Seu nome é Shine escrita por Cake


Capítulo 2
PS: Meu nome é Shine


Notas iniciais do capítulo

(ALGUNS ERROS CORRIGIDOS).
Desculpa a demora, eu prometi para mim postar a cada dois dias, mas atrasei bonito. :c Espero que gostem do capítulo. Podem achar meio chatinho, mas é que eu tive que dividi-lo em dois para não ficar grande demais. As emoções mesmo estão no outro. Então, sem mais rodeios... Boa leitura. *3*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/573491/chapter/2

Bruno poderia ter terminado sua faculdade de medicina, ter feito intercâmbio, ter viajado por toda a Europa com apenas uma mochila...

Poderia. Era aquela palavra que lhe pesava tanto. Ele tentava ignorar o fato de ter perdido tantos momentos e sonhos por culpa de seu filho. Bruno o amava tanto que seria incapaz de pensar com tamanha malvadeza, mas em alguns momentos aquela culpa era inevitável. O filho também não se conformava por ter “estragado” a vida do pai. Aquele garoto superdotado, mesmo tão novo, já tinha consciência do ocorrido. Culpava-se pelo feito não feito, deprimia-se por ter sido um erro, um acidente. Porém, havia outra coisa que Vítor era capaz: esconder seus sentimentos com um sorriso que demonstrava sua inocência e ingenuidade infantil.

Mesmo assim, pai e filho viviam como uma família normal... Até Shine chegar.

Um dia antes da chegada de Shine.

– É mesmo necessário a Jenna ir com a gente? – questionou Vítor ao pai. Bruno sabia que seu filho não simpatizava com sua nova namorada e tentava fazer de tudo para os dois se darem bem. Porém, quando o santo de algumas pessoas não bate com a de outra, nem Deus pode impedir. Só que não era a primeira vez. Vítor simplesmente não gostava de nenhuma companheira do pai e fazia de tudo para estragar os relacionamentos! Na maioria das vezes, o garoto conseguia, irritando Bruno aos extremos.

No dia seguinte, pai e filho iriam passar o final de semana na casa da avó e logo depois voltariam para passar o Natal com o seu avô, que infelizmente se divorciaram quando Bruno ainda era criança. Para Vítor, Jenna acompanhá-los seria um grande erro!

– Ela vai sim, você gostando ou NÃO! – respondeu Bruno de forma autoritária – Agora, vá pro seu quarto! Você precisa dormir, porque teremos que acordar bem cedo amanhã.

Contrariado, Vítor obedeceu ao pai, correndo em direção ao cômodo com pesados passos. O lugar era pequeno para o padrão americano. Havia uma cama de solteiro colada à parede direita do quarto. Ao lado da cama, havia um criado mudo com apenas um relógio e uma porta retrato de Vítor na casa de sua avó, qual passava todas as suas férias e finais de semana. Logo em frente aos demais móveis, havia uma cômoda com uma TV em cima.

Vítor jogou-se em sua cama com raiva após fechar a porta com força. Ligou a TV, colocando em seu canal preferido. As lágrimas foram inevitáveis. Mesmo aquelas brigas sendo frequentes, ele não gostava e sentia-se muito mal. No fundo, ele queria mesmo era atenção. Sentia-se enciumado com todas essas mulheres tomando seu pai pela maior parte do tempo. Principalmente agora, que Jenna roubaria um final de semana na casa de sua avó, o que deveria ser entre PAI e FILHO, sem garotas intrusas ladras de pai!

– Vítor... – chamou Bruno atrás da porta – Posso entrar?

Sem Vítor responder, Bruno abriu-a, já entrando.

– Esqueceu da nossa regra de não fechar a porta do quarto? – perguntou em um tom tranquilo.

Vítor sentou-se em sua cama olhando para baixo.

– Eu sei que deve ser difícil para você todas essas namoradas indo e vindo, sem nem dar tempo de se despedir. É estranho para você receber uma “tia” legal aqui em casa e depois nunca mais vê-la na vida... Eu só peço desculpas por tudo isso, pelo meu desastre com relacionamentos. Agora, eu só espero que você dê uma chance para a Jenna, ela pode ser legal mesmo sendo um pouco séria.

– Não gosto de pessoas sérias.

– Por favor, eu só te peço que faça esse final de semana inesquecível para ela e que não estrague tudo como na última vez! Juro para você que pode ser divertido! Eu já conversei com a Jenna sobre você ter uma “aversão às namoradas do pai” e ela respondeu que vocês dois serão ótimos amigos!

Ele não respondeu. Apenas olhou para o chão visivelmente emburrado.

– Ela comprou um presente, mas eu só vou deixar ela te dar se você se comportar direitinho, de acordo com as nossas regras de finais de semana com minhas namoradas.

Na imaginação de Vítor, ele o imaginou com seu pai em uma luta no Street Fighter, até que o seu personagem cai no chão e uma frase com letras bem grandes aparece na tela: BRUNO WINS!

– Ok, eu posso tentar... – respondeu Vítor convencido – Mas só por causa do presente!

Bruno sorriu por ter conseguido, depois de tanta luta, o apoio do filho.

– Valeu, filhão! Agora trate de dormir! – Bruno saiu aliviado do quarto do filho em direção ao closet do apartamento (que estranhamente ficava fora dos quartos) para terminar a arrumação de malas.

...

O dia amanheceu ensolarado, sem uma nuvem sequer no céu para a alegria de Bruno. O dia perfeito para ficar o dia inteiro relaxando em uma casa de frente para a praia, principalmente se você estiver na companhia uma mulher como Jenna. Mesmo séria demais para Bruno, ela atenciosa e muito...

– Pai! – gritou Vítor o sacudindo enquanto ainda dormia – Que horas são? A gente tem que viajar!

– Ainda são seis horas, Vítor... – comentou extremamente sonolento.

O garoto bufou irritado.

– Pai, acorda logo! – gritou ainda mais alto, sem obter resposta – Ta bom, vou assistir TV.

Quando o garoto já estava quase saindo do quarto, o pai respondeu:

– Ok, ok. Eu já estou levantando...

E assim fez. Bruno correu para a cozinha preparar dois copos de chocolate quente acompanhados de misto-quente enquanto Vítor jogava videogame no seu quarto. Tentava esconder do garoto a ansiedade e o medo que sentia com a proximidade da viagem. Ele ainda não havia apresentado Jenna para sua mãe e algo dentro dele dizia que ela não simpatizaria com a garota. Motivos não faltavam: ela era séria, um pouco esnobe, calada... “O que importa é que eu a amo.” Insistia Bruno aos seus próprios pensamentos “Ela pode ter o estereotipo de riquinha esnobe, mas ela...” ele nunca conseguia terminar essa linha de pensamento.

– Vítor! – gritou Bruno da cozinha. Vítor, por sua vez, desligou o videogame e correu para o local ansioso. Os dois terminaram o café com uma incrível rapidez, provavelmente causada pelo ânimo e ansiedade. Trocaram de roupa, lavaram o rosto, escovaram os dentes e finalmente se dirigiram para o carro que estava na garagem do prédio.

– Onde é que a sua tão amada Jenna mora? – perguntou o garoto com uma dose de ironia. Eles já tinham andado há cinco minutos e nada de pararem na casa da mulher.

Bruno bufou visivelmente irritando encarando Vítor pelo retrovisor. Após passarem por alguns quarteirões, Bruno parou o carro em frente a uma enorme casa, tão grande que Vítor deixou até escapar um “Oh!” de deslumbramento.

Não era uma casa comum, era quase uma mansão. Cheia de telhados triangulares e infestada de janelas, além das duas varandas em sua fachada. Parecia algo que se vê em filmes ou naquele bairro mais rico de uma cidade qualquer. Porém, o que mais chamava a atenção era o vasto gramado em frente à casa: bem aparado e dando espaço para a pista do carro e a entrada. Ainda havia um jardim, de praxe, ao lado da entrada, contornando a parte da frente do local. Eram arbustos redondinhos, um ao lado do outro. Se só a fachada já os chocava, eles não conseguiam nem imaginar como seriam os fundos, já que só avistavam algumas copas de árvores.

Ao longe, Bruno conseguiu avistar Jenna saindo da porta de entrada se despedindo de um homem de meia idade. Ao ver o rapaz, acenou com um sorriso no rosto. A garota carregava uma grande mala acompanhada de uma bolsa de grife.

– Bruno, meu amor! – cumprimentou Jenna ao se aproximar do carro – Então quer dizer que o pirralho não veio?

Aparentemente envergonhado, Bruno fez um sinal com a cabeça apontando para Vítor, que apenas sorriu falsamente. O desapontamento de Jenna foi notável, mas a jovem conseguiu esconde-lo logo depois com um falso sorriso.

– Só estou esperando vocês se beijarem. – Vítor comentou – Vai Andem logo!

Jenna lançou um olhar mortal na direção de Vítor e logo depois beijou Bruno, que abriu a porta do lado para Jenna sem nem mesmo sair do carro. Jenna entrou desapontada.

– Meu pai está observando a gente e deve ter percebido que essa sua ação não foi nem um pouco cavalheira. Custava ter saído do carro?

O rapaz e o menino se entreolharam confusos. Bruno pigarreou.

– Desculpa, “madame” – ironizou – Vou tentar ser mais cavalheiro. Algum dia.

Vítor riu, assim ganhando mais um olhar mortal. Bruno acelerou o carro e eles finalmente saíram da fachada da mansão da “princesa” chamada Jenna.

Uma hora apenas se passou, mas pareceu uma eternidade. Jenna todavia resmungava sobre algo específico. As conversas eram monótonas, sem conteúdo, o que deixou o rapaz e o garoto com sono.

– Bruno, para aqui. Eu estou passando mal. – avisou Jenna – Há séculos eu não viajo de carro. Aliás, para que andar horas de carro se é só pegar um avião?

– Princesa Jenna, a gente só andou uma hora. – riu Vítor.

– Dane-se, garoto! Eu não falei com você.

Contrariado, Bruno obedeceu a ordem como um motorista particular. Parou no estacionamento da única loja de conveniência do local para a namorada relaxar.

Ficaram mais de meia hora no local. Jenna resolveu passar na loja de suvenires comprar tralhas desnecessárias para a vida, além de ter adquirido uma nova bolsa para a sua vasta coleção. Já no carro, Jenna se deu insatisfeita com a loja, por só ter produtos de “baixa qualidade” que ela no caso comprou.

Depois de mais alguns minutos andando, a madame quis parar novamente. Dessa vez, era um café bem arrumado na beira da estrada. Bruno satisfez sua vontade e parou. Era uma pequena casinha em estilo colonial. As poucas pessoas que frequentavam o lugar no momento estavam bem vestidas e aparentavam ser de uma alta classe. Bem atrás, havia um varandão com vista para um grande lago atrás do café. Eles resolveram sentar em uma mesa que ficava naquele local e Bruno teve que admitir que daquela vez, Jenna escolhera muito bem a parada.

Enquanto observava a paisagem, Bruno teve a leve impressão de ver um corpo em meio às plantas rasteiras do local. Ignorou achando que fora apenas uma simples impressão. Após seu café chegar, o bebeu enquanto conversava coisas monótonas com Jenna e voltou para a observar o lago. Novamente, teve a mesma impressão que vira um corpo. Assustado, começou a acreditar mesmo na ideia.

Enquanto Jenna se arrumava no banheiro, pediu para Vítor ficar com a chave do carro e depois dá-la para sua namorada, para os dois o esperarem enquanto fazia uma certa “coisa”. Desceu algumas escadas que levavam para o lago, onde haviam alguns turistas tirando fotos. Procurou entre as plantas rasteiras pelo corpo que havia visto. Já quase desistindo, finalmente avistou um coturno preto um pouco desgastado jogado na beira do lago. Ao longe, avistou outro par. Ele estava em frente a uma árvore de altura mediana. Correu até o local e para sua decepção, sem nenhum sinal de qualquer “corpo”.

– Bruno, o que você ta fazen... Pera, aquilo é um cabelo laranja? – Jenna do nada apareceu atrás do rapaz, o assustando.

– Hã, cabelo laranja?

– Alí, ô bocó!

Jenna se aproximou da árvore com o intuito de achar o tal cabelo laranja. Bruno a seguiu com ressalvas.

– Meu Deus, isso é um corpo! – gritou Jenna assustada – Temos que ligar para a polícia!

Bruno se aproximou tendo uma grande surpresa. Era mesmo um corpo! Um corpo de uma linda jovem que aparentava possuir mais ou menos dezenove anos. Vestia uma blusa branca colada com uma calça jeans preta. O simples rapaz realmente encantou-se com tamanha beleza, admirando, embasbacado, a jovem, sem nem ao menos perceber o tempo passar.

– Oh meu Deus, ela pode estar morta! – gritou Jenna – O que faremos? Socorro!

O rapaz se aproximou do corpo, ajoelhando-se ao seu lado. Observando-o bem, obteve uma conclusão. Ela estava respirando!

– Está viva, Jenna! – comemorou Bruno – A garota está viva!

Sem ao nem ao menos demonstrar surpresa, Jenna sorriu e correu atrás de Vítor, fingindo-se preocupada. Bruno não a notou. Estava preocupado analisando a jovem e por isso, não pôde deixar de notar um papel amassado em sua mão. Com cuidado, a abriu, pegando-o. Desamassou a folha, percebendo que havia algumas frases escritas com uma letra garrancho. Leu-as com atenção.

Não faça-me recuperar a memória e estarei segura. Minha nova eu saberá o que fazer. Só te peço, por favor, para levar-me à um lugar seguro. Não chame a polícia e não leve-me para um hospital, confie em mim. Será melhor para todos. PS: Meu nome é Shine.”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Devidos créditos para Hakura Tsubasa, pela descrição da casa de Jenna. Espero que tenham curtido esse capítulo. Pode ter ficado meio chatinho, mas as grandes emoções estão vindo no próximo, viram? ;-)