TORRE DO RELÓGIO, INGLATERRA.

Era meia-noite. Um horário praticamente padrão para a reuniões importantes do conselho da Torre do Relógio. Fui caminhando calmamente pelos corredores escuros, altos e espaçosos. Minha aparência era extremamente, não estranha, mas sim incomum para o pais que eu estava, Inglaterra, eu trajava as vestes tradicionais do país ao qual nasci, e que muitas vezes ou ate quase sempre foi ignorado e desprezado pelos magos desse continente, o velho continente. Eu estava trajando um quimono azul meia-noite com o meu nome escrito em Kanji azul-claro no meio das costas, e sandálias de madeira. Muitas pessoas da Torre já tinham se acostumado com os meus trajes, principalmente os meus alunos, que são bem mais mente aberta do que os magos da elite superior, ou seja os “lords”, falo com essa discriminação mesmo eu sendo um deles, e por isso convivo e vivencio tais atitudes de menosprezo. Divagando sobre tais atitudes esqueço meu verdadeiro objetivo e finalmente chego na porta, coloco a palma da minha mão na porta e ela se abre, quase que imediatamente sou alvo da atenção de todos da sala, ao qual só não estava presente o Diretor e eu.
– Você esta atrasado para a reunião, Blue – falou uma figura parcialmente coberta pelas sombras da sala, só o que se dava para notar e que tal figura estava trajando um finíssimo manto vermelho carmesim, não havia como não reconhece-lo apenas pelos trajes e pela voz, ele é uma das quatro forças da Torre e por fim, meu aliado.
– Qual o motivo desse desrespeito? Isso não é normal em você Blue, nunca foi – agora quem estava falando era uma mulher, a renomada caçadora de vampiros, Barthomeloi Lorelei, outra das quatro forças da Torre e minha inimiga, ou melhor dizendo rival. Ela estava trajando as vestes de costume, botas de cano alto, causa vermelha e um uniforme em amarelo. Antes de respondê-la, puxei a primeira cadeira do lado direito, me sentei e suspirei não me importando de demonstrar que eu estava impaciente com a conversa, finalmente falei.
– O Diretor mandou avisar que não promovera a reunião de hoje, mesmo que nossa situação seja irregular – muitos da sala não estavam surpresos com a declaração, já vinham notando que o Diretor estava ultimamente mais pra lá do que pra cá, virei meu rosto para Lorelei e terminei de falar – E me deixou responsável - ela não demonstrou reação alguma, se mantendo altiva ate na minha pequena vitória, por fim ela se sentou na primeira cadeira da esquerda, a minha frente, e a figura de manto vermelho na segunda cadeira da direita, ao meu lado, arrumei uns poucos papeis que eu tinha trazido e continuei – Como algum de vocês já sabem, o Vaticano acabou de nos informar que uma nova Guerra do Graal esta para começar – diferentes reações foram mostradas na reunião, ganancia, preocupação, tristeza e ate felicidade – A Igreja já esta com o seu representante escolhido, temos que nos apresar e escolher pelo menos dois da Torre, alguma sugestão? – houve um momento de silencio que foi quebrado por um Lord da facção Amarela.
– Acho que posso falar por todos aqui, que gostaríamos que você divulgasse quem é o representante do Vaticano a lutar? – peguei um dos papeis e li o nome.
– Seu nome é Roland em homenagem ao cavaleiro, e embora tenha pouca idade, já é o segundo em comando da Ordem dos Executores da Igreja – passei a ficha do mesmo para o Lord – Ou seja, é um aliado e adversário poderoso, como sempre nós trabalharemos junto da Igreja para que um mago indigno não consiga obter o Graal para um desejo egoísta – falo isso não esboçando nenhuma reação, ou seja, sou um mentiroso, não consigo pensar em muitos magos, mesmo aqui na Torre, que não ficariam gananciosos com a realização de um pedido ilimitado, logo depois se seguiu uma longa discussão entre os lordes de facções rivais, querendo indicar a si mesmos ou ate seus herdeiros como o representante da Torre, demorou bastante tempo ate que Lorelei se irritou e chamou a atenção de todos quando bateu na mesa,
– Chega disso, não podemos chegar a nenhuma conclusão faltando alguns membros do conselho – disse com uma veia saltando perto da têmpora direita – Estão faltando membros de ambas as partes – pronunciou ela olhando para mim, ia responde-la ate que Red se mexe ao meu lado e revida.
– Não necessariamente, os lideres de cada facção podem representar os seus aliados, ou seja Blue e eu temos a maior força de decisão aqui – vi a irritação quase explodir dela, evitando o começo de uma batalha me pronuncio.
– Proponho um acordo, ambos, Red e eu, escolheremos um dos lordes de nossa facção e você poderá escolher o outro – esperei para ver sua reação – Você tem alguém em mente?
– Eu proponho uma Magnus killer, Aegileif Dreary – houve bastante comoção na minha facção para não aceitar, pronunciei um encantamento e o silencio reinou, me virei para Lorelei.
– Como combinamos – olhei para Red e continuei – Mas demorara um pouco para acharmos nosso representante, espero que entenda.
– Como você mesmo disse, temos que ser rápidos para entrarmos na guerra, espero que você não esqueça suas próprias palavras – ela deu uma pausa e aceitou acenando com a cabeça – Pelo que eu posso ver o lugar em que a guerra acontecera sera bem mais complicado, uma cidade turística, como podemos esconder a existência dos Magos em uma cidade assim?
– Dependendo dos estragos da guerra, teremos que falar que foi um ataque terrorista e modificar a memoria de todos que assistiram e presenciaram a Guerra – disse Red – ou em vez de dizer que foi um ataque terrorista e causar uma guerra fria, nos usamos a magia de Blue, com isso será quase como se a Guerra nem tivesse acontecido – ele se inclinou um pouco para a frente e perguntou – Estamos de acordo? – perguntou a Lorelei e a mim, ambos acenamos nossas cabeças concordando e declaro.
– Reunião encerrada!

BASÍLICA DE SÃO PEDRO, VATICANO.

Fitava incansavelmente os três selos de comando, essa era a prova que eu era um participante da nova Guerra do Graal. Estava numa das milhares de salas da Basílica enquanto esperava meu superior voltar da conferencia com Sua Santidade. E o silencio reinava onde estou, deixando espaço para pensar no papel que tenho que desempenhar na guerra, ate onde sei, tenho que cooperar com outros dois Magos da Torre do Relogio, e garantir que um de nós três seja o ganhador, como não tenho interesse/desejo nada, eu servirei como apoio para eles, mas pode acontecer um erro nessa aliança, pode haver desentendimento entre nós, pode haver traição de ambos os magos da Torre, pela informação que recebi a pouco tempo, a torre se dividiu em duas facções rivais, as facções Amarela comandada por Lorelei Barthomeloi e a facção Roxa, comandado por alguém que tem o titulo de Blue, junto com o segundo em comando Red. Também sei que a facção Amarela descontente com o poder da facção Roxa, colocou uma Magus Killer, uma profissão tão perigosa como a dos Executores da Igreja, como seu representante, isso é claro causou algum desentendimento, Magos geralmente desprezão os Magus Killer e confiar uma posição na Guerra a um é arriscado, mesmo assim parece que a facção Roxa ainda não escolheu seu representante, só sabemos que será algum Lord, provavelmente será esse que ganhara a Guerra do Graal.
Divagando sobre todas essas situações e possibilidades, sou interrompido pela porta sendo aberta e meu líder entrando com uma caixa de aparência antiga, mas bem trabalhada em madeira de Lei. Ele se aproxima de mim e a abre, dentro dela da para se ver um pedaço de metal que pela forma devia ser parte da ombreira de uma armadura antiga. Ele me entrega a caixa e deixo de olhar para o objeto para olhar para ele.
– Esse é o catalisador que a Sua Santidade lhe confiou – agradeço fazendo uma reverencia a meu líder, uma ideia vem a mina cabeça, imediatamente fecho a caixa e pergunto:
– E ele? – recebo um aceno de cabeça, e pergunto outra coisa.
– E você que agira como o Juiz na igreja de Angrapur, não é? – já sabia muito bem a resposta mesmo assim a fiz, caso sim não poderia esperar nenhum apoio daquele homem, não estava ressentido, mas sim satisfeito, poderia der tudo de mim nessa Guerra sem a ajuda externa, a não ser a dos dois outros Mestres da Torre.
– Sim, serei imparcial nessa guerra, você entende isso? – pergunta de olhos fechados, saindo da sala respondo.
– E claro Pai.

TORRE DO RELÓGIO, INGLATERRA.

– Então? Já se decidiu, Calem? – perguntou Blue para mim, me virei para ele e depois de uma reverencia digo.
– Sim, eu participarei, mestre – consigo ver uma pequena felicidade da parte dele, dou um suspiro e logo continuo – Como representante de minha família e como parte da Facção Roxa, eu me tornarei um Mestre da Guerra.
– Percebi que você não estava na reunião de ontem a noite – Blue começou a andar e fui obrigado a segui-lo. Não é como se o resultado fosse diferente se eu fosse para a reunião, já joguei muito xadrez ou como ele gosta de chamar Shougi, para saber que meu Mestre tem sempre sete passos planejados, para qualquer eventualidade, e ele conseguiu me convencer a participar. Ate agora não sei porque que o Graal me escolheu como participante, não consigo pensar em nenhum desejo que eu queira – Aqui, chegamos – quando dei por mim estamos bem na frente da sala de Red, em pouco tempo ele abre e nos deixa entrar, faço uma reverencia e ele responde.
– Não é necessário isso, Calem, já estamos do lado de dentro, vamos dispensar as formalidades – disse dando um soco em meu ombro que me faz cair no chão, dando uma risada, ele vai ate Blue e o cumprimenta com um aperto de mão, assim que parou de rir ele se virou para mim e perguntou.
– Você tem algum catalizador? – pode se pensar que Red tem uma dupla personalidade, mas não e bem assim, o mesmo consegue se tornar muito frio quando lida com os outros Lords da Torre, mas geralmente quando ele esta em privado com os amigos, como Blue e eu, ele se revela bem caloroso e ate brincalhão, já Blue é reservado em qualquer lugar, mas pelo que Red me contou uma vez, o mesmo vira outra pessoa quando bebe Sake, fui pego de surpresa pela pergunta do mesmo e respondi que não.
– Então utilize aquela da li – ele me aponta uma caixa de madeira simples e retangular, abro e sou surpreendido com o objeto, esboço um sorriso é falo.
– Pelo jeito eu não invocarei um Saber – disse guardando o Catalisador.

TOKYO, JAPÃO

Sei o que são essas três marcas na minha mão, meu avo me contava a historia quando eu era menos, a de que sete magos de diferentes partes do mundo se juntam e matão um ao outro para o obter o Graal, a fonte de desejo ilimitado concedido, para eu acordar e me deparar com essas três marcas na minha mão, quer dizer que o Graal me considera digna, não mais que isso, quer dizer que o Graal considera o meu desejo digno, logo me dou conta que tenho que invocar um espírito heroico, quase que imediatamente olho para o colar que eu carrego no pescoço, meu bem mais precioso, um colar com um diamante negro de pingente que sua mãe havia dado a ela quando ela era muito pequena para se lembrar, de repente ela pensa alto:
– Saber, Lancer, Archer, Rider, Caster – ela da um pulo de sua cama e continua a pensar alto – Sim, pelo que minha mãe me contou, através do colar eu invocarei Caster – a mesma estava muito feliz, varias vezes ela pensou em vender o colar para suprir suas necessidades, mas nunca, nunca, conseguiu se desfazer dele, seria como dar adeus a uma das ultimas lembranças de sua família, por fim ela largou o colar e falou – Finalmente posso ter minha vingança – com um pequeno sorriso, tanto feliz e maligno, só se desfez quando caiu a ficha – Mas aonde é que a Guerra vai ser sediada?