Ao infinito... escrita por Ruts


Capítulo 1
Capítulo 1 – Violeta.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas virtuais. Primeiramente prazer, me chamo Rute (Ruts), e essa é a minha primeira fic postada aqui no site! Enfim, vamos lá.

Boa leitura.

P.S: Os itálicos são flashbacks.

Betado por Visenya Targaryen.



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Senti uma forte ardência na nuca, e imediatamente o baque do chão contra meu rosto e meu corpo. Um grito agudo soou no fundo do meu subconsciente, e então a escuridão me engoliu.

— Droga... — murmurei enquanto tentava levantar do chão.

Senti alguém me dar um peteleco na cabeça. Ótimo, eu morrendo de dor e ainda me fazem isso. Mereço.

— Não diga tais palavras perto de um anjo do Senhor.

— Mas hein? — resmunguei, virando-me para trás. Meu queixo foi ao chão. — Mas que diab...

Outro peteleco, desta vez na testa.

— Você pode, por favor, segurar essa língua por um minuto? — vociferou. — Estou quase me arrependendo de ter vindo aqui!

Pisquei uma vez. Duas. Três. Dez. Meus olhos estavam me traindo, ou ali bem na minha frente estava um cara com olhos cor de violeta?

— Você está com algum problema ou é cacoete¹ mesmo? — indagou ele, aproximando-se com o rosto tomado por uma expressão curiosa.

— Misericórdia... quem... quem é você? — consegui perguntar. Talvez, talvez, minha voz tenha saído um pouco fina e estrangulada, mas, caramba, bem na minha frente estava um anjo! Quer dizer, ele não tinha harpa, auréola e nem asas, mas mesmo assim parecia um anjo. Digo devido às feições do rosto dele.

Ele inflou o peito de ar, e tenho certeza que estava se sentindo o cara (anjos são caras, certo? Ou não?) mais orgulhoso do planeta (ou do céu) e disse, com o tom de voz cantado:

— Eu sou Enziel, responsável pela frota de anjos da guarda, guardião da área infantil, monitor das almas desorientadas e, a partir de agora, seu mentor! —Finalizou a fala dramaticamente, olhando para cima com o nariz empinado. Era só o que me faltava.

— Olha aqui meu querido... Hãn... Ezequiel...

— Enziel — corrigiu ele entre dentes.

— É, é, tanto faz. Eu não sei se isso é um sonho, porque eu realmente não me lembro de ter ido dormir. Não sei por que a minha cabeça está doendo tanto e, principalmente, não sei onde estou. Você pode, por favor, me dizer o que está acontecendo? É alguma pegadinha de TV?

Seus olhos cor de violeta se arregalaram diante das minhas perguntas. Olha, se aquilo era um sonho, eu realmente tinha me dado bem. Ezequiel... Ezazel... Enfiel, ou seja lá como for o nome dele, realmente tinha feições dignas de um ser celestial. Digo, um anjo. Tinha sim. Os traços eram delicados e a pele tão perfeita que parecia de porcelana. Os olhos violetas eram inocentes e ao mesmo tempo nebulosos, como se a qualquer instante ele fosse soltar descargas elétricas por eles. Fiquei tentada a passar a mão pelos seus cabelos castanhos amendoados, que caiam graciosamente sobre o ombro. Mas e as asas? Onde estavam as benditas asas? Que tipo de anjo não tem asas?

Fui tirada de meu breve devaneio por uma aurora² que me cegou por alguns instantes. Grunhi, cobrindo os olhos com a mão.

— Ainda desconfias da minha origem, Angeles? Achas que não sou quem digo que sou? Então olhe para mim! — exasperou Ezazizel.

Abri os olhos devagar, piscando para acostumá-los com a forte claridade.

E então eu vi. Atrás de Enziel erguiam-se asas tão majestosas que meus olhos encheram-se de lágrimas. A plumagem era de um branco tão extraordinário que chegava a emitir um brilho... um brilho... celestial. Elas batiam com graciosidade, enquanto seus pés descalços pairavam a poucos centímetros do chão.

Olhei ao redor, ainda desorientada. Eu estava no mesmo lugar onde me lembrava de ter recebido o tiro na nuca. Virei a cabeça na outra direção, em busca de alguém que pudesse me ajudar. Enziel ainda continuava lá, levitando diante dos meus olhos.

Quando meus orbes viraram-se na direção contrária, juro que meu coração parou de bater. Ali, estirado no chão, estava o corpo de uma jovem de cabelos negros e longos. Sua pele estava mais pálida do que de costume, e seu uniforme de enfermeira estava manchado pelo próprio sangue. Ali, estirada no chão... Estava eu.

— Venha, Angeles, ou vai se atrasar para a escola — murmurava Gaga, meu irmão mais velho, que tentava inutilmente chamar-me para o café da manhã.

— Não vou! A mamãe não me chamou pra sentar à mesa! Ela só gosta de vocês! — resmunguei, com a voz embargada.

— Não seja boba, Angeles. Vem cá, vem! Sou eu quem está te chamando. Não consigo tomar café sem você, neném — insistiu ele, batendo na porta.

Resolvi escutá-lo, já que minha barriguinha roncava. Saí do quarto fungando, enxugando as bochechas molhadas pelas lágrimas.

— Ah, minha irmãzinha, não fique assim — disse ele, agachando-se na minha frente. Envolvi os braços no pescoço dele, recebendo um abraço apertado logo em seguida.

— Mas, Gaga, a mamãe não gosta de mim — murmurei, de encontro ao pescoço do meu irmão.

Ele riu baixinho ao escutar o apelido que eu o chamava quando era mais nova. “Gaga” era uma abreviação de Gabriel, nome que nossa mãe se orgulhava veemente de ter escolhido. Ela era fascinada por anjos, então batizou seus filhos com o nome deles. Gabriel era o mais velho, Miguel o do meio e eu (Angeles) a caçula.

— Gabriel! Desça logo ou vai se atrasar, meu filho! — berrou minha mãe no andar de baixo, provavelmente com o pano de prato jogado sobre o ombro e esfregando as mãos no avental, como um tique.

— Vamos, neném — sussurrou ele, pegando-me no colo.

— Gaga... — sussurrei, com a voz estrangulada. — E se a... e se a mamãe brigar comigo?

— Eu não deixo. — sussurrou Gabriel de volta, e eu sorri em retribuição.

Gabriel e eu éramos completamente unidos. Ele jurava que me protegeria de tudo... Bem, pelo menos era o que pensava.

— Não posso fazer isso, senhorita Angeles. Sua cabeça ainda contém certa humanidade, portanto, não aguentaria tanta informação assim — explicou Ezazizezezazel.

— Mas, veja bem, minha nuca foi atingida por um tiro. Um. Tiro. E agora meu corpo está ali, estiradinho no chão. E agora eu sou... Eu... Eu sou um espírito?

Ele suspirou. Uma mecha do seu cabelo estava caída sobre seu rosto e voou para longe quando a brisa do suspiro passou por ela.

— Você entenderá tudo no devido tempo. Por hora, saiba que sou seu mentor e que você foi uma das escolhidas do Pai para exercer a função de anjo da guarda.

Revirei os olhos diante daquela baboseira, mas decidi entrar no joguinho dele.

— Hm, mesmo? E quem será meu protegido? — indaguei ironicamente.

Seus olhos violetas estavam firmes nos meus. Pude ver certa compaixão neles.

— O seu assassino.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, nos vemos no próximo!

¹Cacoete: Vontade incontrolável de fazer movimentos ou sons repetitivos.
Mania de piscar os olhos repetidamente; morder os lábios até sangrar quando está nervoso; roer unhas; terminar ou começar uma frase com uma palavra específica, fazer grunhidos compulsivamente.

²Aurora: luz de forte intensidade.



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