Meu quarto continuava o mesmo só que agora parecia mais limpo e organizado, coisa de Lissa claro, na minha cabeceira vários porta retratos com diversas fotos de minha irmã e eu juntas, minha irmã, não juntei coragem o suficiente para ir visitar seu tumulo no cemitério, me pareceu errado aparecer lá de mãos vazias, sem solução, então apenas voltei aonde tudo começou, nossa escola.

–Nós ainda temos espanhol as terças? -Pergunto olhando minha grade de horários que parecia continuar idêntica a de três meses atrás.

Lissa rola os olhos.

–A escola nunca muda. -Ela diz.- Daqui a pouco vão servir o café da manhã, você vem? - Pergunta Lissa indo até a porta com um agradável sorriso para seu convite.

Eu tento sorrir mas acaba saindo uma careta, no entanto, eu me levanto se esconder atrás de quatro paredes nunca fez bem para mim e eu tinha que voltar a viver.

–Vamos lá.

Nos corredores me sinto incomodada, as pessoas olham para mim e cochicham , parecem assustadas demais para falar comigo e quase ninguém fala na verdade o que me deixa um pouco mais tranquila em relação ao responder perguntas.

–Hambúrguer ou lasanha? -

–O que? - Pergunto voltando minha atenção para Lissa e para mulher de touca a minha frente que me encara.

–Você quer hambúrguer ou lasanha? - Repete a cozinheira

Eu a conhecia, claro que a conhecia já que ela me fazia a mesma pergunta todas as terças feiras desde o ensino fundamental.

–Prefiro lasanha. - Respondo

A mulher mesmo que com o porto duro e a face brava por servir tantos adolescentes mal morados sorri.

–É bom ter você de volta Rose.Sinto muito pela Raquel. - Dona Jussara a cozinheira fala enquanto me entranha a bandeja com comida.

Eu assinto positivamente querendo sair logo dali, eu havia ganhado meus primeiros pêsames de alguém da escola, como me sentiria quando outras pessoas viessem falar comigo? um sentimento estranho me ocorreu algo como culpa, mas afinal, culpa por que?

Estou tão distraída em busca de resposta para minha mente que mal percebo quando esbarro em alguém quase derrubando a minha comida por completo no chão do refeitório, todos param , posso escutar os sons de algumas respirações enquanto espero o garoto a minha frente se virar furioso, mas quando ele se vira me surpreendo ao ver não um garoto do ensino médio mais sim um homem com aparência de vinte e um anos com um sorriso ligeiro nos lábios e as sobrancelhas arqueadas.

–Rosemarie Hathaway. - Ele fala meu nome divertido

Eu o encaro ainda surpresa demais para responder, como ele sabia o meu nome? e por que não ficou furioso ao eu derramar suco de morango em sua camiseta nova?

–Desculpe professor Dimitri, Rose está um pouco distraída hoje. - Ouço Lissa se desculpas por mim

Eu bato meu braço no dela dando sinal para ela prosseguir.

–Bem, nós já vamos. - Diz Lissa

–Desculpe pela camisa. - Digo ao passar por ele

Ele ri.

–Tudo bem já estou acostumado, nos vemos amanhã Rosemarie. - Ele diz

Percebo que prendia a respiração logo que a mesma começa a sair devagar pelos meus pulmões e estou sentada em uma mesa vazia junto a Lissa que passa seus olhos pelo refeitório lotado que agora recomeça mais uma vez com os murmúrios.

–O que aconteceu ali? - Eu pergunto

Lissa dá de ombros como se fosse algo normal.

–Professor Dimitri é realmente alguém legal. - Ela diz

–Professor Dimitri?

–Você não se lembra dele? ele chegou três semanas antes de acontecer aquilo com a sua irmã...- A voz de Lissa vai sumindo aos poucos e eu ignoro a pontada que sinto em meu peito.

–Eu e ele chegamos a nos conhecer? - Pergunto

–Rose você e ele eram quase melhores amigos, digo, um pouco antes de Raquel começar a ter uma quedinha por ele.

–Minha irmã gostava dele? - Pergunto pasma demais para acreditar que uma garota de dezesseis anos como minha irmã pudesse dar em cima de um professor.

–Gostava, ela vivia contando isso pra gente. - Diz Lissa. - Você realmente não se lembra?

Eu urro em resposta brava por não conseguir mais.

–Acho que isso é um não. - Responde Lissa

–Eu preciso lembrar. - Sussurro

Por cima da mesa Lissa coloca sua mão sobre a minha e eu levanto os olhos para encara-la.

–Você vai lembrar.