POV Rapunzel

–Quarenta e sete,quarenta e oito,quarenta e nove..... CINQUENTA !

Eu saí procurando Pascal pela torre,até que vi um ponto deformado no balcão da cozinha (se é que posso chamar de cozinha) .

Me abaixei no meio da escada aonde eu estava e fui subindo devagar tentando não fazer barulho algum.Peguei uma parte do meu cabelo e joguei-o sobre uma das madeiras que tem no teto da torre.Remexi um pouco até que o cabelo se enrolou em segurança na madeira,me pendurei sobre ele e fui descendo de cabeça para baixo devagar até perto da pia.

Peguei uma mecha do meu cabelo e fui descendo-a até chegar á uns 3 centímetros da cauda de Pascal e finalmente agarrei-a e puxei Pascal para cima.

–TE PEGUEI!-Gritei feliz por ter achado meu camaleão.

Ele fez uma careta para mim.Eu desci do meu cabelo e desenrolei ele da madeira,eu já estava sentada na janela novamente quando Pascal chamou minha atenção mudando de verde para um vermelho forte e mexendo os bracinhos.

–O que há Pascal?

Ele voltou para verde sorrindo e se virou para fora da janela de novo,fez uma movimentação com a cauda indicando para fora.

–Você sabe que eu não posso sair daqui.-Falei colocando ele em meu colo.-E nem o senhor!-Apontei para ele.

–Para com isso Pascal.-Segurei ele em minhas mãos que estavam em formato de concha segurando-o.-Aqui não é tão ruim assim..

Levantei da janela em um pulo e saí correndo pela torre.

–Vai.-Coloquei ele no chão,no lugar de contagem para brincar de esconde-esconde.-Agora é a sua vez!

Ele virou para trás com as mãozinhas nos olhos.

Pendurei a ponta de meu cabelo na mesma madeira da partida anterior e fui escalando,quando cheguei na madeira,fiquei de pé sobre a mesma e continuei escalando as madeiras.Até que cheguei na madeira mais alta da torre e fiquei de pé sobre ela.

Tinha uma abertura no final,a mesma que eu abro toda manhã para entrar sol na torre.

Eu nunca tira ido lá para cima,fiquei admirando a paisagem lá fora e pensando,que um dia eu estaria lá,correndo,pulando,dançando,em frente,os cabelos voando,cantarolando.

Me perdi nos meus pensamentos até que acordei e lembrei do resto do cabelo que estava jogado no chão,fui puxando tudo lá para cima e por incrível que pareça consegui amontoar tudo lá.

“Pascal nunca vai me achar aqui” Pensei com um sorriso no rosto.

Eu estava errada..

Pascal apareceu do meu lado rindo.

Eu pulei de susto,e nesse pulo,perdi o equilíbrio e caí do alto.

Era uma queda grande,eu estava com medo,de morrer ali e nunca mais poder ver minha mãe,de morrer ali naquele momento e não poder realizar meu sonho de ver as luzes flutuantes.

Pascal estava caindo comigo,agarrado em uma mecha fina do meu cabelo.

Espera um pouco !

Meu cabelo! Se eu fosse rápida conseguiria prende-lo em algum lugar,eu sei que doeria um pouco,mas um puxão de cabelo pode salvar minha vida!

Mas o vento estava me puxando mais para baixo e não conseguia levantar.

Era o meu fim...

Fechei os olhos e esperei a queda,mas não senti nada.

Abri os olhos e percebi que eu estava com o nariz raspando no chão.Eu estava pendurada de barriga para baixo.

Meu cabelo havia se prendido sozinho em algumas madeiras do teto.

Comecei a rir que nem uma doida,depois fiquei de pé e consegui tirar meu cabelo do teto.

Quando eu olhei o relógio eu lembrei que tinha que limpar a casa antes que minha mãe chegasse e eu só tinha vinte minutos!

Saí correndo pegar o esfregão e a esponja.

Depois de tudo limpo,ainda faltavam 5 minutos,minha mãe costuma chegar depois do horário então eu tinha mais tempo de bobeira.

Fui ler uns livros com Pascal ao meu lado comendo alguns biscoitos que eu fiz.

Estava quase pegando no sono quando um buraco se abre na minha frente e dele sai um coelho gigante.

–Foi uma queda grande,estou surpreso por não ter morrido naquele momento.-Ele tinha uma voz ameaçadora mas ao mesmo tempo feliz.

–Q-quem é você?-Perguntei com medo.

–Eu me chamo Aster,mas pode me chamar de Coelhão,é assim que meus colegas me chamam,já as crianças,de Coelho da Páscoa.-Ele falou dando um sorriso.

–E-e como você sabe que eu caí antes? E...e que crianças?-Perguntei me levantando da cama.

–Digamos que eu estava esperando o momento certo para aparecer,e as crianças são aquelas que acreditam em mim e que esperam meus ovos todo ano na Páscoa!

–O que é Páscoa?-Perguntei já não com tanto medo.

–Páscoa é simplesmente o melhor dia do ano,menos pro Norte que acha que o Natal é melhor e blá blá blá,mas voltando para a pergunta: A Páscoa é o dia que significa ressurreição,o dia em que eu o Coelho da Páscoa distribuo ovos de Páscoa por todo o mundo.

–E-e o que você está fazendo aqui?

–Ah,é-Ele falou pegando uma esfera de cristal nas mãos.-Venha,temos que ir para a Oficina!-Ele falou colocando uma de suas mãos em minhas costas me arrastando delicadamente e jogando a esfera no chão.Que se formou um tipo de “portal”.

Foi aí que ele percebeu minha cara de medo.

–Não precisa ter medo.O seu medo só deixa Breu mais forte!

–Quem...-Tirei a mão dele das minhas costas.-Quem é Breu?

–Você vai ver quando chegar na Oficina.-Ele começou a se aproximar de mim.-Norte vai explicar tudo para vocês!

Eu já estava pronta para correr quando ele pegou meu cabelo e jogou ele inteiro no portal,demorando alguns minutinhos..

Foi aí que eu senti a queda,não tão forte mais um pouco doída.Ele me empurrou para dentro do portal.

Eu não estava mais na torre.

Estava em um tipo de Oficina,como o Coelhão falou.

Olhei para o lado e vi uma garota de cabelos ruivos cacheados rebeldes,usava um vestido em um tom azulado até os pés,sapatilhas marrons e olhos azuis.Ela carregava um arco com uma aljava de flechas.

Tinha também um garoto de cabelos castanhos,roupas verdes a não ser por um casaco de pele marrom e botas de couro marrons também.Ele tinha olhos verdes.Ele é realmente muito bonito.

Quando olhei para frente vi um garoto muito lindo,ele tinha cabelos brancos,mas era jovem.Olhos azuis,ele trajava um moletom azul com flocos de neve nos ombros e nos pulsos.Uma calça marrom clara e ele estava descalço.

Olhei mais em volta e vi Coelhão,não sei porque mas me senti segura com ele.Havia na sala também um homenzinho dourado,um homem alto da meia-idade e um tipo de beija-flor.

–Sou o Papai Noel,mas podem me chamar de Norte.-O homem velho falou.-E sejam bem-vindos a Oficina Polo Norte !

Parecia que eu estava em outra dimensão ! Era incrível !