It´s time to be brave Little Angel. escrita por Lina


Capítulo 1
Adieu France!


Notas iniciais do capítulo

Deixem comentários seus lindos.



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A musica era alegre, o que se mostrava uma grande ironia devido à situação.

Por um momento achei que ia ter uma crise de ansiedade, mas me obriguei a controlar a respiração, algo que aprendi com um tempo.

Eu torcia para que meu tio esquecesse de me pegar na estação ou que o trem pegasse fogo, qualquer coisa que impedisse de voltar para a Inglaterra e ver todas as pessoas que eu deixei para atrás.

– Lizzie, por Merlin! Finalmente te achei. Enlouqueceu? Porque saiu da cabine e não voltou?- Suzanne entrou na cabine, vazia até então, falando no tom de voz calmo que sempre falava.

Suzanne foi a primeira garota que falei em Beauxbatons, já que diferente de Hogwarts os quartos são divididos em dupla. Como sua colega de quarto havia saído no mesmo ano que entrei, fui posta para dividir o quarto com ela. Quando nos conhecemos ela me metralhou de perguntas sobre Hogwarts, nos primeiros dias pensava seriamente em jogar ela da janela do quarto. Mas acabei gostando dela depois de um tempo.

–Desculpe Susie-Q, eu não consegui voltar para lá. - Falei olhando para a janela.

– Anw tadinha, estou chorando por você Elizabeth. Sua vida é tão difícil, Hogwarts é um inferno realmente. Todos esses meninos bonitos e poder jogar quadribol deve ser horrivel. – Disse Salene entrando atrás de Susie.

–Na verdade, minha vida é muito difícil e você não deveria tirar sarro dela assim. E pare de falar de Hogwarts como se fosse um lugar bom, aquilo é um antro de cobras e são todos hipócritas.

–Pobre menina rica. – Agatha disse se jogando no banco do meu lado.

–Tira esse fone de ouvido. – Salene arrancou o aparelho da minha mão, tirando bruscamente o fone de ouvido.- Se vossa realeza já saiu do momento depressão, temos que falar uma coisa.

–Enquanto você tava ai, tivemos uma ideia...- Começou Suzanne com aquele olhar que faz você querer prestar a atenção no ela diz.

–Elas tiveram uma ideia.- Interrompeu Agatha deitando a cabeça no meu ombro.

–Para você não se esquecer da gente quando estiver na Inglaterra. – Disse Susie pegando algo na bolsa.- São cordões, cada um é diferente do outro. E vamos trocar toda semana, inclusive durante as férias, eu dou a minha para Salene, Salene dá a dela para a Agatha que dá para você e você da para mim. Mandamos por carta e junto com a pulseira escrevemos tudo de bom e de ruim que aconteceu durante a semana.

Susie colocou os quatro cordões no banco entre ela e Salene. Todos os cordões eram de um couro colorido e tinham, na ponta, uma medalha diferente que abria. Tinha o branco com a medalha de um dourado forte e com um pássaro na frente. O preto com a medalha prata e com o que parecia ser uma flor na frente. O azul escuro com a medalha dourada e um ying-yang na frente. E o ultimo era meio vermelho escuro com a medalha dourada e um leão esculpido da frente.

– Sem querer ofender, mas eu não vou usar essa merda. – Agatha disse olhando para cima.

As vezes eu tinha essa impressão de que se tinha alguém mais irritada por eu ter que ir para a casa da minha mãe, esse alguém era Agatha. Ela estava sempre explodindo com alguém e eu meio que ficava feliz por isso. Quando eu sai da Inglaterra eu percebi que as pessoas não se importavam tanto assim, não que isso fosse uma surpresa para mim, mas era bom saber que desta vez eu fiz as coisas certas e que tinha pessoas que realmente se importavam comigo.

– Não é uma merda! Eu fiz ontem a noite, demorou um tempão para eu achar o material para as medalhas e todas elas tem uma coisa dentro e com uma frase diferente em casa uma. Você nunca conseguiria fazer um feitiço desses.- Disse Susie indignada.

Selene pegou um dos cordões para abrir, mas Susie foi mais rápida e bateu em sua mão fazendo-a soltar.

– Não é para abrir agora.

–Você deve ter pegado as piores frases de autoajuda possíveis. - Disse Agatha.

–Não peguei não.

–Como vamos decidir quem vai ficar com qual?- Perguntei observando que os cordões não eram realmente muito bonitos, mas eu tinha gostado.

– Vamos fechar os olhos e pegar um, ao mesmo tempo. – Respondeu Salene.

– Eu não posso ficar com aquele. – Disse apontando para o vinho com o leão. – Parece com a Griffinória e eu sou da Sonserina. Temos uma reputação a zelar.

– Você não é da Sonserina. É da Persévérer. – Disse Agatha.

– A Sonserina e Persévérer são praticamente iguais. Já que ambas são as melhores casas e tal.

Agatha me beliscou e disse:

–Fala: Persévérer é minha única casa, para sempre.- Disse ela apertando o beslicão cada vez mais enquanto eu gritava e ria.

–Persévérer é e sempre será minha única casa. – Repeti.

– E Agatha é o ser vivo mais lindo da terra e quando eu crescer eu quero ser igual a ela.

– E Agatha é o ser vivo mais lindo da terra e quando eu crescer eu quero ser igual a ela.- Repeti e ela me soltou deixando uma marca vermelha doida no meu braço.- Sua vadia. Vai ficar roxo agora.

–Hey putas fechem os olhos e pegue um, sem olhar. – Disse Suzanne.

Fechei os olhos e peguei o ultimo cordão que sobrou.

–Agora abram os olhos, mas não a medalha. Só vamos abrir a medalha quando estivermos sozinhas e temos que descobrir as frases que tem nos outros por nós mesmas. - Susie falou com o tom já conhecido de “faça o que eu mando porque sou mais inteligente que você”.

Quando abri os olhos vi que tinha ficado com o branco com o pássaro na frente.

–Oba fiquei com o que eu queria.- Falei feliz.

–Cuidado para não encardir essa merda Lizzie. – Disse Salene que tinha ficado com o do ying- yang.

Agatha tinha ficado com o preto e Susie com o do leão, o que me fez lembrar da Griffinória. Em Beauxbatons, Susie é da Juste. Que ao meu ver parecia com a Griffinória, por serem justos, leais e principalmente, teimosos.

Desde quando entrei em Beauxbatons eu tinha essa mania de comparar as duas escolas, pensava que com um tempo eu pararia de fazer isso. Mas não parei.

–Agora mudando de assunto. Elizabeth Greyson é verdade que você esta morrendo para encontrar com o seu namoradinho inglês?- Perguntou Salene colocando um microfone imaginário na minha frente.

– Ex-namoradinho. -Corrigi. - E só se morrendo quer dizer preparando a faca para entrar na casa dele e matar ele enquanto dorme.

–Que menina tradicional, porque não usa uma maldição imperdoável?! Seria mais rápido e fácil.- Perguntou Agatha.

–Nah. Prefiro fazer a moda antiga. – Respondi.

–Ah qual é?! Vai me dizer que você não sente mais nada? Nem um pouquinho? Não esta nervosa por encontrar ele de novo?- Perguntou Susie, que sempre foi a mais romântica e namoradeira de nos quatro.

– Nem um pouquinho, eu simplesmente não dou a mínima. De verdade. Eu to cagando para ele. Isso foi há dois anos, eu tinha 13 anos, era praticamente um bebe. Ele se mostrou ser o filho da puta que eu sempre pensei que ele fosse e eu aproveitei para fazer o que eu queria fazer desde os 10 anos. Mudar-me para a casa dos meus tios. - Respondi e era verdade.

As três começaram a bater palmas e eu, educadamente, mostrei o dedo do meio para elas.

–Qual era o nome dele mesmo? Eu ainda não consigo acreditar que você namorou o filho do Harry Potter – Susie sempre falava isso, era como a frase bordão dela nesse assunto.

– James- Agatha respondeu.

– É uma pena um menino tão bonito ter um coração tão feio. – Disse Salene.

– Porque você tá citando uma musica trouxa?- Questionou Agatha.

–Sei lá.

– Olha estamos chegando. – Disse Susie apontando, para o que parecia ser a estação de Cannes crescendo a medida que chegávamos mais perto.

Acho que por um momento as quatro pararam de respirar. O que eu mais gostava na nossa amizade era o fato de sermos tão diferentes ao ponto de cada uma ser de uma casa diferente, mas iguais ao ponto de não ser preciso ninguém falar para saber o que estávamos pensando.

Não estávamos tristes por pensar que nossa amizade talvez se abalasse pelo fato de estar me mudando. Estávamos tristes, pois talvez nunca mais estaríamos nos quatro em uma cabine falando mal das outras meninas e fazendo uma lista dos meninos mais gatos de Cannes.

–Não se preocupem. Eu vou estar aqui ano que vem, eu juro. Nem que eu tenha que matar um unicórnio para isso. - Falei quebrando o silencio da cabine.

– Lizzie, prometa que você vai tentar melhorar com a sua mãe. – Começou Salene. – Dessa vez para valer, não como nas férias ou Natal. Eu sei que ela pode ser insuportável, mas tenta. Por favor.

–As vezes, é preciso coragem para ficar quieto e ouvir o que quer que seja.- Adicionou Susie.

Olhei para Agatha ao meu lado, que só ouvia o que as outras falavam. Estava esperando o conselho dela, o que ela tinha para me dizer.

–Você sabe o que eu vou dizer. – Disse ela olhando para mim. – Se Hogwarts é mesmo esse lugar horrível, não se esqueça de quem você é. Seja 24 horas por dia Elizabeth Greyson. E lembre se: se você não conseguir voltar, a gente vai lá te resgatar. Não é?

As outras concordaram.

– Nunca ninguém vai substituir você, Lizzie. Não se esqueça disso. –Suzanne disse, bem na hora em que o trem parou.

Pegamos nossas coisas e saímos da cabine. À medida que andávamos, varias meninas falavam com agente e se despediam de mim. Quando pulamos para fora do trem, Salene disse:

–Acho que agora é o momento para um ultimo gesto de babaquice.

–Abraço em grupo!- Susie disse aos gritinhos puxando nós três.

Atrás de nós ouvimos o pai de Salene a chamando.

– Não acredito que papai chegou tão pontual assim.- Disse abraçando Agatha e vindo até mim.- Lizzie, não se esqueça da gente. Mande carta todo dia, a cada 5 minutos eu quero uma carta. Nas férias de Natal nos 4 na minha casa, então não marque com nenhum inglês metido a besta. Jogue quadribol por mim. Te amo chuchuzinho.

– Eu também te amo. Eu vou mandar tantas cartas que vocês vão ficar enjoadas de mim. E eu também vou ligar, não se preocupem. Vai ser só um ano, eu juro. – Disse abraçando ela forte. – No Natal eu vou trazer todas as varinhas de alcazus da loja para você.

Susie, que ia para casa de Salene até seus pais voltarem de Paris, logo se jogou em cima de mim.

– Não tenha amigas meninas lá. Elas são vadias no sentido ruim. Ai Lizzie, eu vou sentir tanta sua falta. Falar mal dos outros não vai ser mais tão divertido sem você, nem assistir Gossip Girl ou colocar pimenta no suco da Amelia. – Susie falava rápido e com um ar de choro, como se fosse começar a qualquer momento.

– Anw Susie-Q. Não se esqueça de que só eu posso te chamar assim, hein. Você tem que continuar a falar mal dos outros porque se vocês não fizerem quem vai fazer?! E se eu precisar de algum conselho amoroso da minha fada madrinha, eu mando uma carta. – Disse soltando o abraço.

Brincávamos que Susie era nossa fada madrinha já que sempre estava tentando juntar uma de nós.

– Te amo Lizzie.

– Também te amo Susie-Q.

–Ai como vocês são fofas, acho que vou vomitar purpurina. – Disse Agatha abraçando Susie.

–Vamos Susie. Tchal para vocês duas. Mandem cartas. – Salene gritou se afastando e puxando Susie pela mão.

–Amamos vocês. - Susie gritou atrás, acenando.

Suspirei e olhei para Agatha.

–Vamos para frente da estação. – Falei puxando a mala.

No caminho, encontramos umas amigas e fomos cumprimentando.

– Vamos sentar ali. – Ela apontou para um banco que dava para ver perfeitamente a entrada e saída da estação.

Sentamos e Agatha encostou a cabeça no meu ombro como sempre fazia.

– Eu não quero ir para lá.- Falei. – Eu sinto que eu vou acabar me descontrolando com a minha mãe a qualquer momento. Eu não vou conseguir. Eu nem sei se meus amigos ainda gostam de mim.

– Você é tão dramática. Seus amigos ainda gostam de você, eles estão sempre mandando cartas e você os viu nas ultimas férias. Não se preocupe com isso. Se preocupe em ir mal na escola para você poder voltar para cá. – Ela disse ainda encostada no meu ombro. – E quanto a sua mãe, às vezes é bom se descontrolar. Pare de pensar no que fazer Lizzie, só faça.

Quando eu falava sobre o que sentia para as meninas, eu percebia que Agatha era a que mais tinha facilidade para me entender. Tudo que eu via como um problema ela achava um solução. Tudo. Ela resolvia os problemas dos outros, mas a própria vida era uma bagunça. Agatha dava conselhos, mas ela própria não os seguia. Acho que o que me fez querer ser amiga dela era o fato dela se contradizer. Sua família era uma das mais tradicionais da França e todas as meninas eram finas, educadas e submissas. Menos ela, Agatha com sua blusa dos Beatles e shorts rasgados era a ovelha negra da família. E eu simplesmente amava isso. Ela era tudo que não deveria ser.

– Ok chefe. – Disse olhando para um menino que corria em círculos em volta da mãe.

– Não se preocupe muito. – Falou Agatha, levantando a cabeça e sorrindo para mim.- Se alguma coisa der errado, a gente foge para Nova York.

–Por mim tudo bem.

–Acho que o carro que vai me buscar chegou. – Disse Agatha levantando pra ver a rua.- É, chegou sim.

–Então você vai ficar bem né?- Falei levantando e ficando na frente dela.

–Vou, vou. – Disse ela me abraçando. – Não se preocupe muito, vai ficar tudo bem. Você vai ver. Ano que vem você vai estar aqui de novo e vamos estar nós quatro juntas de novo.

– Eu queria não ter que ir agora, nas férias.

– Eu sei, besha. – Disse Agatha segurando o meu pulso e me olhando séria como ela nunca fazia. – Não se esqueça de que você tem amigas, amigas de verdade e a gente te ama mesmo surtada do jeito que você é.

–Eu te amo, besha. – Falei quase chorando.

– Também de amo, gordinha. Agora vai lá e mostra o que você aprendeu com os franceses. – Falou ela indo para a saída da estação.

–Tchal!- Gritei quando ela já tinha saído.

E lá estava eu, sozinha sentada no banco e pensando o quão incrível minhas amigas eram. Quando, de repente, lembrei do cordão que deveria abrir quando estivesse sozinha. Ao abrir a medalha dourada, de um lado tinha a foto do dia em que invadimos a piscina do vizinho de Susie. Estávamos molhadas e rindo muito, era como aquelas fotos da internet tirando o fato de que nessa foto nos mexíamos, já que tinha sido tirada com a câmera magica de Agatha. E do outro lado da medalha tinha um frase cravada: “ Vai e se der medo, vai com medo mesmo.”

E acho que foi isso que eu fiz.


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