Faz duas semanas desde que eu voltei, e essa ausência de lembranças continua a me consumir, a nos consumir. Não sei definir o que é o pior dessa situação. Não me lembrar desses dois meses é enlouquecedor e saber que foi uma escolha minha não lembrar, é pior ainda. O que eu poderia ter feito de tão grave que preferir viver nessa escuridão? Como eu poderia ter optado por esse sofrimento. Quão egoísta eu fui em não pensar nela, ela precisa de respostas, nós precisamos de respostas. Mas, Deus! Eu a amo tanto! Tudo que eu queria era poder abraça-la e tomar todo o sofrimento que eu sei q a causei para mim, eu queria dizer que tudo vai ficar bem, que nós vamos ficar bem. Mas, a pior parte, é que não faço ideia se tudo vai ficar bem.

E agora aqui estamos nós, sentados no sofá do loft cada um com seu tablet. Eu a observo por sobre o objeto. Acho que eu nunca vou deixar de me surpreender, a cada vez que eu olha-la, quão linda ela é. Eu tento falar alguma coisa, mas as palavras não se formulam. Por Deus, qual o seu você problema? Ela é sua noiva! Eu tenho que conseguir falar com a minha noiva, mas parece que o meu sistema nervoso não concorda muito com isso, já que meu coração bate no ritmo do samba e minhas mãos insistem em não parar de suar por mais que as enxugue no jens. Volto a olhar a tela me sentindo um completo imbecil. Posso sentir seus olhos em mim, acho que ia falar alguma coisa, mas voltou atrás. É, acho que não sou o único a não conseguir falar. Parece que estamos começando tudo de novo, mas, talvez, estejamos mesmo.

– então – o som da sua voz me desperta dos meus pensamentos e eu posso jurar que eu estou com uma cara de bobo olhado para ela – nós podemos fazer alguma coisa essa noite – ela parecia meio sem jeito, adorável.

– claro. Tipo o que? – digo atropelando um pouco as palavras. Ajeito-me sofá.

– não sei – ela olha para a tela depois pra mim – podíamos assistir a um filme – diz dando de ombro.

– claro, se você quiser – digo tentando ao máximo esconder a minha frustração.

– não, mas se você não quiser... – ela também parece se atrapalhar com as palavras, o que não é uma coisa que eu esteja acostumado a vê. Kate Beckett é sempre muito segura de si.

– não, se você quiser... Eu quero – digo.

– quer saber, assistimos a muitos filmes essa semana – ela fala já meio impaciente.

– é... - é tudo que eu consigo dizer.

– bom – sua voz sai quase como sussurro – nós poderíamos fazer uma coisa diferente hoje – ela diz dando um sorriso e mordendo o lábio inferior. Ou é minha mente de escritor me dando aquilo que eu desejo ou...

– outra coisa, tipo... – me aproximo mais dela, quase posso sentir a sua respiração que esta visivelmente ofegante.

– é... Quer dizer... Nós não... Desde - ela parece ter dificuldade em terminar a frase e posso jurar que suas bochechas estão ruborizadas.

– é devido a tudo que aconteceu – eu continuo a sua frase medindo cada palavra com cuidado – eu pensei que você não estivesse... Pronta.

Ela se contorce no sofá, parecendo incomodada e se aproxima ainda mais de mim.

– eu pensei que você não estivesse... Pronto – ela diz finalmente

– eu? Eu to muito pronto, eu to tão... pronto – eu estou pronto pra essa mulher desde dia que a conheci.

– eu também... Estou realmente pronta – ela sorri com a língua entre os dentes, e eu tenho a sensação que eu estou a vendo pela primeira vez, o ar parece escasso demais. A seguro pela cintura e puxo pra mim com intenção de nunca mais solta-la.

– então o que estamos esperando? – estamos tão perto que sinto meus lábios tocarem os seus, ela sorri e o meu mundo para. A única coisa que eu vejo são os olhos cor de oliva que agora parecem mais escuros.

Então aquele toque já tão familiar e, às vezes, insuportável, a faz desviar. Tento impedi-la, mas eu sei que é inútil então a libero dos meus braços com muito pesar.

– Beckett – Kate fala ao atender ao telefone, seus olhos ainda nos meus. Ela murmura mais algumas coisas, mas eu paro de prestar atenção, pois estou perdido na mulher a minha frente, todo meu corpo parece ter reagido àquele breve contato. Bom... Em especial uma parte, já que minha calça me parece extremamente desconfortável agora. Mexo-me no sofá incomodado.

– temos um caso – ela diz, me chamando atenção e posso vê que está tão frustrada quanto eu, bom, se for possível.

– mas eu... Como é que eu faço com o estado que você me deixou – falo realmente desesperado. Ela parece achar graça, mas segura o riso e vai ate mim colando o nossos lábios em um beijo rápido que já foi o suficiente pra piorar a situação – serio? É assim que você pretende ajudar – agora eu realmente não sei se posso me controlar.

– ei, eu prometo que, assim que nós tivermos tempo, a gente dá um jeito nisso – sua mão se dirige até me ereção e a aperta. Meu Deus, meus corpo todo parece rígido agora.

– Katherine Beckett você vai me pagar por isso – minha voz sai roca quase como um sussurro. Roço os lábios no lóbulo da sua orelha e posso vê os pelos do seu pescoço se arrepiando. Bom, esse jogo se joga á dois.

Ela se afasta pega a sua bolsa no balcão da cozinha, e quando passa por mim sussurra em meu ouvido.

– você vem, Castle?