The End of All Things escrita por Nyo


Capítulo 3
Even if it ends


Notas iniciais do capítulo

gENTE, foi mal eu jurava que a fic era só em três partes, acabei de descobrir que é em quatro -.-' (Podem desistir de mim depois dessa, eu deixo)
Só posso me desculpar pelo meu erro, e ficar feliz porque em relação ao outro capítulo, esse não está atrasado.
Aqui vai o capítulo



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Aleksander P.O.V

Saímos para conhecer o labirinto, Vladimir me mostrou muitos lugares aqui dentro, lugares que eu provavelmente nunca encontraria se andasse sozinho. Andamos por horas e a noite parecia nunca acabar.

– Acho que já te mostrei quase todos os lugares, só falta um.

– O labirinto é tão pequeno assim? - Perguntei ironicamente.

Ele riu, puxou-me pelo pescoço e esfregou sua mão em punho em minha cabeça. Acompanhei sua risada enquanto tentava me soltar.

– Claro que não. Mas você já viu tudo que valia a pena. E também aprendeu bem rápido as técnicas de autodefesa que mostrei.

Sorri convencido e orgulhoso de mim mesmo.

– Claro. E muito obrigado.

Vladimir sorriu de forma terna para mim. Senti minhas bochechas avermelharem e meu corpo foi tomado pelo calor. Não era normal me sentir daquela maneira, nem nunca seria. Mais uma vez a previsão que Lukas fez voltou a minha mente.

– De nada, vale a pena aprender algo sobre “defesa anti-vampiros”. Só não use isso contra mim – ri quando ele apontou seu dedo para mim de forma acusadora. - Agora vamos, só vale a pena ir lá a essa hora. Acho que aqui é alto o bastante - ele olhou para cima e em seguida se voltou para mim. - Não vai ser muito complicado, você não parece muito pesado.

Ele se aproximou de mim e me segurou pela cintura. Corei ainda mais, meus sentidos alertando o perigo daquela proximidade. Fui pressionado contra a parede sentindo o corpo dele contra o meu.

– Aleks, segure-se no meu tronco.

Meio relutante e envergonhado, envolvi seu tórax com meus braços. Senti uma onda de pânico me atingir quando meus pés não tocavam mais o chão. Desviei meu rosto para Vladimir que segurava-se nas heras e pedras mal presas da parede do labirinto, escalando-a com facilidade. Seu rosto estava tão compenetrado e seu sorriso tão determinado que não tive coragem de falar algo que pudesse distraí-lo. Fiquei observando meio temeroso nossa subida vagarosa.

A primeira cosia que fiz ao chegar ao topo foi me soltar. Fui acometido por uma enorme vergonha ao vê-lo tão perto de mim. Ele sorriu, passando as mãos na roupa, como se estivesse tirando a poeira.

– Chegamos.

Estávamos no topo de uma das paredes do labirinto. Olhei para os lados, porém não vi nada demais naquele lugar.

– Por que estamos aqui?

– Não achei que você entenderia de primeira - ele sorriu. - Vem - fui puxado para a borda da parede. Em minha frente estendia-se um mar enorme de elevações que formavam um círculo perfeito.

Olhei maravilhado para tudo aquilo, não me surpreendia que fosse o lugar preferido dele, era realmente lindo.

– E não é só isso - continuou. - Veja - ele se sentou e apontou para cima.

Direcionei meu rosto para onde ele apontava. Dei de cara com um mar de estrelas e a lua mais bela da minha vida. Era uma imagem surreal, eu quase não acreditava em meus olhos. Quase.

– É lindo, não?

Voltei-me para ele. Um sorriso tão lindo estampava seu rosto que fui compelido a sorrir também.

– É sim - respondi. - Lá de baixo não dá para ver isso.

Ele acenou. Sentei-me ao seu lado, cruzando as pernas. Tanto olhar para baixo como para cima estava me fazendo sentir como se estivesse em um sonho.

– Eu adoro as estrelas, elas me fazem sentir bem. É como se eu estivesse em casa de novo.

Vlad observava as estrelas com um sorriso nos lábios. Me perguntava o que ele estava pensando naquele momento. O que estaria sentindo.

– O que você está pensando? - Perguntei.

Não poderia saber se ele falaria a verdade, mas a maneira como seu sorriso se alargou me fez acreditar que era verdade.

– Estou pensando em como era antigamente. Na verdade, me sinto um pouco nostálgico - ele falou olhando para mim com o canto dos olhos. - Lembra de quando vimos as estrelas juntos?

Assenti enquanto mudava o foco de minha visão dele para o céu. Não sabia para onde deveria olhar, o esplendoroso céu acima de mim, ou aquele sentado ao meu lado. Optei por olhar para o céu. Minha mente estava surpreendentemente relaxada, me sentia como se o mundo não existisse, era algo estranho, mas bom.

– Mas o que você acha que é nostalgia? - Perguntei.

Ouvi uma risada, o que me vez voltar a olha-lo. Seus olhos estavam cravados na imensidão do céu, parecendo estar longe daqui, mais longe do que já havia visto qualquer outra vez.

– Bom, não a sentimos por quem éramos, mas por quem não éramos. Nós a sentimos por todas as possibilidades que estavam abertas para nós, mas que não tomamos. É isso que eu acho, pelo menos.

Não é como se não concordasse com ele, compartilhava da mesma opinião, entretendo meu peito se contraiu em uma dor enorme. Imaginei tudo que ele poderia ter sido, tudo que queria ter se tornado, sonhos, esperanças. A angustia cresceu dentro de mim ao imaginar o quanto ele pensava sobre aquilo ao ver seus livros de magia, seu romance favorito, ao me ver.

Também imagino muitas vezes o que eu poderia ter sido se ele estivesse lá. Houve um tempo logo depois do "acidente" que todos falavam "não se culpe", "a culpa não é sua", "se culpar não vai mudar nada". Eu sabia de tudo aquilo, mas achava que não podia fazer nada se não sentir culpa, alguém tinha que sentir. Se Vladimir não tivesse me protegido poderia ter fugido, poderia ter uma vida melhor.

– Não venha ficar refletindo sobre coisas como "Ele poderia ter tido uma vida melhor" - sua voz me tirou de meus devaneios. - Eu não me arrependo de ter te salvado, principalmente depois de ver o cara lindo que você se tornou - ele piscou um olho pra mim e sorriu de forma marota, me fazendo corar.

– Eu não estava - fiz uma pequena pausa. - Tudo bem, eu estava pensando sobre isso.

– Sabia.

Ele me puxou para mais perto, tão perto que eu podia sentir sua respiração em minha pele - perguntei-me por que ele respirava, afinal, vampiros não precisam de ar.

– Só aproveite o momento.

Senti minhas bochechas corarem levemente. Tentei ao máximo relaxar. Aquela noite realmente se assemelhava a quando saímos no verão para ver as estrelas.

Olhei para o rosto dele. Exatamente o mesmo. Não sabia se deveria me sentir feliz ou triste por isso, mas meu coração batia mais forte por vê-lo daquela forma. Agora era como se tivéssemos a mesma idade e a perspectiva de uma nova relação me parecia boa, afinal, eu não poderia ser mais seu irmão mais novo.

Não sei dizer quanto tempo ficamos lá. Me senti mais feliz do que nunca. É estranho, as melhores coisas podem sair dos momentos mais terríveis. Para mim aquela era uma situação terrível, não sabia quanto tempo poderia ficar com ele, não sabia o que iria acontecer nem se conseguiria sobreviver.

Enquanto me perdia mais uma vez na face de Vladimir - ele havia chamado minha atenção naquele momento mais do que o céu, ou o labirinto -, vi uma luz piscar em um dos corredores. Depois mais seis luzes piscaram. Haviam sete caminhos iluminados no labirinto. Cada um deles em um ponto distinto.

"Sete luzes na janela.

Sete luzes no corredor.

Sete luzes, sete luzes, no todo."

– Aleksander, o que está olhando? - Ele estava me encarando um pouco nervoso.

Apontei para as luzes ao longe, porém, assim que ele moveu a cabeça elas sumiram, tão rápido quanto apareceram.

O que poderiam significar? Saídas? Muito provavelmente. Vlad me disse que ninguém nuca havia saído de lá, nem mesmo ele sabia qual era o caminho certo. Aquilo poderiam ser indicações, algo me dizia que eram.

Lembrei-me que ele já havia relatado para mim também sobre algumas coisas estranhas que aconteceram. Disse que o labirinto estava estranho ultimamente.

– O que? - Ele perguntou perplexo.

– Luzes - respondi. - Haviam sete corredores do labirinto brilhando.

Seus olhos se arregalaram.

– Isso pode ser uma indicação - continuei. - Pode ser uma indicação de uma saída. Vladimir, talvez nós possamos sair daqui!

A animação começou a tomar conta de mim. Nós poderíamos continuar juntos, talvez nós pudéssemos ficar juntos no final das contas!

Ao contrário de mim, ele pareceu assustado. Sua face estava contorcida, seu corpo tenso. Não conseguia entender o motivo.

– Não, Aleks. Não tem como, não existe uma saída desse lugar.

Por mais que ele tentasse manter sua voz controlada, eu podia perceber perfeitamente o pânico. Comecei a ficar preocupado, não era do feito de Vladimir ficar daquele jeito.

Olhei atentamente para ele, uma ideia se formando em minha mente. Já não conseguiria deixa-lo, não depois de finalmente encontra-lo. Peguei suas mãos entre as minhas. Meu coração acelerou ao sentir as mãos frias abaixo das luvas negras.

– Vlad, eu quero sair desse lugar com você.

Vladimir P.O.V

– Não posso! Aleksander, eu não posso sair daqui! - Comecei a me desesperar.

O que ele estava fazendo? Eu sou um vampiro! Não é tão fácil assim para mim deixar tudo que eu conheci nesse meu “pós fim do mundo". Suas mãos quentes tocavam as minhas, fazendo um leve arrepio percorrer minha espinha.

Haviam coisas estranhas acontecendo. Barulhos vindos de pontos distantes, o sol que não aparecia mais, minhas poções estavam com efeito estranho, agora luzes. Não era possível, tinha algo errado.

– Pode sim! Temos uma dica de onde é a saída - ele parecia determinado.

Eu não via motivos para ir embora, era um vampiro. Fui colocado naquele labirinto por algum motivo, então para que mudar aquilo? Tinha meus livros, podia me alimentar, e não oferecia riscos para as pessoas e agora ele estava comigo... Mas eu não tinha uma vida. Viver é diferente de sobreviver. O que eu estava fazendo comigo mesmo? Entretanto, sentia que se saísse de lá, algo ruim aconteceria.

– Aleksander, você não entende. Eu não posso sair daqui, não importa o quanto eu queira.

Ele começou a falar muito e eu não estava com paciência para ouvir. Eu precisava esconder aquela fraqueza, não podia sentir medo, estava ficando alarmado. No lugar do medo algo começou a vir, raiva.

– Não seja fraco Vladimir, você pode se virar comigo lá fora, vamos saor daqui, eu posso te ajudar!

Fraco? Eu não sou fraco, esse pirralho não tem ideia do que está falando. Uma pessoa fraca não aguentaria o que eu aguentei. Quanto mais pensava, mais irritado ficava. Aquelas besteiras que ele estava falando eram demais pra mim.

Agarrei-o pelo colarinho da blusa e o derrubei no chão, me colocando por cima. Seu rosto apresentou surpresa, ele parecia não acreditar que aquilo era real. Não lhe dei tempo de reação.

– Cala boca, você não tem a menor do que está falando! Você não é forte! - Gritei.

Eu estava alterado, não controlava nada que saia da minha boca. Estava perdendo o controle de mim mesmo, poderia cometer uma loucura naquele momento. Ele tentou se soltar, chutou o ar, se contorceu, mas logo desistiu, percebendo que sou muito mais forte.

– Você é só uma criança! Você acha que pode lutar contra um vampiro? Pois bem, aqui vai a realidade, não pode! Você só está vivo porque eu deixei. Eu. E você me chama de fraco. Eu salvei sua pele duas vezes, é por sua culpa que eu sou assim! Tudo isso é culpa sua.

Seu rosto se contorceu em culpa. Sabia que o havia machucado. Toquei em seu ponto fraco sem dó nem piedade. Mas eu não o culpava, nunca poderia, amava aquele garoto com todo meu coração. Seus olhos brilharam por um instante e tive certeza de que ele iria chorar. Aproximei meus caninos salientes de seu pescoço, simulando o movimento de uma mordida, tentando esquecer aquela visão que me corroía junto com a raiva.

– Eu poderia ter te matado com a mesma facilidade que se mata um inseto. Você só está aqui agora porque eu quero.

A fome me consumiu por um momento, senti a textura da pele em meus dentes. Mordi seu pescoço levemente deixando apenas um furo. O senti tremer sob mim. Afastei-me rapidamente, não por medo, mas porque mesmo irritado ele ainda era importante para mim. Quando o encarei seu rosto expressava uma ira que nunca achei que veria naquele rapaz. Meu coração estava doendo, mas a raiva era tamanha que eu não sentia aquela dor diretamente.

– Você é um idiota, pirralho. Eu posso quebrar seu pescoço agora mesmo - para exemplificar o que disse, envolvi seu pescoço com as mãos, saí de cima dele e o ergui.

Apertei seu pescoço com mais força vendo-o sufocar e naquele momento senti como se fosse desmoronar. O que eu estava fazendo? O que a raiva fez comigo? Nunca havia me considerado um monstro. Até aquele momento.

– Vá embora - o atirei para longe. - Vá embora desse lugar e nunca mais apareça na minha frente, Aleks.

Ouvi o baque de seu corpo contra o cão, junto com o som de algo se partindo. Não duvidava que ele houvesse quebrado algo, o atirei com força, uma força tão grande que somente um vampiro seria capaz de ter.

Seu rosto estava branco, ele estava com medo e com raiva, estava com medo de mim. E eu me odiei por aquilo. Baixei o rosto para que não visse o quão fragilizado fiquei. Não havia mais volta, eu havia me tornado um monstro para ele. Mas não ligava. Sabia que tinha errado, mas ele também errou por não me considerar. Sentia culpa pelo que disse, mas não ligava se agora ele me via como um monstro, provavelmente era até melhor, afinal, eu sou um monstro. Não posso negar, já matei muitas pessoas, já me alimentei do sangue de inocentes e curiosos que entraram aqui, tudo para manter minha sobrevivência. Ele foi a única pessoa que não me viu como a besta que sou, talvez por ter me conhecido em minha antiga vida, mas agora não importava mais, o antigo eu, o eu humano, já não existia mais. O atual é diferente, eu bebo sangue, tenho um corpo diferente e o principal, eu já não sinto mais carinho por ele como antes. Eu amo Aleksander com todas as minhas forças de uma forma que seriamos levados para a forca se nos pegassem.

O medo que tenho de sair não é só por mim, mas por ele também, e por todas as pessoas. Quem garante que conseguirei me controlar? Consigo ficar sem me alimentar aqui porque fico sozinho, não sofro nenhuma tentação. Estar com Aleksander já me é uma provação, estar rodeado de pessoas será uma tortura. Assim como também há a caça. Todos os vampiros são caçados e mortos, e eu não quero que meu mundo desmorone uma segunda vez. Já cometi um erro ao deixar Aleks se aproximar, não vou sair daqui somente para sentir a vida voltar para mim e perder tudo novamente.

Não percebi quanto tempo se passou, não vi se ele estava chocado, confuso, com raiva, com dor. Só sei que em algum momento ele se foi. O ouvi descer da parede e correr. Fiquei parado ouvindo seus passos até que se tornassem somente um eco em minha lembrança. A lua e as estrelas eram as únicas testemunhas de nossa brigar e da dor que acometia meu coração morto naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Agora também vi como está o capítulo dois, estou indo arrumar aqui direito... Desculpa gente, tem que ter uma paciência enorme comigo (vocês já devem ter percebido).
Novamente, o que não me agradou foi o jeito que coloquei as emoções dos dois aí... Isso é deprimente. Gostaria de saber a opinião de vocês, se me derem essa honra~ (juro que não é sarcasmo).