice – Eu não vou sair dessa casa! Não até eu descobrir o que está acontecendo. E eu sei que é só uma desculpa para você beber de novo.

- Eu odeio admitir, mas ele está certo... – Disse Joe – No bar deve ter energia, eles têm um gerador lá. E também devem ter mais pessoas lá. É mais seguro. Só não sei como vamos chegar lá...

Os quatro desceram até a portaria. Lá, estava o porteiro, encolhido num canto, se balançando. Resolveram não falar com ele e ir direto ao seu destino. Saíram do prédio e a visão ainda era impossibilitada pela neblina. Por sorte, o bar era na esquina. Foram andando, juntos, o mais rápido possível. Passaram por um corpo jogado no chão, sem cabeça. Chegaram ao bar, ilesos.

No bar estavam outras quatro pessoas. John, o dono do bar; Marta, a vendedora na loja ao lado; Lisa, a professora do colégio no fim da rua e Peter, o marido dela. Eles estavam agachados atrás do balcão, sem saber quem tinha entrado. Marta soltou um suspiro de medo. Mike, Raphael, Alice e Joe se aproximaram do balcão.

- Não somos ameaças – Disse Alice

- Prove! – disse John.

– Lembra – começou Mike - daquele homem que estava dançando em cima da mesa? Pois é, sou eu. Também estamos assustados. Acho que se nos juntarmos podemos nos sentir mais seguros.

- Tudo bem, acho que vocês não são nocivos. Bom, para o caso de alguém entrar, fiquem quietos. Não podemos ficar escondidos se sempre alguém revelar nosso esconderijo.

Marta ficou com vergonha. Afastou-se um pouco, ainda em baixo do balcão. Peter segurou a mão dela, deixando Lisa com ciúmes. Lisa se levantou. Era muito ciumenta. Quando começou seu discurso, ouviu um barulho vindo da entrada do bar. Peter fez um sinal para que Lisa se abaixasse. A porta tinha se aberto. Não havia ninguém lá.

- Não aconteceu nada – Lisa falou -, não vou me abaixar. Estou com raiva dessa mulher. Você está segurando a mão do meu marido! Por que ainda não largou?!

- Calma Lisa – Peter tentou acalmá-la – Eu não fiz nada de mais. Eu só não quero confusões. Precisamos nos acalmar e pensar no que vamos fazer para sair daqui.

- Eu não quero saber o que vamos fazer! Eu só quero que você largue a mão dessa vadi...

Foi interrompida por um... Nada... A cabeça dela simplesmente caiu. Foi um corte cirúrgico perfeito. Não espalhou sangue. Peter gritou. Muito. Estava com as mãos na cabeça, desesperado.

- Minha mulher! Minha mulher!

Os outros seis saíram correndo. John tentou chamar Peter. Peter o ignorou. Estava segurando o corpo de Lisa nos braços. Os outros saíram pelas portas dos fundos. Voltaram para a neblina. Ouviram, um baque vindo de dentro do bar. Olharam pela janela e John também estava sem cabeça. Os dois corpos estavam lado a lado, no chão e as cabeças mais ao longe.

Alice disse para continuarem andando, ou seriam os próximos. Eles seguiram rua acima, Joe disse para que voltassem para a casa dele, que era a mais próxima. Todos concordaram. Seguindo para a casa de Joe, Marta acabou sumindo. John queria procurá-la, mas os outros disseram que era inútil, já era tarde. Alice estava com medo. Mesmo saindo do bar, eles estavam sendo os próximos.

Raphael chegou perto de Alice e sussurrou no ouvido dela:

- Não fique nervosa, Alice. Somos os personagens principais. E os principais nunca morrem!

Ele disse isso com tanta convicção que Alice se convenceu, apesar de não entender o que ele quis dizer com “principais”.

- Obrigado, Raphael – ela agradeceu – Eu já estou me sentindo melhor.

Não houve resposta. Alice chamou por Raphael, mas também não houve resposta. Seu ânimo caiu novamente.

Em seguida, John também sumiu. Eles estavam sumindo um a um. Mike, Joe e Alice correram com todas as forças para o apartamento de Joe. Chegaram no quinto andar e viram que todas as portas dos apartamentos estavam abertos. Entraram no apartamento de Joe de fininho.

Não havia ninguém lá. Mike foi ao banheiro. Alice estava conversando com Joe, que fechava a porta do apartamento. Um barulho veio do banheiro. Foram verificar. Alice abriu a porta e Mike estava sentado na privada, com as mãos na boca, olhando para o frasco de perfume que havia derrubado. O cheiro era forte: Uma mistura de perfume de lírios e fezes. Estavam aliviados por não ser nada sério.

- Mas que cheiro de bosta! – gritou Joe.

Atchoo! Alguém espirrou.

- Saúde - disse Joe, olhando para trás.

- Eu não espirrei... – Disse Alice.

- Nem eu... – concluiu Mike.

A cabeça de Joe estourou na frente dos dois. Alice gritou. Mike se levantou com as calças arreadas e puxou Alice para fora do banheiro. Enquanto desciam no elevador, Mike ajeitou as calças. Saíram do elevador e algo empurrou Alice com muita força na parede ao lado. Ela caiu no chão. Mike parou para tentar acordá-la mas ela havia batido a cabeça. Não acordaria mais.

Mike saiu do prédio correndo e ajoelhou em meio à neblina. Estava tudo acabado. Era seu fim. E ele não pode fazer nada para ajudar ou vingar seus amigos. O Fim do Mundo.

Mike viu uma porta, no meio da neblina, que não estava lá há um minuto. Mesmo achando que pudesse ser alucinação de pré-morte, Mike pegou uma barra de ferro que encontrou por perto, jogada na rua e se dirigiu até a porta. Ele a abriu e entrou. Tudo estava escuro. Mike apagou.

Quando acordou, estava num corredor. Ele não estava mais na cidade dele. Ele estava na casa de outra pessoa. Mas ele não sabia quem. Quando ele conseguiu se levantar e olhou em volta, viu que o corredor dava para uma sala de estar e dois quartos. No meio do corredor havia um banheiro. Todas as luzes estavam apagadas, menos a de um dos quartos.

Mike seguiu a luz. Quando olhou dentro do quarto, viu um menino, sentado em frente ao computador, digitando uma história. Mike parou atrás do menino, levantou a barra de ferro e disse:

- Você não vai mais...

“- Você não vai mais estragar a vida de ninguém!!!”

O que?! Como?! O que você está fazendo aqui?! Não, abaixa esse treco! Não! Nãããããão!!! AAARGH!!!

“...”


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