VSM-02 escrita por aieincie, Jujuba


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Gente, avisando que nós quase piramos com esse capítulo por que estávamos quase com bloqueio criativo (nem vem, Jujuba. Nós estávamos sim!). Maaaaas enfim. Esperamos que gostem!



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O primeiro tiro; o pai cai. O segundo, a mãe tomba.

–Seja forte, Annie!- o terceiro tiro sai em câmera lenta.

Luke empurra a irmã para longe. No pescoço, a menina aperta algo entre os dedos.

Um colar de contas...

...

Acordo em meio a soluços e lágrimas. Sinto o suor descendo na minha testa. A mão direita segura o colar.

É a terceira vez que tenho o mesmo sonho essa semana, acordando sempre do mesmo jeito.

Bem, mais ou menos.

Ao lado da cama, vejo algo bem inesperado. Percy, aparentemente caído, massageando o ombro.

O que, por Aegis, está fazendo aqui?!– grito, limpando o rosto e me sentando.

Jackson ergue as mãos. -Vai com calma! Agora eu sei porque não tem ninguém morando nos apartamentos do seu lado.- ele suspira e se senta. -Eu ouvi os seus gritos e vim o mais rápido que pude, por que podia ter acontecido algo e...- suas bochechas coram. -Enfim. Quando cheguei, você estava chorando e tudo mais, e eu só queria ajudar. Mas, como você é a comandante Annabeth Chase, eu tentei te acordar e você me chutou.

Não consigo me controlar e acabo rindo em meio aos soluços. Até perceber que estou com top de ginástica. Rapidamente abraço o travesseiro.

Percy não percebe (N/A:novidade?) e senta na beirada da cama. Olho para baixo.

–Eu não queria que ninguém me visse assim.- digo.

Ele apoia os cotovelos nos joelhos e me encara. Percebo que ainda está de pijama, calças de flanela e camiseta surrada.

–É por isso que não tem ninguém morando aqui do lado?- ele pergunta, sorrindo.

Fico em silêncio.

–Não esquenta. Não vou contar pra ninguém que você tem um coração humano.- ele diz.

Movo a cabeça, concordando. Infelizmente, volto a soluçar e sinto as lágrimas. Percy senta mais perto e toca meu ombro nu.

–Hey, tudo bem. Acalme-se, Annie. O pesadelo era sobre... Sua família?

Abraço o travesseiro mais forte. Ele toca meu queixo e o levanta, me obrigando a encará-lo.

–Todo mundo sente falta de alguém aqui, Annie. Inclusive eu. É normal ter pesadelos assim.

Eu sorrio. Espera aí...

–Obrigada pela preocupação e tudo mais, mas já pode voltar a dormir.

Percy ri.- Dormir? São quase oito horas!

–Já? -me levanto e corro para o banheiro. Sempre deixo uma das roupas de combate penduradas aqui.

Roupas... Ah não.

Eu... Sai correndo na frente dele... Com top e bermuda de ginástica?

Sinto minhas bochechas queimarem e meu sangue gelar.

Não! Eu não tenho tempo para isso. O meu apartamento é um dos únicos com banheiro, cozinha e uma mesa. Os outros devem usar os banheiros públicos. Aposto que o de Jackson também tem, afinal é do meu lado. São destinados apenas a líderes.

Termino com as armas e facas e vou para fora.

–Vamos?- Percy está no batente da porta.

Passo reto: -Claro.

...

O refeitório está barulhento. Depois de pegar a comida, nos sentamos e conversamos sobre o treinamento.

Em menos de cinco minutos, vejo Reyna se aproximar.

–Bom dia, comandante Chase.

–Bom dia, vice-comandante Avilla-Ramirez.

Ela olha para Percy e revira os olhos. -Tenente.

–Vice-comandante.

Ela se vira para mim. -Comandante, há uma nova sobrevivente na colônia.

Franzo as sobrancelhas.

–Bem, traga ela aqui, por favor.

Reyna vira de costas e chama alguém. Uma garota se aproxima, com uma jaqueta e capuz na cabeça.

Devagar ela descobre os cabelos. Percy deixa o sanduíche cair.

–Olá, comandante. Meu nome é Hazel Levesque. E... Sinto muito, Percy. Eu tentei.

...

Descobri que Hazel, a irmã adotiva de Jackson é seis anos mais nova que ele, com catorze. Ela tem cabelos pouco mais cacheados que os meus, porém castanhos. A pele é cor de chocolate e olhos âmbar.

Agora, estamos na sala de interrogatório. Hazel, Reyna, Percy e eu.

–Eu sinto muito. Juro que tentei, mas não consigo sobreviver como vocês faziam!- a garota diz.

–Eu sei, Hazy. Foi exagero nosso achar que você conseguiria fazer tudo aquilo. Me desculpe.- Jackson responde e abraça a irmã.

Hazel é quase a metade do tamanho de Percy, talvez um pouco maior. Ele se abaixa até seus rostos ficarem no mesmo nível. E então... Talvez eu esteja ficando louca.

Ou eles acabam de trocar algumas palavras.

–Olha -diz Reyna.- não quero atrapalhar o momento de reencontro e tudo mais, só que eu e a comandante Chase estamos aqui para outro motivo.

Hazel se senta na cadeira atrás da mesa, onde seu irmão se sentou a uma semana atrás.

–O que vocês querem?

Me viro para Percy.- Saia.

Ele franze as sobrancelhas. -Por quê? Vai torturar ela?

Suspiro. -Apenas... Saia.

–Annabeth...

–Percy.

Ele se aproxima e sussurra perto da minha orelha.-Prometa que não irá machucá-la. E sem chantagem.

Coloco minha mão em seu peito e o afasto o suficiente para encará-lo.

–Eu prometo.

Ele se vira e sai da sala. Foco em Hazel.

–Você é namorada do meu irmão?- ela pergunta.

Sinto as bochechas queimarem e ouço Reyna segurando o riso.-Não, não sou.- respondo.

–Bem, ele parece gostar de você. Sei lá. -a garota dá de ombros.

Respiro fundo.-Hazel, eu quero que me diga algo.

Ela se recosta na cadeira e cruza os braços.-O quê?

–Onde estão os seus outros irmãos?

–Eu... Não devia falar sobre isso.

–Olha, eu sei que você não quer deixar seus irmãos lá fora. Eles podem se machucar ou até contrair o vírus.

Hazel segura o riso.- Eles não vão virar Ryanks, comandante Chase.

Arregalo os olhos.- Como sabe o nome científico dos zumbis?

–Nós temos nossas fontes.-ela diz, com o olhar travesso.

–Hazel, -Reyna diz -nós só queremos ajudar. Não só você, mas todo mundo. Literalmente. Queremos sobreviver. E se vocês sobreviveram todo esse tempo lá fora, é importante sabermos como. Que informações são essas e como as conseguiu?

Ela revira os olhos.- Tá legal. Eu falo. Um dos meus irmãos é um gênio com máquinas. Ele meio que... Hackeou os seus computadores e programas e então conseguimos obter algumas informações e talz. Aí foi só aprender a lutar adaptando os golpes.

–E você sabe lutar, Hazel?- indago.

–Não o quanto eu gostaria. Normalmente, quando éramos atacados, Percy e os outros dois me cobriam.

–E... Onde estão os seus outros irmãos?- Reyna pergunta.

A garota ri.- Por que acha que eu entregaria eles?

Entregar é uma palavra forte. Só é usada quando as pessoas estão escondendo algo.-digo e me debruço sobre a mesa. -Você tem algo a esconder, Hazel Levesque?

Ela para.

–Claro que não. Comandante, por que viria aqui se eu estivesse escondendo algo?

Penso um pouco, mas tem uma coisa martelando na minha cabeça. O que ela falou para o Percy? Não vou sossegar até descobrir.

Decido que vou cuidar da garota mais tarde.

–Tem razão. Já vamos te liberar.- saio da sala e faço sinal para Reyna me acompanhar.

–Você também viu, não é?- pergunto. Faz que sim e falo para dar um celular grampeado para a menina e a manter bem longe de Percy. Não quero eles de fofoca. Quem sabe eles não são irmãos.

Quando saio do prédio uma mão toca meu braco. Por instinto, com a mão direita seguro o pulso e o prendo atrás do corpo. Com minha outra mão, pego sua garganta e o jogo na parede mais próxima.

–Se toda vez que eu te tocar você me bater, isso vai virar um círculo vicioso.

–Não toque em mim, Jackson. Se tocar em de novo eu não respondo por meus atos.

–Eu só quero conversar. Vamos pra casa.

...

–Tá bem, Percy. Oque você quer?- pergunto, entrando no seu apartamento e sentando numa cadeira (só há duas). Vantagens dos apartamentos especiais (abri uma exceção para Percy). Há duas camas, o banheiro, uma mesa pequena, um armário (também temos permissão para guardarmos comida, para quando estamos ocupados e não podemos sair) e uma pia.

–Quero saber sobre Hazel. Como ela está?

–Do mesmo jeito que ela estava quando você saiu. Intacta.

–Quero saber oque ela falou, comandante.

Espero alguns minutos para responder e decido jogar verde.

–Falou de um de seus irmãos, tenente.- ele derruba um prato na pia e fica parado por alguns instantes. Até que pergunta:

–Oque ela disse comandante?

–É confidencial.- digo. E mais rápido do que se imagina, ele pára na minha frente. E eu levanto, tomando um susto.

–Mas que diabos, Jackson! Preste atenção.- digo levando a mão ao coração.

–Oque ela disse Annabeth?

–É confidencial, tenente! -cerro os punhos de raiva.

Ele passa a mão pelo cabelo. Está nervoso. Só passa a mão pelo cabelo quando esta nervoso.

–Mas oque ela não poderia ter me contado? -levanto uma sobrancelha, desafiando-o.

Ele se surpreende por um momento, e eu aproveito para sair dali. Vou em direção á pia, onde há duas xícaras de café. Mas ele pega meu pulso e me faz parar.

–Gostaria de saber quem te deu o direito de tocar tanto em mim, tenente.- Por algum motivo, ele se irrita e aperta mais meu braço.

–Oque ela falou, Annabeth? Eu estou começando a perder a paciência...

–É comandante para você. E, se não me soltar agora, Jackson, vou cortar seu braço fora.- ele me solta. Mas dá um passo para frente.

Instintivamente dou dois para trás. Ele dá mais dois e eu tento também, mas a porcaria da pia me barra.

–Diga logo "comandante " antes que eu me irrite e...

–E o quê? Vai fazer o quê? -ele semicerra os olhos e eu decido que não vai dar tempo de pegar a faca se alguma coisa acontecer. -Ela me falou que um de seus irmãos é um gênio. E que invadiu nossos sistemas. -ele olha dentro dos meus olhos e passa a mão pelos fios negros, se afastando de mim.

Respiro fundo e decido falar logo.

–Gostaria de saber o quê diabos foi aquilo que Hazel falou para você em segredo.

Ele estava com os braços apoiados na mesa, controlando a respiração, mas, depois do que eu disse, ele a prende. Eu também prendo a minha. Não ouso me mexer, mas sinto a faca queimando sobre a minha perna, escondida no coturno.

Ele olha pra mim, e como num bote de cobra, me segura e me empurra na parede. Fico tão assustada que arfo e espero alguns segundos.

Quanta ousadia.- sussurro para mim mesma.

–Você vai me falar agora...-diz ele pegando minhas mãos e colocando atrás das minhas costas, ficando bem perto. Tão perto, que eu sinto seu cheiro. Menta e brisa de mar. -o quê você ouviu.

–Não vou.- sussurro, olhando para os meus sapatos.- Não vou falar oque eu ouvi. Quero que você me diga o quê significa.

Claro que eu não ouvi nada. Mas perdi uma coisa muito importante. Encaro-o e ele está pura raiva... E alguma outra coisa que não identifico. Aperta mais minhas mãos atrás de mim.

–Annabeth, eu não vou te perguntar de novo....

–Soldado, ordeno que me solte... - o corto, começando a ficar assustada.

–... e se você não me responder...

–Jackson? Me solte. Agora.

–.... eu juro que você não vai sair daqui.

Percy!–grito, totalmente apavorada -Você tá me machucando, droga!

Ele recobra a consciência do que está fazendo e solta meus punhos. Só para chegar mais perto.

–Annabeth, sinto muito. Sinto muito mesmo. Mas realmente preciso saber oque você ouviu eu conversando com a Hazel...

Eu não ouvi nada seu grande idiota!–grito.–Agora, se afaste antes que eu... - e ele me interrompe. Com um beijo.

Mas... que diabos ele acha que está fazendo? Seu corpo elimina qualquer tipo de saída. Os braços, um em cada lado, na altura da minha cintura, mas sem me tocar. Antes de poder fazer qualquer coisa, ouço a porta abrir e Percy se afasta alguns centímetros e me encara. Quase não consigo respirar de raiva. De raiva e... surpresa.

–Percy você não sabe como foi difícil achar o seu apartamento e...- olho para Hazel enquanto ela sorri maliciosamente.

–Não foi nada disso.- digo a ela e me viro para Percy. Dou-lhe um chute na canela e um tapa na cara. -Quero você amanhã bem cedo no meu apartamento, tenente. Não me faça vir aqui buscar você.- vou saindo e cerro o olhar para a garota.

Entrando em casa, escorrego na porta.

O quê. Foi. Isso?


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Notas finais do capítulo

E aí povo? Gostaram? Odiaram? Comentem por favor! Estou quase dando chilique! Olha, eu queria dizer que às vezes nós deixamos alguns mistérios no ar, mas todos serão explicados, é sério. Até o próximo! Bjs