Agridoce escrita por Miranda Marcuzzo


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

Desculpem ter passado tanto tempo sem nenhuma atualização aqui. Tem um real motivo para a demora, foi meu aniversário uma amiga me deu de presente umas correções gratuitas. Mudou alguns errinhos de português e aproveitou para mudar o nome da historia também.
Odeiem a Annabel por isso.
Agora voltei.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/574174/chapter/5

Sabe quando você é criança e se perde? Aquela sensação de estar sozinho, de sair de um segundo tranquilo com seus pais para um outro sem ninguém, de estar rodeado de pessoas desconhecidas. Aquele vazio, aquele sentimento preocupante de quantas coisas ruins podem acontecer com você agora que não está mais segura. Bem, crescer é estar constantemente nessa sensação.

– Bom dia dorminhoca. – disse por fim me dando um beijo.

Oh, o que eu fiz, pensei ao ver Otto ao meu lado coberto por lençóis, meus lençóis??

– Otto, desculpa, desculpa, desculpa. – era a única palavra que eu conseguia dizer.

– Ei calma, eu não sou a pessoa que precisa de uma ligação na manha seguinte. – pôs o meu cabelo atrás da orelha e acariciou meu rosto - Nós concordamos isso foi totalmente casual.

Agradeci mentalmente, por DEUS o que eu estava pensando? Dormir com alguém da turma era suicídio. É isso teria de ser um segredo, um grande segredo.

–Café. – pedi a Lisa sentando na sua bancada e pondo minha xícara.

– Como foi com o Otto ontem?

– Oi ? – disse engasgando com o café.

– Você o Otto transaram ontem? porque achei que iriam e queria saber como foi. – olhou fixamente para mim – pelo visto nem você sabe a resposta.

– Lisa eu estava muito bêbada eu só posso ter estado muito bêbada.

– Quando saiu do restaurante não estava tão mal.

– Você me deixou sair com ele?

– Eu estava ocupada, falou apontando para o sofá.

Uma mulher colocava o salto e terminava de se arrumar.

– Eu estava fora de controle?

– Digamos que não.

– Hã?

– Bela, desculpa mais você precisava se divertir e sair daquela zona de “ eu quero Pedro” “ Eu amo Pedro “ “ Não posso amar Pedro”.

– Ai então você me arranja um encontro duplo?

– Bem era um jantar de três amigos, até eu conhecer alguém e ficar aquele clima.

– Não posso acreditar que eu fiz isso. Dormir com alguém da turma é... – tentei achar um palavra – estraga tudo.

– Eu discordo.

– Claro você dormiu com a Emma e - olhei para um lado e para o outro – vejamos onde ela está agora.

Lisa abaixou a cabeça.

– Desculpa eu estou tentando descontar minha raiva em alguém.

– Bela, não faça tempestade em um copo d’agua.

Eu apenas respirei.

– Nossa “ turma” como você determinou – riu – é bem maior que tudo isso. O clima não ficará estranho e se quiser podemos manter em segredo.

– Queria ter a sua certeza.

– Bela sente algum clima estranho entre algum de nós?

– Não.

– Eu já dormi com o Otto, Malu já dormiu com o Otto.

– Nossa dormi com um gigolô me sinto bem melhor agora. – ironizei

– Ok será nosso segredo.

– Tenho de ir, hoje é o último dia antes das férias.

– Então vamos marcar algo para amanhã.

– Desde que eu amanheça sem ninguém na minha cama.

Eu não tinha feito amigos nas aulas do mestrado. Era diferente as pessoas eram mais, digamos , eram mais fechadas. Recepção Alemã não era uma das melhores. À noite eu tinha de concordar com a Lisa, o clima estava igual todas as outras noites.

– Hoje depois do gás uma mulher começou a contar umas coisas estranhas sobre se sentir diferente, sobre estar decidida a se separar e procurar o amor. Acho que meu gás pode ter mudado a vida dela. – disse Malu rindo e pegando uma taça de vinho.

– Bem hoje no meu trabalho tive de fotografar um ensaio de uma atriz pornô. – Otto sorriu vitorioso.

– Bem no meu uma paciente admitiu que só gosta de homens casados é como um fetiche para ela. – Lisa balançou a cabeça em negação.

– No meu um bêbado vomitou em mim. – Murilo levantou a taça em brinde.

– Vocês me fazem querer muito arrumar um emprego. – ri das reclamações.

– Ei amanha poderíamos no Tropical Islands. – Malu sugeriu muito animada.

– Boa ideia . – Otto concordou.

Todos pareciam animadíssimos com a ideia Tropical Islands era um resort com uma praia artificial. Ficava a uma hora de Berlim, não que eu gostasse da ideia de ficar de biquíni na frente de outras pessoas mais o pessoal estava animado e eu era voto vencido como sempre.

Quando chegamos lá era tudo perfeitamente igual, tirando o fato de não ter vendedores de biscoito de sal, cangas, óculos, só aquela calmaria de vozes.

– Se você quiser eu podemos sair hoje.

– Otto nós concordamos.

– Concordamos que seria casual e segredo. Não lembro de ter concordado com uma única vez. - deu um sorriso malicioso.

– Otto sabemos que a Malu é louca por você. É melhor pararmos enquanto isso não vai além de uma noite de bebidas.

Otto me deu um beijo no ombro e saiu.

O dia foi muito divertido, estar naquele lugar me lembrava casa, era como realmente estar em casa. Meus amigos bebiam, iam nos tubo águas, tiravam fotos. Eu apenas fiquei deitada na areia vendo aquelas pessoas se divertirem tão leves. Parecia que quando você pisava naquele lugar seus problemas ficavam para trás e você tinha de se divertir. Uma pena era ter de sair e pega-los de volta.

Quando anoiteceu, no vazio do meu apartamento depois de dormi algumas horas comecei a pensar em tudo que já tinha me acontecido em Berlim. Quantas coisas já tinham deixado de ser prioridade para mim, quantas coisas eu abrira mão e quem eu era naquela altura do campeonato.

Resolvi que pensar demais era meu problema, que talvez só talvez eu tivesse de agir sem pensar antes. Achei que era melhor me distrair, terminei de me arrumar e fui ao bar. Entre uma dose e outra escolhia entre os homens daquele lugar.

– Ei Bella o que faz aqui?

– Procurando um homem. - respondi já um pouco fora de mim.

– Bem objetiva. - Murilo riu.

Conversei com alguns, fiquei com dois. Deus, quando em são consciência eu pensei que viraria essa pessoa que caça homens em bar. Até meio bêbada eu filosofava e pensava demais que droga eu poderia ser menos Bela ao menos quando estivesse bêbada.

A noite ia se indo, com bebidas, conversas vagas , acho que em algum momento até jogar dardos joguei. Enfim, a noite se foi não lembro bem de ter voltado para casa.

Só lembro de acordar e olhar a cama vazia. Minha cabeça doía, mas agradeci mentalmente por ter acordado só. E antes que eu pudesse terminar meu agradecimento mental Otto surgiu de cueca.

Ainda assustada minha única reação foi pensar. " Deus não, de novo não". Era isso? Minha vida agora era essa? Beber e dormi com o Otto? Ou eu poderia apenas beber e ampliar minhas opções. Quem seria amanha? Lisa?

–Café? - ele gentilmente me oferecia.

E novamente eu senti aquela sensação de estar perdida no supermercado. De não saber para onde ir ou o que fazer. De apenas pensar em tudo que poderia acontecer dali em diante. Só que diferente das vezes em que se fica perdida quando criança, quando você cresce não tem pai e mãe para te buscar. Você tem de achar o caminho certo a seguir só. Você tem de fazer o possível para sair de situações terríveis sozinha. Você está realmente só!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Agridoce" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.