Relatos de Ângela Justine escrita por Moon Lu


Capítulo 14
Capítulo 13




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Meu aniversário passou e desde lá, nunca mais vê o Ícaro. De alguma forma e bom voltar para a solidão, quando você a torna sua companhia, acaba aprendendo a ouvir seus pensamentos, e valorizando a sua intuição acima de tudo. A verdade mesmo, é que não espero mais nada de alguém, criar expectativas só te ilude cada vez mais. Miguel ficou um pouco distante de mim, talvez percebesse que era um momento em que eu precisava me concentrar no meu futuro.

Eu não sei quem eu sou, eu não me lembro de como eu era antes de ter meu coração partido, é isso que dói: Não ter sua felicidade de volta. Irônico pensar, que eu reclamava tanto daqueles monótonos dias que passei com o Ícaro. Sinto falta, mas eu não posso ter de volta. O que devo fazer é seguir em frente agora, difícil claro, mas é a alternativa que me resta.

Depois de uns tempos, eu comecei a pensar: Por que o Miguel insistiu tanto em mim? Por que não me lembro dele? Eu ia varias vezes a casa do Gabriel, não é possível que eu não tenha cruzado com Miguel em algum canto daquela casa. Resolve investigar, tava perfeito demais, e quando se trata do “perfeito”, pode apostar que tem coisa ai. Fui à casa dos Bernard. Ao chegar à varandinha da frente, já fui expulsa aos gritos, que vinha de dentro da casa:

– Saia daqui sua vadia! Vai para o inferno!

– Eu só vim conversar! E não para ouvir xingamentos de uma mãe vingativa. Sei que você perdeu o Gabriel, mas, você tem o Miguel e...

Mal terminei a frase e ela interrompeu-me:

– Que Miguel?

– Como assim que Miguel? Ele não é o filho adotivo de vocês?

Ouve mais vozes, agora uma masculina, abriram a porta, e eu pude enxergar a tia Rebeca e o tio Jorge, que a tranquilizava:

– Querida, vá para a cozinha fazer um café ok?

– Mas Jorge ela... (me olhou como se eu fosse o Satanás em pessoa) Ela é a culpada de tudo.

– Você disse Miguel não é?

Ao ver que ele estava disposto a conversar comigo, Rebeca foi à cozinha como o combinado. E Jorge continuou:

– Vamos entre, precisamos conversar.

Após eu me aconchegar ao velho sofá aonde dormia na minha infância, não pude evitar e sorri:

– Isso me traz lembranças tão boas...

– Pois é... Bom, Ângela, pulando a nostalgia em conversar com você. Quem é Miguel?

Eu expliquei tudo até os mínimos detalhes e tia Rebeca trouxe café e biscoito, trocou olhares com tio Jorge e eu logo percebo que Miguel não é nenhum Bernard:

– Não sei quem ele é, e as características que você descreveu, deixa mais claro que ele não é nenhum filho meu. Pelo que você conta, ele parece ser um bom ator para falar com tanta segurança sobre o Gabriel e sobre a nossa família, com certeza ele conseguiu informações de alguém. Ângela melhor você tomar cuidado.

– Devia saber que tinha algo errado... Sabe, ele insistiu muito em mim, Miguel quer algo, e eu não tenho a mínima ideia do que seja, e ainda tem a Letícia...

– Espera ai.

Tia Rebeca me interrompeu, trocou olhares com tio Jorge, (eles sabem sobre a Letícia, ela não se dava muito bem com Gabriel, como podem ver... Essa garota não é só insuportável pra mim). E finalmente disse:

– Se Letícia apareceu agora, provavelmente veio pela sua cabeça.

Contei a ela sobre o Ícaro e a Letícia, logo cheguei a uma conclusão:

– Então... Ela esta seduzindo ele?

– Obviamente, mas não só isso. Deve estar querendo provocar você. Não sei se sua mãe lhe contou, mas, a mãe da Letícia, a Carol/Tia Bruxa foi assassinada... E bom acho que não precisamos falar mais nada.

– Ela... Veio atrás de vingança? Mas eu não fiz nada!

Foi ai que eu me toquei: Minha mãe. Desesperada, tiro o celular do bolso, e quando eu ia ligar para a minha mãe, alguém me liga, um número desconhecido, atendo e não me surpreendo nadinha com a voz:

– Mais que lerda você é... Angel.

– Não me chame assim!

– Sabe o que eu estou vendo agora? KKKKKK sua casa... No mais intenso fogo. Os gritos da sua mãe são tão lindos... Maravilhosos

Eu escuto da outra linha... A voz da minha mãe, o desespero está explicito na sua voz. Do nada, a ligação cai, o mais provável: Letícia desligou o telefone. Tio Jorge e tia Rebeca tentam falar comigo. Mas eu não escuto nada além do mais profundo silencio. Minha mãe estava morta, e eu não pude salvar ela, não poderia realizar seus sonhos, eu estava sozinha, completamente sozinha. Miguel um cúmplice da Letícia, ele não me ama, e quanto ao Ícaro, ele continua com aquela garota, deve me odiar mais do que tudo agora. Lembro-me como se fosse ontem ele dizer que tínhamos alguém em confiar: Nossas mães. Mas e agora Ícaro? Minha mãe se foi. E eu não pude fazer nada por ela! Letícia quer guerra?! Pois ela terá! Só há um jeito de derrotar um monstro... É virando um. Não sinto amor por mais nada, exceto o puro ódio que grita por vingança.


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Notas finais do capítulo

Miguel... Quem ele realmente é? Um amigo? Ou inimigo?