Você me completa escrita por Izzy


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ;)



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Estou numa festa de ano novo, uma festa a fantasia, seria ótimo se não fosse estranho, me chame de nerd mas geralmente não sou convidada para festas, na verdade nunca me importei de fato com isso, as vezes eu tentava me imaginar em um lugar como esse, uma casa lotada de gente fantasiada de tudo quanto é tipo de coisa, cada um com um copo plástico na mão e ouvindo um remix bem patético de músicas patéticas, mas nunca consegui me ver num lugar assim, mas aqui estou eu me sentindo um peixe fora d’água, fantasiada de Amy Pond porque ela é uma das melhores personagens de todos os tempos, confesso que vim de Amy porque sou ruiva e alta, não precisei me esforçar muito, apenas aluguei uma fantasia de policial parecida com a que Amy usa no primeiro episódio em que Karen aparece, linda, é claro que não chego aos seus pés, tenho uma quedinha por aquela mulher que com certeza viraria lésbica por ela. Meio que fugi do assunto aqui, enfim estou a ponto de sair correndo, um aglomerado de pessoas impedem que eu me direcione a saída então tenho de me contentar com o pequeno corredor que liga a sala, também conhecida como pista de dança improvisada, e a cozinha, vez ou outra alguém passa por mim pra atacar a geladeira a procura de mais bebida, mas me ignoram, graças a Deus, não suportaria se alguém resolvesse falar comigo, não sei como manter uma conversa sem de repente soltar uma besteira, noventa e cinco por cento das minhas tentativas de me socializar dão errado.

Você deve estar se perguntando o que é que estou fazendo aqui já que não costumo frequentar esse tipo de festa, ah bem que eu gostaria de saber, fui praticamente convocada pra estar aqui hoje, o problema é que não sei por quem. Tudo o que estava escrito no convite era que eu devia vir, mas antes eu tinha de anotar qual seria minha fantasia no papel e deixa-lo em cima da minha carteira na escola, tentei esperar pra ver quem aparecia mas enquanto eu não sai de lá, ninguém deu as caras.

No dia seguinte, encontrei um outro papel na minha mesa dizendo que eu teria de procurar um garoto fantasiado de um personagem de Doctor Who nessa festa, também dizia que era pra eu guardar o beijo da meia-noite pra ele. De cara achei que não passava de uma brincadeira tosca, mas conforme os dias foram passando, eu sempre encontrava um novo bilhetinho na carteira, dizia ser de um admirador secreto, fiquei meio obcecada com esses bilhetes, tentei dar uma de Sherlock Holmes, até tinha meu Watson pra ajudar-me nessa busca, porém ele não me ajudou em nada, se duvidar, apenas atrapalhou. John – esse realmente é o nome dele – não era um bom Watson, então meio que dispensei seus serviços, mas não consegui encontrar nenhuma pista, eu definitivamente não tinha vocação pra detetive.

Eu não estou nessa festa sozinha, mas é como se tivesse, John veio comigo, ele sempre fora meu melhor amigo, pelo menos desde que me entendo por gente, crescemos juntos, ele é o único amigo meu que estava sabendo desse meu “cara misterioso”, mas assim que chegamos aqui ele desapareceu, agora eu estava na dúvida se procurava meu personagem principal ou se eu tentava reencontrar o coadjuvante.

Não demorou muito, eu avistei um garoto fantasiado de Doctor, de cara pensei que fosse o tal misterioso, afinal se alguém vai se vestir de algum personagem masculino de Doctor Who quem eles escolheriam? Obvio que o Doctor, mas eu não sabia o que dizer quando eu chegasse próxima o suficiente para ele me notar, será que eu devia ir até lá e cumprimentá-lo ou devia esperar que ele viesse até mim? Onde está John que resolveu sumir justo quando mais preciso dele, tudo bem que ele é um garoto, e garotos não servem de nada nesses momentos, me desculpem seres do sexo masculino que estão aqui presentes, mas eu não acredito que consigam me dar conselhos sobre como agir perto de garotos. Na dúvida decidi esperar, afinal ele dissera no bilhete pra que eu guardasse o beijo da meia-noite, isso de certo queria dizer que ele iria me encontrar a essa hora, peguei meu celular pra ver as horas e eram exatamente onze e meia, ainda faltava trinta minutos, o que eu faria nesse meio tempo? E John que não aparecia, será que o verdadeiro Doctor resolveu aparecer por aqui e levou-o como acompanhante numa viajem em sua TARDIS? Se foi isso que aconteceu eu corto relações com esse amigo da onça, onde já se viu viajar com o Doctor e não me levar junto?

Estava impaciente, não parava de me mexer, andava de um lado pro outro no apertado corredor, arrumava meu cabelo de minuto em minuto, balançava a cabeça no ritmo da música, as pessoas que passavam por mim deviam ter concluído que eu só estava fazendo um tipo de dança estranha, porque apenas me olhavam por um segundo e logo voltavam a fazer o que pretendiam antes de notar a maluca tendo uma crise de ansiedade.

Onze e cinquenta e sete, ele tinha de aparecer agora, mas e se ele não tivesse me visto ainda? Decidi aparecer um pouquinho na sala mas o cômodo estava tão lotado que duvidei que alguém pudesse me ver ali, dei de ombros e voltei pro meu lugar, afinal eu nem sabia quem ele era, não iria me decepcionar se não o encontrasse, iria?

Onze e cinquenta e nove, o Doutor estava vindo em minha direção, olho pra ele e tento dar o meu melhor sorriso, passo a mão no cabelo, vi em um filme, aquelas comédias românticas melosas, que quando uma garota passa a mão no cabelo quer dizer que está a fim. Eu sei, é ridículo, eu sou uma garota e pra me portar como uma, tenho de aceitar conselhos de comédias pastelão, o Doutor sorri pra mim, e vai se aproximando, começa a contagem regressiva.

5... e ele está cada vez mais perto 4... 3... 2... e ele passa direto por mim, abre a geladeira e tira de lá uma cerveja, fico encarando suas costas... 1. Ele se vira e eu faço o mesmo tentando evitar encará-lo, então me deparo com John com o rosto a centímetros de distância do meu, e ele me surpreende com um selinho, estou tão chocada que fico sem ação.

_Feliz ano novo. – diz ele. E eu então entendo tudo, o “cara misterioso” era John o tempo todo. Como fui idiota, era por isso que eu nunca consegui descobrir quem era que me mandava os bilhetes, de tão óbvio ficou impossível de descobrir, ele me enganou direitinho, olhando pra ele agora vejo que está fantasiado de Rory.

_Então era você o tempo todo. – comento o obvio, eu não tinha o que dizer, nunca havia pensado em John dessa maneira, eu achava que ele era gay, mas pensando bem... Amy também considerava Rory o amigo gay não era? Meu Deus, preciso rever as temporadas dos Ponds, faz um tempinho já que não assisto, mas espera, isso não vem ao caso, como foi que eu nunca percebi o interesse de John por mim? Olho bem pra ele agora, que está me encarando com uma expressão cheia de expectativa, provavelmente esperando uma resposta, mas eu nem prestei atenção em sua pergunta.

_Ãhn? – digo.

_Quer namorar comigo? – repete ele, bom, ele não é de se jogar fora, até que é bonitinho, um pouco magrelo, mas até parece que eu ligo pra isso, mil vezes um magrelo do que um bombadão que parece ter aplicado silicone em tudo quanto é parte do corpo.

É eu estava realmente cogitando aceitar namorar John, que estranho, eu e ele formaríamos o casal mais nerd do século, mas para que um relacionamento dure, temos de encontrar nossa metade da laranja não é? E me lembrando agora de algumas ocasiões posso enxergar claramente que John e eu nos completávamos meio que inconscientemente durante anos. Quando fui princesa em minha festa de aniversário aos seis anos ele foi o príncipe, quando nós tínhamos oito anos eu me vesti de bob esponja e ele de patrick e fomos a uma festa a fantasia que estava rolando no shopping, ganhamos o prêmio de melhor fantasia, e depois teve uma peça de teatro que nós tivemos de fazer no segundo ano, eu era Julieta e ele Romeu, e nessa minha de dar uma de Sherlock pra descobrir quem era o cara misterioso, atribui a ele o papel de Watson. É, já eramos um casal faz tempo, só não percebíamos isso, ou melhor, só eu não percebia isso.

_Claro. – respondo finalmente, ele parece aliviado com minha resposta, acho que divaguei por um bom tempo, mas então ele sorriu e me beijou de novo, ele até que beijava bem pra quem só havia treinado com o travesseiro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, beijos.



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