A Base escrita por Analu


Capítulo 3
Herói


Notas iniciais do capítulo

"Um verdadeiro herói não se mede pela força física, mas pela força do coração." - Hércules.



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– Alicia, querida, você já tem um aprendiz.

Mais da metade das pessoas haviam deixado o aposento. O homem mais velho passou a mão pelos cabelos e simulou um sorriso amarelo. A garota mais nova passou a mão pela boca, escondendo o sorriso provocador.

– Não há quem me impeça de ter dois, e pelo que vejo, Toniel, o garoto não está exatamente sendo disputado.

Toniel encarou, desconcertado, as pessoas restantes, que julgava estarem ali apenas por curiosidade. Voltou-se para Alie e suspirou.

– Certo. Mas, por via das dúvidas, foi você quem quase me agrediu pelo garoto. O que, de certa forma, não me parece uma mentira.

– Assumo toda a responsabilidade – Alie passou o braço pelo ombro do garoto e o guiou até a parede, onde Max continuava escorado, e se divertia com a situação.

– E aí, carinha? Sou Max, Tecnologia e Científica. Não precisa ficar com esse rosto desanimado. Posso lhe confirmar que não há ninguém melhor que essa moça aqui como tutora.

– Eu sou Daniel – A resposta do garoto foi acompanhada de um olhar fixo para o chão.

Alie não conseguia evitar o sentimento de pena que nutria pelo garoto. Ele estava assustado com a repercussão rápida dos acontecimentos, e tria que lidar com toda a perspectiva nova dali em diante. Era mais que claro que esse sentimento precisava ser evitado.

– Certo. Daniel... – O garotinho levantou a cabeça em sua direção. – Essa noite você dormirá em meu quarto, e amanhã providenciaremos um para você, além de roupas novas. Tudo bem para você?

O menino de cachos assentiu. Aos poucos se sentia mais confortável com a presença dos dois mais velhos. Observava com certa diversão a discussão que se formava entre os dois sobre qual Área ele escolheria. Permitiu-se deixar escapar um discreto sorriso. Aquelas pessoas eram boas e amigáveis, e, pelo que demonstravam com a discussão um tanto inútil, eles se importavam com ele. Era um sentimento bom, esse. Um sentimento que fluía quando se percebe que as pessoas gostam de você. Fazia um tempo respeitável que não era tomado por essa sensação.

No fim, Max e Alie simplesmente desistiram da confusão, já que perceberam que a mesma não levaria a nada. Agora, conversavam sobre onde iriam começar o tour que fariam para mostrar o lugar a Daniel. Mesmo com a insistência do garoto, de que não era necessário, eles tornavam a dizer que era importante conhecer o lugar que passaria os próximos anos. No final, um acordo entre os três denominou que o “passeio” ocorreria depois da refeição.

– Mas teremos que adiantar uma pequena atração da apresentação da grandiosa Base. Vamos – Alie fez sinal para que o garoto avançasse e pegou a mão de Max. – Pelo menos por quanto, o “nosso” quarto.

Daniel deu de ombros.

– O melhor primeiro, então.

~*~

Quando sua nova tutora deu espaço para que Daniel entrasse, ele arregalou os olhos. O quarto era enorme, e transmitia uma sensação de conforto natural. Havia uma enorme cama com a cabeceira encostada na parede a sua frente. À direita, um guarda-roupa que se erguia até o teto, e cobria praticamente toda a parede, com exceção de uma porta, que imaginou levar ao banheiro. À esquerda, havia uma escrivaninha de metal com um armário da mesma altura e material com algumas gavetas posto ao seu lado. Pelo que parecia, a única iluminação do quarto vinha de um abajur centralizado no criado mudo ao lado da cama e de uma lâmpada de chão, que se encontrava do outro lado da escrivaninha. Eram intensas, e aparentemente o suficiente para iluminar o quarto quando as janelas de cada lado da cama estivessem fechadas. Daniel lutou contra a vontade de sentar no parapeito da janela, com o sol batendo em seu rosto.

– Eu se fosse você não faria isso, sabe. Estamos no sexto andar. – Alie interrompeu seu devaneio.

– Isso o quê? – Tentou disfarçar.

– Tudo bem. Meu primeiro pensamento ao entrar nesse quarto pela primeira vez também foi esse. Olhe o tamanho dessas janelas, e a vista. “Cruzamento do Nada com o Lugar Nenhum”, é onde estamos. Nenhuma estrada, nenhum carro, nenhum prédio. Só o azul do céu acima e a vegetação além da Base abaixo. Parece transmitir a sensação de liberdade, olhando por esse lado.

– Como vocês podem pensar em fazer algo que possa levar à morte?! – Max se jogou na cama e fechou os olhos. – Meu primeiro pensamento quando vim aqui pela primeira vez foi com certeza experimentar essa cama. Mal posso esperar para entrar na Central e ganhar um quarto desses.

– Os quartos são distribuídos dependendo dos Ramos, então? – Daniel se virou para Alie e ignorou Max idolatrando os travesseiros.

– Quase isso. Os membros dos Ramos normais ganham quartos simples, iguais para todas as Áreas. Já o pessoal atuante nas Centrais ganha quartos com base em sua própria Área. - Ali, - Alie apontou para a porta que o garoto imaginou ser do banheiro. – Antes da porta do banheiro, há uma espécie de closet com uma boa variedade de armas.

– Entendi... Mas e o meu próprio quarto?

– Hoje já irei requerer um, e amanhã ele vai estar pronto para que se acomode. Essa noite você dorme aqui. Max, me ajude a puxar a cama reserva daqui de baixo, e saia daí.

O garoto loiro soltou um discreto suspiro, mas se agachou junto de Alie para dar a força extra que a cama precisava para sair de debaixo da principal.

Com o quarto arrumado para o visitante, os três saíram para que Daniel fosse devidamente apresentado a Base.

Os dois últimos andares, oitavo e sétimo, pertencia, especialmente à Missões, e necessitava de um código para se ter entrada permitida – que Alie explicou ser uma medida de segurança, pela quantidade de armas ali dentro. O sexto e quinto eram reservados apenas para os quartos dos integrantes, enquanto o quarto andar se resumia em salas de aprendizado dos recém chegados e alguns departamentos dos Operários. O terceiro andar inteiro era dedicado a Científica, e o segundo ao Conhecimento. O primeiro andar continha o refeitório, o saguão principal, algumas salas de lazer e outras de reunião, a entrada e uma enorme porta que dava para os fundos do prédio. Nos fundos, havia um pátio, bancos esparramados e um extenso gramado. Daquele lugar, era possível ver o gigante e extenso prédio que era a Base.

– Um lugar para nos lembrar o significado de “ar livre”. – Max falou, com a voz carregada de desdém. – Eu gostava de correr por aqui, uns anos atrás. Pode vir conhecer o pessoal da sua idade, se quiser. - Apontou para alguns garotos na faixa etária de Daniel jogando basquete.

– Acho que a ideia não me agrada muito, pra falar a verdade.

Alicia levantou uma sobrancelha para o garoto, mas não entrou em mais detalhes.

– Bom... Vamos voltar para o refeitório, logo vai escurecer. Seria bom jantar antes de ficar muito cheio.

No refeitório, o espanto de Daniel em relação a diversidade de pratos e sua indecisão entre todos eles foi motivo de risada entre o casal mais velho. “Pegue o que quiser” e “você vai ter muitas outras oportunidades para provar o resto” foram os incentivos.

Pouco tempo depois de sentarem, Cecilia ocupou a cadeira vazia, sem que os outros mal percebessem.

– Então você é o novo agregado? Prazer, sou Ceci. Acho que vamos nos ver bastante daqui para frente, não é?

Daniel encarou a garota ruiva com admiração, mas depois se virou para Alie, em buscar de apoio.

– Vocês vão ter treinamentos juntos, sim. Pelo menos, quanto forem meus aprendizes, vão passar boa parte do tempo juntos.

Daniel voltou o olhar para a nova parceira e sorriu.

– Prazer, sou Daniel.

– Ah, eu sei quem você é. Há vários rumores do novo Acolhido. Pessoas como nós, cujo as famílias não são importantes, não são bem vistas pelo pessoal daqui, sabe. – Cecilia sentiu o olhar frio da tutora sem nem virar o rosto. – Mas não ligamos para isso, é claro. Olhe a Alie, por exemplo. É uma das melhores membros da Base.

– Mas eu... É claro que não...!

– Pergunte para qualquer um nos corredores sobre ela. Não há uma pessoa que não saiba quem ela é, e sobre todas as Missões super perigosas e etc que ela participa. – Max ignorou a negação de Alie e piscou para Daniel, que sorria por detrás do garfo.

Não haveria lugar melhor para o menino. Há tempos o garoto não deixava um sorriso escapar. A sensação de compartilhar da alegria dos três era estranha, como algo novo, porém boa. Levou enfim o garfo com um pedaço de carne Á boca enquanto assistia Alie se defendendo e dizendo que só estava em seu cargo por acaso, e mastigou. “Eu adoro esse lugar.”

Quando Max e Ceci cansaram de discutir com Alie e enfim se deram por vencidos, deixaram o refeitório, que aquela altura já estava cheio. Ceci foi para seu quarto, e Max emprestou uma roupa para Daniel dormir, de quando era mais novo. A garoto deixou Daniel em seu quarto, e ficou com Max até o quarto do mesmo.

– Tem certeza que vai conseguir lidar com dois aprendizes? – Max trancou a porta e sentou ao lado de Alie na cama.

– É claro que vou! Não é algo difícil...

– Alicia, não é disso que estou falando. Ninguém nunca teve dois aprendizes antes. Você conhece esse lugar tão bem quanto eu, sabe que alguém não vai ficar feliz com isso e no final vai sobrar para você.

Alie levantou e deu passos lentos. Abriu a janela para que a brisa quente da noite cumprimentasse suas bochechas, e se virou novamente.

– Estou ciente disso. Mas... Você estava lá também. Ele iria ficar sozinho, seria forçado a permanecer como um instrutor que não o iria querer, ou talvez fosse mandado de volta de onde veio, com a desilusão da rejeição. Eu não podia deixar que isso acontecesse. Eu vou cuidar dele, Max.

– Tenho certeza que vai, Cabelo Azul.

Max virou o corpo totalmente em direção a garota encostada em sua janela, com o olhar determinado e o sorriso confiante que ele tanto apreciava. E, com as estrelas em contraste com a parte do escuro natural de seu cabelo, tudo que ele conseguia pensar foi em como ela estava linda ali parada. Linda por sua aparência, com as pontas dos cabelos azuis repousando nos ombros, com sua pequena cicatriz na têmpora, e a outra que se sobressaía perto da gola da camiseta. Linda por sua coragem, por se importar tanto com os outros ao seu redor sem sequer pensar na consequência que isso poderia trazer para si mesma. Linda por ser ela mesma...

Não resistiu, pegou sua mão e a puxou para seu colo.

~*~

Depois de alguns momentos, Alie acordou do transe que era estar com Max naquele momento e sussurrou:

– Max. Já está tarde, eu tenho que ir.

Max balançou a cabeça e levantou junto com Alie. Destrancou a porta pelo código enquanto a garota se arrumava e abriu espaço para ela passar.

– Boa noite, Cabelo Azul.

Com um risinho abafado, Alie respondeu. – Boa noite. Ah, e eu vi. 2204.

Max suspirou, entrou no quarto e começou a mexer no painel da senha da porta. Já era a sétima vez seguida que ele se descuidava e deixava que ela visse sua senha.

~*~

Quando entrou no quarto, viu que Daniel pegara no sono. Mesmo com o garoto adormecido, achou melhor não arriscar e foi se trocar no banheiro. Quando voltou, deslizou para baixo das cobertas o mais silenciosamente possível para não acordá-lo, mas mesmo assim ouviu sua voz no escuro.

– Alie?

– Desculpe por acordá-lo, Daniel. Vou ficar quieta agora, pode voltar a dormir.

– Não, eu não estava realmente adormecido. Eu... Eu quero fazer uma pergunta.

– Pois bem, estou ouvindo.

– Eu... Com todo esse treinamento, essas Missões... Eu vou me tornar um herói, não vou?

Com essa pergunta, Alie se sentou ereta na cama.

– Bom, com certeza você vai passar por muitos riscos e ficar mais hábil e forte em muitos sentidos, Mas... Por que um herói?

– Porque... Eu prometi. Eu prometi para minha irmãzinha que quando eu retornasse, retornaria como um herói e a buscaria.

– Daniel... Se você quiser me contar sobre sua família, estou aqui. – Era tarde, mas os problemas do aprendiz agora também eram dela.

– Nós... – Alie ouviu Daniel respirar fundo. – Nós éramos uma família de classe média baixa. Vivíamos bem, mas meu pai sempre achou que merecíamos mais. Foi aí que ele começou a jogar... E beber.

“Uma vez, ele me levou para conhecer o lugar. Quando fecho os olhos, ainda posso ver a mesa holográfica e seus dedos deslizando pelas imagens. O cheiro forte de bebida é algo que nunca vou esquecer, mesmo com o passar dos anos. O olhar de raiva de meu pai, os xingamentos e palavrões constantes que emergiam de sua boca cada vez que ele via o dinheiro fugindo de suas mãos, também não.

“Cada dia, ele perdia mais dinheiro, cada dia ele voltava mais alterado para casa. Mal pisava na soleira da porta e já ia na direção onde eu e minha irmãzinha brincávamos. Ele gritava, dizendo que a culpa era toda nossa. Dizia que se não tivéssemos nascidos, os gastos nunca aumentaria, e ele nunca seria pobre. Mas cada noite era cada vez pior.

“Na noite em que ele levantou o punho para nossa direção, mamãe o segurou, e a partir daí, toda noite ela nos trancava em nosso quarto antes da chegada dele. Mamãe nos protegeu. Toda noite eu segurava Louise em meu colo e tampava seus ouvidinhos para que ela não ouvisse os gritos e o choro alto de mamãe que vinha do andar de baixo, enquanto recebia a dor por nós. Nenhuma criança de dois anos deveria ouvir tal coisa.

“Mamãe nunca chorava na nossa frente, mas destrancava a porta do quarto toda noite para nos colocar para dormir. Seus hematomas pioravam dia após dia. Só que houve uma noite... Uma noite em que tudo acabou. Ele gritava tão alto... “Eles estão lá em cima, não estão? Eu vou acabar com aqueles imprestáveis”, e eu podia ouvir seus passos pesados subindo a escada. Mamãe gritava, vindo atrás: “Por favor, eles não fizeram nada, não os machuque, por favor”. Tudo que pude ouvir foi um grito de frustração dele, e em seguida um estrondo de algo pesado rolando escada abaixo, seguidos de uma porta sendo escancarada. Não era preciso muita interpretação para saber que papai havia fugido. Nesse momento, Louise chorou. Chorou pela primeira vez em todas aquelas noites... Eu não impedi, apenas acompanhei. Ficamos ali, abraçados, olhando para a porta e esperando algo acontecer. Mais que tudo, choramos. Choramos pela mãe que sabíamos que havia sido tomada de nós.

“Mais tarde daquela noite, alguns homens arrombaram a porta, nos pegaram no colo e fomos levados para um hospital. Nos deixaram ver mamãe, vê-la pela última vez. Ela parecia, apesar de tudo, como um anjo dormindo. Depois disso, fomos colocados em um quarto. Uma senhora nos disse que tudo ficaria bem, e mais algumas palavras bonitas. Disse que seria melhor que dormíssemos, pois no dia seguinte nos colocariam em um lugar para crianças como nós, e ganharíamos novos pais. Ora, eu não sou burro, sou? Sabia o que significava uma casa de adoção.

“Nosso quarto era no primeiro andar. Naquela mesma noite, eu pulei a janela com Louise. Nossa vizinhança era pequena, e eu sabia me guiar por lá. Fui até a casa onde morava um casal jovem. Corriam boatos que seu maior sonho era ter um filho, mas era algo impossível para eles. Quando a mulher abriu a porta, entreguei Louise para ela. Disse-lhe que não escondesse a verdade de minha irmãzinha nunca, e que a mantivesse ciente que um dia eu voltaria para ela. A mulher pediu que eu ficasse, mas fiz com que apenas concordassem em fazer com que Louise soubesse de minha promessa. E então, por um ano e meio eu vivi na rua... E aqui estou eu.”

Daniel respirou fundo, e Alie ouviu com alguma dificuldade, o que achava ser o som do aprendiz limpando as lágrimas.

– Eu preciso aprender o máximo possível, e voltar como um herói para Louise. Entende agora, Alie?

– Daniel, eu... Sinto muito. Eu vou fazer o possível para de ajudar, eu prometo.

Uma longa pausa se fez sobre o quarto. Quando Alie estava cogitando falar algo, Daniel interrompeu.

– Me conte sobre sua família... Como é sua família?

Alie respirou fundo. Aquele garoto já havia encarado realidade suficiente para toda uma vida.

– Minha mãe era delicada e parecia uma boneca. Ela tinha o dom de transmitir calma só pelo olhar. Várias vezes ela me abraçava, e quando eu olhava para seu rosto, seu olhar dizia “vai ficar tudo bem, não se preocupe”. Meu pai só sabia cozinhar arroz e ovo frito, e fazia disso o melhor prato do mundo.

Ouviu uma risada curta e baixinha de Daniel. O menino não perguntou nada sobre o porque de ela estar na Base, e se sentiu extremamente grata por isso. Ainda era doloroso pensar no fato.

– Você tinha algum irmão?

Mas a dor veio do mesmo jeito.

– Não, eu não tinha. – Mentiu, e forçou um bocejo. – Daniel, por enquanto vamos apenas dormir, tudo bem? Hoje foi um dia cansativo e amanhã também será.

– Tudo bem. Boa noite, Alie.

– Boa noite, Daniel.

Alie se deitou, virou para o lado oposto e fechou os olhos. “Você já é um herói, Daniel. Seu coração já me provou isso.”

– Alie...?

– Sim?

– Pode me chamar só de Dan.


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Notas finais do capítulo

Vou começar a postar capítulos mais longos, juro de dedinho!
E sobre a frequência, nem vou comentar nada. HAHAHAHAHHA.
Dio, sou uma vergonha quando se trata de prazos.



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