Essa Mulher escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Essa Mulher - capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Eu estava aqui esperando um download e daí vi uma imagem do meu OTP e pensei: Poxa, faz tempo que não escrevo nada dele. Daí saiu esse texto.Não revisei.



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A ansiedade de ancorar numa cidade desconhecida, enfrentar inimigos e, quem sabe, conquistar algum tesouro, tomava conta da tripulação. Todos estavam excitados com o plano. Não dava para esperar menos dos Mugiwaras, e claro, dos seus convidados a bordo.

Zoro tomava saquê, sentado no chão do convés principal. Suas espadas estavam ao seu lado, como de costume. Ele não observava nada em especial naquele momento, apenas levava a garrafa até a boca, bebia um longo gole, e retornava a garrafa até o chão. O movimento se repetiu até que o conteúdo da garrafa acabou. Ele fez um barulho irritado com a boca, ainda não havia bebido o suficiente para tirar um cochilo.

Mas estava com preguiça de se levantar e ir até a cozinha buscar mais saquê.

Zoro viu Sanji descer as escadas, cantarolando e rodopiando com uma bandeja na mão. Coquiteis bem caprichados foram servidos para Nami e Robin, ambas sentadas em suas espreguiçadeiras.

— Tsc. Esse idiota. — Zoro se levantou e foi em busca de seu saquê. Da cozinha, ele podia ouvir o barulho da cantoria no convés. Lá se vai um bom lugar para tirar um cochilo.

Zoro não achou saquê na cozinha e foi até a dispensa. Mexeu em algumas prateleiras, sem saber muito bem como funcionava a organização do local, pois somente Sanji que costumava entrar ali. Por acaso estava aberto sem o cadeado.

— Onde é que está? — Zoro já estava impaciente quando ouviu a voz de Sanji, o cozinheiro estava entrando na cozinha, provavelmente ficaria irritado com Zoro por ele ter invadido sua dispensa. Mas Zoro não estava preocupado com isso, queria mais é que Sanji ficasse mesmo irritado.

Zoro já estava de saída, mas parou na porta e recuou para dentro da dispensa quando a voz de outra pessoa soou pela cozinha. Ele apagou a luz da dispensa.

— Sanji-san, precisa de ajuda? — Era a voz de Robin.

— Oh! Robin-chan. Não é preciso, eu levo isso para Nami. Espere um pouquinho que eu voltarei para preparar o seu café.

— Não é preciso, eu mesma posso fazer.

— Eu insisto, minha doce Robin-chwaaaan. Volto logo mais.

Zoro fez uma careta ao ouvir a voz de Sanji. Decidiu esperar que ele saísse, para não precisar ver aquela cara de retardado com um coração saltitando do olho. E quando Sanji saiu, Zoro permaneceu no lugar.

A voz de Robin era baixinha, mas suave e melodiosa. Ela cantarolava enquanto preparava seu café.

Binkusu no sake wo todoke ni yuku yo... — Zoro sentiu o aroma do café, ainda não conseguia se mover — Umikaze kimakase namimakase... — O espadachim irritou-se com sua estupidez. Parecia até mentira, um homem daquele tamanho paralisado por causa da voz de uma mulher. Não era hora para certos sentimentos retomarem, ele havia conseguido apaziguado seu coração nos últimos 3 anos... E estava indo muito bem até agora.

Pelo menos era isso o que dizia para si mesmo. Embora tivesse tido algumas recaídas silenciosas quando se reencontraram. Ou na ilha dos Tritões… e em todos os outros momentos até chegarem ali.

— Yohohoho, yohohoho…

— Tsc. Essa mulher.

A cantoria foi interrompida.

— Onde será que o Cook-san guardou aquelas ervas que eu colhi... — Zoro deu um passo para trás, pisando no saco de batatas, fazendo um barulho, chamando a atenção de Robin. — Tem alguém aí?

Zoro balançou a cabeça, sentindo-se estúpido.

Era um homem adulto, forte. Que derrotou inimigos poderosos. Mas não consegue encarar uma mulher. Uma mulher!

A porta da dispensa foi aberta delicadamente por Robin. Ela ligou a luz.

— Oh! Zoro? O que está fazendo aqui? — Robin perguntou, sem nenhuma expressão de espanto por ter encontrado ali. — Está procurando alguma coisa?

Zoro esfregou a mão no rosto.

— Saquê. — Disse por fim.

— Acho que tem uma safra especial logo atrás do barril de vinho. — Robin caminhou cuidadosamente pela dispensa. Não era um lugar muito grande, mas com vários sacos de farinha, aveia e legumes pelo chão.

— Uma safra especial?

— Sim, sim. Conseguimos na ilha dos Tritões. A primeira garrafa já foi, mas ainda falta uma. — Robin moveu elegantemente seu braço, fazendo outros braços aparecerem em direção ao barril. Zoro não precisou fazer muita coisa, senão observar tudo de braços cruzados.

— Como vocês conseguem isso.

Ela sorriu.

— Com charme. — e piscou o olho para o espadachim. — Aqui está.

— Hmm parece bom. — Zoro estendeu a mão para pegar a garrafa de saquê, mas Robin puxou-a para trás. Ele a olhou seriamente. — Desistiu?

— Não. Mas que tal dividirmos?

— Hã? Tsc.

— Não se preocupe. Eu só quero fazer companhia. — Robin deixava a dispensa, quando o navio balançou abruptamente devido a formação de uma onda. O corpo da arqueóloga girou na direção de Zoro.

Ele segurou garrafa e Robin. E Robin amorteceu a queda de Zoro com uma cama de mãos.

— O que foi isso? — A pergunta foi retórica, as batatas reviravam no chão, enquanto os produtos nas prateleiras eram seguros por diversos braços brotados da madeira. Zoro sempre ficava intrigado com aquela habilidade.

— Talvez seja a tempestade que Nami vinha se preocupando. — Robin estava caída sobre Zoro. Ele a segurava com uma força desnecessária, e também a garrada de saquê. É claro.

Percebendo que sua mão prendia com força a cintura de Robin, ele a soltou rapidamente.

Os dois se levantaram sem dificuldades, apesar dos movimentos que o navio fazia. Zoro foi na frente para abrir a porta, mas estava emperrada. Após algumas tentativas, ele desembainhou uma espada.

Robin o olhou pacificamente, levando sua mão até o peito do espadachim. O contato o petrificou.

— Não deve ser uma boa ideia destruir a porta da dispensa.

— Mas precisamos sair daqui.

— Paciência, alguém virá abrir a porta. — Robin virou-se, acomodando-se sobre um saco de castanhas. — Vamos relaxar e abrir a garrada de saquê.

— Hmm. — Zoro não gostou da ideia de ficar ali dentro sozinho com ela. Mas a ideia de abrir o saquê era ótima. Então ele abriu a garrafa e provou do líquido. Para sua surpresa, ou não, o saquê era delicioso. Ele ofereceu a garrafa para Robin.

— Kanpai. — Robin levou a garrafa até a boca, de maneira delicada e elegante, como tudo o que fazia era. Bebeu um pequeno gole e depois suspirou, como se nada de mais estivesse acontecendo ao redor.

Zoro sentiu um aroma gostoso no ar. Não era comida, ou bebida. Era ela.

O cheiro dela impregnado no ar.

Houve um silêncio constrangedor e mais alguns sacolejos do navio. Mas dessa vez a arqueóloga estava muito bem presa com mãos segurando todo o seu corpo. E ela fez questão de seus braços adornarem o corpo de Zoro, protegendo-o de cair do barril que estava sentado.

E mesmo quando o balanço do navio se normalizou, as mãos ainda estavam sobre seu peito. Zoro arqueou a sobrancelha, sem dizer nada. Robin entregou-lhe a garrafa de saquês, afirmando que já estava satisfeita.

— Eu posso fazer uma pergunta? — Ela falou, levando uma mão ao queixo. — O que houve com seu olho?

Zoro se empoleirou sobre o barril. Não estava a fim de falar sobre aquele assunto. Ele virou a garrafa de saquê, tomando o restante da bebida de uma vez.

— É uma longa história. — Disse por fim, embora não fosse assim tão longa. Poderia resumir em uma única frase.

— Entendo. Deve ter sido dolorido.

— Isso? — ele levou a mão à cicatriz. — Não, não doeu.

— Sei. — Robin não quis discordar. — Posso tocar?

— Hãã?

— Na cicatriz. Senti-la.

Zoro fez uma careta, quando Robin se levantou. Ela agitou as mãos no ar e os braços que seguravam o corpo do espadachim desapareceram. Robin levou a mão delicadamente até o rosto de Zoro, acariciando a pele bronzeada, até a altura do rosto.

Os dedos dela eram macios. Foi a primeira coisa que Zoro constatou. A segunda, era que sentado naquela posição, ele ficava na altura do decote dela, constrangedor, para não dizer inapropriado. Mas Robin não parecia incomodada.

— Dói?

— Não. — ele respondeu seco, evitando que a transpiração denunciasse sua fraqueza.

A mão de Robin envolveu o rosto do espadachim, então ela curvou o corpo, aproximando-se. Beijou a cicatriz carinhosamente.

— Você é um homem muito forte.

Zoro poderia ter dito alguma coisa como resposta, mas ele preferiu o silêncio da troca de olhar.

Como pode, um homem daqueles hiperventilando por causa de uma mulher daquelas?

A porta se abriu abruptamente e Sanji apareceu como um príncipe num cavalo-branco indo resgatar sua donzela. Ele acusou Zoro de tê-los prendido ali dentro, mas Robin o acalmou com um beijo no rosto, agradecendo por ter aberto a porta.

Zoro ainda estava dentro da dispensa, quando Robin os deixou lá.

— Vai morar aqui agora? — Sanji perguntou, acendendo um cigarro. — Saia de uma vez.

— Não me dê ordens. — Zoro esbravejou. Quando ele passou por Sanji, ouviu uma risadinha do cozinheiro.

— É bom, não é? — Sanji perguntou, soltando a fumaça.

— O que? — Zoro estreitou os olhos.

— Esse perfume de jasmim. — O cozinheiro fechou os olhos e respirou fundo.

— Não sei do que está falando.

— Tá, tá. Agora saia daqui, ou vai contaminar meus ingredientes.

Zoro podia ter continuado aquela discussão, mas preferiu sair de uma vez daquele lugar, levando um pouquinho daquele cheiro impregnado em sua roupa. Um cheiro que demoraria muito para sair de sua cabeça.

Aquela mulher... ela jamais sairia de sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

Comentar é de graça.
Beijos.