Eu o conheci na academia estudantil, éramos crianças, tínhamos cinco anos. Ele era apenas um mês e alguns dias mais velho que eu e estudava em outra sala, então a gente se via só na entrada, no intervalo e na saída. Mas só nos víamos mesmo, pois não conversávamos.

Sou filha do ex-ANBU da areia Yashamaru e de uma professora também da areia chamada Kunanari. Não sei como minha mãe conseguiu se apaixonar por ele, pois, pelo que eu ouço, ele desprezou meu primo, e aposto que me desprezou também quando soube da minha existência. Não sinto saudade dele ou mesmo vontade de conhecê-lo, o que sei que é impossível. Eu sempre ignoro o fato de ele ter morrido, só alimento minha repugnância que tenho por ele quando lembro que ele tirou a própria vida numa tentativa falha de tentar matar meu primo.

Quando vejo o Kiba brincando com seu cachorro, eu me distraio, esqueço-me de tudo e todos. Primeiro eu só olhava e o observava, e ele fazia o mesmo, creio eu que era porque eu era nova na academia. Acho que ele não falava muito comigo porque talvez conhecesse o Gaara, meu primo, e pensasse que eu era como ele, temida e perigosa, como todos os outros achavam que ele era. Mas não me lembro do Gaara ter vindo aqui. Se ele tivesse vindo, me falaria, pois eu tenho os mesmos poderes que ele e mantínhamos uma boa relação familiar secreta.

Teve um dia que eu saí mais cedo da academia e vi o Akamaru – eu sabia o nome dele pois sempre via o Kiba falando com ele, - na grama, correndo atrás do próprio rabo e, como eu amo animais, consegui pegar sua confiança e fiquei brincando com ele. Era tão fofinho, pequenininho, branquinho...

Mas aí o Kiba chegou correndo, com o livro de jutsos debaixo do braço, brigando com o Akamaru por ter saído de perto dele. Ele me viu e disse com a voz calma, porém, ofegante:

- Obrigado por não tê-lo deixado ir tão longe.

- De nada – eu disse sorrindo, ainda passando a mão no Akamaru.

- Você é a Anna, né? A novata que veio da vila da areia?

- Sim, e você é o...?

Confesso que me fiz de desentendida para que ele não pensasse que eu sabia quase tudo sobre ele e achasse estranho. Mas achei legal o fato de ele saber de onde eu vim. Me senti importante, coisa que eu geralmente não sentia.

- Kiba – disse ele e sorriu. – Posso perguntar uma coisa?

- Claro.

- Como você e sua mãe acabaram aqui em Konoha?

- Desde quando meu pai se matou, minha mãe vem tentando um acordo com o Quarto Kazekage para ela poder ir para outra vila e começar uma vida nova. É algo bem difícil de conseguir, mas como o Kazekage era amigo do meu pai, foi mais fácil.

- Desculpa, não sabia sobre seu pai...

- Está tudo bem, eu não ligo muito.

- Você gosta de animais, né? – disse rindo, sentando-se ao meu lado, largando o livro na grama e acariciando seu cachorro.

- Sim, muito – digo pegando o Akamaru e entregando-o pra ele.

- Obrigado – ele toca levemente minha mão ao pegar o Akamaru e o coloca na cabeça, acima do seu cabelo lindo, curto e castanho. - Você mora onde?

- Perto da sua casa – eu rio desviando o olhar daqueles belos olhos.

- Sério? Nunca te vi por lá.

- Eu não chamo atenção assim, e também quase não saio de casa...

- Ah, eu também não saio muito, só quando o Akamaru quer sair, aí minha mãe me obriga a andar com ele – ele disse e nós rimos. – Posso te acompanhar até em casa? Quero dizer... Moramos um perto do outro, não é? Então vou te acompanhar de qualquer jeito.

Fomos andando pra casa, rindo e falando de atividades escolares. Afinal, no dia seguinte seria a nossa formatura, eu me tornaria uma Gennin.