Como eu imaginava: Letícia levou Ícaro consigo, se ela queria me provocar, conseguiu. Não sabíamos como encontra-los, isso me deixou extremamente irritada. Miguel ficou em silêncio por toda a busca que fizemos pela cidade, o que de fato e estranho, afinal, estamos falando de um tagarela.

Ao chegar em nosso apartamento, sem sucesso na procura, Miguel quebro o silêncio:

– Baile.

– O que?

– Um baile de máscaras no seu aniversário deve atrai-los. Letícia gosta de dar shows.

– Mas eu não vou colocar todos os convidados em risco!

– Lógico que não. Descobriremos a identidade deles e então vamos atrair, pelo menos a Letícia, até um lugar mais discreto.

– Tá, maravilhoso. Mas quem vai pegar o Ícaro? Quem vai atrair e onde diabos vamos fazer esse baile?

– Na casa que eu tenho aqui. Ângela, Eu serei a isca para chamar a Letícia, você pega o Ícaro e o coloca no porão, e então vem pegar a cabeça da sua querida e amada priminha, ok?

– Ok...

– Ei, vai dar tudo certo, garanto isso.

– Mas Miguel...

Do nada, ele me envolve em um abraço:

– Mas nada.

Naquela noite, mesmo nos braços do Miguel, perguntei-me diversas vezes como será que Ícaro estava, mal pude dormir ao imaginar ele sendo torturado. Estranho como eu ainda o correspondo com tanta força, a vontade de acaricia-lo parecia maior que tudo, o desejo de salva-lo era intenso, queria salvar ele agora! Mas como eu poderia? Não sei nem onde ele está, não sei como ele vai reagir ao me ver, talvez Letícia o tenha envenenado contra mim. Ah puxa, como a vida e cruel, se eu fosse apenas uma garota normal, seria tudo tão diferente.

Depois de tantas suposições, abracei Miguel fortemente, fui correspondida e finalmente pude dormir.