Se você achou que o ódio de nossos anjinhos acabou no episódio do Natal de 2001, você está muito enganado.

Algumas das provas de que quando o destino de duas pessoas é ficarem juntas, seja por amor ou por ódio-Ou pelos dois, porque, convenhamos, o amor e o ódio são praticamente melhores amigos-, não importa o que aconteça, elas irão ficar juntas. Porque o destino,ah, o destino! Ele não falha. Pode parecer que sim, mas ele nunca o faz, nunca o fez e nem nunca fará.

Ainda não acredita?

Pois bem, mais tarde, quando a mãe de Beck o chamou para a ceia e pediu para que ele parasse de brincar com a "amiguinha", nossa pequena Jadelyn descobriu que sim, ele morava na casa ao lado e, por obra do destino, a janela do quarto da menina dava para a janela do quarto de Beck. Ou seja, eles iriam se ver diariamente. Como se não bastasse para nossos protagonistas, eles não só foram apenas matriculados na mesma escola, como também foram parar na mesma turma. O que significava bolinhas de papel voando- assim como giz de cera, lápis de cor, borracha, apontador, estojo...-, cadernos molhados por conta de uma caixinha de suco ser "acidentalmente" espremida em cima, tombos do escorregador do parquinho da escola,ossos quebrados...

Não, você não leu errado, eles levaram a coisa à sério.

Jade quebrou o braço no segundo dia de aula ao tropeçar no pé de Beck em seu caminho e cair em cima do bracinho esquerdo. Já Beck quebrou o pé quando, "misteriosamente", o balanço que tinha em seu jardim soltou-se das cordas que o prendia.

Mas, apesar desse ódio transbordante, eles se importavam um com o outro. Por exemplo, quando tinham oito anos, um garoto mais velho da escola de nossos anjinhos pegava no pé de Beck, foi Jade quem o pegou pelo colarinho, chutou um lugar nada agradável, lhe deu uns belos supapos e disse que se ele se metesse com Beck mais uma vez, ele irá se ver com ela. Mas claro, ela nunca contou isso para o inimigo, e manteve tudo em segredo. Prometeu que nunca contaria, nunca demonstraria que se importava com aquele idiota, nem que seja uma merreca de importância. Também teve a vez em que Jade perdeu a foto dos pais, qual sempre levava para qualquer lugar, e foi Beck quem procurou a foto como um maluco e a achou no corredor perto do banheiro feminino. Observou Jade abrindo seu armário, decorou a combinação e colocou a foto ali, também sem vestígios de que foi ele o responsável por tal coisa.

Outra coisa que negavam era que se sentiam atraídos um pelo outro. Mas era a pura verdade. Lembra-se da janela que há no quarto de Jade, cuja tem vista para o quarto de Beck? Bem, Jadelyn tinha uma rotina e horário certo para cada coisa. Ele sabia que às 17:45 Jade ia tomar banho, sabia que ela demorava exatamente 13 minutos e, portanto, Beck observava escondido nossa garota trocando de roupa. E ela, toda quarta e sexta-feira, dias em que ambos tinham educação física escondia-se no vestiário masculino e via o garoto colocar a roupa para os exercícios.

Mas eles negavam, negavam e negavam. Nunca iriam admitir que estão apaixonados, nem que se importam um com o outro. Mas era apenas olhar para eles dois.

Mas vamos ao que interessa, nossos anjinhos.

Nesse exato momento, é fim de tarde no Canadá e na universidade de Quebec, onde ambos estudam.

Sim, eles foram parar na mesma universidade também. Ela cursando Fotografia, ele Medicina.

As aulas acabaram por aquele dia e Jade está caminhando pelo corredor quando percebe que Beck está ao seu lado.

–Ora, ora, se não é a esquisita da West-Provocou ele.

–Se não é o imbecil do Oliver. Até seu sobrenome é ridículo, cara!-Rebateu Jadelyn.

Sim, eles não se chamavam pelos nomes, o orgulho e o ódio era demais para tal coisa.

–Você é tão estranha.

–E você é um babaca.

–Estúpida.

–Idiota.-Ela complementou, logo parando no corredor que seu quarto se encontrava. Ambos pegaram suas chaves e colocaram-na na fechadura, abrindo ambas as portas.

Sim, eles também se encontravam em quartos um de frente para o outro. Ainda tem dúvidas de que o destino existe?

Entraram em seus respectivos quartos, mas não sem antes virarem-se um para o outro, com a mão na fechadura e Beck dar um sorrisinho cínico e dizer:

–Tenha péssimos sonhos, West.

E ela retribuir:

–Você também, Oliver.-E logo se vê as duas portas se fechando ao mesmo tempo.

Mas é claro que ambos encostam suas costas na porta e, ironicamente, agradecem o destino.

Talvez não tão ironicamente assim.