Just Listen escrita por Lenora


Capítulo 14
Capítulo 12 - Apodrecendo


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá!
Quero, primeiramente, dar as boas-vindas também aos novos leitores! Viva aos 91 acompanhamentos o/
Mas também quero pedir desculpas pela demora. Não vai ter jeito, as atualizações vão continuar nesse mesmo ritmo, espero que entendam e não desanimem por isso.
E claro, obrigada a todos que comentaram no último capítulo. Adorei saber o que vocês estão pensando, depois conversaremos mais lá nos comentários.
Boa leitura!



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Quando abriu os olhos, estes arderam pela claridade que invadia o quarto.

Claro que Sasuke já estava acordado. Claro que o Senhor-mal-humorado-Uchiha não havia acordado o amigo que sempre o ajudava.

Maldito!

E olha que o melhor amigo ingrato nem ao menos o agradeceu por ter jogado a sujeira para baixo do tapete, quando bem podia jogá-la no ventilador.

Ah, queria ver o que o Todo Poderoso faria se Karin, a pobre e inocente namorada, soubesse que o seu namoradinho perfeito tinha outros pensamentos para com a garota cor-de-rosa.

Mas não, o Uzumaki bem sabia que ia causar uma balbúrdia, e achou melhor deixar que os envolvidos se resolvessem. Ele é que não ia se meter naquela confusão toda.

Porém ele teria que conversar sim com Sakura e Sasuke. O que diabos aqueles dois pensavam? Ainda bem que ele podia contar com reforços; nunca teria descoberto nada se não fosse por Mikoto.

O que o fazia pensar no motivo da mãe de Sasuke de não ter tomado alguma providência. Era certo que a senhora Uchiha não ia muito com a cara de Karin e sempre implicou com o namoro dos dois, mas achava que a mulher já tinha se conformado com isso, já que o casal estava junto há algum tempo.

Bem, isso não era problema seu!

Impulsionou-se para cima e se sentou no colchão enquanto coçava os olhos e bocejava. Estava com uma preguiça dos infernos!

A passos pequenos foi até o banheiro que o Uchiha dividia com o irmão mais velho, a fim de esvaziar sua bexiga. Após passar uma água no rosto, saiu do quarto, seguindo o corredor até as escadas e desceu os degraus. Sua barriga roncou de fome.

— Você está horrível! — cumprimentou Karin, que estava sentada ao lado de Sasuke na mesa.

— Bom dia pra você também, priminha! — respondeu. Pelo menos tia Mikoto havia comprado suas amadas bolachas de baunilha — Como passou a noite? Eu dormi igual a um bebê, obrigado por perguntar.

Karin riu maldosa ao observar o primo se acomodar ao lado de Sakura.

— Acho que nenhum bebê tem a capacidade de fazer tanto barulho quanto você.

— Achei que fosse surda — devolveu irritado. Karin estava de volta com aquele seu humor ácido, completamente insuportável.

— Achei que tivesse educação à mesa — respondeu ao observá-lo tentar rasgar o pequeno pacote com os dentes — Parece um troglodita! — Nunca vira uma pessoa com tamanha dificuldade para fazer essa simples tarefa. Desconfiava que a tia havia deixado o loiro cair quando bebê; não era possível uma pessoa ser como Naruto.

A ruiva olhou para o lado para flagrar Sasuke observando Naruto com toda sua atenção e, ao se voltar para frente, percebeu o mesmo olhar em Sakura. Mas o quê...?!

— MAS QUE PORRA É ESSA?!! — gritou o loiro que cuspia farelos do biscoito para depois colocar a língua para fora e raspá-la com a lateral de um garfo qualquer.

— Sasuke disse que é economia de água e de tempo — respondeu Sakura entre risos, quase se engasgando com seu suco.

Tentando entender o que estava acontecendo, Karin viu um sorriso mínimo em Sasuke e ficou encantada com o rosto do namorado.

Como pudera esquecer o quão lindo Sasuke era?

Quando parou para pensar, percebeu que já fazia uma eternidade desde que eles tinham ficado a sós. Não pudera ao menos se lembrar quando fora a última vez que trocaram um beijo – mesmo essas trocas de carinhos não serem tão comuns no relacionamento.

Ao colocar seu olhos em Sakura, pôde perceber que a garota estava feliz. Não radiante, pois mesmo gargalhando da reação do loiro, Karin tinha a impressão de que Sakura carregava um peso em seus ombros, mas neste momento era como se ela estivesse, de certa forma, mais leve.

Ao ver um movimento de mãos ao seu lado, a Uzumaki virou-se novamente para o moreno, para que pudesse responder aquilo que ele dizia, porém a atenção dele não estava sobre si e sim na outra garota.

Estranhou o fato de Sasuke sinalizar para ela – já que a garota não conhecia a linguagem de sinais – e também pelos sinais estarem claramente errados. Porém surpreendeu-se ainda mais quando Sakura concordou rindo ainda mais.

Naruto, ao ver a cara de desconfiada de Karin ao olhar Sasuke e Sakura conversarem, parou de amaldiçoar o Uchiha pela ideia idiota que tivera e começou a ficar apreensivo.

Uma Karin desconfiada não era bom. Nada bom. Ela era extremamente histérica quando queria.

Chutou o Uchiha por baixo da mesa e, quando teve a atenção deste sobre si, olhou disfarçadamente para Karin, que já exibia sua feição de poucos amigos.

Mikoto, ao perceber um silêncio começar a se instalar, levantou-se e pegou a louça, indo para a pia.

— Acho que está na hora de vocês, garotos — sorriu a morena — Sakura, já que você é a única com o uniforme, poderia me ajudar? — a rosada assentiu e foi pegar os utensílios sujos enquanto os outros três subiam as escadas para se trocarem.

Quando a garota terminou de colocar toda a louça na pia, onde Mikoto indicara, apressou-se para sair da cozinha.

— Vou esperá-los lá fora — desde o deslise de sábado, Sakura sentia uma vergonha tremenda de encarar Mikoto.

A mulher nem teve tempo de argumentar, pois a garota já havia fugido. Ao observar a louça toda sobre a pia, percebeu que o prato de Sakura estava sem uma única migalha.

Nada.

Completamente limpo.

Balançou a cabeça para ambos os lados e suspirou.

Era horrível ver aquilo outra vez.







— Você ainda diz eu sou tapado? — apontou para si mesmo, nervoso — Vai me dizer o que está acontecendo ou vou ter que continuar perguntando para a sua mãe?

Nada”. Sinalizou de volta, completamente indiferente ao ataque do amigo.

— Vai dizer que nada está acontecendo? Sério mesmo? — Sasuke escorou-se na porta, balançando a cabeça para ambos os lados — Fala sério! Qual foi a última vez que ficou com a Karin?

“Ontem.”

— Você foi ver Sakura ontem, mentiroso — o loiro estreitou os olhos e andou até o amigo — Não sei o que se passa na sua cabeça, mas a Karin é minha prima e Sakura é como uma irmã pra mim, então espero que não faça alguma idiotice.

“Acabou?”

— Eu nunca te entendi! — Passou as mãos pelos fios loiros, bagunçando-os ainda mais — Primeiro disse que não gostava da Karin e então, do nada, ela aparece dizendo que estavam namorando — Sasuke apenas ergueu uma sobrancelha em questionamento. Naruto nunca fora protetor com a prima — Você nunca gostou dela, pelo menos você nunca mostrou o contrário — os gestos do Uzumaki eram duros, expressando sua raiva através de seus movimentos curtos — Então por que deixou tudo chegar tão longe?

“Somos iguais” Deu de ombros “Eu conhecer Karin muito tempo” Quando o Uchiha se moveu para ir embora, o amigo segurou-o pelo braço, chamando a atenção do rapaz.

— Você gosta da Sakura? — Sasuke apenas olhou para o loiro e, depois de algum tempo, fez um leve movimento com a cabeça.

“Eu estar com Karin”

— Mas...

“Eu e Karin ser igual” Interrompeu o Uzumaki “Sakura nunca entender eu. Sakura não ser surda”

— Está dizendo que você nunca...

“Escola” Sinalizou rapidamente, desvencilhando-se de Naruto para descer rapidamente as escadas.

Encontrou Karin e Sakura encostadas no carro negro conversando e, pela postura da Uzumaki, percebeu que a Haruno não havia comentado nada sobre seu pequeno deslize. Sentiu-se aliviado por isso.

Sabia que o amigo estava certo. Ele não gostava de Karin, mas ela era uma companhia relativamente agradável, uma amiga de vários anos, e as coisas com ela eram fáceis. Lembrava-se do que a mãe dizia quando soube do suposto namoro.

São apenas hormônios. Sasuke e Karin são diferentes demais.

E realmente eram, porém eram semelhantes também, e, para ele, isso bastava.

Sasuke acolheu a menina, pois, por ela também ser surda, ele entendia algumas de suas dificuldades. Ela entendia suas limitações e nunca se importou com isso – diferente de Naruto, que mesmo dizendo não se importar com a ausência da audição do amigo, ele não o entendia completamente.

Karin era confortável.

E ele não precisava de mais complicações além daquelas que já tinha.

Karin percebeu estar sendo observada e sorriu para ele, vindo até a sua frente em poucos passos para circular seu pescoço e beijá-lo nos lábios rapidamente.

Por que ele se sentia incomodado? Por que a primeira coisa que fez depois de Karin soltá-lo foi olhar, disfarçadamente, Sakura?

Não sabia; porém não encontrou a garota olhando para ele ou para os próprios pés, embaraçada com a situação. Na verdade, ela sorria para Naruto, que falava qualquer bobagem.

Karin tocou sua mão o puxando para frente enquanto sinalizava com a outra.

— Vamos a pé hoje — sorriu enquanto o puxava.

Quando os dois alcançaram Naruto – que já estava com o braço pendurado nos ombros de Sakura – a ruiva o soltou, passando a apenas ficar perto, porém sem tocá-lo de fato.

E foi assim durante todo o trajeto.

Com Sasuke silencioso.





Suigetsu estava observando a ruiva que mordia a ponta do lápis alheia a tudo a sua volta, incluindo a aula de história. Sabia que, seja lá o que estava pensando, não era de seu agrado, pois seu cenho estava franzido e seus olhos sérios.



Karin estava preocupada.

Sasuke não a olhava da mesma forma que fazia com Sakura. Ele quase não ria quando os dois estavam a sós, na verdade eles quase não ficavam sozinhos mais. E, de alguma forma, ela não sentia da mesma forma que reagiria há tempos atrás.

Não sentia ciúmes.

Não sentia a falta de Sasuke quando não estavam perto um do outro.

Claro que ela ainda gostava de sua companhia. Sasuke sempre fora aquele que a protegera na infância, principalmente na escola, e sabia que fora por isso que se apaixonara pelo garoto, mas agora aquela euforia de ser a namorada do Uchiha estava se apagando.

O fato de ele não gostar dela com a mesma intensidade que ela o fazia já não a incomodava mais. Aquilo tudo já estava desmanchando, apodrecendo, e ela não sabia o que fazer.

Foi tirada de seu transe pela vibração de seu celular.

Suigetsu: Olha só como ela apoia esse rosto na mão

Suigetsu: Como eu queria ser uma luva agr

Revirou os olhos diante da mensagem estúpida. Bem, era algo a se esperar de Suigetsu.

Karin: O que vC quer?

Suigetsu: Um bj por seus pensamentos

Karin: Ñ por isso

A Ruiva olhou para trás, onde o garoto loiro estava sentado de uma forma desengonçada na cadeira – a professora deve ter desistido de tentar corrigi-lo –; o garoto digitou algo em sua tela e depois ergueu o olhar, encontrando as gemas castanhas voltadas para si.

Ele então mandou-lhe e um beijo e sorriu de canto ao ver a ruiva voltar-se rapidamente para a frente.

Suigetsu: Sempre soube que Vc tinha uma queda por mim

Karin: E o que te faz pensar em um absurdo desse?

Suigetsu: Vc fica me olhando durante toda a aula

Karin: Vc tem um ego tão enorme, q qnd morrer terão que fzr duas covas

Suigetsu: Ñ é só meu ego q é grande ruiva

Suigetsu: Fica sossegada ;)

Karin não conseguiu controlar a risada que lhe subiu à boca. O garoto era simplesmente ridículo.

Karin: Claro q sim

Suigetsu: Olha só! Isso é um sorriso?

Suigetsu: Acho que mereço 2 Bjs agora

Suigetsu: Seu sorriso é bonito.

Suigetsu: Deveria fazer mais isso ao invés de me xingar o tempo td

Suigetsu: O que te aflige?

Quando Karin ia mandar alguma resposta mal–humorada, as pessoas ao redor começaram a se levantar; estranhando essa atitude, Karin olhou ao redor e percebeu a luz vermelha piscante na parede.

A aula acabara e ela não fazia a menor ideia do conteúdo que a professora passara.

Levantou-se e pegou a bolsa, transpassando a alça por um de seus ombros, para deixá-la cair ao lado do quadril e, ao virar-se, bateu seu rosto em uma superfície sólida o bastante para fazê-la massagear o nariz após a colisão.

— Deixe-me adivinhar — disse o garoto desviando do caminho da ruiva, que passou por ele xingando baixo — Percebeu que seu namorado é um mala pulador de cerca e que agora está caindo de amores por mim.

Ela o encarou dos pés à cabeça, negando.

— Você se acha, não é? — arrumou seus óculos, colocando-os de volta ao seu lugar.

— Vai dizer que estou mentindo? — encarou-a enquanto mantinha uma pose sedutora – falha, por sinal. Karin cruzou os braços.

— Está bastante falante para quem estava fazendo de conta que eu não existia — desviou-se dele, contornando-o e seguiu pelo corredor lotado de alunos, porém seu braço foi segurado e ela foi impedida de avançar — Qual é o seu problema?!

— O que queria conversar comigo ontem? — perguntou sério.

— Ah! Agora você quer me ouvir? — arrancou os dedos de perto de si e tentou andar novamente, porém Suigetsu segurou sua mão e saiu arrastando-a no sentido contrário da cantina — Me solta! Qual é o seu problema? Onde está indo? A cantina fica para o outro lado!

Porém seus gritos e tentativas de se soltar foram ignoradas pelo garoto, que só parou quando chegaram ao estacionamento, em frente a sua Harley. Suigetsu subiu na moto, girou a chave, para logo depois tomar o capacete pendurado em um dos espelhos e oferecer-lhe.

Karin ficou encarando a mão estendida com uma sobrancelha arqueada.

— Não tenho nem ideia do que planeja, mas eu não vou subir nesse negócio ou ir a algum lugar com você — seus braços estavam novamente cruzados e seus olhos estavam nos azuis do garoto, que ainda mantinha a mão em sua direção — Pode esquecer.

— Vamos conversar, tá legal? — girou as íris azuis em descontentamento — Você parece um pouco abatida, vou dar um jeito nisso.

— E o que te faz pensar que eu quero que você faça alguma coisa por mim?

— Você ainda não foi embora — um sorriso malicioso brotou em seus lábios. Karin bufou e virou-se, indo em direção ao prédio, porém, em questão de segundos, o platinado estava de volta, em sua frente, barrando o caminho mais uma vez — Espera! Eu só estava brincando. Para de ser tão rabugenta, Ruiva!

— Quantas milhões de vezes eu vou ter que repetir? Eu tenho namorado! — ergueu as mãos — Para de ser tão insistente! Não vai rolar, entendeu?

— Se seu namoro é tão perfeito, então por que veio me procurar ontem? — antes que a garota pudesse pensar em uma resposta, Suigetsu continuava — Quando eu me convenço de parar de correr atrás, você vem até mim. O que é que você quer, hein, porra?! Porque eu estou cansado de correr atrás de alguém que não sabe o que quer.

Karin não esperava a raiva do platinado sendo jogada sobre si. Não tinha uma resposta e nem queria respondê-lo. Ela nem ao menos sabia o que queria com ele ontem, só não queria que aquela situação se prolongasse. De alguma forma, tê-lo por perto era bom, talvez um pouco perturbador, mas bom.

Suigetsu respirou fundo, percebendo o quão nervoso estava, e fechou os olhos, encostando sua testa na da garota.

— Desculpa — disse envergonhado. Não era de seu feitio se descontrolar dessa forma – e muito menos se desculpar — Suba na moto, não vou tocar em você de novo, eu prometo — a ruiva olhou para os olhos fechados dele, sentindo seu coração se descontrolar dentro do peito.

— Talvez eu queira que você faça algo — confessou ela, fazendo-o arregalar os olhos rapidamente e encará-la, completamente paralisado — Você está certo, eu não sei o que eu quero — a Uzumaki impulsionou-se para trás, saindo de perto do garoto.

— Karin! — chamou olhando a garota se afastar.

— Não — ela balançou a cabeça —, isso não está certo.





— Você não ouviu absolutamente nada do que eu disse agora, não é?! — resmungou Ino balançando a mão em frente aos olhos verdes. A outra apenas suspirou, desviando o olhar para a loira barulhenta.

— Você estava reclamando do seu castigo, como está fazendo desde ontem — deu de ombros.

— Não, você não está entendendo!— comentou ela, jogando as mãos para cima teatralmente.

— Talvez seja você — respondeu seca.

— Não, tenho certeza que não — Ino ergueu ambos os braços — O cara é cego! Estou sendo explorada pelo ditador Kakashi, que me transformou em uma babá de um cara cego! Por que ele não se contenta com aquele cachorro monstro?! Vocês realmente não tem noção de... — porém não terminou a frase, pois Sakura ergueu-se prontamente, sussurrando qualquer coisa antes de sair da mesa.

Ino ficou encarando a garota que se afastava correndo e, surpresa, encarou Hinata que olhava a cena, igualmente como Tenten.

— O que foi que eu disse? — perguntou para as amigas, recebendo um levantar de ombros de Hinata.

— Talvez Sakura esteja com problemas que não quer falar.

— Sakura não tem problemas, quer dizer, ela se afastou da família que era tão sufocante pra ela e tal, não tem motivo para agir dessa forma — rebateu a loira com o cenho franzido. A amiga rosada estava agindo da maneira que sempre fora, talvez só um pouco mais arisca e quieta que o normal.

— Como você poderia saber? — respondeu Tenten de maneira ácida — Tudo o que você percebe é o quão ruim está sendo pagar um castigo injustamente, mas nós sabemos que esse não é o real problema, não é mesmo?

— Ah, então qual é? — perguntou a Yamanaka de forma irônica. Tenten estava com um humor péssimo desde a hora que abrira os olhos, na opinião da loira.

— Você agora já não é mais aquela figura que a Sakura se inspira, porque tudo o que você deseja é que as pessoas invejem você — encarou a loira duramente, enquanto Hinata estralava os dedos em nervoso, não sabendo como acabar com a discussão — O mundo não gira ao seu redor, Ino! E sabe o porquê esse castigo ser tão ruim? Não é porque você tem que ficar na escola durante mais tempo, e sim porque você tem que ficar com um cara que não se importa com aparências, quando na maior parte das situações é só isso que você tem para oferecer! Quando as pessoas diziam que você só era um rostinho bonito, talvez elas tivessem razão.

E com isso se levantou, deixando a loira e a morena para trás, surpresas com o que haviam ouvido. Tenten respirou fundo, talvez tivesse sido dura demais com a amiga por estar nervosa consigo mesma.

Ainda sentia a raiva entalada na garganta por Neji tê-la deixado esperando feito uma garotinha tola e ansiosa durante horas por ele.



— Eu só tenho minha imagem para oferecer? — encarou Hinata inquieta.

— Ela só está um pouco nervosa — esclareceu, tentando não piorar – mais – a situação — Mas talvez ela esteja certa em um ponto.

— Em qual parte exatamente? — perguntou desgostosa com a última fala da menor — Na que ela fala que eu sou uma vaca egoísta e vaidosa ou...

— Ino, foco! — chamou Hinata — Sakura está com problemas, e se tem alguém com quem ela pode falar, esse alguém é você.

Ino respirou fundo e levantou-se, olhando para Hinata uma última vez antes de seguir os passos que a amiga fizera anteriormente.

— Vá falar com Tenten. Sei que ela foi uma tremenda vaca comigo agora, mas eu não sou a pessoa que ela acabou de descrever — Hinata sorriu antes de se levantar.

— Eu sei que não é.





Sakura estava sentada na tampa da privada do banheiro masculino batendo os pés no chão incessantemente. Não queria ninguém lhe sufocando – e muito menos Ino, como sabia que ela bem faria.

Talvez ela não venha.

Talvez esteja cansada de lidar com alguém como você.

Assim como os outros fizeram.

Não pensou muito bem antes de levantar e sair do refeitório, mas a interação de Sasuke e Karin fizera com que a pasta a qual havia se tornado sua salada de frutas retornasse à boca. Sentia-se suar frio enquanto as mãos voltavam a tremer incontrolavelmente; percebia sua pressão despencar.

Virou-se mais uma vez e levantou a tampa para voltar a expelir todo o líquido que vinha tomando para saciar seu estômago exigente. E, não se dando por satisfeita, colocou um dos dedos na boca, indo o mais fundo que podia, para colocar o que sobrara para fora.

Quando se pôs de pé novamente, apoiou-se na parede até tudo parar de rodar e só então abriu a porta, dando de cara com um garoto ruivo que lavava as mãos na pia. Seus olhos verdes contornados por um forte traçado de lápis preto encontraram com os seus através do espelho e ele arqueou uma sobrancelha.

Era o seu parceiro de bebedeira de alguns tempos para trás.

— Por que será que nunca te encontro em situações normais? — perguntou a ela enquanto secava a pele molhada nas calças. Ela deu de ombros e abriu a torneira pra jogar água no rosto e amenizar o gosto ruim da boca — Vai ter uma festa daqui a alguns dias, posso te colocar dentro, se estiver interessada.

— Álcool é a última coisa que eu preciso — respondeu seca. Ele a olhou de cima a baixo, balançando a cabeça enquanto estalava a língua.

— Não está parecendo — encaminhou-se para a saída, porém virou para trás antes de sair — Você tem meu número, caso mude de ideia.

Sakura não respondeu, apenas assentiu, mesmo sabendo que ele já não a enxergava mais. Passou a mão molhada em sua nuca, mantendo-a lá, enquanto arriscava erguer o olhar para seu reflexo.

Ainda era a mesma de sempre. Extremamente longe de atingir seu objetivo.

Deslocou as esferas verdes para a porta e se encaminhou para lá, deixando para trás a figura enorme trancafiada na superfície de vidro, feito o monstro que era.





No caminho de volta, Naruto vinha tagarelando sobre suas notas estarem subindo, sobre o elogio que recebera do professor de geografia e mais alguma coisa que ela não se preocupou em prestar atenção.

Seus olhos estavam nas mãos entrelaçadas a sua frente. No polegar com a unha pintada de vermelho que dançava sobre a pele alva, fazendo desenhos sem forma.

Ela não gostava da forma que eles se olhavam. Ela não gostava da forma com que eles mantinham uma conversa privada através dos gestos que formavam com a única mão livre. E com certeza não gostou de quando Karin se ergueu para beijar a maçã do rosto de Sasuke.

Ela também não gostava da forma com que, ao observar todas essas coisas, sentia todos os momentos bons que tivera nos últimos dias se esvaíssem completamente.

Desfazendo-se feito papel na água.

Claro que sabia que as coisas não mudariam – ela mesma optou por isso –, ela e Sasuke ainda seriam amigos, então nada daquilo que sentia fazia sentido. Aquele incômodo não deveria existir.

Mas existia. Sentia uma maldita fagulha de esperança dentro de si – e isso era a pior coisa. Ter esperança poderia ser extremamente destruidor, porque ela sabia que não seria nem um pouco agradável ouvir uma negativa, por mais que estivesse esperando por uma.

— Estou sentindo um cheiro desagradável com o braço e desceu o rosto até seu pescoço para inspirar fortemente, lhe causando leves cócegas — Aqui não é — desceu o nariz até o colo da garota, que o acertou um tapa, fazendo o loiro rir — Aqui também não. A propósito, adorei o perfume.

— Quer emprestado? — sorriu para o amigo, sentindo o peso em seus ombros diminuir um pouco – e não era porque Naruto havia retirado os braços de si.

— Mal vejo a hora de experimentar — piscou um de seus olhos. Ele então subiu novamente até sua testa para deixar um leve beijo prosseguiu mais, até o alto de sua cabeça — Achei! Sinto cheiro de queimado, seus neurônios estão cometendo um suicídio coletivo aí dentro de tanto que você pensa, sua cabecinha vai explodir desse jeito — Naruto foi para suas costas, apertando os ombros em uma massagem desajeitada e um pouco pesada demais — Vamos, queixo para cima! Relaxe!

— Está me machucando — rebateu entre risos, tentando se livrar do agarre dos dedos longos.

— Sabe do que você precisa? — perguntou sem esperar por uma resposta; Sakura sabia que não necessitava daquilo que ela a ofereceria — Relaxar sem preocupações! — ela arqueou a sobrancelha em dúvida.

— E como pretende fazer isso, gênio?

— Aproveitar que os ratos não estão em casa — respondeu balançando um pequeno molho de chaves preso a um chaveiro de sapo, aquilo pertencia à casa dos Uzumaki.

— Acho que no ditado são os gatos que saem — corrigiu-o empurrando um dedo em sua testa.

— Que seja, vamos logo! — Naruto então pegou em sua mão e a arrastou pela rua, se aproximando do casal que andava na frente.

— Por que será que tenho a impressão de que você não está exatamente preocupado comigo nesse momento? — Sakura riu da bobeira do amigo. Era bom estar em sua presença; ele era agradavelmente radiante em meio a grande bagunça escura e fétida a qual fora colocada.

Porém, quando seus olhos encontram os negros a sua frente, seu sorriso fugiu do rosto.

A mandíbula angulosa estava firme e os olhos prenderam os seus naquela imensidão escura por alguns instantes antes de se virar para frente mais uma vez.

Sasuke era, na maior parte do tempo, ilegível, mas Sakura poderia jurar que por alguns milésimos de segundos talvez vira um lampejo de ciúmes refletidos em sua feição.

Ela não gostava disso.

Não gostava.

Não gostava.

Não. Não. Não.

Ela não gostava de que aquilo a fazia sentir como se tivesse capturado borboletas fujonas com a boca e aprisionando-as em seu estômago.

Era possível um ser humano ter apodrecido a tal ponto?




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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. O que acharam?
Sendo sincera com vocês, não curti muito esse capítulo não, mas ele é um tanto necessário para que as mudanças ocorram.
Muita gente vem me perguntando quando o Sasuke e a Sakura vão ficar juntos; eu não sei responder exatamente, como disse algumas vezes - e vocês já devem ter percebido - eles serão amigos primeiro e só então as coisas vão começando a mudar os poucos, como já vem acontecendo. Então paciência pessoal, já já as coisas começam a ficar mais intensas ;)

Até o próximo!

Ps: mudei a capa novamente. Essa na verdade foi feita por mim (por isso não está lá tudo isso) e achei que combina um pouco mais. O que acharam? Está muito feio? Eu juro que gostei T^T