Arco-Íris Descolorido escrita por not found


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas! Espero que gostem e rápido, deem uma olhada!



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Era uma tarde de nuvens cinzas no céu, e gotas de chuva suaves caindo sobre a terra. Em uma casa simples, cor amarelo claro, dois andares e um pequeno jardim com uma árvore de poucas folhas, reunia-se uma família.

Dentro da casa, o cheiro de bolo recém-assado dominava todo o primeiro andar. Duas irmãs trabalhavam na cozinha, enquanto colocavam a conversa em dia. Na sala, dois primos corriam de um lado para outro, e o velho gato peludo se aconchegava no sofá. Os avós dessas criançaa conversavam com os pais de uma, e apenas o pai da outra. Era uma típica visita familiar.

- Peço a atenção de todos: a Beatriz fez um texto e quer falar para todos vocês! – Falou Sabrina, uma mulher de belos cabelos loiros e ondulados, com os seus olhos azuis misteriosos.

- O texto que eu vou falar é sobre as cores do arco-íris e os seus significados para mim. – Beatriz fala.

Antes de mais nada, devo explicar que Beatriz é uma garota baixinha, de oito anos, com cabelos ruivos longos e encantadores, e cega graças a um acidente. Desde então, Beatriz usa óculos escuros.

“ A primeira cor que eu vou falar é o vermelho. Alguns consideram essa cor como algo violento, de sangue e de raiva, e da discórdia. Mas essa cor também é a cor do amor, é a cor das belas rosas vermelhas, é a cor do coração. Vermelho é a cor do ódio e do amor. E também é a cor dos meus cabelos ruivos, e é um pouco triste, pois não posso mais vê-los quando fico em frente ao espelho.

E agora, essa cor se descoloriu no meu Arco-Íris.”

Sabrina suspirou fundo. Será que a filha nunca aceitaria que ela é cega e isso não vai mudar? A mulher logo foi abraçada por Ricardo, homem alto e de belos olhos verdes, pai de Beatriz, esposo de Sabrina.

“ Vou falar do laranja agora. Tem cor mais intrigante que essa? Chamativa, boa com misturas, e linda. Essa cor é alegre, é feliz. Não me importo qual é o significado dessa cor para vocês, apenas me importo com o que significa para mim: algo único. Com o laranja, posso ser rebelde, posso ser alegre, posso ser chamativa e o que mais eu quiser. Eu posso ser eu.

E agora, essa cor se descoloriu no meu Arco-Íris.”

A conversa cessou na sala, todos pararam para ver o que Beatriz tinha a dizer. É, pelo visto ela preparou mesmo um texto para eles.

“ Chegou a hora de eu falar do amarelo. Cor alegre, bonita e que representa luz, é tudo de bom. Tenho que confessar: sinto uma pontada de inveja de vocês, que conseguem ver o amarelo, e eu não. Não posso mais sentir o que ele representa, não posso mais vê-lo, e não acho justo, pois é algo tão bom e nem eu e muitas outras pessoa não podem mais vê-lo.

E agora, essa cor se descoloriu no meu Arco-Íris.”

Beatriz passou os dedos pelo papel, que tinha as letras do cego: o Sistema Braille. Parece que a maioria das pessoas prestava atenção nela, e Beatriz não estava pronta para isso. Ela suspirou fundo: não poderia sair dali correndo, a sua bengala ficara junto com a sua mãe, e essa provavelmente não deixaria Beatriz fugir.

“ Vamos ao verde. O verde representa a esperança e a saúde, o que para mim é uma irônia cruel do destino: meus olhos, pelo menos antes do acidente, eram verdes. Nunca gostei muito dessa cor. Brincadeira, é a minha cor favorita. Adoro ela, e acredito nela com toda a minha força. Talvez vocês não entendam, mas o verde é a esperança, é a sorte, é a única cor que o seu significado seja algo possível de se “agarrar” e de acreditar que, um dia, tudo vai ser verde. Que tudo vai ser bom.

E agora, essa cor se descoloriu no meu Arco-Íris.”

O irmão de Beatriz, Leonardo, e o seu primo, Carlos, pararam de correr pela sala. Leonardo parou primeiro: queria ouvir a irmã. Carlos o acompanhou, mas foi o primeiro que sentou no sofá, atento a qualquer palavra de sua querida priminha mais nova.

“ Cheguei a parte mais dolorosa: o azul. Não era a minha cor favorita, como o verde, mas o azul representava a liberdade, a minha liberdade. Era a cor do mar, que você nunca via um fim, que não era controlado pelos outros e que te acolhia no verão; e também era a cor do céu, aquele que você olha e deslumbra, sonha acordado e dormindo. O azul era a cor do que sempre me representou liberdade, e agora que não posso mais ver essa cor, sinto-me presa, em uma prisão que nunca mais escaparei.

E agora, essa cor se descoloriu no meu Arco-Íris.”

Os seus avós paternos fitaram a pequena Beatriz. Quem poderia imaginar que uma criança de apenas oito anos tinha tantas palavras para falar?

“ Bom, vamos ao anil. Sinceramente? Eu mal sabia que essa cor existia. Pensava sempre que era azul, ou que era roxo, e sei que não sou a única do mundo. Minhas palavras sobre essa cor são poucas: deve ser uma cor linda, mas eu não posso mais saber, e me arrependo de nunca ter procurado saber mais. Por isso, falo para vocês observarem melhor as cores, e as apreciarem, pois se acontecer um acidente com vocês e vocês ficarem cegos, como eu, não poderão voltar atrás.

E agora, essa cor se descoloriu no meu Arco-Íris.”

Suas tias acabaram de chegar da cozinha. Ambas eram irmãs do seu pai. Luísa, com olheiras embaixo dos olhos, alguns fios brancos no cabelo, mas um sorriso doce no rosto, era mãe de Carlos e esposa de João. Já Renata, morena e baixa, sem marido nem filho, ficara pra titia.

Luísa e Renata iriam chamar todos para comer o bolo, mas resolveram parar e esperar Beatriz parar de falar. Elas sabiam que era algo importante.

“ Incrível. Pensei que iria demorar horas e horas para falar esse meu texto, mas foram apenas alguns minutos. E agora, eu irei falar sobre a última cor do Arco-Íris: Violeta. Violeta, tem cor mais bela do que essa? Violeta, essa cor misteriosa, essa magia que irradia, e a sinceridade que significa. Essa cor é perfeita, mas é triste, pois eu não posso mais passar horas olhando-a e interpretando-a, pois agora, agora, não é possível mais vê-la.

E agora, essa cor se descoloriu no meu Arco-Íris.”

Até o velho gato Tim prestava atenção em Beatriz, enroscado em sua almofada. Todos já estavam prestes a bater palmas quando Beatriz interrompeu-os, dizendo:

“E... Eu sei que o preto não faz parte do Arco-Íris, mas ele é tudo o que me restou das cores, então acho justo falar dele. Preto. Para mim, mas apenas para mim, ele significa vida, significa a verdadeira esperança, pois “A esperança é a última que morre”, e o preto vai ser a última cor que vai morrer na minha aquarela de cores. Porque o preto só vai morrer quando eu morrer, e aí nada mais vai importar. O que vocês pensam do preto? Eu penso nele como a cor mais importante da Terra, penso como na alegria, na esperança e na verdade, penso em tudo o que as cores já puderam significar, pois ele é, na minha visão, todas e nenhuma cor.

E agora, essa cor coloriu o meu Arco-Íris Descolorido.”

Quando Beatriz terminou de falar, todos aplaudiram. Lágrimas saíam dos olhos dos presentes, e todos deram caloros abraços na menina. Todos estavam encantados.

Luísa e Renata, ou Renata e Luísa, chamaram a família para comer o bolo, e todos foram, ainda com o coração comovidos. Mas Beatriz ficou na sala, fitando o lugar onde outrora ela via a janela. A chuva já parara e um arco-íris brilhava no céu. Beatriz sabia que ali tinha um arco-íris, pois a chuva havia parado e o Sol brilhava dourado, atravessando a janela e tocando a menina, e logo se formaria um arco-íris.

E diante disso tudo, Beatriz foi para a cozinha, com a ajuda da mãe. E o arco-íris ainda brilhava, mas Beatriz nunca mais poderia vê-lo.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Podem dizer nas reviews, afinal, review não mata não!

Beijos.



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