Félix e Niko - Counting Stars escrita por Look at the stars


Capítulo 9
Capítulo 9




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Ainda era cedo quando Félix despertou, ele podia sentir o corpo do loiro ainda adormecido em seu peito, o aconchegou mais em seus braços aproveitando aquela sensação boa que era está naquela cama com ele. Ficou ali por longos minutos apenas o observando dormir, admirando a beleza daquele rosto que tanto adorava.

Félix estava confuso, seu coração insistia em ir contra sua razão. Estava decidido em fazer o que seu pai queria, mas tudo parecia mais difícil quando se pegava em momentos como aquele, momentos em que apenas olhar para aquele rosto lhe tirava toda a coragem de querer desistir dele.

– Pela primeira vez, Félix Khoury não sabe o que fazer.

As palavras escaparam de sua boca mais altas do que deveria, fazendo com que Niko se mexesse em seus braços. Félix acariciou os cabelos cacheado dele e depositou um beijo em sua testa antes de se levantar cuidadosamente para não acordá-lo.

Félix estava indo em direção á cozinha quando ouviu a campainha tocar.

– E agora? Eu acordo ele ou eu mesmo atendo. - A duvida veio em sua mente.

Félix decidiu por atender a porta, ao abrir se deparou com uma senhora que tinha uma mala grande na mão e algumas sacolas de compras na outra. Pelo o que ele se lembrava da festa quando foi recebido pela família de Niko, aquela era sua mãe. E mesmo que ele não tivesse sido apresentado a ela era notória a semelhança dela e de Niko, os mesmos olhos verdes e os cabelos loiros enrolados.

– Quem é você rapaz? – Essa pergunta ficou no ar sem uma resposta. O moreno ficou sem saber o que dizer, então ela falou enquanto entrava no apartamento. – Ah já sei nem precisa me dizer, você é namorado do meu Nicolas não é mesmo?

– N-não senhora.

– E então? É algum amigo?

– Digamos que sim, eu não sei bem o que sou em relação ao Niko. A senhora quer que eu acorde ele?

– Não, não precisa meu filho... deixa ele dormir mais um pouco. Eu sei o filho que tenho, geralmente quando é acordado cedo ele não está de bom humor. Não sei se meu filho falou de mim para você, então vou me apresentar. - Ela estendeu a mão para ele. - Maria Corona.

– Félix Khoury.

Depois da apresentação ela deixou a mala em um canto, foi direto para a cozinha e Félix a acompanhou. A mãe de Niko olhava cada canto daquele lugar, e reclamava que o filho era descuidado por não deixá-lo mais arrumado.

– Veja só isso! Está cheio de poeira esse lugar, e não tem quase nada nessa geladeira.

Félix se sentou em uma das cadeiras da pequena mesa que havia ali, e observava à senhora analisar cada pedaço daquele espaço.

– Eu não sei como o meu Nicolas vai conseguir se virar sozinho aqui, a irmã dele Nicole deu esse apartamento lindo e ele mal cuida desse lugar. O Marcelo não devia ter expulsado o nosso filho de novo da nossa casa.

– Niko me contou sobre ter sido expulso antes, mas não me falou claramente o porque. Porque ele foi expulso? – A curiosidade de Félix falou mais alto o fazendo perguntar, afinal ele tinha contado tudo sobre sua vida á Niko e sabia tão pouco da dele.

– A primeira vez já faz bastante tempo. – Ela se sentou na cadeira em frente à de Félix.

– Eu sempre quis saber mais sobre o seu filho, mas ele não é o tipo de pessoa que se abre muito sobre a própria vida.

– Ele é assim mesmo, pelo menos passou a ser assim com o tempo que esteve longe de casa.

– Eu queria saber mais sobre ele... entender porque as vezes parece ser tão difícil se aproximar dele emocionalmente.

Ela segurou em sua mão e disse com um sorriso no rosto.

– Você gosta dele não é mesmo?

– Gosto... muito. Eu não vou mentir... ele mexe demais comigo.

– Deu pra perceber, seus olhos brilham quando fala dele. É bom saber que existi alguém que goste assim do meu filho.

– A senhora disse que ele havia sido expulso antes de casa, foi por qual motivo?

– Foi quando nosso filho tinha dezoito anos, meu marido o expulsou de casa. Se eu não estivesse viajando quando tudo isso aconteceu eu teria impedido o pai dele de fazer isso.

Ela sorriu ao se lembrar de como o filho era antes de tudo acontecer.

– Meu Nicolas era um menino apaixonado sabe? Daqueles que se entrega de corpo e alma á um relacionamento... Tudo o que aconteceu não teria acontecido se o pai aceitasse o relacionamento dele com o outro rapaz. Pelo o que Anna me contou, em certo dia meu Nicolas decidiu que ia viver junto com o namorado, isso depois de ter tido uma discussão com o pai. Anna me disse que ele tentou convencer Marcelo a aceitar que o namorado dele vivesse em casa assim com nossa filha mais velha vivia com o dela na época. A meu ver isso não seria uma má ideia, afinal aquela casa é enorme.

– O seu marido não aceitou porque era com outro rapaz não é?

– Sim... ele nunca aceitou o fato do nosso filho ser gay. Na época o Nicolas era um menino tão doce e apaixonado... ele era bom demais. E talvez tenha sofrido muito por ser assim tão bom e por isso tenha mudado tanto. Aconteceu muita coisa com ele, e a maior parte dessas coisas ele nunca contou pra mim. A pessoa com que ele mais se abre é a irmã.

– A senhora que o trouxe de volta para casa?

– Sim, mas isso é uma longa historia.

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– O que você ta fazendo é uma loucura sem tamanho Nicolas. – Anna falava enquanto o irmão colocava todas as suas roupas dentro da mala. – Onde você vai ficar? Se você conversasse com o papai talvez ele entendesse...

– Eu já falei com o papai. Eu pensei que ele iria me apoiar, mas não... tudo o que ele fez foi me olhar daquele jeito. - Niko falava enquanto arrumava a mala e enxugava as lagrimas de seu rosto.

– Pensa comigo, talvez seja difícil pra ele aceitar que o único filho homem é gay.

– Nada justifica o que ele me disse Anna.

– Eu sei... O papai foi duro demais com você. Mas... Pra onde você vai?

– O Eron tinha me feito aquela proposta que antes eu estava na duvida, mas agora eu já me decidi. Eu vou embora com ele, ele me ligou e disse pra eu arrumar as minhas coisas e encontrá-lo na praça.

– Tem certeza que é isso que você quer meu irmão? Pra mim ele não parece ser um cara tão bom assim.

– Eu amo ele... - Afirmou categoricamente.

Niko colocou a última peça de roupa e em seguida fechou a mala. Ele estava pronto para sair quando seu pai chegou em seu quarto falando.

– Então é isso? Vai abandonar tudo por aquele rapaz?

– Eu amo ele pai.

– Para de me dizer isso Nicolas, só de pensar me dar náuseas.

– Porque é tão difícil pro senhor aceitar que eu gosto dele... de verdade.

– Porque você tinha tudo pra se tornar alguém tão bem sucedido como eu, se casar, ter filhos... Mas não, você sempre é o oposto de tudo que eu sonhei para você.

– Se o senhor apoiasse o meu relacionamento com o Eron eu não iria fazer isso.

– Ah então a culpa é minha agora?...

– Pai...

– Eu só vou dizer uma coisa. – Ele o interrompeu.

– O que?

– Quando você sair por aquela porta, não volte mais... Por que eu não vou te aceitar.

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– Eu não entendi o Niko foi embora? – Félix perguntou logo depois de tomar um gole do café que a mãe de Niko havia preparado. – Então ele não foi expulso.

– Ele foi expulso só que não foi nesse momento... Essa ida dele junto com o namorado não durou muito... Na verdade não durou quase nada.

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Já passava das 10 da manhã, Niko andava de um lado para o outro impaciente, Eron já estava quase uma hora atrasado. Seu coração já estava apertado dentro do peito com a possibilidade de Eron ter desistido.

– Não... Ele deve te perdido à hora. O carro dele deve ter quebrado no meio do caminho... Se acalma Nicolas, se acalma.

Era o que o loiro dizia em pensamentos para acalmar o coração e as lagrimas que já estavam querendo rolar pelo seu rosto novamente. Suas pernas já estavam cansadas de tanto ficar ali em pé andando de um lado para o outro, ele se sentou no banco da praça... Mas sabia que não ia aguentar ficar sentado por muito tempo, estava tão nervoso com a demora de Eron. Perto de suas pernas estava à mala que carregava suas coisas.

Eron tinha marcado de encontrá-lo lá naquele lugar onde foi feito o pedido de namoro, era um lugar especial para os dois.

Uma lágrima desceu pela sua face ao pensar novamente na possibilidade de que ele tenha desistido de ir embora com ele.

Foi então que ouviu a voz de Eron chamando pelo seu nome, instintivamente o loiro abriu um sorriso e correu para abraçá-lo.

– Eron porque você demorou tanto? Eu tava começando a achar que você não vinha mais... eu fui um bobo me desculpa. – Eron se soltou do abraço dele e olhou em seu rosto. Niko notou que havia algo errado com o namorado. - Porque você ta com essa cara? Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu...

– O que? – Niko já estava ficando preocupado.

– Eu é que tenho que te pedir desculpas.

– Porque? Olha se for porque você demorou não precisa pedir desculpas por isso. O importante é que você veio...

– Nicolas... eu não vou poder mais ir embora com você.

Niko não estava acreditando nas palavras que Eron havia dito, pensou ter ouvido errado.

– O que?

– Eu não vou mais embora com você...

– Como assim não vai? - Sua visão já estava embaçada pelas lágrimas com a confirmação de que não tinha escutado errado o que ele havia dito.

– Me desculpa meu amor... eu sinto muito, mas meu pai disse coisas horríveis pra mim e eu...

– Seu pai? Você ta desistindo de mim pelas coisas que o seu pai disse?

– Ele disse que faria de tudo para que as coisas dessem errado se eu fosse embora com você. Meu amor eu...

– Não me chama mais assim...

Eron tentou segurar não mão de Niko só que o loiro não deixou, cada vez que Eron tentava se aproximar dele Niko se afastava dando passos para trás.

– Você não sabe o que é ter um pai que não te apóia nas coisas que você quer. - Eron disse isso, fazendo Niko se decepcionar mais ainda com ele.

– É... com certeza eu não sei como é... – Niko dizia com a voz embargada.

– Você vive de sonhos Nicolas... mas a realidade é outra. Eu não tenho esse mundinho perfeito que você tem.

– Quer saber de uma coisa... vai embora.

– Me perdoa... eu não quis dizer isso...

– Sai daqui, sai da minha frente.

Se Niko pudesse gritar, gritaria para ele ir embora... mas sua voz falhava, não tinha forças para fazer isso. Suas forças tinham se esgotado ali... no momento em que percebeu que fez de tudo por ele e ele não tinha coragem de fazer o mesmo. Se pudesse Niko cairia de joelhos para por pra fora toda a dor que estava sentindo... Mas não daria á Eron o gosto de ver o quanto estava destruído por causa dele.

Enquanto o carro dele se distanciava cada vez mais, seu coração foi se despedaçando em pedaços que ele sentia que não poderiam ser consertados. Como ele pode fazer aquilo? Havia largado tudo por ele, e ele simplesmente desistiu do amor dele porque tinha medo de enfrentar o pai.

Niko ficou ali chorando no mesmo banco onde também foi um lugar para um dos dias mais felizes de sua vida. E por falar nisso... Ele olhou para sua mão e viu o anel que Eron havia lhe dado em seu aniversário, prontamente ele tirou o objeto de seu dedo, o colocou no banco, pegou sua mala e saiu. Niko queria fazer o mesmo com a dor que estava em seu coração, mas essa não se podia pegar e simplesmente deixá-la em algum lugar... a dor agora fazia parte dele.

Enquanto caminha pela praça ele se perguntava o que faria agora? Seu pai nunca o aceitaria de volta, ele deixou isso bem claro. Estava perdido, desolado... Não tinha forças nem para continuar andando, decidiu se sentar novamente. De onde estava podia ver o banco onde tinha deixado seu anel.

Niko achava que havia dois tipos de pessoas... aquelas que preferiam sofrer sozinhas e aquelas que precisam desabafar com alguém. Niko se odiava por não ser forte o suficiente para conseguir ficar sem apoio de alguém em momentos como esse. E a única pessoa que lhe veio à mente naquele momento e que ficaria do lado dele era sua irmã Anna.

Quando Anna chegou, ela não falou nada, apenas o deixou chorar em seu ombro. No fundo sua irmã sabia que Eron não era o cara certo para seu irmão, no fundo ela sabia que um dia ele iria decepcioná-lo, só que ela sempre evitava falar isso por ver o quanto ele gostava de Eron.

– Oh meu irmão... – Anna disse quando viu que as lagrimas de Niko haviam cessado um pouco mais. – O que aquele magrelo de olhos verdes fez com você hein?

– Ele desistiu... Desistiu de mim, me largou como se eu não significasse nada pra ele. - Falou desolado.

– Eu sabia... Por isso eu nunca fui com a cara daquele idiota.

– Porque ele fez isso... – Niko se afastou de Anna para olhar nos olhos dela. – Porque ele me fez me sentir tão especial, pra de repente me abandonar assim, como se eu não fosse nada?

– Porque ele é um idiota... Ele não merece você meu irmão... Nunca mereceu.

– Parecia tão verdadeiro quando ele dizia que me amava.

– Era você... você amava demais ele e o seu amor fazia as coisas que ele dizia ser tão verdadeiras.

– Então o idiota sou eu. - Concluiu Niko.

– Não você era o verdadeiro, era o que amava de verdade...

– Foi doloroso perceber que de nós dois... era só eu que amava. – Anna se levantou e pegou a mala de Niko.

– Vem... Vamos pra casa.

– O que?

– Vamos pra casa! Cada pessoa tem uma forma de aliviar as dores do coração... E eu sei que a sua é chorar, prefere ficar aqui em praça pública do que no seu quarto?

– Você ouviu o que o papai disse... Ele não vai me aceitar de volta.

– Ele é seu pai... Às vezes os filhos fazem escolhas erradas, ainda mais quando tem amor envolvido, nosso pai te ama... Claro que vai te aceitar de volta

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– É claro que eu não te aceito de volta aqui Nicolas, a fuga com o seu namoradinho durou tão pouco assim? Você teve uma escolha...

– Pai o senhor não pode mandar ele embora... – Anna tentava convencê-lo a deixar Niko ficar. O loiro apenas optou por ficar em silêncio.

– Anna a conversa é entre eu e seu irmão, nós deixe a sós.

– Se a mamãe estivesse aqui ela não concordaria com isso pai...

– Vá para o seu quarto Anna... Deixa-me falar á sós com o seu irmão.

– Mas pai...

– Vá Anna... agora.

Mesmo contra sua vontade Anna foi, deixando os dois á sós. Lá em cima ela encontrou a irmã.

– Isabela você tem que me ajudar.

– Com o que?

– Papai não quer aceitar nosso irmão aqui de volta e eu...

– Anna é melhor deixar eles dois resolverem isso, você sabe que sempre foi assim a relação deles. Daqui a pouco eles se entendem.

– Eu sei que sempre foi assim e nunca concordei com a forma que o pai trata nosso irmão. Sempre ele pega mais pesado com o Nicolas...E todo mundo aqui nessa casa sabe disso mas ficam calados.

– De toda forma isso não é problema nosso... não quero que sobre pro meu lado. – Isabela foi para o quarto e trancou a porta deixando Anna do lado de fora.

– Isabela você não vai fazer nada mesmo?

– Não é problema meu Anna.

– Se a mamãe ou a Nicole estivessem aqui elas fariam algum coisa pra impedir.

– Isso mesmo, mamãe ou a Nicole... pena que eu não sou uma delas. – A irmão gritou de dentro do quarto.

Enquanto isso no andar de baixo Niko continuava a ouvir as reclamações do pai.

– Olha só pra você Nicolas. – Niko mantinha o olhar para o chão, não tinha coragem de olhar para ele, achava que merecia escutar tudo aquilo. - Você é tão fraco, qualquer coisinha faz você se despedaçar, nem parece meu filho... Vai ficar aí calado sem dizer nada?

– Não tenho muito o que dizer pai... Talvez eu seja isso que o senhor falou. Eu sou um fraco, to longe de ser igual ao grande Marcelo Corona.

– Eu disse que se você voltasse, eu não te aceitaria... E você sabe que eu cumpro as minhas promessas.

– Eu sei.


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