Andando em direção a brilhantes luzes escrita por Aphrodite Laclair


Capítulo 1
It reminds me of the pain


Notas iniciais do capítulo

essa é a última das fics que eu escrevi para o amigo secreto de fics da tl. eu espero que, depois que terminar de ler as três, você fique com a sensação do quanto eu gosto de você, raiza. que é muitão, mesmo que a gente não se fale tanto. toda a felicidade do mundo pra você ♥



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Andando em direção a brilhantes luzes

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And the rain is falling and i believe

My time has come

It reminds me of the pain

I might leave

Leave behind

Grace — Jeff Buckley

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Existe brilho no céu, e às vezes a luz que vemos é um réquiem de uma estrela que já morreu, tristemente atravessando a galáxia como um suspiro final. Você era como uma dessas estrelas mortas, silenciosamente se arrastando pela vida, um sucessivo acordar ir para a escola voltar para o inferno freezer dor e medo. Não há esperança mas mesmo assim você continua observando o passar do tempo, o crescer da lua dia após dia, até que chegou o momento onde você tinha uma escolha. Tinha uma luz no fim do túnel, e ela veio em formato de garras e pelo e força descomunal. E então a lua passou a significar outra coisa, e essa coisa era muito maior do que ela significava antes, porque então não era mais só o passar das semanas, era toda a sua vida que girava em torno do astro no céu.

Você arranhou sua própria pele e perdeu suas unhas na tentativa desesperada de respirar. O freezer ainda está em todos os seus pesadelos, a tristeza infinita, porque você pode se defender agora mas todo o antes ainda faz parte de você. O antes é sua âncora e você nunca vai poder esquecer — são as cicatrizes que nos tornam mais fortes. Mas você é um sobrevivente e vai se curar.

E é no tropeçar e cair que você conhece Scott, ele que é como um raio de sol que entra pela janela e brilha no chão. Ele que é como preguiçosamente deitar em sofás e se sentir seguro — finalmente segurança. Não há amor no que você sente por ele, não imediatamente. Há um pouco de inveja e um misto de carinho com desgosto, talvez, porque ele teve uma mãe gentil e boa. Ele que nunca ficou preso em insensíveis freezers nem teve que sentir medo, o tempo todo, todos os dias, todas as horas. Ele que nunca fez parte de uma estatística, ele que não estava na lista das vítimas, ele que não teve que lutar e se debater tentando desesperadamente não se afogar no mar de tristeza e solidão. Nunca soube o que era ter todas as portas e janelas fechadas, se encolher e chorar até secar. Não há amor no que você sente por ele, não no começo, mas em algum momento ele aparece.

Aparece porque você constroí uma relação que é como uma areia movediça, tristemente se balançando para lá e para cá para lá e para cá. Aparece no cuidado e na gentileza que ele tem com você, no não quero que você se machuque, na total ignorância que ele tem sobre a verdadeira dor. Ele não sabe que você é indestrutível. Ele não sabe que você já quebrou tantas vezes que agora você é feito de pedra. E isso te atraí, te consola, te aquece — você nunca vai ter medo de acordar gritando, nunca vai engolir o choro durante a noite, porque o medo te deixou e seu pai está morto. Você é livre, agora, e Scott é livre também. E é a liberdade que faz com que você tenha coragem de chamá-lo para sair, é a liberdade que faz com que você o beije, é a liberdade que impede que seus pulmões encham de água a cada sombra um pouco mais longa nas esquinas.

Porque você está seguro agora. Você não tem mais medo. Você é um sobrevivente, e depois de toda a dor, imensa para tão poucas doses de alegria, você está pronto para ser feliz de novo. Finalmente.


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